Engraçado como tudo nessa vida são valores. Uns dão valor a coisas para as quais eu não dou a mínima atenção e vice-versa. Mas isso também é a graça da vida, afinal, o que seria do branco se todos gostassem do amarelo? Não acho que ter gostos diferentes atrapalhe relacionamentos de amor, amizade ou profissionais. Tenho uma amiga, a Cacau, que é mega diferente de mim em quase tudo. Somos unidas pelo amor à vida, pela energia do bem. Em compensação, sempre brincamos que se ela tivesse gostado de alguma roupa ou objeto, sabia que nunca compraria pra me dar de presente porque, na certa, eu iria detestar.
Eu e namorado temos muitos interesses em comum, mas, como já disse aqui, somos diferentes também em vários pontos e, no fundo, acho que nossas diferenças nos tornam um casal mais bacana. Temos muito respeito um pelo outro e por nossas diversidades. Acho que nos completamos justamente nessas diferenças todas e um acaba trazendo pro outro um olhar novo, uma nova possibilidade de enxergar nosso dia-a-dia.
Todo mundo sabe que eu não ligo pro mundo tecnológico, já o namorado é totalmente vidrado nessas coisas, em tudo que possa facilitar ao máximo sua vida. Ele adora a tal da maçãzinha e tudo dele tem que ser de última geração, o mais novo lançamento e o computador mais rápido ever! Eu não ligo não... Pra mim, se eu tiver um celular que fale já está ótimo, não preciso que faça mais nada. Meu celular é um celular simples da Samsung, já é o mesmo tem uns 3 anos, é velho de guerra e sobrevive a tombos, chuvas e trovoadas. Já me ofereceram várias promoções para que eu o trocasse por celulares mais modernos que fazem isso e aquilo, mas não quero. Não sinto necessidade.
Não preciso nem dizer que o celular do Hugo é um Iphone, né? E sempre que ele troca de telefone por um mais moderno, o meu amor tenta me convencer do quanto seria maravilhoso ter um celular assim. Ele insiste para que eu fique com o modelo mais antigo enquanto ele fica com o novo. Eu sempre falo que estou muito bem, obrigada, com meu aparelhinho modesto e o estimulo a vender o telefone antigo. E assim tem sido: ele acaba vendendo o iphone velho e eu sigo minha vida com meu aparelho medíocre.
Já vinha notando, já faz algum tempo, que todas as vezes que ia tirar o celular da bolsa pra telefonar pra alguém ele sempre se oferecia pra me emprestar o aparelho dele pra fazer a tal da ligação. Algumas vezes ele era mais rápido e eu acabava falando do celular dele, outras eu agradecia e dizia que não se importasse, porque o meu telefone já estava em minhas mãos. Só que, há alguns dias, aconteceu a mesma coisa e quando eu apertei o botão pra telefonar do meu modesto aparelhinho, ouço meu marido falar baixinho: "Ai, morro de vergonha desse celular..." O quê??? Já meio rindo, meio sem acreditar, perguntei: "O que você disse, namorado? Não escutei direito..." E aí, enchendo seu peito de coragem, quase um desabafo de algo reprimido, ele vomita em boa voz: "É isso mesmo, toda vez que você tira esse celular da bolsa eu morro de vergonha!"
Gente, quê isso, meu pai?? "Você não está falando sério, está?" E ele respondeu que sim, que era a mais pura verdade.
Tive um ataque de riso. Como é que pode? Alguém ter vergonha do celular do outro? Eu acho isso muito surreal, mas cada louco com suas manias. Tadinho do namorado... Mas continuo sem ver a menor necessidade de trocar de celular. Esse aparelho me atende muito bem e pronto. Não vou gastar dinheiro com isso. O namorado vai ter que aprender a conviver com sua vergonha tecnológica. Eu não sinto vergonha alguma do meu aparelho fora de moda. Acho até que depois do meu simples aparelhinho ser achincalhado e tratado com tamanha falta de respeito, criei uma relação de maior carinho com ele. Está decidido: agora só troco se ele emudecer ou estragar. E tenho dito!