Ontem ganhei um alfajor da professora Carol. Eu adoro alfajor, principalmente aqueles bem recheados. Por isso, não ligo muito pros famosos HAVANA. Acho que são secos e com pouco recheio. Coisa de mente de gorda. Se for pra eu engordar, que seja em grande estilo. Enfim, levei o doce pra casa pensando em comê-lo depois do jantar. Só que jantei e esqueci de comer a gostosura e ele ficou ali, em cima da mesa.
Lá pelas 9 da noite, fui com o Miguel até a cozinha e ele viu o alfajor. "Ai, meu Deus... Porque não escondi meu alfajor?", pensei. Não deu outra, como eu já imaginava que aconteceria, Miguel foi até o alfajor com cara de gato de botas do "Shrek" e perguntou:
- Mãe, esse é aquele bolinho gostoso que a gente comeu na Argentina?
Respondi que sim, com medo do que viria depois...
- Você ganhou de algum amigo, né? Você tem muitos amigos, mãe...
Silêncio por 30 segundos. Ele queria que eu oferecesse o alfajor pra ele. E estava estudando um jeito de chegar lá. Desculpem, não ofereci o doce pro meu filho. Eu queria comer o danadinho. Ainda tinha esperanças de que ele deixasse pra lá. Mas ele prosseguiu:
- Esse bolinho é muito gostoso... Eu gosto muito, né, mãe? Você sabe...
- Sim, Guel... Você gosta e eu também.
Que tipo de mãe trava uma batalha por doce com o filho???, falou minha consciência abalada. E sem me dar tempo de pensar sobre o assunto, veio à queima roupa o que eu estava evitando ouvir:
- Você não vai deixar eu comer, não, né?
Ai... Chegou no ponto. Enquanto estava subentendido, eu estava me fazendo de morta. Agora, assim, configurado o desejo dele, explícito e com todas as cores, praticamente um pedido, ferrou. Falei, desanimada, impelida pelo sentimento materno e pelo ditado que minha avó sempre dizia "Depois que filhos pari, nunca mais barriga enchi":
- Tudo bem, filho. Pode comer o alfajor.
Miguel pegou o doce, pediu que eu abrisse o pacotinho e deu uma mordida, satisfeito. Depois de mastigar, virou-se pra mim todo saltitante e feliz:
- Mãe, eu sabia, desde que te conheci, que você era a melhor mãe do mundo!
Naquele momento, sentindo ainda a boca salivar por conta do alfajor não comido, me senti mesmo a melhor mãe do mundo.
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