É engraçado pensar que só 3 anos e pouco depois que o Miguel nasceu, algumas coisas da vida antiga que eu levava começam a voltar pro lugar. Esse final de semana que passou foi o primeiro em que eu e o Namorado não trabalhamos no sábado e ficamos em casa juntos, como nos velhos e bons tempos em que nossa vida era só nossa.
Eu e Hugo trabalhamos aos sábados, de 15 em 15 dias, e antes de termos o Miguel nos programávamos para trabalhar nos mesmos sábados de forma que tivéssemos um final de semana inteiro pra gente. Com o Miguel em nossas vidas, esse planejamento acabou e deu lugar a outro, justamente contrário: fizemos nossa escala de forma que eu ficasse em casa no sábado em que ele tivesse que trabalhar e vice-versa. Assim, um de nós sempre estaria disponível pra ficar com o Miguel sem ter que pedir ajuda pra minha irmã, meu cunhado ou pra Taninha. Um bebê pequeno sempre precisa de colo e minha mãe não poderia me ajudar se tivesse que ficar com o Miguel quando era um bebê. Então, meu final de semana com o Hugo se resumiu, durante esses três anos, ao domingo. Passávamos os sábados separados porque quando ele estava em casa, eu estava trabalhando e quando ele estava trabalhando era eu que estava em casa.
De uns 3 meses pra cá, observando que Miguel já é uma criança que não precisa de colo, não pede colo e que gosta de ficar vendo seus filmes e brincando com seus bonecos e carrinhos em seu quarto, pensamos na possibilidade de igualarmos novamente nossas escalas para termos o final de semana inteiro juntos. Minha mãe já dá conta de ficar com ele sem mais ninguém por perto. Então, esse final de semana que passou, depois de 3 anos, passamos juntos, inteirinho juntos. E é muito legal observar agora, depois que a fase inicial de furacão total já passou, que, aos pouquinhos, estamos conseguindo retomar velhos hábitos, coisas que gostávamos de fazer e que não pudemos nesse período inicial da vida do Miguel.
Pode parecer uma coisa à toa, uma bobeira, mas ter um final de semana inteiro juntos - é claro, com a presença do meu filho, não estamos mais só nós dois - foi maravilhoso. Teve um gostinho de reaver algo que se perdeu, sabe? Foi como encontrar um amigo que não vemos há muito tempo. Eu tive uma sensação gostosa de ter uma parte da minha vida antiga de volta e foi muito bom. Deu pra acreditar que, é verdade, nossa vida nunca mais vai ser igual a vida de um casal sem filhos, mas que, mesmo devagar, a gente vai recuperando algumas coisas que nos davam prazer.
E aí, começo a observar algo muito bonito que está começando a acontecer com meu filho... Cada vez mais observo o Miguel indivíduo, separado do papai e da mamãe. Estou vendo acontecer, bem na minha frente, uma transformação que começa a ficar mais palpável agora: meu filho está se mostrando pro mundo. Mais que isso, Miguel está desbravando esse mundo corajosamente. Miguel está começando a dizer a que veio, colocando pra fora seus gostos e desgostos. Miguel está abrindo a boca pra dizer "NÃO" e "SIM" , pra mim, pra ele mesmo, pra vida.
É chegada a hora de ficar bem atenta pra não perder nem o menor dos detalhes porque meu filho está ganhando esse mundo, está tendo seus próprios interesses e eu estou achando lindo ver suas asinhas, ainda pequenas e curtas, nascerem em suas costas. Asas que daqui um tempo vão estar grandes e vistosas, asas que o Miguel vai abrir e que vão levá-lo por aí, voando pra lugares em que nem sempre eu estarei. Tudo bem, só quero que Deus me conceda a graça de ver, mesmo que de longe, meu filho voando alto, livre, senhor de si, dono de suas escolhas, do seu nariz e da sua vida. E eu, que decidi ser mãe tarde, só peço, com todo meu coração, que eu esteja viva pra ver esse voo do meu filho e que seja um voo bonito, seguro e cheio de amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário