quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Amor e medo




Essa semana, enquanto estava tomando meu café da manhã com o Miguel antes de levá-lo pra creche, estava assistindo uma reportagem na Ana Maria Braga sobre a morte de uma menina de 2 anos por afogamento na piscina do colégio, durante a aula de natação. Havia 7 crianças na piscina sob a supervisão de dois professores e três estagiários e, ainda assim, ninguém notou quando a menina passou da área reservada para os pequenos e foi para a piscina grande. Só notaram a ausência da garota quando todos saíram da aula e viram que havia um chinelinho sobrando na borda.

Os pais, que tentaram ter filhos durante 15 anos, conseguiram êxito na quinta fertilização. O tio da menina falou uma frase na entrevista que resume bem: "Não há peça de reposição para essa falta. Ninguém conseguirá suprir a energia que vai faltar nessa família". Não consigo imaginar essa dor e tudo isso me dá muito medo. Um medo enorme de perder o Miguel. Olho pro meu filho tão pequeno diante de tantos perigos que existem por aí, diante desse mundo imenso cheio de gente esquisita e fico com um aperto no meu coração. É a vida, eu sei. Mas tenho medo.

Tenho medo de não poder mais sentir seu cheirinho, de não poder mais ajeitar seus cabelos fininhos... Tenho medo de não sentir mais o toque da sua mãozinha, de não ouvir mais sua voz chamando "mamãeeeeee". Tenho medo de não sentir minha paciência se esgotando diante de uma pirraça, ou de não sentir mais vontade de desaparecer a cada choro persistente no meu ouvido. Medo do buraco que sua ausência deixaria.

Sabendo que sou muito pequena diante dos desígnios de Deus, só posso pedir a Ele que cuide do meu bebê, que ilumine seus caminhos, que o proteja da maldade, da desatenção e que, eu estando com ele, Deus também cuide de mim porque sou humana, passível de erros e não quero errar. Quero estar atenta, sempre, pra que nada faça mal ao meu bebê. Porque o amor que sinto pelo Miguel é tão grande que não sei exatamente quando começou nem quando tomou conta de mim definitivamente. Sei que não tem fim. Sei que é um sentimento tão forte que preciso chorar, às vezes, pra aliviar meu peito e tenho vontade de rezar por meu filho todas as vezes em que estou em seu quarto na hora do seu soninho e olho pr´aquela carinha linda, com seus olhos fechados e tranquilos. Um amor tão forte, como nunca senti por ninguém, que toma conta de tudo em mim. Um amor que me faz ter a certeza de que a coisa mais certa de todas as coisas certas foi ter tomado a decisão de ter o Miguel em minha vida. É o tal do "amor de mãe" que eu tanto ouvia falar... Ele existe e sou feliz por ter feito essa escolha. Peço a Deus por mim porque sou mãe e acho que isso diz tudo.

3 comentários:

  1. Paulinha, não tenho filhos, mas é engraçado pois sempre senti esse medo (e ainda sinto) em relação aos meus sobrinhos (Ismael Pedro e Pedro Henrique) e meus afilhados (Enzo e Mayara). Eu achava que eu era "doente", "maluca", e que eu não podia ser mãe por isso. Eu sempre achei que DEUS não me daria filhos pois sou muito neurótica. Que bom ler seu texto e saber que vc, que é mãe de verdade, o sente. É um alívio ... rsrs
    Vamos rezar, pois é só isso que nos resta, e pedir a DEUS que livre essas crianças e todas as outras da maldade, da falta de amor e carinho, etc.

    Mil beijos, Graça

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  2. No fundo, você é um pouco mãe. Vejo o carinho e a atenção que dispensa à suas crianças e acho que o dia em que um filho nascer de vc, não será muito diferente. Vai ter os mesmos medos. Você é linda e devia olhar mais pra vc. Beijos!

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  3. Paula, como vc não há igual, sempre tentando nos animar, fazendo-nos enxergar o melhor de nós. Felizes os que têm a oportunidade de terem sua amizade e companhia.
    Quanto à Graça, ela é super fofa e linda, tem muita sensibilidade sim para lidar com as crianças e é uma pessoa cheia de coisas boas dentro de si.
    Mil beijos Paula!

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