terça-feira, 31 de agosto de 2010

A cinta


Fui ao banco e, pra variar, havia uma filinha básica. Na minha frente uma moça grávida, novinha, devia ter, no máximo, uns 22 anos. Como diz o Hugo, eu falo até com a minha sombra, lá fui eu puxar assunto porque quando a gente está conversando o tempo passa mais rápido, não é mesmo? Perguntei quanto tempo tinha a gravidez e tal e iniciamos um papo sobre esse período marcante na vida de qualquer mulher.


A moça estava cheia de dúvidas e com medo, principalmente, do que aconteceria com o corpitcho depois que o bebê saisse da barriga... É, dá medo mesmo. Durante 9 meses você assiste de camarote seu corpo mudar drasticamente, a barriga ficando enorme, os peitos a ponto de explodir, e a bunda? Gente, a bunda parece que cresce pra equilibrar o peso da barriga, acho que, do contrário, a gente cairia pra frente. Enfim, falei pra ela que tudo, ou quase tudo, volta mesmo ao normal, pelo menos essa é a minha experiência.


Minha irmã ficou grávida duas vezes e voltou ao corpo das duas vezes. Eu tinha mais medo de não conseguir essa proeza porque todos falam que quando se é mais velha a dificuldade para emagrecer aumenta. Eu voltei ao corpo também, estou mais magra que antes, mas também não me entreguei aos prazeres da culinária só porque estava grávida. Também não sentia tão mais fome assim como relatam várias mulheres. E, como Miguel nasceu prematuro - ainda faltavam 5 semanas para que ele nascesse no tempo normal - eu , com certeza, teria engordado mais que os 11 quilos que engordei até a 33ª semana.


Mas, vou lhe contar, quando você volta pra casa e se olha no espelho, é de amargar. Os peitos enormes, cheios de leite. A barriga flácida, tão durinha que estava e de repente ... pluft! Fica sem enchimento. Dos 11 quilos, depois que o Miguel nasceu, ainda ficaram 5 pra contar a estória e esses foram indo aos poucos. E aí é que entra a tal da cinta. Todos diziam que era muito importante usar a cinta para que a barriga voltasse ao normal e para que eu me sentisse melhor uma vez que a barriga fica, assim, meio mole... Então, minha irmã já tinha uma cinta tamanho P, mas me aconselhou a comprar uma M porque achou que eu não caberia direto numa cinta P. Beleza, comprei a cinta M. Quando voltei do hospital - e voltei sem a cinta porque como fui para o hospital de surpresa não deu tempo de levar nada, quanto mais a cinta - estava toda enfaixada e falei pra minha mãe que queria colocar a cinta.


Tolinha que sou, tentei colocar a cinta sozinha. Ha, ha, ha. Impossível, logo vi que precisaria de ajuda. Chamei minha mãe porque chamar o marido para uma missão dessas, ninguém merece. Já estava eu deitada na cama, com minha mãe tentando fechar os ganchinhos daquele instrumento de tortura quando ela me diz que sozinha não iria conseguir. Quem ela chama? O Hugo! Ok. Fazer o quê?


Cena mais patética, minha mãe e meu marido praticamente em cima de mim pra tentar fechar a cinta idiota e eu me sentindo como se fosse uma porca deitada na cama. Tenta daqui e tenta de lá, encolhe aqui, puxa mais um pouco ali, vira-se o Hugo e me pergunta: " Mas você também... Quer entrar logo de cara na cinta tamanho P. Por que não pegou a M?" Meu Deus, pensei, eu mato esse homem agora ou daqui a 5 minutos quando estiver com a cinta? Quase aos prantos falei, dilacerada: "Mas essa É a cinta M!!!!!" Ele vira-se pra mim, sem saber o que dizer diante daquela mulher à beira de um ataque de nervos e fala: "Ah... Tá." Ele não tinha mesmo mais nada pra dizer. E eu também não queria ouvir. O silêncio foi mesmo o melhor caminho...


Depois disso, fiquei usando por 1 mês a cinta. De dia e a noite. Não tirava a danada nem para dormir. Após uma semana usando a cinta tamanho M, notei que ela já estava larga e comecei a usar a P que tinha sido da minha irmã. E, depois de uns 10 dias, já podia ter passado para uma PP, mas me recusei a gastar mais dinheiro com uma coisa que só incomoda a gente. Depois de 1 mês me libertei porque detestei usar cinta, usei somente em nome da vaidade.


Pois é. É sofrido esse processo de encontrar o corpo antigo e algumas coisas se modificam pra sempre mesmo. Não tem jeito. Mas, entre mortos e feridos, estou aqui e me sinto bem, bacana, uma mãe inteirona. Sobrevivi. Inclusive à cinta.

2 comentários:

  1. Só quero saber de uma coisa, onde estão as cintas?? Porque nunca se sabe quando iremos usá-las novamente. Risos Vc esqueceu da promessa que fez a Dedeca?? Sou testemunha. Por isso trate de resgatá-las. risos A tortura não acabou foi apenas adiada para daqui alguns dois anos. Hauhauhau
    Espero que vc sobreviva estes dias sem o maridão.
    Um grande beijo,

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  2. Fatinha, não é que eu guardei as cintas? Lá bem no fundinho do armário... Sem intenção de usá-las novamente, ok? Beijos!!

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