Férias

Estou, definitivamente, doida para que minhas férias cheguem logo. Não vejo a hora de estar no aeroporto. Estou cansada e sabia que seria assim. Essa época de rematrículas e captação de alunos é muito corrida e exaustiva. Ainda tem o início de aulas que também não é fácil. Enfim, já estou nisso há mais de 10 anos e já sei bem como é. Mas não me acostumo. Ainda fico nervosa, ainda me incomodo quando algo sai errado ou quando não alcanço os números que gostaria.

Mas voltando ao tópico das férias, apesar de estar louca pra viajar - uma das coisas que mais amo no mundo - estou com um sentimento diferente dessa vez. Nunca pensei que fosse sentir isso, mas estou com meu coração apertado. É a primeira vez que deixarei minha delícia, que ficarei 15 dias longe dele.

Essa mistura de alegria com a possibilidade de conhecer um lugar novo, ficar sozinha com o namorado sem fraldas e mamadeiras, de descansar e dormir sem preocupação com a saudade que sei que vou sentir do Miguel é nova pra mim. Acho que o mais difícil vai ser dizer tchau pra ele. Bater a porta de casa deixando ele lá. Ai... Só de pensar me dá vontade de chorar.

Miguel modelo

Semana passada, recebi um telefonema do estúdio do Marcelo Anjo, fotógrafo que fez nossas fotos no Jardim Botânico. A esposa dele, Simone, disse que eles participarão da feira Gestante e Bebê e que gostaria de saber se poderíamos ser modelos para as fotos que ele quer expor lá. É claro que disse sim!!!

Falei com o Hugo que topou na hora e marquei a data pra ontem. E lá estávamos nós para sermos fotografados com nossa delícia e, principalmente, para que o Miguel fosse fotografado. Afinal, ele é a estrela das fotos que serão expostas por lá. Eu sei que meu bebê é muito fofo mesmo...rs... Mas Miguel tem mais que beleza, acho até que ele é um bebê comum. Não é desses bebês que tem olhos claros e que são considerados modelos de beleza, pelo menos aqui no Brasil, terra de olhos escuros. O que aparece do Miguel é o que eu chamo de "borogodó". Não é nada que se possa enxergar no físico. É algo que transcende, que só se pode sentir. E quem fica perto dele sente essa energia, essa força. Meu filho é um bebê grandão, gostoso demais, carinhoso. E, além disso, é muito risonho, muito fotogênico e muito astral!! É uma criança brincalhona, feliz.

Quando chega em algum lugar novo, com pessoas novas, fica na dele, olha tudo, observa. Aconteceu isso ontem. O estúdio tem outras pessoas, objetos diferentes, ambiente distinto de qualquer coisa com a qual um bebê está acostumado. Miguel ficou um tempo pertinho da gente, só sentindo "qual era" a daquele bando de gente colocando luz em cima dele e fazendo palhaçadas pra ele rir. Depois de um tempo, já estava solto, fazendo suas peripécias costumeiras, suas gracinhas. Tiramos algumas fotos juntos, outras ele e namorado, algumas ele e eu. Muitas fotos dele sozinho, de roupa branca, de roupa preta, sem roupa.

Bom, agora é só esperar o resultado. Nem preciso dizer o quanto estou ansiosa. Eu adoro ter um bebê saudável, danadinho e gostoso!! E o melhor disso tudo: vida de modelo deve cansar muito mesmo porque às 9 da noite Miguel estava apagadão, dormindo quietinho. Merecido descanso do meu bebezão.

Comprometimento

Domingo estava assistindo a primeira fase da final do quadro "Dança dos Famosos" no Faustão. Fazia parte do júri o Paulo Barros, carnavalesco da Unidos da Tijuca, muito competente que eu admiro por sua criatividade e organização. Então, na hora de julgar a Sharon Menezes ele falou em comprometimento, que é algo que ele via nela e que é algo que ele exige sempre das pessoas que trabalham com ele. Poucos são os que entendem a importância disso em um ambiente de trabalho. Ele falou que admira o comprometimento da atriz e que isso a diferenciava dos outros porque colocou toda sua energia naquela atividade.

Aí, vira-se o Faustão e fala que concorda, mas que comprometimento também pode complicar as coisas como, por exemplo, "trazer uma seleção pra casa mais cedo de volta da copa do mundo"... Não devo ter entendido bem. É isso mesmo que ele falou? Que na seleção do Dunga o que aconteceu de errado é que houve comprometimento demais? Realmente eu não acredito que um cara desse ganha em um mês muito mais que ganho em 1 ano!!!

Comprometimento não faz ninguém perder nada. Ao contrário, quando você é comprometido só tem a lucrar. O comprometimento faz a gente pensar no colega de trabalho, faz a gente dar o melhor porque tem o compromisso com a empresa, com as pessoas a sua volta, compromisso com a tarefa que escolheu ou foi designado a desempenhar. Não posso concordar com o absurdo de que o comprometimento da seleção foi tamanho que fez azedar o time. Pode parar. Não dá.

Música

Sou totalmente ligada em música. Acordo e já ligo o rádio ou coloco um CD. Tenho um aparelho de som em minha sala de trabalho e tenho uma trilha sonora pra tudo. Aliás, durante toda a minha vida foi assim. E, é lógico, que cada fase da minha vida tem suas músicas e escutar os primeiros acordes de qualquer uma dessas músicas já me faz ir direto pra outro tempo. Dias em que eu era mais jovem, dias em que estava passando uma situação complicada, vivendo uma dor de cotovelo por algum namorado, dias em que marcavam meu início de carreira, músicas que me fazem lembrar um amigo especial, uma festa, um beijo, uma briga ou uma conquista.

Recentemente recebi um CD gravado por uma amiga linda que está morando em SP só com músicas infantis dos anos 80. O Miguel está amando!! Como a gente se diverte escutando o CD e acho até que ele se diverte muito mais de me ver que nem louca dançando ao som de Xuxa cantando: "Por Greyscull, She-ra! Me apresenta pro He-man! Teu irmaozinho é uma gracinha, e eu sou todinha do bem. Por Greyscull, She-ra! He-man é um gato alto-astral. Desculpe se eu sou ousadinha, beijinho beijinho... tchau tchau!"

Ainda tem Trem da Alegria, Balão Mágico. Nossa, como eu gostava de escutar:

"Quando toca o despertador
De manhãzinha
Me levanto e vou me arrumar
E vejo
A felicidade no espelho
Sorrindo
Claro que vou te encontrar

Fico só pensando em você
E juro
Que vou te tirar pra dançar
Um dia
Mas uma canção é tão pouco
Nem cabe
Tudo que eu quero falar

Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar

Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar"

FIcava pensavando quando é que o garoto que eu gostava iria, finalmente, me beijar... Miguel curte muito. E eu também. Me sinto criança de novo. Ele parece que sente que fico leve, feliz de compartilhar com ele essas músicas e essas lembranças. Olho pro meu filho e lembro que com 12 anos nunca poderia imaginar que escutaria essas mesmas músicas olhando pra carinha desse menino lindo que Deus me deu a graça de ter como filho. Fico emocionada ao lembrar de mim tão boba, tão sem esperar nada da vida além de um beijo, tão livre. E hoje, essa sensação de liberdade já não é tão plena porque já não sou mesmo mais tão livre com relação a o que fazer do meu tempo, dos meus dias. Mas sou livre porque faço o que mais gosto, ao lado de quem amo. Sou livre pra olhar pro meu meninão e agradecer demais por estar vivendo esse momento tão bonito com ele perto de mim. Momento que tive a liberdade pra escolher.

Música, sempre música. Não sei o que seria da minha vida sem trilha sonora. E, atualmente, tenho outro vício. Eu, que nunca fui muito ligada a video games, estou viciada no tal do Guitar Hero. Único jogo que conseguiu me prender, me pegar de jeito mesmo. Adoro competir com o Hugo e ver quem acerta mais. Adoro me sentir fazendo parte de uma banda de rock e tocar minhas músicas favoritas. Poderia ficar horas tocando Guns, Rolling Stones, Beatles, Metallica... Mas tenho que voltar pro quarto do Miguel e ouvir Xuxa. Então, que eu me acabe de tanto pular e dançar agarradinha no Miguel ouvindo:

"Coração criança
Sabe aonde encontrar
O mundo real na imaginação
Ver o sol de ouro
Numa bola de cristal
E a chave do tesouro é natural

Não, não diga nada
Se é mentira, se é verdade
A gente só faz o que dá vontade
Nesse faz-de-conta
A cabeça a flutuar
E tudo que era doce então será

Não fala, sente
Não pensa, sonha
Não corre, voa
Não gosta, ama

Coisas que o coração
hoje quer relembrar

No olhar de uma criança
De sonhar jamais se cansa
Num barquinho de papel
No azul do mar"

E essa é minha trilha sonora atual!

Números

Todas as vezes que as rematrículas começam eu tenho vontade de dormir e só acordar em meados de agosto, com as aulas começadas, turmas com professor, alunos rematrículados (de preferência todos) e com muitos alunos novos.

Esse período parece um pesadelo, é Paula pra cá, Paula pra lá. Não é difícil me ouvir dizer que não me chamo Paula, aos berros, em um surto de loucura. É que muita coisa é concentrada em mim. Principalmente as piores coisas, diga-se de passagem. Sou eu que tenho que dar a notícia aos alunos reprovados, sou eu que tenho que decidir se posso ou não dar desconto para aqueles alunos que estão com algum tipo de dificuldade para pagar os estudos. Sou eu que tenho que resolver o problema de alunos que querem continuar estudando mas não conseguem se enquadrar nos horários das turmas regulares. Sou eu que tenho que ouvir dos pais mais desesperados ou despreparados se não posso dar uma chance para seu filho que teve TODAS as notas abaixo da média. Ainda tem meu chefe, que é legal pra caramba, mas chega essa época - tenho que compreender - ele fica também preocupado com o número de matrículas. Aí começa a ligar quase todos os dias pra saber com quantos alunos a unidade está. Aff!! É de enlouquecer. No final do dia só quero tomar um banho e dormir. Só que não dá pra pensar nisso porque tem a minha delícia que quer brincar comigo depois que chega da creche. E chega com essa carinha aí de cima. Com a corda toda. Eu adoraria que as crianças viessem com um botãozinho de ON/OFF.

Ontem dei uma enlouquecida mesmo. Já eram quase 11 da noite e nada do Miguel capotar. Eu joguei a toalha. Falei pro Hugo: "Amor, se vira porque eu preciso dormir". Sabe o que ele falou? "Tudo bem, vai lá." Esse homem acaba comigo... rs... Estava preparada pra ele falar alguma brincadeira, dar uma debochada dizendo que já está acostumado ou algo do tipo e, simplesmente, não foi isso que aconteceu. Ele deve ter percebido que minha bateria já estava com apenas um pino e foi, mais uma vez, compreensivo. Deus proteja os bons maridos!

Super dotados

Muitas vezes me questiono o acontece com certas mães. Questiono também se eu é que sou a diferente.

Acho muito legal elogiar os filhos da gente, fazê-los ver que têm valor e destacar o que há de melhor neles é muito importante. E tão importante quanto enxergar as qualidades, é enxergar os defeitos até pra ajudá-los a consertar ou melhorar. Ultimamente, ando numa maré que em cada lugar que eu vá encontro alguma mãe relatando as mil facetas de seus filhos, sempre maravilhosos.

Um dia desses fui ao mercado com o Miguel. Enquanto esperava na fila do caixa comecei a conversar com uma desconhecida que brincou com o meu bebê a respeito de cólicas. Sim, eu falo com desconhecidos e sou capaz de estabelecer longa conversa... Mas voltando ao assunto das cólicas, a senhora disse que seus três filhos nunca haviam padecido desse mal. Ok. Sortuda.

Na academia, conversando com outra moça que tem um filhinho de 6 anos sobre nascimento de dentes, ela me disse que nem sabia quando os dentes do filho estavam nascendo porque o filho dela nunca ficou irritado ou com qualquer outra alteração. Gente, será?

Em uma reunião no colégio das minhas afilhadas, uma das mães destacou a capacidade de seu filho de 5 anos de ler o jornal de cabo a rabo todos os dias, pela manhã. Ai, pára!!! Agora já está demais. Todo mundo tem filhos anjos, menos eu? Ou será que a maior parte das mães têm a tendência de achar que seus filhos são mesmo a última bolacha no pacote?

Bom, Miguel é uma criança normal. Sentiu cólicas, passou noites sem dormir, deu trabalho sim, está me enlouquecendo com esses dentes nascentes e faz bagunça, já tenta fazer pirraça e já mostra as garras de seu gênio forte. Vou passar apuros para educá-lo, já posso ver. Também não espero que meu filho leia todo o jornal aos 5 anos de idade. Até porque não acredito mesmo que uma criança de 5 anos curta isso. Quero que tire boas notas, que corra, brinque, viva como qualquer criança de sua idade. A virtude está no meio e não gostaria que ele estivesse enquadrado nos extremos. Bom, vamos ver no que vai dar. Tenho que estar preparada pra tudo. Quem sabe já não tenho em casa um super dotado irritadinho e ainda não sei??

Babies

Minha irmã me disse uma vez, quando eu estava agradecendo a Deus porque o Miguel já tinha parado de ter cólicas, que esses primeiros dois anos de vida de um bebê são muito difíceis porque quando você pensa que superou uma fase complicada logo vai entrar em outra. E não é que ela estava certa?

Quando eu trouxe o Miguel pra casa foi uma felicidade só. Mais ainda porque ele tinha ficado 15 dias em uma UTI e só quem é mãe de UTI sabe a felicidade que é ter seu filho indo pra casa. Mas, logo as cólicas começaram. Todos diziam que duraria por uns 3 meses e eu não via a hora de passar esse período. Noites e noites sem dormir, com uma criança que não fala berrando no seu ouvido é de amargar. Junto a isso, tem as vacinas. Graças a Deus, Miguel nunca teve reação de ter febre, mas em uma delas, passou a noite toda gritando. A NOITE TODA MESMO... No dia seguinte corri ao pediatra que me disse que ele chorava porque o local da vacina estava inchado e duro. Deveria ter colocado compressa de água gelada pra evitar aquele transtorno. Lição aprendida. Nunca mais aconteceu.

Depois desse período você começa a rezar para que o bebê comece a dormir umas 6 horas, pelo menos, direto. Pro Miguel esse período começou com 3 meses e meio, mas até hoje, vez ou outra, o danadinho acorda pra mamar, ou por causa da chupeta.

Fica tudo bem durante um período, mas tem sempre uma gripinha, uma virose chata pra empentelhar a vida. E tem os dentes. Meu Deus, porque não nascemos com dentes?? É muito sofrimento. Primeiro são os de baixo. A criança fica irritada, baba sem parar, não dorme direito durante dias. Até que, enfim, nascem os dentes. De baixo. Ainda tem toda uma arcada dentária pela frente. E, essa semana, o Miguel está insuportável porque estão nascendo os dentes de cima. Gente, essa noite passada foi um suplício. Parecia maratona. O coitadinho chorava, irritado jogava todos os travesseiros pra fora do berço, não queria mamar, não queria colo e não queria berço. A gengiva está tão vermelha que nem sei... É triste. Pra ele e pra nós, pobres pais. E não me venha dizer que camomilina ajuda. Estou há meses dando camomilina. E nenê dent também não adianta nada. Simplesmente têm coisas que a gente tem que passar. E os bebês também.

Agora que Miguel está andando e colocando a mão em tudo o que é lugar, é um tal de prender a mão aqui e ali, quebrar coisas, bater com a cabeça. E aí vem o choro e só a mamãe e o papai consolam nessa hora. Haja coluna e haja braço. Babies lindos e fofos. São mesmo. Um encanto. Enlouquecedor encanto.

Cabelo 2

Só pra encerrar o assunto do cabelo... Acabei indo no mesmo salão de sempre. Quando se trata de cabelo e time que está ganhando, fica difícil de mudar. Voltei lá no dia seguinte, fiquei de 1:30 até as 5 da tarde e saí linda, como sempre...

Modesta também. Mas, quer saber? Estava mesmo me sentindo linda, com meu cabelo maravilhoso, enfim, feliz da vida.