sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Saudade de Bebê















Semana passada, enquanto estava no salão conversando com outra cliente da minha manicure, ela me disse que está com saudade de ter um bebê em casa. Sua filha é mais velha 1 ano que o Miguel e eu disse a ela, sem pensar duas vezes, que ela devia estar louca. Ainda trago na minha memória recente o estrago que ter um bebezinho chorando de cólica toda hora provocou na minha vida. Ainda trago muito vivo em minha mente o que eu sentia todas as vezes que a  noite ia caindo e eu sabia que todos iriam ter uma noite de sono tranquila e eu veria vários programas durante a madrugada, segurando minha cabeça em cima do pescoço pra não dormir em pé. Ou pior: pra não cair dormindo em cima do Miguel que estava no meu colo. Lembro muito claramente de não conseguir fazer nada, nada mesmo, que não fosse cuidar do Miguel durante TODOS os meus finais de semana. Do fundo do meu coração? Ainda digo mais e me desculpem a sinceridade: durante esse tempo, eu odiava quando a sexta-feira chegava. Sexta-feira significava não ter vida própria, significava viver apenas pra cuidar daquele bebê cheio de demandas. Não... Eu não quero outro bebezinho na minha vida. 

Mas confesso que sinto saudade de ter o meu bebê gordinho, cheio de dobrinhas, com aquele sorriso desdentado. Aquele bebê que, por não saber falar, falava com os olhinhos brilhantes. Daquele meu bebê que mordia o dedão do pé e que mal andava direito, tentando se equilibrar nas pernas gordas e curtas. Saudade do bebezinho que ficava sentadinho na banheira durante um banho de horas e que jogava água pra todo lado. Saudade do meu bebê que foi carequinha até 1 ano de idade! Saudade de um bebê pesado, mas que cabia direitinho no meu colo. 

Quando olho pro Miguel hoje, ainda enxergo o meu bebê... Mas é um bebê sem a cinturinha de ovo, um bebê com a carinha que está se transformando na cara de um menino, um bebê grande, mais magro, com menos bochecha e cheio de cabelo. Meu bebê hoje já sabe falar e fala bem. E muito. Fala sem parar e, por saber se expressar, também já me responde atravessado. Diz o que quer, cobra, pede. Diz que não gostou, questiona, conclui. 

Mais pra frente, talvez, eu tenha mais saudade de ter um bebê. Talvez, não sei. Acho até que não. Porque a saudade que tenho é do meu bebê que vejo nas fotos, um bebê que aparece sempre lindo e sorridente. Não tenho saudade do dia-a-dia que se tem quando há um bebezinho em casa. Ah, me desculpe, daqueles dias insanos, em que eu mal tinha tempo pra tomar um banho, em que eu não tinha mais autonomia nem pra comer com calma ou escovar o cabelo, eu não tenho saudade não... E, de verdade, acho que nunca vou ter. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Pérolas do Miguel






Criança é mesmo uma coisa linda... São engraçados e tudo na cabeça deles é muito simples. Tão simples que ando me perguntando se as coisas não são, de fato, assim, simples e a gente é que complica tudo conforme vai crescendo e enxergando as mil nuances que a vida tem. Pra criança as coisas são ou não são, vai ou não vai e ponto. Sem estresse, sem complicação. E o Miguel mostra que assim deveria ser pelo modo como encara as mais variadas situações do nosso dia-a-dia.

Tínhamos uma cachorrinha muito fofa e que estava velhinha demais e sofrendo. Enfim, a Godiva (nome da cadelinha) morreu e Miguel perguntou pra onde ela tinha ido. Dissemos que ela estava com Papai do Céu, que Ele cuidaria dela daqui por diante e isso foi suficiente pra ele. Isso aconteceu há uns 3 meses. Bom, domingo passado fomos pra piscina e minha mãe não quis ir porque era a hora da missa dela de todo domingo. Chegando na piscina, Miguel, conversando com o Namorado, falou:
- "Vovó não veio pra piscina com a gente..."
Hugo comentou:
- "É que ela foi a igreja, foi à missa."
- "Igreja?", Miguel perguntou.
- "Isso, filho, na casa do Papai do Céu."
- "Onde está a Pretinha?" (Miguel não chamava a Godiva pelo nome, a chamava de Pretinha.)

Impressionados com a rapidez com que ele ligou as duas estórias, respondemos que sim, era onde estava a Pretinha. Chegando em casa, ao encontrar com a minha mãe, Miguel ainda perguntou a ela: "Vovó, a Pretinha está bem?" Expliquei rapidamente pra minha mãe o que tinha acontecido pra que ela pudesse responder a pergunta do Miguel. Enfim, nada passa por essas crianças. Nada. 

Ontem à tarde, depois que cheguei do trabalho, Miguel pediu pra ver o filme Carros e eu estava arrumando o meu quarto. Miguel pediu pra que eu ficasse assistindo o filme com ele (meu Deus, não aguento mais assistir esse filme!) e eu respondi que tinha que arrumar a casa. Na mesma hora, ele falou: "Tá bom, você vai ficar sem o Miguel!" Simples assim. Tipo: se você prefere arrumar a casa a ficar comigo, está perdendo a oportunidade de ficar comigo. Ai, meu Deus. Na cabeça do meu filho, muito lógico, não é ele que fica sem mim, nesse caso. A leitura dele é muito clara das coisas: você está preferindo fazer outra coisa, então: "Você vai ficar sem o Miguel!".

Hoje de manhã, lá estava eu conversando com ele, de novo, pela bilhonésima vez, sobre fazer coco no vaso e não por aí, em qualquer lugar da casa, nas cuecas. Falei que ele está crescendo e que logo vai pra casa dos amiguinhos pra brincar com eles e peguntei como seria se ele quisesse fazer coco e não fosse fazer o coco no banheiro. Ainda continuei:
- "Como vai ser isso, filho? Você não vai poder fazer coco nas calças. Precisa ir ao banheiro. Se não, a mãe do seu amiguinho vai ter que limpar a sua bunda??? A mãe do seu amigo não tem que limpar a sua bunda!" E Miguel falou, pra encerrar o assunto: "Mas se eu fizer coco na casa dela, tem que sim!" Meu Deus, fiquei imaginando Miguel na casa de algum amigo fazendo coco e a mãe desse amigo limpando a bunda do meu filho e, pior, lavando a cueca cagada. Nunca mais Miguel seria convidado pra brincar na casa de ninguém... 

Enfim, tudo parece tão simples na cabecinha do meu filho, ele faz parecer tudo descomplicado e livre. E, de repente, as coisas não só parecem simples, elas são simples de verdade. A gente é que complica tudo.

sábado, 25 de agosto de 2012

Padrinhos









Eu e minha irmã temos a mesma madrinha e o mesmo padrinho. Até nisso minha mãe não quis fazer diferença... E acertou em cheio! Tivemos os melhores padrinhos que alguém pode ter: participativos, chegados, carinhosos, amigos. Quando minha Dinda e meu Dindo se separaram, pensei logo que seria uma pena perder o contato com meu padrinho já que minha madrinha é que é irmã do meu pai. Mas isso não aconteceu, mesmo sendo uma separação motivada por traição, eles sempre souberam separar as coisas e meu padrinho continuou o mesmo de sempre: um cara carinhoso demais, um babão por suas afilhadas e continuou a frequentar as festas de família como deve ser em toda família civilizada. 

Eu acho mesmo de extrema importância a escolha dos padrinhos. É uma delícia apadrinhar alguém, mas é também uma grande responsabilidade. De acordo com a igreja, o padrinho tem a função de ser um guia para seu afilhado em sua vida religiosa, significa estar ao lado do pai e da mãe na difícil tarefa de educar. Nossa, que responsabilidade! Por isso, não acho legal escolher para padrinho amigos porque sempre tive muito medo de não dar a meu filho um padrinho que, por um motivo ou outro, não estivesse presente em sua vida. 

Sou madrinha das duas filhas da minha irmã e, por termos uma convivência tão próxima, as sinto como minhas filhas também.  Eu não poderia pensar em nenhuma outra pessoa nesse mundo para apadrinhar meu filho que não fosse minha irmã e meu cunhado. E digo mais: se tivesse outro filho, continuaria sem pensar em outras pessoas para apadrinhar meu filho. Minha irmã e o Itallo seriam os padrinhos desse irmão ou irmã imaginário do Miguel. Sem nenhuma dúvida posso afirmar: ninguém nesse mundo, da minha família ou não, poderia desempenhar melhor esse papel dado a esses dois. 

O fato de nos vermos todos os dias, faz da minha irmã e do Itallo um pouco pai e mãe do Miguel também. Confio neles plenamente e na minha falta e na falta do Hugo, gostaria que eles criassem minha delícia. Sei que eles teriam a preocupação de dar a ele a melhor escola possível, que fosse educado, que fosse um homem de bem e, além disso, sei que seriam carinhosos e atentos, que saberiam escutar suas dores e teriam paciência caso ele não estivesse passando bem pela adolescência insana. 

Um padrinho nunca deveria estar presente apenas nas datas comemorativas, um padrinho deveria ser íntimo de seu afilhado, amigo. E intimidade não se consegue de um dia para outro. Intimidade é algo que se conquista no dia-a-dia, com a convivência, é algo que se ganha mesmo aos trancos e barrancos porque conviver não é fácil. Entretanto, é nessa convivência que conhecemos realmente as pessoas, é que aprendemos a conhecer cada carinha dos nossos afilhados, cada gesto, cada torcida de nariz, cada palavra mal dita, cada mau humor. Infelizmente, essa relação tão próxima só tive com minhas afilhadas filhas da minha irmã: Duda e Rafa. Meus outros 3 afilhados não convivem comigo de perto. O Renan já está um homem, lindo por sinal, já tem 19 anos, mas só o vejo em aniversários. A Rafaella, filha da minha grande amiga Deo, mora em SP e fica mesmo difícil conhecer minha afilhada de verdade e ser mais participativa. E o João, filho da minha outra amiga Samira, também mora longe e a própria rotina diária não permite que estejamos juntos o quanto gostaríamos.  

O fato da minha rotina se entrelaçar com a da minha irmã e por sermos amigas, acima de tudo, dessas que se falam mil vezes por dia e dessas que podem falar sobre qualquer assunto idiota que ele vira conversa pra horas, ajuda bastante na minha convivência com as meninas e na deles com o Miguel. 

Quando meu filho está com os padrinhos, o que eles dizem é lei. Confio plenamente que farão por ele o que fariam por suas filhas e me sinto em paz, mesmo quando estou viajando e distante porque sei que Miguel está em companhia do Itallo e da Sis. Com eles, meu filho está em casa. Com eles, meu filho tem amor, aquele amor mais parecido com o amor de um pai e de uma mãe por seu filho: o amor que educa, que briga, que exige, mas também o amor que se delicia, que enche o coração, que faz chorar de alegria. Eu sei que Miguel sente esse amor quando está com seus padrinhos. E isso é prova de que acertei em cheio quando escolhi minha irmã de sangue e meu irmão de coração para padrinhos do meu bebê. 

Fico muito feliz por ver que minha irmã conseguirá ter com meu filho o mesmo tipo de relação que tenho com suas filhas: de amizade verdadeira. Amo quando os olhos do Miguel brilham cada vez que o Itallo chega lá em casa e já vai logo começando uma brincadeira com ele. Amo quando Miguel vem todo feliz me falar: "Mamãe, a Dida chegou!!" Minha irmã e meu cunhado dão banho, dão comida, dão esporro, dão presentes, fazem vontades, brigam, dizem que meu filho é mimado, dizem que ele é um chato, dizem que Miguel é muito engraçado, muito fofo, muito gostoso. Olham pra ele com olhos de admiração e deleite que só os pais têm. Olham pro Miguel com olhos irritados pela pirraça e manha que crianças só fazem com quem tem intimidade. Itallo e Sis olham pro meu filho como se olhassem para uma criança que pertence a eles também. Olham pro Miguel com olhos cheios de carinho. 

Que Deus os ilumine a me ajudar nessa dura tarefa de transformar meu filho em um homem de verdade. 

sábado, 18 de agosto de 2012

Carinho é bom e todo mundo gosta

Miguel e Duda em momento de carinho


Miguel é uma criança muito carinhosa com a gente. Vive nos dando muitos beijos, faz carinho e já solicita carinho também. Não raro, na hora de dormir, vira-se pra mim e pede: "Mãe, faz carinho na minha cabeça?"  Todas as vezes, quando chego em casa na hora do almoço pra levá-lo à escola, ele corre e me abraça com tanta alegria que parece que estive fora por meses. Todo dia é a mesma coisa, a mesma felicidade em me ver na hora do almoço. 

Ele também fica muito feliz quando digo que é meu dia de buscá-lo na escola. Abre o maior sorrisão e me deixa cheia de felicidade, mesmo que eu saiba que aquele será um dia muito mais corrido pra mim no trabalho e onde as coisas todas que tenho que fazer tenham que ser feitas em menos tempo. Meu cunhado, minha irmã, eu e o Namorado nos alternamos na hora de buscar na escola, assim fica melhor pra todo mundo, mas o meu dia de buscar tem gostinho especial apesar da correria.

É engraçado como o ser humano gosta de palavras de carinho e, por mais que as atitudes sejam coerentes com o que se diz, a palavra faz falta. Miguel gosta de me levar até o carro todas as manhãs quando estou de saída pro trabalho. Sempre me abaixo perto dele, lhe dou um abraço, beijo e digo que lhe amo. Ele muitas vezes diz que me ama também e ainda diz: "Bom trabaio, mamãe!" Só que essa semana eu estava atrasada e dei um beijo apressado nele e fui logo entrando no carro, aí, já dentro do carro abri a janela do lado do carona pra dizer que voltaria na hora do almoço e o Miguel olhou pra mim e perguntou: "Mamãe, você ama eu?" Ai... Que fofo esse meu filho... Eu que digo que o amo todos os dias antes de sair, naquele dia não disse e ele sentiu mas também não guardou pra ele essa dúvida, resolveu me perguntar. Miguel me deu a chance de dizer a ele, já que tinha esquecido, que, sim, o amo muito, mais que tudo nessa vida. 

Muitas vezes, por mais que a gente preserve atitudes corretas com as pessoas que nos cercam e estejamos sempre dispostos a ajudar, esquecemos de falar o que sentimos. E é tão bom falar que gostamos, que sentimos falta, que o amigo está lindo com tal roupa, que sentimos saudade, que amamos. Falar essas coisas é tão delicioso quanto escutar. Palavras podem ser só palavras ao vento mesmo, se não são acompanhadas de exemplos práticos na rotina diária, mas quando ditas com o coração, com sentimento, tem muito valor. E quem não gosta de um "eu te amo" visceral, sentido, carregado de amor? Quem não gosta?


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Amizade Real

Fui criada pra enxergar o mundo como se ele fosse todo cor de rosa. Fui criada pra ver sempre o lado bom das pessoas e, por ter vivido esse tipo de criação, posso afirmar, não é bom achar tudo sempre lindo e que no final vai dar tudo certo, simplesmente porque a vida é linda. Viver assim é fugir da realidade, é confundir otimismo com ilusão. 

Apesar de ser uma otimista, de pensar positivo, a vida me ensinou com algumas porradas que é preciso tirar o véu da nossa frente e enxergar o mundo como ele é, sem tons pastel e sem colocar cores mais fortes que as cores da verdade. Não gosto de me iludir e tirar meus pés do chão. Tiro meus pés do chão quando sonho, quando imagino, mas, hoje, aprendi que tirar os pés do chão quando estamos tratando de situações do nosso dia-a-dia, é péssimo. Não dá pra ficar fantasiando e nem mascarando. Não sou daquelas que olham o copo pela metade e o veem quase vazio. Mas também não sou dessas que olham o mesmo copo e o veem quase cheio. Enxergar um copo pela metade como quase cheio é um perigo. Eu enxergo um copo com água pela metade como um copo que está com água pela metade. Mas esse modo de pensar me causa transtornos, às vezes, com relação à amizades. 

Sou uma pessoa com alguns bons amigos. Sou cercada de pessoas queridas a quem respeito muito e quero bem e tenho a sorte de ter pessoas bacanas convivendo comigo, a quem posso recorrer em momentos difíceis. Entretanto, há muito deixei de acreditar que TODOS são meus amigos. Aprendi a separar amizade de coleguismo. Não foi fácil pra uma pessoa que sempre quis ser gostada e que em algum ponto da vida achou que seria uma unanimidade, cair em si de que não é bem assim e aceitar que receber um NÃO das pessoas ao redor, não quer dizer que elas não gostem de mim. Simplesmente, não é pessoal. 

À medida que fui caindo na real, foi inevitável me tornar uma pessoa com foco na realidade, uma pessoa que lida com o que tem em mãos. No trabalho, não gosto de estabelecer metas impossíveis, frustrantes. Gosto de colocar meu braço onde alcanço e não gosto de enfeitar o pavão. E aí é que está: vejo que a maior parte das pessoas A D O R A "enfeitar o tal do pavão". Jesus disse algumas vezes antes de ser crucificado: "Quem tem ouvidos pra ouvir, ouça."  E essa frase diz muito. Pra mim, diz que nem todos nós estamos preparados pra ouvir a verdade. É mais fácil ouvir as palavras que queremos escutar. Quem  nunca pediu a opinião sincera de um amigo quando no fundo o que queria ouvir era que a opinião do amigo era a mesma que a sua? 

Ter uma amiga que diz a verdade, muitas vezes pode ser uma dor de cabeça. E, não me entendam mal, quem me conhece sabe que sou uma pessoa educada e não sou capaz de indelicadezas ou de magoar as pessoas deliberadamente. Mas não gosto de palavrinhas doces quando o caso é pra palavras duras. Também não quero ser a dona da verdade, longe disso. Mas não aguento pessoas que observam seus amigos tomarem decisões loucas sem nada falar e, mais longe, ainda incentivam dizendo que, no final, vai tudo terminar bem. 

Vou exemplificar o que acontece comigo: há pouco tempo uma amiga linda de quem gosto demais fez uma tatuagem insana nas costas. O desenho estava tão feio e borrado que cheguei a pensar que tratava-se de uma tatuagem de henna que estivesse saindo. Várias pessoas olhavam a tatuagem sem conseguir definir que desenho era aquele. Aí começa o que eu chamo de enfeitar o pavão: uns diziam que estava feio porque não estava terminada ainda. Outros diziam que não estava tão bom porque estava recente, depois iria melhorar. E eu? Falei logo que era um absurdo minha amiga, uma mulher linda, ter confiado as costas à um tatuador  pra ele fazer uma bobagem daquelas e que ela procurasse outro profissional pra consertar aquele estrago urgentemente. Além de mandar a real, ainda me vi nervosa com toda a situação. Graças a Deus, a tatuagem dela hoje está linda, pois seguiu meu conselho.

Outra amiga minha ficou grávida de uma transa avulsa com um cara que mora em outro estado. Meu Deus. O que dizer? Pra mim, só há um caminho: a realidade. Enquanto eu falei que seria muito duro, que ter um filho com o suporte do marido já é barra pesada, imagina sozinha sem suporte financeiro do pai da criança e, principalmente, sem suporte emocional, todas as outras pessoas romantizaram dizendo que seria uma maravilha ter um bebê, que todos ajudariam a criar, que ela nunca estaria sozinha. Ha, ha, ha. Não preciso nem dizer quem estava com a razão. Eu só queria que ela estivesse preparada para algo muito difícil e que não adianta todo mundo dizer que vai ajudar porque hoje ela está sozinha, tendo que cuidar de uma criança cheia de necessidades, nesse processo solitário e doloroso que é o de ser mãe e pai. Porque ninguém consegue ser mãe e pai. São papéis distintos.

Estou exemplificando pra tentar mostrar que me sinto uma boba por falar as coisas da forma mais próxima da realidade que posso porque nem todo mundo está preparado pra isso. No fundo, a maior parte das pessoas deve achar que eu não devia falar, que no momento em que estamos vivendo uma situação difícil só o que queremos escutar são palavras de consolo e esperança, mas será que a vida é isso mesmo? Será que muitas vezes não é melhor encarar a verdade e partir pra atitudes que possam nos levar, mais na frente, a um desfecho mais feliz, mesmo que doa nesse momento? Vamos agora ficar ouvindo palavras de carinho e sentar no sofá esperando que Deus resolva? Colocar nossa vida totalmente nas mãos da esperança? Nossa vida é nossa vida, está em nossas mãos. E Deus só ajuda a quem sabe onde quer chegar.

Por tudo isso é que fico pensando que o Namorado foi mesmo feito certinho pra mim. Todas as vezes que pergunto a ele se ele me ama pra sempre, pra vida toda, ele me responde: "Namorada, eu te amo hoje. Pra sempre, não posso afirmar." Por mais que eu goste de ouvir essas coisas românticas do tipo "Te amo pra vida inteira" ou "Vou te amar pra sempre", sei que no fundo ele tem toda razão. Não podemos prever o futuro. Lidamos com o agora, com esse momento. E o fato do Namorado ser real comigo, me dizer a verdade e não o que eu quero ouvir, é um alento. Faz com que eu acredite ainda mais em nós dois. 

Eu tenho muita fé. Muita mesmo. Sou esperançosa com relação a minha vida, mas não perco mais o foco do que é real. Já perdi. Já vivi acreditando apenas no que eu queria acreditar, já vivi relacionamentos em que não importava o que os outros me dissessem, eu não tinha ouvidos pra ouvir a real. Eu só ouvia os "amigos" que me diziam pra acreditar que tudo ficaria bem, que todos se modificam ou que a vida é bela e no final tudo dá certo. Quem me dera ter ouvido quem me disse que tem gente que não, nunca se modifica. Teria me poupado um bocado de sofrimento.  Eu tento ser pros meus amigos o que gostaria que eles fossem pra mim. Tento ser o pé no chão, tento ser o que chama pra terra, a amiga que faz refletir. Sou assim com meus amigos porque não quero só escutar opiniões que batam com as minhas, prefiro saber o que vai no coração deles de fato. Não quero que fiquem com medo de me magoar, de me machucar com suas opiniões verdadeiras. Hoje eu acredito que tudo dá certo, sim, se eu trabalhar pra isso. Se eu fizer escolhas conscientes. Se eu tiver ouvidos pra ouvir e, sabendo a verdade, poder tomar minhas decisões com base em realidade e não apenas em sonhos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Energia

Quando penso na minha vida e nas coisas que faço todos os dias, vejo como sou sortuda e tenho mil motivos para agradecer. Fico até com vergonha de ficar pedindo a Deus coisas pra mim, peço apenas para que eu saiba conduzir as situações que a mim se apresentam da melhor forma possível e que eu saiba usar as palavras certas no momento propício. Ele sempre me atende. Às vezes, quando não estou entendendo alguma coisa, algum perrengue, algum sofrimento, elevo meu pensamento e digo a Deus, com toda fé, mesmo diante do maior desespero, que sei, do fundo do meu coração, que Ele tem um propósito para tanto despautério ou dor e que, também sei, lá na frente vou entender tudo, todos os Seus caminhos, tudo o que quis me ensinar.

Eu não sou uma pessoa pela metade. Não consigo trabalhar pela metade, não consigo amar pela metade, chorar pela metade, rir pela metade, não sei não me entregar às tarefas diárias, não sei deixar pra depois. Por isso, visto a camisa da empresa onde trabalho e da empresa pra qual presto serviços como guia. Quando vou entrar em sala de aula com uma nova turma pela primeira vez, minha barriga dá voltas de nervoso, não importa a experiência que eu tenha. No final de semana antes da primeira semana de aulas, fico na expectativa de ter muitas matrículas e me dá um nervoso enorme. Sempre. Há 14 anos faço a mesma coisa e o nervoso não muda. Meu prazer em bater metas também não muda. Gosto de conseguir, gosto de chegar lá e gosto muito da luta até chegar ao topo. Cansa, mas vale a pena. Quando vou conhecer o grupo que vai viajar comigo e com quem vou passar 15 dias, 24 horas por dia, fico nervosa e sempre rezo para que Deus coloque em meu caminho pessoas bacanas, que combinem com minha energia e que, se não for possível, Ele me faça aprender com quem é muito diferente de mim e com quem não tenho a menor afinidade. 

Deus foi extremamente bondoso comigo nesse julho de 2012. 

O grupo Disney/2012 foi excepcional. Senti um carinho de cara por todas as 42 pessoas que estavam sob minha responsabilidade e com quem compartilhei momentos inesquecíveis, pra eles e pra mim. Formávamos uma turma do bem, uma turma que se entendeu desde o primeiro instante. É claro, sempre há uns desentendimentos aqui e alí,  mas nada que não pudesse ser contornado porque todos tinham muita vontade de viver bem. Acredito em energia, acredito que meus pensamentos tenham atraído essas pessoas pra perto de mim e sou muito grata a Deus pela experiência que vivi. Saber que eu, hoje, faço parte da estória de 42 pessoas é gratificante. Saber que, mais uma vez, me entreguei ao trabalho com a mesma vontade com que acordo todos os dias, mesmo estando longe do homem que amo e do Miguel, me faz sentir como se me renovasse por dentro. Ponho minha energia em tudo o que faço e tentei levar alegria e tranquilidade àqueles que comigo compartilharam o sonho de conhecer a Disney. E saí do aeroporto na volta da viagem com esse grupo lindo com a sensação de dever mega cumprido. 

À essas pessoas lindas que tive o prazer de conhecer, adultos, adolescentes e crianças maravilhosos, meu muito obrigada por toda a colaboração, mesmo quando o cansaço foi grande. Saibam que sempre estarão em meu coração. Como disse o Gabriel Paiva quando eu falei minha idade após terem perguntado: a Disney me faz bem! Ele tem um pouco de razão, mas, na verdade, o que me faz bem é tentar encarar com alegria tudo o que faço, é olhar o trabalho e não pensar que será chato e, sim, arregaçar as mangas e pôr a mão na massa. O que me faz bem é não viver pela metade. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

De volta





Sempre que viajo fico preocupada com o que o Miguel está sentindo, se sente minha falta, se está com saudades. Além de lidar com o aperto no meu peito, uma saudade imensa do meu bebezão, ainda tenho que lidar com meus pensamentos que chegam até o meu filho e que não me deixam esquecer de que ele está longe de mim. Fico me perguntando se está comendo direito, se está dormindo bem, se está feliz, se está triste com minha ausência. Nossa, que saudade a minha... Que falta que o Hugo faz, que o Miguel faz. Sinto falta da minha mãe também quando estou longe e das mil vezes por dia em que falo ao telefone com minha irmã. 

Normalmente, quando volto de viagem chego cheia de carinho, louca pra agarrar meu filho e cobri-lo de beijos e ele sempre reage com certa indiferença até. Fica me olhando, enquanto eu faço escândalo. Com um olhar desses enviesados, olhando de rabo de olho pra mim, olhando fingindo não querer olhar e com um meio sorriso nos lábios, me faz entender que sou meio esquisita quando falo sem parar que estava morrendo de saudades e o aperto contra meu peito. Sempre demora um pouco pra que ele se entregue ao meu abraço, pra que ele se entregue aos meus carinhos. Nunca sei se esse é o modo do Miguel de mostrar que sentiu minha falta ou se ele fica com vergonha da cena que faço quando encontro com ele depois de ter ficado longe e então fica com aquele ar de "quem é essa maluca me agarrando e chorando?". 

Bem, dessa vez em todas as ocasiões em que falei com Miguel ao telefone ele se mostrou muito falante. Cheguei a comentar com o Hugo a respeito de como ele estava se expressando melhor. Contava onde foi, qual o filme que viu no cinema e o que estava fazendo com a madrinha, com a avó ou com o pai. Pegava o telefone e falava logo: "Oi, Mamãe!" Aí eu me desmanchava, falava que estava morrendo de saudades, que estava louca pra abraçá-lo e dar muitos beijinhos. E ele falou muitas vezes: "Também tô com sodade, volta logo." No penúltimo dia de viagem, quando telefonei, ele chegou a me dizer: "Mamãe, quero você." Gente, que mãe aguenta isso? Eu sozinha, no orelhão em Epcot Center, chorando que nem idiota naquele calor de inferno. 

O Namorado disse que Miguel continuou se alimentando bem, dormiu bem, brincou como sempre, mas perguntava quando eu ia voltar e pelos brinquedos que prometi trazer. Não pedia minha presença à noite, ou chamava por mim. Meu filho tem uma inteligência emocional que me assusta, às vezes. Ele sabe com quem contar e que não adianta ficar chamando por quem não está presente. A novidade é que, dessa vez, já maior, mostrou claramente que sentiu a minha falta. E ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, isso não me conforta em nada. Meu coração vaidoso de mãe que sabe que é amada por seu filho não ficou feliz. Sei que saudade é natural, que faz parte da vida, principalmente porque essa é a minha vida, mas antes,  quando Miguel reagia com indiferença, eu tinha ainda uma esperança de que ele não sentisse tanto a minha ausência. Era como se ele estivesse me dando passe livre, sabe? Só que agora eu tenho que aprender a lidar com o fato do meu filho mostrar claramente que sente minha falta e que, se pudesse escolher, não gostaria que eu viajasse. 

Dessa vez, quando Hugo foi me buscar no aeroporto Miguel não veio junto. Mas foi estacionarmos o carro em frente de casa, para que minha mãe abrisse a porta e o Miguel saísse correndo ao meu encontro, sem vergonha de nada, sem olhar de banda. Miguel me olhou de frente, olho no olho, e pulou no meu colo e me abraçou tão forte que eu pensei que o mundo poderia acabar naquele abraço. Aquelas mãozinhas dentro dos meus cabelos, os bracinhos enlaçando meu pescoço, suas pernas enrolando minha cintura, pendurado em mim feito um macaquinho alegre e risonho... Que delícia de retorno! E eu ouvi, muitas e muitas vezes, Miguel dizer, pertinho do meu ouvido: "Que sodade!! Mamãe, eu gosto muito de você. Te amo". E Miguel me apertou, como nunca havia feito antes. E eu pensei que toda a minha vida estava alí, bem pertinho de mim, com sua bochecha colada à minha. E nada mais importava: eu estava de volta à minha casa,  com meu namorado e com o que há de mais importante nessa minha existência louca: meu filho. 


sábado, 4 de agosto de 2012

Dream come true





Sempre quis nadar com golfinhos. Coisa de menina, curiosidade, vontade de chegar perto desses bichinhos lindos. 

"Nadar", aliás, não é bem o termo correto uma vez que não sei nadar. Mas queria estar no mesmo lugar que golfinhos e chegar perto, dar um beijinho. 

Nas muitas vezes em que estive em Orlando, nunca deu pra reservar um dia pra fazer isso, sempre colocava outras coisas como prioridade e quando tinha tempo pra conhecer os golfinhos, ficava sem coragem de dar o dinheiro. 

Na minha lua-de-mel, eu e o namorado fomos pra Cancún e lá é comum oferecerem esse opcional. Acontece que na nossa lua-de-mel eu e o Hugo estávamos mais duros que côco, tínhamos quebrado o cofrinho pra pagar a festa pra 400 convidados, queríamos tudo do jeito que achávamos que deveria ser e viajamos em lua-de-mel bem apertados, sem dinheiro pra estripulias e sem nada na poupança. Lembro que tomávamos café da manhã bem reforçado e enquanto a galera comia nos restaurantes nos parques que visitávamos, nós comíamos um sanduíche que havíamos feito e guardado na mochila. E a gente ria muito disso, da nossa pobreza no meio de um lugar tão maravilhoso e ríamos também porque o fato de não termos um único centavo no banco não nos fazia menos felizes. Longe disso: estávamos exultantes de felicidade, apaixonados e sem ligar pra mais nada que não fosse aquele momento. Por isso, é claro que o nado com golfinhos não poderia rolar. 

Em Fernando de Noronha, vimos golfinhos bem de pertinho, eles acompanharam nosso barco por um longo percurso e eu já achei maravilhoso estar tão próxima desses bichos fofos. 

E, então, finalmente, eis que esse ano fui a escolhida pra ir ao Discovery Cove levando parte do grupo que quis fazer esse opcional durante a viagem a Disney e, é claro, havia chegado a minha vez de nadar com os golfinhos!! Animação máxima, lá fui eu, toda feliz. 

Estando lá, tive a certeza de que vou voltar levando o Miguel. Meu filho é louco por vida marinha, adora peixes e fiquei imaginando todo o tempo como seria a carinha dele quando pusesse suas mãos sobre os golfinhos, quando sentisse sua pele tão macia, aveludada. Além disso, lá é possível nadar com peixes lindos, grandes e coloridos e arraias enormes, lado a lado. Amei a experiência e sei que vou repetir ao lado do Namorado e do Miguel. Adorei o dia e saí de lá com a sensação de ter tido um sonho realizado, feliz, feliz... Só esse dia já valeu todo o cansaço, correria e trabalho da viagem. Sonho realizado!!