Ando pensando muito ultimamente no porquê de certas pessoas terem sempre um pensamento negativo com relação à quase tudo, estarem sempre com um olhar endurecido pra enxergar situações e pessoas e estarem sempre com uma certa aspereza no falar ou na escolha de suas palavras. Eu não sou dessas que gostam de florear a vida, eu procuro mesmo enxergar as coisas como elas são. Já disse aqui que um copo pela metade é pra mim um copo pela metade. Não é um copo vazio, mas também não é um copo cheio. Meu esforço vai sempre pra como fazer o copo que está pela metade encher. Aí mora meu otimismo: em acreditar que minhas ações e estratégias pra encher o copo darão super certo.
Por ser assim é que me incomodam pessoas que não sabem rir de situações, tudo sempre é tão levado à sério, tão sem brincadeira e cor. Pra citar um exemplo, sábado foi jogo do VASCO no maracanã. Jogo que se o Vasco empatasse já garantiria sua volta pra série A. O time jogou super mal e não passou do empate mesmo. Mas, pra mim, o objetivo foi alcançado e eu me sentia com vontade de festejar. Só que a maioria das pessoas só falava que o time jogou mal, que era uma vergonha não ter ganho o jogo com o Maraca lotado e que festejar a volta pra série A também era vexatório. Bom, pra mim, esse argumento é a mesma coisa que não comemorar com um filho que repetiu de ano na escola o fato de, agora, enfim, ele ter passado. Esse foi um exemplo bobo, estou aqui falando do meu time de futebol mas poderia estar falando de qualquer outra coisa. Fato é que a nuvem negra que mora sobre a cabeça de alguns seres é tão intensa que não permite ver o bom em nada. Acho que críticas construtivas tem lugar e momento pra serem feitas, até porque acredito que uma crítica fora de hora não leva ninguém a lugar algum.
Continuei pensando nessas posturas mais duras que algumas pessoas adotam em relação à vida, sempre tendo uma crítica, sempre fazendo questão de pontuar o negativo de uma situação. E, nesse caso, esse comportamento é escolha. Você pode escolher valorizar o bom, valorizar a vitória, a conquista. Independente do que haja de errado em qualquer situação, sempre há alguma coisa bacana. Acho importante ter a consciência de que o que não deu certo, o que está fraco ou ruim, merece atenção, não podemos ignorar. São essas coisas que nos farão crescer ou buscar o acerto. Mas também não podemos escolher olhar só o erro, só o fracasso.
Então, quando estava indo pra casa do meu primo no sábado passado, parei em um sinal de trânsito. Estava um calor danado e havia vários carros parados nesse sinal. Uma senhora estava distribuindo panfletos publicitários e ela andava com certa dificuldade debaixo daquele sol quente porque estava bem acima do peso. Além disso, visivelmente tinha problemas no joelho o que tornava sua locomoção mais dolorida. Ela passou pelos três carros na minha frente e nenhum deles abriu o vidro para receber o panfleto. E eu falei pra minha mãe, Namorado e Miguel que estavam no carro comigo, enquanto ela vinha em minha direção:
- Vou abrir o vidro pra ela, vou ajudá-la em seu trabalho. Afinal, não deve ser fácil trabalhar com um sol desses na cabeça.
Assim, abri o vidro e a recebi com um sorriso. Ela me entregou o panfleto e me disse devolvendo-me um sorriso maior ainda:
- Muito obrigada! Que você tenha uma tarde maravilhosa e que sua família seja abençoada. Um feliz Natal pra vocês e que Jesus os acompanhe.
Agradeci por suas palavras tão cheias de amor, desejei o mesmo a ela e fiquei pensando naquela atitude enquanto observava sua caminhada na direção dos outros carros através do retrovisor do meu carro. Três carros atrás de mim, alguém também abriu a janela pra ela e eu vi que ela também desejou as mesmas coisas pra pessoa que abriu a janela pra receber aquele panfleto.
Cheguei a conclusão de que simplesmente é a atitude que adotamos perante a vida que nos define, que define o que somos, o que queremos ser, o que queremos pro nosso semelhante. Aquela mulher, por estar trabalhando debaixo de sol quente e com dificuldade pra andar, poderia entregar 5 panfletos iguais pra cada carro que abrisse a janela pra ela, como ja vi acontecer um sem número de vezes. Ela poderia ter entregue o panfleto e não ter dito nada. Poderia ter seguido adiante sem nem olhar pra mim. Poderia caminhar com uma nuvem carregada sobre sua cabeça. Mas não. Ela não quis ter aquele olhar de quem lamenta. Ela não quis ter uma nuvem negra sobre si. Aquela mulher do sinal, cujo nome não sei mas de quem nunca me esquecerei, escolheu olhar nos meus olhos, escolheu sorrir e, mais que isso, escolheu tirar um tempo pra me desejar coisas boas de todo o seu coração. A mulher do sinal escolheu olhar pro que há de bom, escolheu valorizar o que há de positivo em cada situação, escolheu amar a vida que tem. E isso, meus amigos, é o que mais importa.