Trabalho é sempre trabalho e mesmo que eu ame estar junto com essas pessoas todos os dias, nem tudo é felicidade e paz. Se não, não seria vida, né? O caso é que quando mexem com as pessoas que trabalham comigo todo dia, sinto uma coisa parecida com a que sinto quando mexem com meu filho. É aquela coisa: a gente pode discutir, brigar, berrar, mas entre a gente. Ninguém de fora desse time pode tentar se intrometer porque não vai dar certo. Essa dinâmica é só nossa e cada equipe tem a sua forma de conviver uns com os outros e de sobreviver também.
Por isso é que alguns acontecimentos me deixam tão raivosa, porque muitos não fazem a menor idéia do que seja nosso dia-a-dia, os problemas que a gente enfrenta e os problemas que a gente soluciona, mas querem dar pitaco em um trabalho responsável e que vem dando frutos. Semestre atrás de semestre, nos mantemos em uma linha de crescimento significativa, aumentando nosso tamanho sem perder nossa qualidade.
Pode parecer que não sei receber críticas ou que sou a dona da verdade. Pode parecer também que devo achar que não tenho mais nada a aprender. E isso não é, absolutamente, verdade. Estou sempre disposta a aprender e o novo não me assusta. O dia que eu achar que não tenho mais nada a aprender no meu trabalho, que nada mais me impulsionar, parto pra outra. Meu time é maravilhoso mas não somos perfeitos, sabemos que podemos fazer melhor, que podemos nos superar. Sabemos que falhamos, mas queremos muito acertar. E isso faz uma diferença enorme pra nós. Nós não aguentamos gente que se acomoda, gente que senta e espera, não aguentamos ficar olhando quem entra e quem sai da nossa escola. Somos de briga, de luta. Somos de acarinhar nossos alunos, de tratá-los como merecem. Sabemos o nome, olhamos no olho, nos envolvemos. Choramos e rimos com suas histórias. Por tudo isso, não seria pedir demais da gente que entendêssemos que um simples formulário, preenchido por sabe-se lá quem, pudesse nos definir? Definitivamente, não define. Assim como não explica e nem traduz o time que somos. Um time que começa com essas carinhas aí da foto e segue com a carinha de 24 professores especiais e se fecha com todos aqueles que por aqui passaram, que já fizeram parte dessa equipe e que deixaram um pouco de si com a gente.
Só que esse time tem mais uma qualidade. Talvez a principal e a mais importante: a capacidade de se reinventar. Uma balde de água fria poderia derrubar a auto estima de uma equipe insegura. Poderia causar estragos no desempenho de um time. Mas não do meu time. Porque nós sabemos exatamente o quê e quem somos. Sabemos do nosso potencial. Porque essa galera que está junto comigo todos os dias me aturando, não consegue bons resultados com a força do pensamento, nem com orações, apenas. Temos foco. Nossos resultados não são provenientes de um arranjo dos deuses ou destino. É fruto de trabalho, de muito suor. Meus alunos não entram aqui e ficam porque somos sortudos. Sim, temos sorte, mas quem entra aqui e resolve ficar, o faz porque sente que trabalhamos sério e com vontade. Não tem corpo mole. Cumprimos o que prometemos. Por isso, esse time não se derrubou. Choramos, nos descabelamos. Sim, se não, não seríamos nós. Mas passado o primeiro momento de tristeza, o que restou foi uma vontade enorme de mostrar que somos ainda maiores do que as pessoas podem pensar. Uma adversidade nos faz querer ir além, nos dá mais vontade de trabalhar. E essa gana gerada por uma situação desconfortável nos fez bater nossa meta de janeiro uma semana antes do prazo. Somos gratos a Deus por mais essa conquista e aprendizado. E já partimos pra outra. Porque aqui ninguém está pra brincadeira não. Esse é o time CCAA Ilha do Governador. Vida que segue.