Quem tem cabelo com luzes, mechas ou sei lá mais o quê, sabe que dá trabalho e que quando a gente encontra alguém que acerte na cor, não dá pra mudar. Há mais ou menos 10 anos faço meu cabelo com a mesma pessoa e só recebo elogios ao tom de louro do meu cabelo. Hoje, depois de 4 meses sem retocá-los, decidi que não poderia mais passar um único dia com minha raiz escura.
Sendo assim, já tinha avisado no trabalho com antecedência que precisava fazer algo por mim e ir ao salão e que isso seria feito hoje, fizesse chuva ou sol. Bom, cheguei ao salão e me avisaram que o cabeleireiro não estava, havia dado uma "saidinha". Fui informada que ele já "devia" estar voltando, pois já havia saido há algum tempo. Fiquei esperando por 10, 20 minutos, meia hora, quarenta minutos e o que me deixou mais irritada é que nesse tempo, ninguém me deu uma satisfação, ninguém ligou pro Carlos pra perguntar se ele iria demorar, se estava a caminho ou se não voltaria. Gente, fiquei muito pau da vida. Acho que a equipe deveria ter a iniciativa de telefonar pra ele, perguntar se ainda iria demorar. Uma coisa é esperar 40 minutos sabendo que serão 50 minutos de espera no total. Outra coisa bem diferente é esperar 40 minutos sem saber que esses poderão virar 2 horas. Sem falar que o trabalho que é feito no meu cabelo demora 3 horas!!! Sem mais paciência, fui embora e, borbulhando de raiva, entrei em outro salão. Fui muito bem atendida, conversei com a profissional que me explicou que já tinha outra cliente para dalí 1 hora e que se ela confirmasse, não poderia começar o trabalho comigo uma vez que é muito demorado. Gostei dela, mas enquanto ela confirmava com a cliente dela se viria mesmo ou não, entrei em pânico. Se a cliente não viesse, eu faria o cabelo com ela, colocaria meu cabelo em outras mãos depois de fazer por 10 anos o cabelo com a mesma pessoa!!
Para o bem ou para o mal, aqui estou com a raiz escura porque a tal da cliente confirmou mesmo que viria e fui embora. Agora estou aqui sem saber se dou o voto de confiança a nova profissional ou se amanhã esqueço que fiquei esperando quase 1 hora e volto para o antigo cabeleireiro que sempre acerta... Sei que deve parecer a maior frescura, mas tenho certeza que as louras fakes com cabelos longos me entenderão.
terça-feira, 29 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Quando o básico vira plus
Vira e mexe acabo me deparando com situações em que pessoas são elogiadas por fazerem o básico. Fazerem o que seria essencial, normal. Vou me explicar. Há alguns anos, ainda era solteira, estava conversando com minha madrinha a respeito do cara que achava que seria bacana pra mim. Disse a ela que queria um homem que me escutasse, que gostasse de mim, que fosse meu companheiro, meu amigo. Aí, minha madrinha virou-se e disse: "Minha filha, tudo isso que você está pedindo é o mínimo. Isso é o básico. Se a pessoa não tiver essas características, não dá nem para o começo. Não é melhor você começar a pensar em outras qualidades?" E não é que ela tinha razão?
Pra estar comigo tem que ser meu amigo, tem que gostar de mim, caramba, tem que ser companheiro, gostar de me ouvir. Isso é apenas o ponto de partida e não o final. Não pode nem haver relacionamento sem isso, pra início de conversa. Percebi que no mundo de hoje, as pessoas estão tão loucas, que a gente começa a valorizar o que seria básico. Começamos a ressaltar qualidades que seriam o ponto de partida, sem elas não poderíamos nem pensar em começar nada com alguém.
Queria viver em um mundo em que eu não precisasse escutar: "Ah, essa pessoa, pelo menos, é honesta." Gente, que isso? Honestidade não deveria ser básico? Agora virou característica plus.
Essa semana, ouvi uma tia minha elogiando o novo namorado da sobrinha porque ele, que tem uma filhinha pequena, fica com ela de 15 em 15 dias, a visita com frequência e cuida da menina ele mesmo quando ela está com ele. Gente, será que estou louca ou o quê? Se ele é pai, isso é o que se espera que ele faça. Entretanto, como a maior parte dos homens não está nem aí pros filhos depois que se separa, virou qualidade do cara cuidar da própria filha! Resultado: o básico, o certo, o mínimo, virou algo merecedor de aplausos.
Isso acontece em sala de aula também quando a gente elogia uma resposta mais ou menos. Sai logo um "very good" pra uma resposta que poderia ser muito melhor. E, com isso, nosso nível de exigência vai baixando. E nosso elogio vai se desvalorizando.
Já me peguei várias vezes pensando que fulano ou beltrano é bom profissional porque não chega atrasado, não falta e cumpre seus horários. Mas quando caio em mim, vejo que isso é o certo a ser feito. Não podemos esperar outra coisa. Mas como hoje em dia um monte de gente falta ao trabalho por qualquer motivo, chega atrasado e nem está aí, quando encontramos alguém que faça o mínimo, já nos damos por satisfeitos. Eu, graças a Deus, tenho muita sorte com relação a galera com quem trabalho. Todo mundo é muito responsável e procura fazer mais que esse B+A=Bá que todo mundo anda supervalorizando.
Será que dá pra gente voltar a elogiar o que realmente merece elogio? Ou será que as coisas estão tão brabas que o nível de consideração de coisas bacanas vai ficar cada vez mais baixo?
Pra estar comigo tem que ser meu amigo, tem que gostar de mim, caramba, tem que ser companheiro, gostar de me ouvir. Isso é apenas o ponto de partida e não o final. Não pode nem haver relacionamento sem isso, pra início de conversa. Percebi que no mundo de hoje, as pessoas estão tão loucas, que a gente começa a valorizar o que seria básico. Começamos a ressaltar qualidades que seriam o ponto de partida, sem elas não poderíamos nem pensar em começar nada com alguém.
Queria viver em um mundo em que eu não precisasse escutar: "Ah, essa pessoa, pelo menos, é honesta." Gente, que isso? Honestidade não deveria ser básico? Agora virou característica plus.
Essa semana, ouvi uma tia minha elogiando o novo namorado da sobrinha porque ele, que tem uma filhinha pequena, fica com ela de 15 em 15 dias, a visita com frequência e cuida da menina ele mesmo quando ela está com ele. Gente, será que estou louca ou o quê? Se ele é pai, isso é o que se espera que ele faça. Entretanto, como a maior parte dos homens não está nem aí pros filhos depois que se separa, virou qualidade do cara cuidar da própria filha! Resultado: o básico, o certo, o mínimo, virou algo merecedor de aplausos.
Isso acontece em sala de aula também quando a gente elogia uma resposta mais ou menos. Sai logo um "very good" pra uma resposta que poderia ser muito melhor. E, com isso, nosso nível de exigência vai baixando. E nosso elogio vai se desvalorizando.
Já me peguei várias vezes pensando que fulano ou beltrano é bom profissional porque não chega atrasado, não falta e cumpre seus horários. Mas quando caio em mim, vejo que isso é o certo a ser feito. Não podemos esperar outra coisa. Mas como hoje em dia um monte de gente falta ao trabalho por qualquer motivo, chega atrasado e nem está aí, quando encontramos alguém que faça o mínimo, já nos damos por satisfeitos. Eu, graças a Deus, tenho muita sorte com relação a galera com quem trabalho. Todo mundo é muito responsável e procura fazer mais que esse B+A=Bá que todo mundo anda supervalorizando.
Será que dá pra gente voltar a elogiar o que realmente merece elogio? Ou será que as coisas estão tão brabas que o nível de consideração de coisas bacanas vai ficar cada vez mais baixo?
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Óculos
Minha semana está muito corrida e até por isso o blog ficou um pouco abandonado. Muito trabalho, rematrículas chegando, muita coisa pra pensar, pra fazer e organizar e com tudo isso acabei me descuidando do tempo em que estava usando as mesmas lentes de contato descartáveis. Resultado: ontem a noite meu olho esquerdo começou a dar sinais de que estava na hora de jogar fora as lentes. Fingi que não entendi. Dormi, acordei hoje, fui ao banheiro pra colocar as lentes. As mesmas, as velhas. E aí no final da manhã estava com o olho inflamado, doendo e inchado. Tive que voltar em casa pra tirá-las e ficar com os malditos óculos.
Como detesto usar óculos!! Me sinto feia, tão diminuída que não sei nem explicar. Tenho miopia desde os sete anos e comecei a usar lentes aos 12, implorando pra minha mãe e para o médico, dizendo que teria o maior cuidado e responsabilidade. De fato, sempre fui muito responsável com as lentes. O pânico de ter que ficar com os óculos era tão grande que eu fazia tudo certinho. Me adaptei rápido. Mais tarde, quando comecei a dar aulas e fiquei também com astigmatismo, precisei passar para as lentes tóricas. E, depois, como os graus ficaram muito altos (8 de miopia e 4 de astigmatismo) precisei partir para as lentes duras. Ainda que tenha sido difícil, consegui me acostumar com elas.
Depois de uns anos, os graus diminuiram, hoje tenho 6 de miopia e 2 de astigmatismo, pude voltar para as lentes tóricas, só que uso descartáveis agora. Muitos me perguntam porque não operei. Cheguei a fazer vários exames, mas os 5 oftalmologistas que consultei me desaconselharam. E, de mais a mais, me adapto muito bem mesmo às lentes de contato e não ligo de ter que colocá-las todos os dias. Isso não me toma nem 1 minuto. O que não dá é pra eu me distrair com o corre-corre da vida e ficar usando uma lente que seria pra durar 1 mês por 3 meses!! Tem gente que fica bacana de óculos, faz um estilo, combina, sei lá. Eu fico pavorosa. Me sinto pavorosa.
Pra que caprichar na maquiagem se a porcaria dos óculos não permitem que as pessoas vejam seus olhos direito? E fazer ginástica, ballet, qualquer esporte que seja? Me sinto totalmente sem graça quando estou usando óculos. Tenho vergonha mesmo, não gosto de dar a cara na rua, tenho medo de ir até a esquina e de encontrar alguém. Parece loucura e é, eu sei. Mas é assim que me sinto. Deve ser trauma de infância, quando os garotos ficavam me chamando de "quatro olhos" na escola. Todas as vezes que estou de óculos me sinto menor, quero sumir, me esconder. Nem gosto de olhar no rosto das pessoas. E isso tudo, acho que nem a terapia vai resolver...
Como detesto usar óculos!! Me sinto feia, tão diminuída que não sei nem explicar. Tenho miopia desde os sete anos e comecei a usar lentes aos 12, implorando pra minha mãe e para o médico, dizendo que teria o maior cuidado e responsabilidade. De fato, sempre fui muito responsável com as lentes. O pânico de ter que ficar com os óculos era tão grande que eu fazia tudo certinho. Me adaptei rápido. Mais tarde, quando comecei a dar aulas e fiquei também com astigmatismo, precisei passar para as lentes tóricas. E, depois, como os graus ficaram muito altos (8 de miopia e 4 de astigmatismo) precisei partir para as lentes duras. Ainda que tenha sido difícil, consegui me acostumar com elas.
Depois de uns anos, os graus diminuiram, hoje tenho 6 de miopia e 2 de astigmatismo, pude voltar para as lentes tóricas, só que uso descartáveis agora. Muitos me perguntam porque não operei. Cheguei a fazer vários exames, mas os 5 oftalmologistas que consultei me desaconselharam. E, de mais a mais, me adapto muito bem mesmo às lentes de contato e não ligo de ter que colocá-las todos os dias. Isso não me toma nem 1 minuto. O que não dá é pra eu me distrair com o corre-corre da vida e ficar usando uma lente que seria pra durar 1 mês por 3 meses!! Tem gente que fica bacana de óculos, faz um estilo, combina, sei lá. Eu fico pavorosa. Me sinto pavorosa.
Pra que caprichar na maquiagem se a porcaria dos óculos não permitem que as pessoas vejam seus olhos direito? E fazer ginástica, ballet, qualquer esporte que seja? Me sinto totalmente sem graça quando estou usando óculos. Tenho vergonha mesmo, não gosto de dar a cara na rua, tenho medo de ir até a esquina e de encontrar alguém. Parece loucura e é, eu sei. Mas é assim que me sinto. Deve ser trauma de infância, quando os garotos ficavam me chamando de "quatro olhos" na escola. Todas as vezes que estou de óculos me sinto menor, quero sumir, me esconder. Nem gosto de olhar no rosto das pessoas. E isso tudo, acho que nem a terapia vai resolver...
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Aniversário
Hoje é o dia do meu aniversário!!! E eu, simplesmente, adoro fazer aniversário. Não, eu não gosto de ficar mais velha. Mas amo receber abraços, beijinhos, presentes, carinho, calor humano!!
Acordo todo dia 14 de junho sabendo que será um dia lindo, em que vou me emocionar com as coisas que as pessoas vão me escrever, desejar. Ao contrário de muitas pessoas que se sentem velhas quando chega a data do "parabéns pra você", me sinto jovem, animada, cheia de energia e felicidade. Sempre fui assim. Sempre gostei de comemorar com festas, muita gente, música.
De uns anos pra cá tem sido diferente, não tenho sempre feito festas em minha casa, mas sempre dou um jeito de reunir a família e os amigos, mesmo que separadamente, em dias diferentes. Não me sinto deprimida por estar mais velha e nunca quis passar aniversário longe, sem as pessoas que amo por perto. Sempre que viajo observo bem se estarei em casa no dia 14 de junho. Isso sim seria triste, passar longe de todo mundo...
Uma única vez, no meu aniversário de 9 anos, minha mãe inventou que viajaríamos para Saquarema. Meu aniversário, em alguns anos, cai justamente no feriado de Corpus Christi e mami quis passar o feriadão lá. Resultado: ela levou um bolo e eu cantei parabéns com meu pai, minha irmã, e meus primos. Só. Nenhuma amiga me ligou (não existia celular), ninguém, exceto os que estavam em Saquarema, me deram beijinhos. Que triste. Ainda por cima choveu o feriado inteiro, o que agravou meu bico e cara de bunda.
Sempre torcia também, no meu íntimo, para que meu pai vencesse seu bloqueio e conseguisse me abraçar, chegar perto de mim e me dar parabéns. Por isso, tinha muita expectativa com o dia. Na infância, achava muito estranho o distanciamento do meu pai. Ele nunca vinha nos abraçar ou beijar, nem no dia do aniversário. Na adolescência, eu ficava muito P da vida, com raiva mesmo, sem entender porque ele ignorava o fato de que era uma data importante pra mim e deveria ser uma data importante pra ele também!! Conforme fui crescendo, ficando adulta, fui começando a enxergar meu pai diferente, fui vendo que ele queria muito me abraçar, mas, não sei bem porque, não conseguia mesmo. Enxerguei que ele teve uma infância difícil e que a gente tem muita tendência a repetir padrões, principalmente se fomos educados sem muito calor ou carinho. Vi que eu deveria quebrar essa barreira. Fui tentando fazer isso aos poucos e ele até que foi melhorando, conseguia falar, mesmo que de longe um "parabéns, filha", conseguia até dar um beijo na minha testa, às vezes.
Então, em de 14 junho de 1999, não falei nada o dia inteiro, fiquei esperando ele falar comigo, me abraçar, enfim, dar algum sinal de fumaça. Teve bolo lá em casa, parabéns e tudo e nada do meu pai me abraçar. Quando já eram 23h, tomei coragem e falei pra ele: "Pai, o dia do meu aniversário já está quase acabando... Você não vai me dar parabéns, não? " Sem falar nada, meu pai se aproximou de mim e disse: "Claro que vou, filha". E me deu o abraço mais gostoso que ele poderia me dar. Um abraço demorado, carinhoso, sentido. Um abraço que valeu por todos os outros 28 aniversários.
Foi a melhor atitude que eu poderia ter tomado e ainda bem que o fiz porque naquele ano, em 15 de outubro, meu pai faleceu. Mas, em seu último ano de vida nessa encarnação, ele me deu o abraço mais gostoso do mundo. E eu o libertei, de certa forma, com meu gesto. Se eu soubesse, teria feito isso muito antes...
Por isso, toda vez que faço aniversário desde aquele dia, sinto-me abraçada e acarinhada por ele. Sinto como se ele estivesse aqui. Aquele abraço vai durar minha vida toda. Feliz aniversário pra mim!!
Acordo todo dia 14 de junho sabendo que será um dia lindo, em que vou me emocionar com as coisas que as pessoas vão me escrever, desejar. Ao contrário de muitas pessoas que se sentem velhas quando chega a data do "parabéns pra você", me sinto jovem, animada, cheia de energia e felicidade. Sempre fui assim. Sempre gostei de comemorar com festas, muita gente, música.
De uns anos pra cá tem sido diferente, não tenho sempre feito festas em minha casa, mas sempre dou um jeito de reunir a família e os amigos, mesmo que separadamente, em dias diferentes. Não me sinto deprimida por estar mais velha e nunca quis passar aniversário longe, sem as pessoas que amo por perto. Sempre que viajo observo bem se estarei em casa no dia 14 de junho. Isso sim seria triste, passar longe de todo mundo...
Uma única vez, no meu aniversário de 9 anos, minha mãe inventou que viajaríamos para Saquarema. Meu aniversário, em alguns anos, cai justamente no feriado de Corpus Christi e mami quis passar o feriadão lá. Resultado: ela levou um bolo e eu cantei parabéns com meu pai, minha irmã, e meus primos. Só. Nenhuma amiga me ligou (não existia celular), ninguém, exceto os que estavam em Saquarema, me deram beijinhos. Que triste. Ainda por cima choveu o feriado inteiro, o que agravou meu bico e cara de bunda.
Sempre torcia também, no meu íntimo, para que meu pai vencesse seu bloqueio e conseguisse me abraçar, chegar perto de mim e me dar parabéns. Por isso, tinha muita expectativa com o dia. Na infância, achava muito estranho o distanciamento do meu pai. Ele nunca vinha nos abraçar ou beijar, nem no dia do aniversário. Na adolescência, eu ficava muito P da vida, com raiva mesmo, sem entender porque ele ignorava o fato de que era uma data importante pra mim e deveria ser uma data importante pra ele também!! Conforme fui crescendo, ficando adulta, fui começando a enxergar meu pai diferente, fui vendo que ele queria muito me abraçar, mas, não sei bem porque, não conseguia mesmo. Enxerguei que ele teve uma infância difícil e que a gente tem muita tendência a repetir padrões, principalmente se fomos educados sem muito calor ou carinho. Vi que eu deveria quebrar essa barreira. Fui tentando fazer isso aos poucos e ele até que foi melhorando, conseguia falar, mesmo que de longe um "parabéns, filha", conseguia até dar um beijo na minha testa, às vezes.
Então, em de 14 junho de 1999, não falei nada o dia inteiro, fiquei esperando ele falar comigo, me abraçar, enfim, dar algum sinal de fumaça. Teve bolo lá em casa, parabéns e tudo e nada do meu pai me abraçar. Quando já eram 23h, tomei coragem e falei pra ele: "Pai, o dia do meu aniversário já está quase acabando... Você não vai me dar parabéns, não? " Sem falar nada, meu pai se aproximou de mim e disse: "Claro que vou, filha". E me deu o abraço mais gostoso que ele poderia me dar. Um abraço demorado, carinhoso, sentido. Um abraço que valeu por todos os outros 28 aniversários.
Foi a melhor atitude que eu poderia ter tomado e ainda bem que o fiz porque naquele ano, em 15 de outubro, meu pai faleceu. Mas, em seu último ano de vida nessa encarnação, ele me deu o abraço mais gostoso do mundo. E eu o libertei, de certa forma, com meu gesto. Se eu soubesse, teria feito isso muito antes...
Por isso, toda vez que faço aniversário desde aquele dia, sinto-me abraçada e acarinhada por ele. Sinto como se ele estivesse aqui. Aquele abraço vai durar minha vida toda. Feliz aniversário pra mim!!
sábado, 12 de junho de 2010
The Back up Plan
Hoje é dia dos namorados!!! Que bom! Principalmente porque minha irmã querida se ofereceu pra ficar com o Miguel hoje à tarde para eu poder pegar um cineminha com o namorado. Que bom seria se todas as irmãs fossem como a minha. Sei que existem irmãs iguais, mas melhores tenho certeza de que é impossível.
Então, voltando ao assunto do post, escolhemos um filminho bem água com açúcar, com final previsível, desses que a gente não precisar pensar e nem torcer, só esperar porque o final feliz é certo. ADORO!! Escolhemos o filme que em português se chama Plano B, com a Jennifer linda de morrer Lopez e o ator ainda desconhecido Alex tudo de melhor O'loughlin. A estória é que a personagem da Jennifer está com medo de não encontrar o cara certo e não poder ter uma família e decide partir para uma produção independente fazendo uma inseminação comprando semen. No dia em que ela faz a inseminação, ela conhece o Stan, personagem do Alex e ele é simplesmente tudo o que ela sempre quis. Só que a inseminação dá certo e ela está grávida de gêmeos e o cara meio que surta por se deparar com a possibilidade de ser pai, assim, de repente.
Em determinada cena, em que Stan está em uma praça frequentada apenas por crianças e seus pais, ele tem uma conversa com um dos pais. Stan pergunta a esse pai como é ter filhos, se é bom. O cara, sem o menor pudor, deu uma das melhores definições que eu já vi alguém dar com relação a paternidade. Em português é mais ou menos assim:
"O melhor jeito que posso descrever a paternidade é que é horrível, horrível, horrível, horrível o tempo todo. Aí, alguma coisa inacreditável acontece. Depois é horrível, horrível, horrível e outra coisa inacreditável acontece de novo. É assim o dia inteiro, todos os dias. Parece que estou me afogando, eu desejo ter minha vida de volta e, então, esse pequeno momento é tão mágico, tão cheio de vida, que faz tudo valer a pena."
É exatamente assim. Esses momentos mágicos é que fazem tudo de sacrificante e ruim se apagar da nossa mente, fazem tudo valer a pena mesmo.
Gostei do filme, me diverti muito e foi um ótimo dia dos namorados. Voltei correndo pra buscar minha delícia. Afinal, já estava com saudades de sofrer um pouquinho... rs...
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Medo
Estou lendo o livro "O Tamanho do Céu", da mesma autora do best seller "A Distância entre nós". Embora o primeiro livro da autora seja, até agora, o melhor dos quatro livros lançados por ela, esse também está me agradando muito. Mas hoje cheguei em um capítulo que bagunçou comigo.
Na estória, o casal perde o filhinho de 6 anos com meningite. E essa perda é devastadora dentro do relacionamento deles. Só que agora, estou na metade do livro, surgiu o capítulo em que é descrito como tudo aconteceu. A autora descreve tão bem a dor do pai que não tem como não ficar tocada e, como sou manteiga derretida mesmo, já estava chorando antes do fim do capítulo.
Talvez também chorasse se não fosse mãe, mas acredito que não tanto quanto chorei. E me deu um medo enorme. Medo maior que tudo de perder o Miguel.
Não sei se acontece com todo mundo, mas quando era criança e estava deitada sozinha no meu quarto à noite, vez ou outra, imaginava o que seria de mim sem minha mãe. Meu Deus, só de pensar eu chorava. Procurava imaginar outra coisa, parar de pensar nisso, mas sempre que esse pensamento vinha à minha mente, eu me desesperava. Já adulta, casada com o namorado, quando tinha pensamentos fúnebres eles sempre envolviam o Hugo. O que seria de mim sem ele? Como seria viver sem meu companheiro, meu amigo, meu amor?
Depois do nascimento do Miguel, tenho medo de perdê-lo. Não gosto nem de pensar nisso, porque não deve existir dor maior na vida que perder um filho. Não é a lei natural das coisas e pra essa perda ninguém nunca estará preparado. Perder os pais a gente vai se acostumando ao longo da vida, é o curso natural. Perder marido? Também pode acontecer, a probabilidade talvez seja de 50% de acordo com a idade. Mas filho... Ai, gente, sei lá.
Somos criados para proteger a cria, pra não deixar faltar nada, pra orientar e conduzir e deve ser desesperador saber que não se pode fazer nada para evitar certos acontecimentos. Essa dor eu não quero ter nunca. Deus me livre! Há pessoas que falam que quem tem 1 filho não tem nenhum. Gente, que coisa mais besta. É como se dissessem que se um filho morrer fica mais fácil superar porque há outro. Acho uma atrocidade. Pode-se ter 5, 10, vinte filhos. Todos serão únicos e toda perda será enorme. Um não faz sarar a dor do outro porque ninguém ocupa o lugar do filho que se foi. A saudade, a falta, vai estar sempre ali, latejante. E agora que deixei meus pensamentos sombrios por aqui, chega que não quero mais ficar pensando nisso. Ponto final.
Na estória, o casal perde o filhinho de 6 anos com meningite. E essa perda é devastadora dentro do relacionamento deles. Só que agora, estou na metade do livro, surgiu o capítulo em que é descrito como tudo aconteceu. A autora descreve tão bem a dor do pai que não tem como não ficar tocada e, como sou manteiga derretida mesmo, já estava chorando antes do fim do capítulo.
Talvez também chorasse se não fosse mãe, mas acredito que não tanto quanto chorei. E me deu um medo enorme. Medo maior que tudo de perder o Miguel.
Não sei se acontece com todo mundo, mas quando era criança e estava deitada sozinha no meu quarto à noite, vez ou outra, imaginava o que seria de mim sem minha mãe. Meu Deus, só de pensar eu chorava. Procurava imaginar outra coisa, parar de pensar nisso, mas sempre que esse pensamento vinha à minha mente, eu me desesperava. Já adulta, casada com o namorado, quando tinha pensamentos fúnebres eles sempre envolviam o Hugo. O que seria de mim sem ele? Como seria viver sem meu companheiro, meu amigo, meu amor?
Depois do nascimento do Miguel, tenho medo de perdê-lo. Não gosto nem de pensar nisso, porque não deve existir dor maior na vida que perder um filho. Não é a lei natural das coisas e pra essa perda ninguém nunca estará preparado. Perder os pais a gente vai se acostumando ao longo da vida, é o curso natural. Perder marido? Também pode acontecer, a probabilidade talvez seja de 50% de acordo com a idade. Mas filho... Ai, gente, sei lá.
Somos criados para proteger a cria, pra não deixar faltar nada, pra orientar e conduzir e deve ser desesperador saber que não se pode fazer nada para evitar certos acontecimentos. Essa dor eu não quero ter nunca. Deus me livre! Há pessoas que falam que quem tem 1 filho não tem nenhum. Gente, que coisa mais besta. É como se dissessem que se um filho morrer fica mais fácil superar porque há outro. Acho uma atrocidade. Pode-se ter 5, 10, vinte filhos. Todos serão únicos e toda perda será enorme. Um não faz sarar a dor do outro porque ninguém ocupa o lugar do filho que se foi. A saudade, a falta, vai estar sempre ali, latejante. E agora que deixei meus pensamentos sombrios por aqui, chega que não quero mais ficar pensando nisso. Ponto final.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Uma tarde no ginecologista
Vou à mesma ginecologista há anos e em todos esses anos - desde que eu tinha 15 - é sempre a mesma coisa: longa espera para ser atendida. Longa mesmo, tipo 3, 4 horas. Ontem, minha consulta estava marcada para 13h e fui atendida às 17:30. Se me perguntarem por que continuo com a mesma médica respondo sem pestanejar que é porque, além de excelente profissional, a Dr. Carla é uma pessoa ímpar que lhe atende como se não existisse relógio e nem muitas outras pacientes esperando lá fora.
Já esperta, nunca chego ao consultório sem meu livro. É ele que ameniza as horas quase intermináveis de espera. Ontem, foi particularmente engraçado porque estava cercada de MUITAS mulheres grávidas. E vejo que esse estado que é, de fato, maravilhoso, também é envolto em tantos mitos de felicidade extrema que chega a ser engraçado quando estamos vivendo a realidade.
Quando estamos grávidas nos sentimos poderosas, melhores que o resto dos mortais. É uma sensação tão diferente que eu não saberia descrever. Todos fazem nossas vontades, no trabalho ninguém lhe deixa pegar um pesinho a toa, se você caminha na rua com alguma amiga, a doida está sempre lhe segurando ao menor sinal de um buraquinho na calçada ou desnível qualquer. Vai subir ou descer escada? Alguém vem logo segurando seu braço pra evitar qualquer acidente. Comidinhas gostosas? Chegam aos montes vindas de todos os lugares. E sempre acham que você está comendo pouco. Por isso, a gente se sente mesmo especial durante esses nove meses. E de mais a mais, estamos fazendo uma vida crescer dentro da gente e isso é mesmo um milagre.
Tudo bem. É assim mesmo, mas daí a mulherada começa a surtar e só lembra dos comerciais de margarina em que o bebê aparece no carrinho lindo ao lado da mesa enquanto os papais tomam seu café da manhã e leem seu jornal. Ou bebês de novela que nunca choram. Ai, meu Deus. Ouvi de tudo ontem. Uma falava que não deixaria de sair com o marido, até mesmo à noite e que levaria sempre o bebê com ela!! E eu pensando que quando ela se der conta de que pra sair pra jantar ou ir a uma festinha vai precisar levar a casa quase toda na bolsa, ela vai repensar essa estória de levar o bebê pra tudo que é lado. Além disso, quando a gente tira nossas delícias da rotina deles, nós é que pagamos com noites agitadas, quebra de horário de sono e irritação. Ter um bebê exige uma rotina, não dá pra levar a mesma vida de antes.
Uma outra dizia que NUNCA deixaria o bebê com as avós, com medo que elas dominassem o bebê totalmente e que viajar, então, sem a criança, nem pensar!!! Ui. Será que ela imagina que durante muito tempo até ir ao supermercado sozinha vai virar um programão?? Bebê não é igual a boneca. A gente não fica com ele a hora que a gente quer. Não é igual a brinquedo que vem com botão liga-desliga. A gente fica com o bebê ligado em todas as horas, porque ele precisa da gente o tempo todo. Portanto, ter avós que queiram cuidar um pouco dos netos, dar uma trégua pro casal sair um pouco, respirar um ar de cinema e restaurante, sair dos programinhas infantis, é mais que uma benção, é como um colete salvavidas. Ainda bem que tenho minha sogra. Santa sogra que se oferece pra ficar com o Miguel quase todos os domingos!! Esse cineminha das tardes de domingo são muito esperados!!
Uma outra tinha ganho 15 pacotes de fralda e estava achando muito. Aff! Tive que me meter. Mulher, o bebê vai gastar, no mínimo, um pacote de fraldas por semana!! Pode ir estocando mais porque o uso de fraldas é frenético. O gasto também.
A última disse que sabia que queria ter mais uns dois bebês além daquele que estava em sua barriga. Estava adorando estar grávida. Ok. É bacana mesmo, mas quando aquele bebezinho sai da barriga... A vida vira de cabeça pra baixo! Admiro as corajosas que depois de terem um, até dois bebês, querem começar tudo de novo. Mas acho mais prudente passar pelos primeiros meses de vida de um bebê antes de afirmar que terá um família numerosa.
O que une todas aquelas mamães do consultório é o amor inigualável que sentem por seus bebês, por essa cria que chega e arrasta tudo o que está envolta pra ter espaço e faz isso sem o menor pudor. Pensamentos diferentes, mas amor igual. É muito amor mesmo. E, no final das contas, não é que compensa?
Já esperta, nunca chego ao consultório sem meu livro. É ele que ameniza as horas quase intermináveis de espera. Ontem, foi particularmente engraçado porque estava cercada de MUITAS mulheres grávidas. E vejo que esse estado que é, de fato, maravilhoso, também é envolto em tantos mitos de felicidade extrema que chega a ser engraçado quando estamos vivendo a realidade.
Quando estamos grávidas nos sentimos poderosas, melhores que o resto dos mortais. É uma sensação tão diferente que eu não saberia descrever. Todos fazem nossas vontades, no trabalho ninguém lhe deixa pegar um pesinho a toa, se você caminha na rua com alguma amiga, a doida está sempre lhe segurando ao menor sinal de um buraquinho na calçada ou desnível qualquer. Vai subir ou descer escada? Alguém vem logo segurando seu braço pra evitar qualquer acidente. Comidinhas gostosas? Chegam aos montes vindas de todos os lugares. E sempre acham que você está comendo pouco. Por isso, a gente se sente mesmo especial durante esses nove meses. E de mais a mais, estamos fazendo uma vida crescer dentro da gente e isso é mesmo um milagre.
Tudo bem. É assim mesmo, mas daí a mulherada começa a surtar e só lembra dos comerciais de margarina em que o bebê aparece no carrinho lindo ao lado da mesa enquanto os papais tomam seu café da manhã e leem seu jornal. Ou bebês de novela que nunca choram. Ai, meu Deus. Ouvi de tudo ontem. Uma falava que não deixaria de sair com o marido, até mesmo à noite e que levaria sempre o bebê com ela!! E eu pensando que quando ela se der conta de que pra sair pra jantar ou ir a uma festinha vai precisar levar a casa quase toda na bolsa, ela vai repensar essa estória de levar o bebê pra tudo que é lado. Além disso, quando a gente tira nossas delícias da rotina deles, nós é que pagamos com noites agitadas, quebra de horário de sono e irritação. Ter um bebê exige uma rotina, não dá pra levar a mesma vida de antes.
Uma outra dizia que NUNCA deixaria o bebê com as avós, com medo que elas dominassem o bebê totalmente e que viajar, então, sem a criança, nem pensar!!! Ui. Será que ela imagina que durante muito tempo até ir ao supermercado sozinha vai virar um programão?? Bebê não é igual a boneca. A gente não fica com ele a hora que a gente quer. Não é igual a brinquedo que vem com botão liga-desliga. A gente fica com o bebê ligado em todas as horas, porque ele precisa da gente o tempo todo. Portanto, ter avós que queiram cuidar um pouco dos netos, dar uma trégua pro casal sair um pouco, respirar um ar de cinema e restaurante, sair dos programinhas infantis, é mais que uma benção, é como um colete salvavidas. Ainda bem que tenho minha sogra. Santa sogra que se oferece pra ficar com o Miguel quase todos os domingos!! Esse cineminha das tardes de domingo são muito esperados!!
Uma outra tinha ganho 15 pacotes de fralda e estava achando muito. Aff! Tive que me meter. Mulher, o bebê vai gastar, no mínimo, um pacote de fraldas por semana!! Pode ir estocando mais porque o uso de fraldas é frenético. O gasto também.
A última disse que sabia que queria ter mais uns dois bebês além daquele que estava em sua barriga. Estava adorando estar grávida. Ok. É bacana mesmo, mas quando aquele bebezinho sai da barriga... A vida vira de cabeça pra baixo! Admiro as corajosas que depois de terem um, até dois bebês, querem começar tudo de novo. Mas acho mais prudente passar pelos primeiros meses de vida de um bebê antes de afirmar que terá um família numerosa.
O que une todas aquelas mamães do consultório é o amor inigualável que sentem por seus bebês, por essa cria que chega e arrasta tudo o que está envolta pra ter espaço e faz isso sem o menor pudor. Pensamentos diferentes, mas amor igual. É muito amor mesmo. E, no final das contas, não é que compensa?
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Gravidez
É tão bom quando um casal que quer ter filhos consegue o resultado do exame positivo... É uma alegria tão grande, são tantos planos, tantos sonhos. Eu fico feliz por tabela ainda mais conhecendo a estória de amigos queridos, que tentam engravidar e, por alguma razão ou outra, demoram um pouco mais. Às vezes, muito mais.
Todo mundo sabe que nunca fui muito certa com relação à idéia de ter filhos. Não sabia mesmo, tinha minhas inseguranças, meus medos. Entretanto, na hora em que decidi que queria, queria que fosse pra ontem. Eu sou assim. Quero tudo pra ontem. Quando peço alguma coisa no trabalho, o povo já sabe que mesmo que eu fale "quando você puder" ou "quando tiver um tempo" eu quero dizer "preciso disso agora". Sim, porque dali a 30 minutos eu vou perguntar se a pessoa já teve tempo de fazer o que eu queria. Não foi diferente com a gravidez e quando, finalmente, eu decidi que queria ser mãe, eu queria mesmo!!! Demorei 3 meses pra engravidar, mas, depois do primeiro mês de tentativas, quando a menstruação veio, fui correndo até a minha ginecologista que já me conhece de outros carnavais pra pedir uma lista de exames. Eu precisava ver se estava tudo normal comigo e com o namorado.
Gente, eu fiz tudo quanto foi exame, até a histerossalpingografia que é um exame chato, dolorido pra caramba. Aí, os amigos sempre estão lá pra acalmar a gente, botar nossa cabeça no lugar. A Lu sempre entendeu minha ansiedade. A Dani, mesmo a distância, sempre teve o dom de me confortar me contando as estórias de pessoas conhecidas e até da sua irmã. As meninas aqui do trabalho diziam que Deus era muito espertinho e estava fazendo demorar um pouco mais para que eu valorizasse muito a tal da gravidez quando ela viesse. Minha dizia que eu estava nervosa à toa, que eu deveria relaxar. E, assim foi. Lembro que quando uns pingos de sangue apareceram na minha calcinha um dia depois do programado pra menstruação chegar, fiquei bem tristinha. Mas estava confusa porque estava com um humor do cão, andava agressiva com todo mundo, mal humorada mesmo e meus seios estavam hiper doloridos. Lá fui eu ligar pra médica que me pediu pra fazer um exame no dia seguinte.
Fui ao laboratório e não aguentava de tanta ansiedade no final do dia, quando saiu o resultado do exame. Fiquei olhando pra tela do computador da minha sala do trabalho uns 10 minutos, em uma mistura de incredulidade com felicidade, chorava sem parar de tanta alegria. Liguei logo pro Hugo que, sem entender muito bem o que estava acontecendo, resolveu vir encontrar comigo. Quando ele chegou, nossos olhos se encontraram e ele soube que eu estava grávida mesmo, que era real. Ficamos abraçados um tempo, não sei quanto tempo, com aquela sensação de paz enorme, uma sensação que não dá pra descrever. Nunca vou esquecer a cara dele.
Por ter vivido isso é que sei que as pessoas que estão passando por esse momento tão especial devem aproveitá-lo ao máximo. É mesmo um momento único e não me arrependo nem um pouco de ter escolhido vivê-lo ainda nessa vida. E agradeço muito a Deus por ter me permitido viver isso.
Todo mundo sabe que nunca fui muito certa com relação à idéia de ter filhos. Não sabia mesmo, tinha minhas inseguranças, meus medos. Entretanto, na hora em que decidi que queria, queria que fosse pra ontem. Eu sou assim. Quero tudo pra ontem. Quando peço alguma coisa no trabalho, o povo já sabe que mesmo que eu fale "quando você puder" ou "quando tiver um tempo" eu quero dizer "preciso disso agora". Sim, porque dali a 30 minutos eu vou perguntar se a pessoa já teve tempo de fazer o que eu queria. Não foi diferente com a gravidez e quando, finalmente, eu decidi que queria ser mãe, eu queria mesmo!!! Demorei 3 meses pra engravidar, mas, depois do primeiro mês de tentativas, quando a menstruação veio, fui correndo até a minha ginecologista que já me conhece de outros carnavais pra pedir uma lista de exames. Eu precisava ver se estava tudo normal comigo e com o namorado.
Gente, eu fiz tudo quanto foi exame, até a histerossalpingografia que é um exame chato, dolorido pra caramba. Aí, os amigos sempre estão lá pra acalmar a gente, botar nossa cabeça no lugar. A Lu sempre entendeu minha ansiedade. A Dani, mesmo a distância, sempre teve o dom de me confortar me contando as estórias de pessoas conhecidas e até da sua irmã. As meninas aqui do trabalho diziam que Deus era muito espertinho e estava fazendo demorar um pouco mais para que eu valorizasse muito a tal da gravidez quando ela viesse. Minha dizia que eu estava nervosa à toa, que eu deveria relaxar. E, assim foi. Lembro que quando uns pingos de sangue apareceram na minha calcinha um dia depois do programado pra menstruação chegar, fiquei bem tristinha. Mas estava confusa porque estava com um humor do cão, andava agressiva com todo mundo, mal humorada mesmo e meus seios estavam hiper doloridos. Lá fui eu ligar pra médica que me pediu pra fazer um exame no dia seguinte.
Fui ao laboratório e não aguentava de tanta ansiedade no final do dia, quando saiu o resultado do exame. Fiquei olhando pra tela do computador da minha sala do trabalho uns 10 minutos, em uma mistura de incredulidade com felicidade, chorava sem parar de tanta alegria. Liguei logo pro Hugo que, sem entender muito bem o que estava acontecendo, resolveu vir encontrar comigo. Quando ele chegou, nossos olhos se encontraram e ele soube que eu estava grávida mesmo, que era real. Ficamos abraçados um tempo, não sei quanto tempo, com aquela sensação de paz enorme, uma sensação que não dá pra descrever. Nunca vou esquecer a cara dele.
Por ter vivido isso é que sei que as pessoas que estão passando por esse momento tão especial devem aproveitá-lo ao máximo. É mesmo um momento único e não me arrependo nem um pouco de ter escolhido vivê-lo ainda nessa vida. E agradeço muito a Deus por ter me permitido viver isso.
sábado, 5 de junho de 2010
Dia dos namorados
Ontem eu estava em uma livraria (coisa que eu AMO fazer) olhando os livros que quero ler e dei de cara com aqueles livrinhos com fotos lindas e dizeres fofos que vendem perto do dia das mães, dos pais, namorados e tal. Eu já comprei o presente do Hugo, faço sempre com antecedência, nunca deixo nada pra última hora, mas pensei que se comprasse o tal livrinho fofo com a capa dizendo "Eu te amo" seria como um cartão mais bonito e eu ainda poderia escrever coisas minhas em cada página.
Beleza, gostei da idéia e fui pegar o livro e olhar as páginas. Já na primeira página estava escrito algo assim: " Nunca esqueci a primeira vez que lhe vi". Epa. Isso não encaixa na nossa estória. Até lembro quando fui apresentada ao Hugo, mas nossa estória é meio diferente da maioria dos inícios de namoro... Fui apresentada ao Hugo em um posto de gasolina, onde vários amigos estavam se encontrando para ir dançar. Fui apresentada e esqueci que fui. Dias depois em outra night da vida, uma amiga perguntou pra mim na frente dele: "Já conhece o Hugo, Paulinha?" E eu respondi que não! E ela me apresentou a ele novamente. O Hugo, é lógico, depois de ser apresentado a mim pela segunda vez, não deixou barato e fez questão de me deixar sem graça: "é a segunda vez que você é apresentada a mim, fomos apresentados no dia tal, no posto de gasolina..." Fiquei mega sem graça.
Bom, pensei que poderia contornar o dizer dessa página do livro escrevendo alguma outra coisa e virei pra página dois ainda com a idéia firme de que o livro seria um bom presentinho. Aí, na página 2, estava lá: " Meu coração ficava acelerado toda vez que lhe via." Ai, meu Deus. Também não serve. Página 3: " Ficava com um frio na barriga sem saber se você sentia o mesmo por mim." Eita que já está demais. Esse relacionamento não é o meu com o namorado. A gente se conheceu naquele dia, no posto. Tínhamos uma amiga em comum e começamos a sair mais juntos, teatro, cinema, mas numa de amigos. Ele, como morava perto, me apanhava e levava pra casa, a gente conversava muito, eu tinha muito prazer em estar com ele, mas nem me passava pela cabeça que ele era o meu futuro marido! Minha amiga disse que o Hugo estava se apaixonando e eu não via a menor possibilidade de relacionamento, sabe-se lá porquê!!! Acho que eu estava meio cega, procurando o impossível, procurando não ser feliz. Muitas vezes a gente coloca tanto obstáculos na vida que só pode estar se sabotando. E eu, com certeza, estava em um ciclo de tristeza mesmo, saindo com caras errados, totalmente errados...
Voltando pro livro, ainda tentei a página 4 com algum fio de esperança de que agora o lance iria começar a entrar na nossa estória. Lá estava: "Foi amor à primeira vista." Putz! Não foi mesmo! Todos esses clichês românticos não combinam com nosso início de namoro. Desisti alí, fechei o livro e o coloquei de volta na prateleira sabendo que aquele era um presente totalmente equivocado pra nós dois. Nossa estória é outra, construída no dia-a-dia, na perseverança de um cara que olhou pra mim e enxergou além, viu muito mais que a aparência. O Hugo conseguiu me ler sem abrir o livro, sabe? E investiu no que acreditou, teve paciência porque sabia que atrás da dificuldade de me conquistar, viria algo muito maior. E veio. Só posso agradecer a Deus por ter me feito ver o homem maravilhoso que queria estar comigo e que eu não estava conseguindo ver. Sou louca por ele. Isso é maior que qualquer livro com frases bonitas e românticas. E, quer saber? Ele sabe disso. Feliz dia dos namorados pra todo mundo!!!
Beleza, gostei da idéia e fui pegar o livro e olhar as páginas. Já na primeira página estava escrito algo assim: " Nunca esqueci a primeira vez que lhe vi". Epa. Isso não encaixa na nossa estória. Até lembro quando fui apresentada ao Hugo, mas nossa estória é meio diferente da maioria dos inícios de namoro... Fui apresentada ao Hugo em um posto de gasolina, onde vários amigos estavam se encontrando para ir dançar. Fui apresentada e esqueci que fui. Dias depois em outra night da vida, uma amiga perguntou pra mim na frente dele: "Já conhece o Hugo, Paulinha?" E eu respondi que não! E ela me apresentou a ele novamente. O Hugo, é lógico, depois de ser apresentado a mim pela segunda vez, não deixou barato e fez questão de me deixar sem graça: "é a segunda vez que você é apresentada a mim, fomos apresentados no dia tal, no posto de gasolina..." Fiquei mega sem graça.
Bom, pensei que poderia contornar o dizer dessa página do livro escrevendo alguma outra coisa e virei pra página dois ainda com a idéia firme de que o livro seria um bom presentinho. Aí, na página 2, estava lá: " Meu coração ficava acelerado toda vez que lhe via." Ai, meu Deus. Também não serve. Página 3: " Ficava com um frio na barriga sem saber se você sentia o mesmo por mim." Eita que já está demais. Esse relacionamento não é o meu com o namorado. A gente se conheceu naquele dia, no posto. Tínhamos uma amiga em comum e começamos a sair mais juntos, teatro, cinema, mas numa de amigos. Ele, como morava perto, me apanhava e levava pra casa, a gente conversava muito, eu tinha muito prazer em estar com ele, mas nem me passava pela cabeça que ele era o meu futuro marido! Minha amiga disse que o Hugo estava se apaixonando e eu não via a menor possibilidade de relacionamento, sabe-se lá porquê!!! Acho que eu estava meio cega, procurando o impossível, procurando não ser feliz. Muitas vezes a gente coloca tanto obstáculos na vida que só pode estar se sabotando. E eu, com certeza, estava em um ciclo de tristeza mesmo, saindo com caras errados, totalmente errados...
Voltando pro livro, ainda tentei a página 4 com algum fio de esperança de que agora o lance iria começar a entrar na nossa estória. Lá estava: "Foi amor à primeira vista." Putz! Não foi mesmo! Todos esses clichês românticos não combinam com nosso início de namoro. Desisti alí, fechei o livro e o coloquei de volta na prateleira sabendo que aquele era um presente totalmente equivocado pra nós dois. Nossa estória é outra, construída no dia-a-dia, na perseverança de um cara que olhou pra mim e enxergou além, viu muito mais que a aparência. O Hugo conseguiu me ler sem abrir o livro, sabe? E investiu no que acreditou, teve paciência porque sabia que atrás da dificuldade de me conquistar, viria algo muito maior. E veio. Só posso agradecer a Deus por ter me feito ver o homem maravilhoso que queria estar comigo e que eu não estava conseguindo ver. Sou louca por ele. Isso é maior que qualquer livro com frases bonitas e românticas. E, quer saber? Ele sabe disso. Feliz dia dos namorados pra todo mundo!!!
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Culpa
A culpa existe e incomoda a gente quando menos esperamos. Acontece quando falamos demais, quando deveríamos ter feito algo que acabamos não fazendo, sei lá porquê, ou se comemos demais ou gastamos o dinheiro que a gente não tem ou deveria economizar. Mas acredito que o primeiro dos seres que sentiu culpa foi uma pobre mãe.
A culpa deve ter nascido no momento do parto. É, isso mesmo. Pelo menos é assim que me sinto desde que o Miguel nasceu. A verdade é que esse sentimento fica que nem tatuagem quando a gente pare. Eu era uma mulher com meu tempo só pra mim, com minha vida só pra mim e, naquele momento do nascimento da minha delícia eu me tornei mãe. Essa mãe não existia em mim até alí. Mesmo com ele na minha barriga não era assim. A mágica acontece mesmo quando aquele serzinho abre os olhos e olha pra sua cara e depende de você pra comer, pra estar limpinho, pra dormir aconchegado. É muito louco. Um sentimento enorme vai crescendo dentro de você, a cada dia cresce mais um pouco e você, que acaba de ser promovida a mãe, tem que aprender rápido a lidar com uma gama enorme e nova de emoções. Por isso que tem mãe que meio que enlouquece depois do parto e a elas vai minha solidariedade. Não é fácil.
A partir desse momento, a culpa me acompanha. Eu sei que estou fazendo o melhor que posso, me esforçando ao máximo para ser a melhor mãe do mundo, mas, ainda sim, me pergunto se é suficiente. Durante a semana é mais fácil porque tenho que trabalhar, preciso da grana e preciso me sentir útil. Definitivamente não me sentiria útil ficando em casa cuidando de criança. Respeito quem faz essa opção, mas eu não seria feliz. Então, não me sinto muito culpada porque preciso estar bem pra passar essa felicidade pro meu filho. Estou com ele durante a noite e de manhã, antes de levá-lo pra creche. Mas quando é sábado e o Hugo está trabalhando e eu fico sozinha, sem ninguém pra dividir as mil tarefas de cuidar de um bebê de 1 aninho, fico louca. Louca e culpada de estar ficando louca!!
Hugo chega do trabalho, me encontra desgrenhada, cansada e esbaforida e logo - anjo que é esse meu marido - pergunta porque eu ainda não pedi a uma das tias da creche para vir ficar em casa aos sábados em que ele está trabalhando, de 15 em 15 dias, pra eu poder ficar mais livre e poder fazer as minhas coisas, sair, ler ou, simplesmente, tomar um banho mais demorado ou assistir a qualquer programa de TV conseguindo chegar ao fim. E a resposta é que eu vou morrer de culpa!!! Pombas, já trabalho a semana inteira, aos domingos, geralmente, minha sogra se oferece pra ficar com ele pra podermos ir ao cinema e aí já acabo ficando pouco com o Miguel, então como, aos sábados vou deixar meu filho com outra pessoa e ficar bem? Ai, sei que não tem nada demais, que muitas mães têm babás e tal, mas eu não vou conseguir. E aí acabo ficando em uma rua sem saída, sem saber como me posicionar diante de mim mesma. Mulher é coisa muito louca mesmo, vai entender...
A culpa deve ter nascido no momento do parto. É, isso mesmo. Pelo menos é assim que me sinto desde que o Miguel nasceu. A verdade é que esse sentimento fica que nem tatuagem quando a gente pare. Eu era uma mulher com meu tempo só pra mim, com minha vida só pra mim e, naquele momento do nascimento da minha delícia eu me tornei mãe. Essa mãe não existia em mim até alí. Mesmo com ele na minha barriga não era assim. A mágica acontece mesmo quando aquele serzinho abre os olhos e olha pra sua cara e depende de você pra comer, pra estar limpinho, pra dormir aconchegado. É muito louco. Um sentimento enorme vai crescendo dentro de você, a cada dia cresce mais um pouco e você, que acaba de ser promovida a mãe, tem que aprender rápido a lidar com uma gama enorme e nova de emoções. Por isso que tem mãe que meio que enlouquece depois do parto e a elas vai minha solidariedade. Não é fácil.
A partir desse momento, a culpa me acompanha. Eu sei que estou fazendo o melhor que posso, me esforçando ao máximo para ser a melhor mãe do mundo, mas, ainda sim, me pergunto se é suficiente. Durante a semana é mais fácil porque tenho que trabalhar, preciso da grana e preciso me sentir útil. Definitivamente não me sentiria útil ficando em casa cuidando de criança. Respeito quem faz essa opção, mas eu não seria feliz. Então, não me sinto muito culpada porque preciso estar bem pra passar essa felicidade pro meu filho. Estou com ele durante a noite e de manhã, antes de levá-lo pra creche. Mas quando é sábado e o Hugo está trabalhando e eu fico sozinha, sem ninguém pra dividir as mil tarefas de cuidar de um bebê de 1 aninho, fico louca. Louca e culpada de estar ficando louca!!
Hugo chega do trabalho, me encontra desgrenhada, cansada e esbaforida e logo - anjo que é esse meu marido - pergunta porque eu ainda não pedi a uma das tias da creche para vir ficar em casa aos sábados em que ele está trabalhando, de 15 em 15 dias, pra eu poder ficar mais livre e poder fazer as minhas coisas, sair, ler ou, simplesmente, tomar um banho mais demorado ou assistir a qualquer programa de TV conseguindo chegar ao fim. E a resposta é que eu vou morrer de culpa!!! Pombas, já trabalho a semana inteira, aos domingos, geralmente, minha sogra se oferece pra ficar com ele pra podermos ir ao cinema e aí já acabo ficando pouco com o Miguel, então como, aos sábados vou deixar meu filho com outra pessoa e ficar bem? Ai, sei que não tem nada demais, que muitas mães têm babás e tal, mas eu não vou conseguir. E aí acabo ficando em uma rua sem saída, sem saber como me posicionar diante de mim mesma. Mulher é coisa muito louca mesmo, vai entender...
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