Não sei se todas as mães se sentem como eu, mas desde que o Miguel nasceu eu me sinto como uma mutante, vivendo várias fases diferentes. Primeiro chega a "fase zumbi": tipo quem dormiu, dormiu e quem não dormiu não dorme mais!! Jesus Cristo. Só Jesus mesmo. Nunca fui de tirar sonecas durante o dia, meu negócio é dormir durante a noite mesmo, se possível, umas dez horinhas abençoadas. Ok, oito horas já me faziam feliz. Seis horas era pouco, eu já ficava reclamona no dia seguinte. Hoje, seis horas direto é muitão!!! Eu vivia achando engraçado como havia pessoas que até mesmo na manicure ficavam batendo cabeça de sono, era só ficarem 5 minutinhos paradas que já estavam dormindo. Acho perfeitamente natural agora. Provavelmente são mães em plena "fase zumbi".
Em meus dias atuais, embora o pior já tenha passado, o Miguel dorme bem a noite e embora sempre choramingue por uma mamadeira ou lençol que se enroscou embaixo dele, não é mais o pesadelo que foi durante a 'fase zumbi'. Durante esse período eu chegava a ter, não vou dizer depressão, mas uma certa melancolia a cada entardecer, quando a noite se aproximava. Vinha logo a sensação de que todos deitariam em suas caminhas gostosas e que a parte mais difícil do meu dia estava apenas começando... Ouvir o tic-tac do relógio e ver os ponteirinhos se arrastarem lentamente enquanto Miguel chorava de cólica ou nunca estava saciado com o que mamava era horrível pra mim.
Aí existe a próxima fase trenebrosa que muitas vezes vem junto com a 'fase zumbi': entrei na 'fase fast food'. Gente, peito pra cá, peito pra lá, o menino pendurado em mim o dia inteiro pra depois de 40 minutos de descanso já estar chorando por comida de novo. A criança olha pra sua cara aninhadinha em seus braços, você pensa naquele momento com todo o carinho do mundo e, quando você se toca, aquela boquinha linda do seu rebento já começa a abrir procurando o bico do seio. Fast food total. É assim que me sentia. Pior é ver o peito vazar, sujar a roupa, ficar com aquela rodela de leite em volta do seio marcado na blusa...Ai, gente. É triste, mas tenho vontade de rir do bizarro que é essa situação.
Depois disso, lá pelo terceiro mês em casa, entrei na fase 'elo perdido'. Você olha no espelho e procura a criatura que existiu até 3 meses atrás. Onde foi parar aquela mulher bem vestida, maquiada e perfumada? Onde está a Paula antenada que lia o jornal todos os dias pela manhã, enquanto tomava seu café? Pra onde foram os scarpins, os cremes hidratantes? Um dia você acaba de tomar seu banho e se enfia naquela camiseta surrada, a cara sem um pingo de corretivo, rímel ou qualquer outra coisa que nos torne mais apresentáveis ao mundo, a depilação está vencida e você se dá conta que só pode ter ido parar na ilha de Lost. Assim, fica decretado que você está mesmo vivendo a fase 'elo perdido' e precisa fazer alguma coisa por você urgentemente.
Eu passei pela fase neura. Durante os finais de semana eu é que tinha que fazer tudo pro meu bebê: dar comida, dar banho, vestir, trocar fralda. Enfim, não queria ajuda de babá porque achava que tinha que compensar o tempo que fico longe do Miguel durante a semana. Olha, essa minha fase acabou, porque se ainda perdurasse acredito que já estaria internada em qualquer casa de reabilitação para insanos. Não dá pra aguentar de forma saudável o trabalho sozinha de ficar com um bebê o dia inteiro. Aguentar a gente aguenta, mas a que preço? Como se chega ao final do dia? Eu posso assegurar que chego desgrenhada, amassada, euxaurida, esfameada. Tudo de bom. Então, eu mesma coloquei fim a essa fase e a babá agora é muito bem vinda uma vez por semana lá em casa, ou sábado ou domingo, mesmo que eu não tenha nenhum compromisso. Tá certo que ainda não consigo ficar em casa enquanto a babá está lá. Não consigo deitar na minha cama e ler meu livro ouvindo meu filho na companhia da babá. Fico, ainda, com a 'neura' de que quem deveria estar cuidando do Miguel era eu, já que estou à toa. Então, sabe o que eu faço? Entro no carro e saio de casa. Vou resolver coisas na rua, invento alguma coisa, um trato no cabelo, manicure, nem que seja uma ida a farmácia pra comprar fraldas - a gente sempre sabe onde tem uma promoção de fraldas descartáveis - enfim, sempre se tem muito o que fazer quando se é mãe.
Atualmente estou vivendo a fase macaca. O Miguel acorda e já olha pra minha cara e estica os bracinhos: quer colo. Eu tomo café da manhã com ele no meu colo, assisto os milhões de DVDs da Xuxa com ele sentado, no meu colo. O pior é que eu não sei o que acontece com toda criança que o colo sentado não presta. Eles, não satisfeitos em pedirem colo, querem que o colo seja em pé. E lá vou eu pela casa feito uma mulher macaca com o macaquinho de 13 quilos pendurado em mim. Chega da creche e o que acontece? Quer colo. Meu Deus, quando isso vai parar? Muitas vezes ele fica no quarto brincando durante um tempinho considerável, tempo suficiente pra que eu recupere minha sanidade, mas é só eu chegar lá pra olhar se está tudo ok, se ele ainda não colocou o quarto abaixo, e pronto. Faz cara de gato de botas do Shrek e ... pede colo.
Eu só sei é que estou com uma tendinose no tal do infra e supra espinhoso que faz o meu ombro direito doer pra burro. Minhas costas parecem que vão abrir. Mas, sei que daqui a pouco essa fase termina. E vou entrar em outra. Qual será? Cenas dos próximos capítulos. Acho melhor me preparar para coisas ainda mais estressantes porque, como diz minha amiga Cacau, "sempre se pode piorar". Socorro!
Paula,
ResponderExcluirAdorei o post! Que alívio saber que não sou a única a passar por isto. Estou vivendo(?) plenamente a fase zumbi e a fase fast-food combinadas. No meu caso, acho que ainda tem a fase vaca leiteira, pois aluguei uma bomba profissional para tirar o leite e armazenar para complementar a alimentação do Joaquim. Me sinto uma morta-viva...e como vc bm disse, quando a noite se aproxima vou sentindo um pouco de pânico só de imaginar como vai ser...
Bom saber que tudo passa...
Bjs
kkkkkk Ai, Dani, passa mesmo. Acho que essa fase inicial da gente se privar de sono, por mais que se durma pouco por costume, é uma das mais difíceis. Tem uma hora que o estresse chega mesmo e imagino que ainda vá piorar pra vc quando seus pais voltarem pro Rio... Só respirando fundo!!!! BEijos!1
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