terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Retratos de amor




Muitas vezes me vejo envolvida nas coisas da correria de todo dia, nas mesmas tarefas, em uma rotina louca que parece não ter fim. E aí acontece alguma coisa que me regasta, me eleva, faz com que me sinta especial mesmo tendo uma vida normal, uma vida como a de todo mundo. 

Na semana passada estava entrando com o Miguel na escola quando, já pertinho da sala de aula dele, uma das professores brincou dizendo que ele não a amava mais. Brinquei com ela de volta, dizendo que meu filho é homem de uma mulher só e que, por enquanto, eu sou a escolhida mas que dentro em breve ele vai amar a namorada mais que a mim. Parecendo entender exatamente o que eu disse - vai ver entendeu mesmo, Miguel vira-se pra mim e diz: "Mamãe, eu te amo. Muito. Eu amo só você." E foi muito fofo porque eu não tinha dito "eu te amo" primeiro, como costuma acontecer. Ele disse antes de mim, um "eu te amo" que não era uma resposta ao meu. Meu filho quis me dizer que seu amor por mim é único, é incomparável. Coisas que só o amor faz. E uma cena dessas faz a gente ganhar o dia, faz o céu ficar mais azul. 

Ontem, no meio de um dia de muito trabalho recebo um torpedo do Namorado: "Te amo. Você e o pequeno."

Acho lindo que a gente, depois de 9 anos juntos, ainda tenha esse cuidado um com o outro. O cuidado de fazer um carinho de vez em quando, aquele carinho inesperado que faz tudo ficar mais leve, que faz brotar um sutil sorriso nos lábios. 

E aí começamos a trocar torpedos que me deixaram tão mais feliz, tão mais capaz de enfrentar qualquer dificuldade. 

Respondi: "Te amo também, nossa família é linda."
Namorado: "É mesmo, fomos abençoados."
Eu: "Não tem como não ser feliz! Você é meu príncipe."
Namorado: "E você é: gostosa + gata + gente boa pra caralho + amiga + companheira + chata + legal!"
Eu: "Adorei o chata. kkk"
Namorado: "Sabe que você é chata, mas te amo mesmo assim."
Eu: "Eu sei da minha chatice... Eu também te amo mesmo sendo um ogro."
Namorado: "kkkk"

Que bobos somos nós! E como o Namorado me faz rir, como ele me diverte. Adoro isso na gente. Adoro essa nossa leveza, essa nossa gentileza com nosso amor. Sim, sou chata mesmo. Eu sei. Ele também sabe. E me ama. 

Sim, o Namorado é grosso muitas vezes. Eu e ele sabemos. Mas eu o amo assim, desse jeito Shrek de ser. Nosso jeito de viver a vida é o nosso retrato. É o retrato do que a gente acha importante, retrato do que realmente nos interessa e faz a diferença na vida da gente. A gente só quer ser feliz. E não precisa de muito pra isso. Nada que um torpedinho no meio do dia não resolva. Nada que um "eu te amo" do filho não dê conta. 


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Olha o trem !



Ainda pouco minha irmã postou no facebook que estava rezando pela qualidade da maquiagem dela, uma vez que a pobrezinha estava em um ônibus lotado, rumo a Campo Grande pra trabalhar, num calor de fazer medo. Quem olha assim pra gente não pode imaginar que estas mulheres cheirosas e bem vestidas que, sim, gostam de bons tratos e conforto enfrentam ônibus se preciso for. E mais: já enfrentamos coisa pior.

Já falei que somos da Leopoldina, área pobre do subúrbio do Rio. Hoje mais pobre que na época em que lá moramos, é verdade, mas Olaria era um lugar pobre com uma dignidade que não sei se ainda resta por lá atualmente. Quando vou ao bairro, por qualquer razão, tenho dificuldade em reconhecer o lugar da minha infância. Está tudo muito mais feio e degradado, como a maior parte dos lugares que são cercados por comunidades. Fato é que fomos muito felizes brincando na rua com nossos vizinhos. Época em que não tínhamos medo de andar soltas e que tiroteio era coisa de filme.

Eu e minha irmã nunca tivemos problemas com condução porque a escola ficava distante de nossa casa uns 15 minutos de caminhada apenas, assim como a academia. Pra ir ao CCAA precisávamos caminhar mais ou menos meia hora ou pegar um ônibus. Só que depois que fomos estudar na Tijuca (Instituto Guanabara) a coisa mudou pra pior. Pra ir estava tudo certo porque minha mãe levava a gente de carro antes de ir pro trabalho. Mas na volta... Só Jesus!

Na volta, a gente não encarava ônibus não... Era o trem mesmo. E posso garantir que perto do trem, o ônibus é o melhor dos transportes. Primeiro porque quando a aula acabava, a gente tinha que sair correndo já que o trem tem o horário certo (se tudo estiver correndo bem), e entre o fim da última aula e a hora do trem, tínhamos, no máximo, uns 10 minutos. Resultado: eu e minha irmã saíamos correndo que nem loucas carregando nossas mochilas pesadas, descendo uma rua bem comprida, pra então atravessar a Radial Oeste e subir e descer umas escadas da passarela até estarmos na plataforma pra esperar o bendito trem. Lembro que em uma dessas vezes o desespero foi tão grande que eu, lesada que só, gritei: "olha o trem!" e começamos a correr ainda mais rápido. Tão rápido que minha irmã tropeçou e se espatifou no chão. A pobrezinha ficou deitada lá em cima da passarela, de barriga pra baixo, totalmente esticada. Não sei até hoje se demorou a levantar porque teve uns instantes de ausência ou se porque estava morrendo de vergonha e raiva de mim, afinal, não era nosso trem...

Estando na plataforma, quando o trem estava no horário era uma maravilha: em poucos minutos estávamos em Olaria. Só que nem sempre era assim. Esse povo que depende de trem sofre. Como atrasam! Enfim, como costumo dizer, tem dia que é de noite, e nos dias em que o trem não estava pontual era um inferno. Se você já andou de trem sabe que a plataforma parece ser um dos lugares preferidos por religiosos pra pregarem o nome de Jesus. Tem sempre alguém com uma Bíblia debaixo do braço falando sozinho, pregando para fiéis invisíveis, rezando com toda força e em alto volume. Até aí, beleza. Pior mesmo era quando eles cismavam com a sua cara e gritavam, apontando o dedo em sua direção exatamente pro seu nariz: "Você, mulher pecadora!!!! Você que não sabe o que é Jesus!!!" Meu Deus... Eu só pensava que poderia existir um buraco no chão pra eu sumir ou que, talvez, passar a esperar o trem encolhida embaixo do banco não fosse tão má ideia assim...

Dentro do trem existem os mais variados tipos de vendedores ambulantes. Na hora em que eu pegava o trem, ele, normalmente, não estava cheio, então íamos sentadas pra casa. De repente, entrava um vendedor de bacias. Os vendedores de bacias de trem, não satisfeitos em falar de seu produto, fazem também demonstrações. A coisa acontecia mais ou menos assim: você estava lá, sentadinha com seus pensamentos já dentro de casa, pensando em tomar um banho gostoso, quando o vendedor começava a arremessar as bacias pra todo lado gritando: "Bacias inquebrável que não quebra!! Quem vai querer!! Bacias inquebrável que não quebra ! Tá barato!!" Depois, o vendedor ia passando e recolhia todas as bacias espalhadas ao longo do vagão pra começar tudo de novo minutos depois. 

Muito comum também era o vendedor de doces. Esse não saia tacando as iguarias que vendia, obviamente, mas também gritava: "Canudinhos caseiro feito em casa!!" E não pense você que era possível rir disso tudo. Estando em um trem, nem pense em rir desses acontecimentos bizarros porque a coisa pode ficar muito feia pro seu lado. Eu aprendi a rir internamente. Aliás, eu gargalhava sem mexer o rosto ou emitir sons e olha que quem me conhece sabe que não rir alto é quase um milagre pra mim. Mas a necessidade faz coisas que até Deus duvida e eu conseguia essa proeza de rir em pensamentos. Não sei se ria do grotesco da cena ou de desespero.

Pra terminar, outra coisa que era revoltante era quando eu estava calmamente pensando que estava a caminho de casa, pensando que, graças a Deus, o trem tinha passado na hora e que eu iria, em breve, matar a fome que estava me matando quando, do nada, o trem parava. Simples assim. Parava e começava a ir e voltar de estação em estação. Ninguém pra dar satisfação, ninguém pra explicar nada. E você lá, com o estômago nas costas, doida pra comer seu arroz com feijão, indo e voltando, para frente e para trás. Isso é que era sacanagem. E eu, nesse ponto, já me pegava considerando a idéia de comer os tais dos "canudinhos caseiros feitos em casa". Só que, é claro, nessa hora todos os vendedores sumiam.

Hoje, não ando mais de trem. E de ônibus, só quando vou ao centro da cidade. Tem gente que diz que não consegue me imaginar dentro de um ônibus lotado, tem gente que não acredita nem que eu use chinelo. À essas pessoas eu digo: as aparências enganam, meu bem. Essa patricinha aqui já pegou muito ônibus lotado e já perdeu muito a hora do almoço por causa do famigerado trem. E estou aqui, Vivinha da Silva. E cheia de histórias pra contar. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

E chegou o início do semestre!

Eu saí da sala de aula mas o espírito de professor nunca sairá de mim. Um dia achei que, uma vez que não tenho pego turmas, talvez fosse me esquecer de tudo o que sentia antes de um início de período. Só que não é bem assim. Entra ano e sai ano e sempre, sempre mesmo, antes do primeiro dia de aulas em um período, eu fico nervosa como se fosse minha primeira vez.

Estou há quase 16 anos na direção e achei que todas as muitas tarefas que envolvem o cargo fossem me fazer esquecer as ansiedades que carregava comigo quando era professora. Hoje eu tenho outras preocupações que não tinha antes. Tenho que me preocupar com a manutenção de toda a escola (instalações, equipamentos e por aí vai) além de me preocupar em administrar conflitos e interesses, bater metas, manter a qualidade. Só que as preocupações que tinha quando era professora não saem de mim. Por exemplo: quando faço os horários do período seguinte e distribuo as turmas, não consigo esquecer que meus professores ficam loucos pra saber quantas turmas terão no semestre seguinte. Disso depende o salário deles. Se perderem o número de turmas, eles precisarão reduzir despesas e isso é muito preocupante. Por isso, assim que faço o horário da minha unidade libero logo. Muitas coisas podem mudar no período de férias, mas prefiro que meus professores já tenham uma ideia do que vem pela frente.

Não consigo me esquecer de como é difícil pra um professor não poder marcar um médico, ir a uma festinha na escola de seu filho quando ela ocorre no mesmo horário de suas turmas ou à uma formatura de um amigo. Por isso, ajudo no que for possível. Se puder arranjar substituto, dou força pra ir mesmo. Tem coisas que não acontecem sempre, são únicas, e não podemos perder.

Sinto-me professora, sempre. Estou ao lado deles sempre. E, por isso, conheço as manhas da sala de aula, sei quando estão querendo me fazer de boba e sei quando estão dando o sangue. Estou ao lado deles, incondicionalmente. Seja pra dar uma bronca ou pra segurar a mão. E sinto esse frio na barriga como se amanhã fosse pegar minha pastinha e conhecer meus alunos novos ou rever os alunos com os quais já tive o prazer de trabalhar. Tenho dor de barriga, acreditem. Não durmo direito de ansiedade. 

O time que tenho é mesmo MUITO bom. Admiro essa gente de todo o coração. Eles merecem sempre o melhor embora eu saiba que nem sempre é assim. É uma profissão muito difícil, com muitas dores e, ao mesmo tempo, com muitas, muitas alegrias. Eu espero que amanhã seja o primeiro dia de um período de muita luz. Que todos nós consigamos desempenhar um trabalho bacana junto aos alunos que já nos conhecem e que a gente consiga conquistar o coração dos alunos que estão chegando agora. Espero que a gente trabalhe juntos, um ajudando o outro, com benevolência e tolerância para com nossos colegas.  Espero que Deus ilumine cada um dos meus professores antes de entrarem em sala de aula e que lhes dê forças quando estiverem cansados ou sem ânimo. Peço a Deus, que lhes possa conduzir as palavras quando diante de uma situação difícil. Que Deus lhes conceda um pouco de sua bondade quando estiverem sem paciência. Peço a Deus que, em toda a sua misericórdia, faça chegar a esses professores alento e coragem quando pensarem que não há jeito ou solução. E que Deus não deixe lhes faltar alegria e confiança para seguirem em frente. 

Que amanhã todos nós entremos na nossa escola com o pé direito e o coração feliz. Amém.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ah... O amor...



Será tão difícil assim viver um grande amor? Será que a vida nos impõe coisas e a gente se enreda nelas e não consegue sair? Assim, simplesmente, aceita e pronto? 

Eu lido diariamente com muita gente e ouço muitas histórias, presto atenção a comportamentos, olhares, palavras ditas na hora certa e fora de hora. Muitas vezes vejo o amor começar, florescer. Vejo o amor sendo vivido, ser  construído e vejo amores que terminam pra começar de novo depois. Outros terminam sem vírgula, só ponto final. 

E tenho pena de amores que não são regados, preservados, levados à última instância. Sim, o amor sempre deveria ser vivido até não caber mais. Vou morrer me perguntando por que tem gente que ainda se prende a relacionamentos falidos, só por gratidão. Será que o amor deve alguma coisa a alguém? Será que amando  ficamos em dívida em algum momento? Será que a gente não deve encarar o novo como algo que vem pra nos fazer questionar se o que temos ainda vale a pena e se concluirmos que sim, descobrir que temos algo maravilhoso? Ou, talvez, sirva pra chegarmos a conclusão que a validade do relacionamento venceu e que é chegada a hora do desapego, a hora de deixar ir ou de ir embora. 

Quando olho alguém sem coragem de viver um amor por completo, porque está preso a coisas que não importam mais, achando que está fazendo bem ao outro mas só empatando a vida desse outro e a própria, sinto pena. Pena pela porta fechada que impede ganhar o direito de viver algo verdadeiro, pena porque, envolvido numa vida de mesmice e acomodação, não enxerga mais o que é amor. 

São tantas histórias... Quisera eu que todos tivessem coragem pra se entregar ao que sentem. Tem gente que fica com o amor nas mãos e deixa que escorra, que vá embora. Pra aceitar esse bonito sem medida, bebendo até a última gota é preciso não ter medo. Mas a vida não é feita só do que a gente quer... É feita do que a gente consegue fazer, é feita de nossas escolhas, é feita das atitudes que nos definem. E o amor precisa de atitude. 

Quem sabe ainda há tempo pra voltar atrás? 

Pensando nessa história que ouvi hoje, só penso nessa música que coloquei no post:


"... give me back my point of you
 'cause I just can´t think for you
I can´t hardly hear you say
What should I do, well you choose

Oh, look what you´ve done
You´ve made a fool of everyone
Oh well, it seems like such fun
Until you loose what you have won .." 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Carnaval

Hoje de manhã, acordei com uma sensação maravilhosa de ainda ter 5 dias pela frente pra ir pra piscina, pra ler, pra ver filmes, pra ter mais tempo pro Miguel, enfim, pra descansar dessa minha correria desses últimos 40 dias. 

Aí fui abrir meus e-mails e vi convites das mães dos amiguinhos do Miguel da escola pra blocos infantis. Beleza, os convites começaram para os bailinhos do Iate Clube, aqui pertinho de casa. Pensei: se eu tiver ânimo até levo o Miguel. Embora, na verdade, esteja mais confiante de que minha sogra, assim como no ano passado, vai levar o Miguel aos bailinhos de Carnaval no condomínio dela, na Barra. Mas, mesmo assim, não descartei a hipótese de levar o Miguel pra estar com seus amigos da escola, seria até mais divertido pra ele. 

Depois, mais e-mails a respeito de outro baile de carnaval. Dessa vez no Largo do Machado!!! Gente, que pessoal animado... E eu, imaginando cá com meus botões, cansada só de pensar no calor de um bloco de rua, naquela confusão, um monte de gente. Imaginei um monte de criança chorando - tem sempre uma criança que chora!! Todo mundo com criança no colo pedindo isso e aquilo. Os pais, ao final, quase sem braços de tanto segurar os rebentos no colo. Você acha que criança até 3 anos não vai pedir colo? Bom, não posso falar pelos outros, mas meu filho, não tenho a mais remota dúvida, na hora que visse aquela multidão de pessoas, me pediria colo na hora. E ainda por cima tudo isso regado a muita marchinha: programa de índio total.

Agora pouco recebi um telefonema de uma amiga me chamando pra levar o Miguel pro Via Parque amanhã,  porque a bateria da Grande Rio vai estar lá animando um baile infantil. Oi? Gente, vocês só podem querer que me divorcie... Estou aqui tentando visualizar a cara do Hugo - que está trabalhando hoje - chegando em casa arrebentado e ouvindo a esposa sugerir um bailinho de carnaval com direito a bateria de escola de samba (entenda: música em último volume!). Sabe o que ele vai dizer? "Tenta a sorte, Namorada! Da minha cama não levanto amanhã! No máximo um cineminha..." 

A verdade é que Carnaval pra mim sempre foi escola de samba. Nunca fui chegada a carnaval de rua, a bailes de clube. Gosto de samba. Detesto marchinha. E não gosto de muita gente junto, confusão, não ter lugar pra estacionar o carro. Acho que já nasci meio velha. Carnaval pra mim é descanso, sempre foi. Desde adolescente. Eu aproveitava o Carnaval pra ir pra praia, pra ir muito ao cinema (sempre tem muito filme bacana em cartaz nessa época devido a proximidade do Oscar), pra ler e descansar. Nunca fui nem de viajar no Carnaval pra não pegar engarrafamento nas estradas, enfim: Carnaval pra mim é tempo de descanso, de estar com a família. 

E a vida ainda me uniu a uma pessoa que chega ao Carnaval implorando por sossego, pedindo por descanso. A fome e a vontade de comer. Se o Miguel gosta de Carnaval ainda não sei. E pra levá-lo aos bailes e blocos de rua ele tem a avó Berê. Que Deus a abençoe e lhe dê muita saúde e energia. Porque eu já  decretei: não quero nem me aproximar de marchinhas carnavalescas. Meninas, mães da turminha do Miguel da escola: divirtam-se!!!! Podem ter certeza de que eu farei o mesmo!! Do meu jeito, né? E que nosso Carnaval seja maravilhoso, do jeito que a gente gosta. 


Janeiro - já foi tarde

Nunca passei um janeiro tão tumultuado em toda a vida. Mesmo que eu não tire férias durante esse mês -primeiro porque o Namorado trabalha horrores em janeiro, segundo porque eu também tenho muito o que fazer nesse mês pra organizar o volta às aulas na escola e terceiro porque chove demais - nunca foi dos meses mais corridos pra mim. Só que de uns anos pra cá, as coisas tem ficado diferentes.

Uma das razões eu sei: minha unidade cresceu. De uma escola porte médio, hoje é uma escola grande, caminhando pra extra grande!! Óbvio que o movimento muda, que o trabalho aumenta, que os pepinos também e que minha pele, em consequência, piora drasticamente. E esse ano ainda teve a obra... Famigerada obra. Essa, sim, acabou comigo. 

Trabalhar de baixo de poeira o mês inteiro, a ponto do seu cabelo ficar duro ao final do dia, das suas mãos ficarem ressecadas e da sua roupa viver suja, já é motivo suficiente pra querer sair correndo. Ainda teve pane elétrica. Só Jesus. E que não foi só isso. Meu mês de janeiro ainda veio recheado de pessoas que vivem de fazer obra e conseguem errar, calcular mal, não projetar direito. Como pode uma pessoa que vive de vender blindex e instalá-los não saber medir? Como pode? Enfim, a gente tem que fazer o nosso e ainda prestar atenção no trabalho dos outros. Trabalho esse pro qual não estudei, não tenho experiência e nem vivência prática. 

Foi um mês que, graças a Deus, acabou. Como tudo tem um lado bom, as matrículas, apesar dessa confusão toda e de meus alunos terem sido atendidos em baixo de poeira, foram e estão indo muito bem, obrigada! E estamos rumo a bater outra meta. Só eu é que estou cansada. Nunca quis tanto que as férias chegassem. Elas ainda estão longe, ainda faltam 3 meses pra essa bonita chegar. Mas não tem nada não... O Carnaval está aqui!!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Quero meu marido de volta

                                                 Los Cabos - México


Ando em uma fase apaixonadinha... Casamento é assim mesmo: às vezes a gente quer matar o marido, em outras se vê apaixonada de novo. É uma coisa cíclica, pelo menos comigo. Vou fazer 8 anos de casada e o conjunto da obra é muito positivo. Eu e o Namorado vivemos muito bem, mas não vou dizer que casamento seja fácil. Não é. Mas quando existe amor, o peso do dia-a-dia, da rotina, se abranda. Ninguém fica casado, 10, 20, 50 anos, vivendo só momentos felizes. Em muitos momentos a vida se mostra árdua, a coisa complica. Há que se ter vontade de dar certo, há que se ter benevolência com seu parceiro e com você mesma, é preciso vontade pra fazer durar.

E justamente quando estou vivendo esse momento "meu namorado é o máximo", ele está trabalhando que nem cão - porque a gente diz isso? E cão lá trabalha? Enfim, está no meio de mais um "volta às aulas" na papelaria e sai de casa cedíssimo e não volta antes das 10 da noite. Eventos sociais nessa época? Estou sempre sozinha com o Miguel. Festinha, churrasco, almoço de família, se não acontecem dia de domingo, estou sem ele. É claro que vou, até porque o Miguel já tem uma agenda bem movimentada, mas que perde um pouco da graça, isso perde. 

Não vejo a hora de tirar férias e ficar com o Namorado só pra mim. Não vejo a hora de entrar no avião e deixar tudo pra trás por 15 dias. Quero meu marido de volta e viver esses 15 dias de férias só eu e ele, sem trabalho, sem casa, sem filho, sem relógio. Só Paula e Hugo. E areia branquinha, céu azul, sal e mar. Muito mar...