Estamos vivendo em um mundo muito louco mesmo. Tão louco que eu penso que chegamos em um ponto que fica difícil de acreditar em certas situações, certas cenas que vemos diariamente. Do mesmo modo como convivo com pessoas tão maravilhosas, tão generosas, vejo perto de mim pessoas tão egoístas, tão centradas em si mesmas, como se o universo existisse por conta delas e de suas vontades. E a cada dia que passa fica mais difícil ver certas cenas sem indignação. Cada dia que passa fica mais difícil entender que não, com algumas pessoas, simplesmente, não adianta tentar conversar e mostrar um outro lado porque existe gente que só enxerga o que quer enxergar. A visão do outro não importa. A realidade do outro também não.
Todo mundo é exposto todos os dias as mais variadas situações. Todo mundo vive diariamente experiências que enriquecem nossa vida, que trazem um aprendizado. Eu gosto de aprender e gosto de gente. Por isso sempre presto atenção ao que as pessoas têm a dizer. Gosto de ouvir histórias e gosto de achar que posso aprender com a experiência alheia. Por isso, o que o outro tem a dizer pode ser interessante pra mim. Nada que escuto é jogado fora imediantamente. Antes de decidir se alguma coisa que escutei presta ou não pra mim, pra minha vida, reflito. Tento analisar um lado que não tinha visto antes, entender porque nunca havia pensado de determinado modo e, algumas vezes, concluo que o que escutei não faz mesmo o menor sentido pra mim e descarto. Outras vezes, aprendo mais um pouco.
Ontem durante minha aula de box, uma pessoa começou a contar sua experiência na aula de spinning do sábado anterior. Disse que durante a aula a música estava altíssima e que estava sentindo-se incomodada com o volume. Disse também que o tipo de música - eletrõnica - não estava de seu agrado e que estava ficando irritada. A pessoa disse que perguntou ao professor se ele poderia abaixar o volume e que o professor teria dito que não. Disse que perguntou ao professor se ele poderia mudar o tipo de música e que o professor teria dito que a aula dele já estava preparada com base naquelas músicas pré-selecionadas. Sendo assim, diante da atitude, segundo ela, "inflexível" do professor, ela decidiu abandonar a aula. Até aí, tudo bem. Se algo não a estava agradando e se ela já havia falado com o professor e ele não quis ou não podia mudar sua aula, melhor ir embora mesmo que ficar irritada. Só que ela não se contentou em ir embora simplesmente.
Segundo a própria pessoa em questão, antes de ir embora da aula de spinning ela pensou "vou cagar na cabeça desse professor" (palavras dela). Aproximou-se do professor e disparou:
- Meu filho, vou embora. Não estou aguentando essa música chata. Sabe o que é? Eu acabei de voltar de Viena! Muitos dias escutando música clássica e ópera. Está muito radical essa mudança de estilo musical pra mim. Eu tenho bom gosto. Você nem sabe o que é isso.
Depois de ter dito isso, virou as costas e foi embora.
Sinceramente, pior que ter dito isso pro professor, foi ter contado pra todo mundo o que ela fez com tom de vitória, com risinho nos lábios como se isso a tornasse bem "espertinha", como se isso a deixasse "por cima" da situação. E eu fico enjoada escutando essas coisas. Poxa, logo de manhã cedo? Por essas e outras é que não gostaria de prestar atenção ao que certas pessoas dizem. Porque certas coisas não tem graça. O que ela contou rindo e se gabando, me causou incredulidade, uma falta de paciência e não é bom sentir-se assim. Fiquei com vontade falar um monte pra ela, dizer que ela devia ter vergonha de contar uma história dessas, que ela tem todo o direito de não gostar do volume ou das músicas escolhidas pelo professor, mas não tem o direito de ser esnobe e boba, deixando o rapaz em uma posição desfavorável até pra responder à altura, uma vez que ele é empregado da academia e uma discussão poderia até lhe custar o emprego. Mas achei melhor deixar pra lá e não me aborrecer. Tem gente que não está pronto pra ouvir umas verdades. Simplesmente, não está.
Vida que segue.
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