Ano passado o Miguel só tinha 9 meses no Carnaval e como é muito calorento nem pensei em torturá-lo com uma fantasia. Então, quando recebi um bilhete da creche comunicando que hoje haveria uma festinha de Carnaval para as crianças e que os pais deveriam mandar uma fantasia, fiquei bem animada. Miguel está com 1 ano e 9 meses e teria sua primeira fantasia e essa, pensei eu, vou poder escolher porque sei que, logo, logo, ele escolherá a fantasia que desejar usar.
Comentei com minha irmã e ela se dispôs a ir até a loja olhar as fantasias disponíveis. Ela me telefonou de lá dizendo que a dona da loja tinha deixado ela trazer 3 fantasias para eu escolher. Depois, ela voltaria até a loja para pagar pela fantasia escolhida e devolver as outras. Assim, minha irmã me apareceu com a fantasia de "ban-ban", cigano e pirata. Gostei da do Ban-Ban e, sinceramente, achei que tinha tudo a ver com meu bebê que é um brutinho, parece um ogro, filho do Shrek. Não se deixem iludir por essa carinha de anjo que meu filho tem. Miguel é bem danadinho. Mas voltando à fantasia de Ban-Ban, o Hugo disse que aquilo parecia fantasia erótica (acho que é por causa da estampa de oncinha) e a descartamos. Homem tem cada idéia... E entre a de cigano e a de pirata, fiquei com a de pirata. Resolvido. Era só esperar o dia da festinha.
Hoje eu estava toda animada, doida pra chegar até a creche com minha máquina fotográfica pra ver o Miguel lindo, vestido de pirata. Estava mega ansiosa, esperando que o Hugo chegasse do trabalho pra gente ir juntos, eu não queria perder um minutinho!! Saímos correndo e fomos entrando na creche procurando pelo Miguel no meio de tantos confetes, serpentinas e batucadas. As crianças todas fantasiadas e seus pais atrás tirando mil fotos. Pensei, daqui a pouco eu estarei como esses pais buscando os melhores ângulos do meu pirata mais lindo do mundooo!!!! Como eu sou idiota...
De repente, vejo o Miguel: "Epa, o que aconteceu com a fantasia dele? Será que está doente? Será que a tia vestiu todo mundo e esqueceu do meu filho?" A que ponto chegam os pensamentos de uma mãe louca pra ver seu filho curtindo um carnaval com os amiguinhos...
É claro que a tia não esqueceu dele. Cheguei perto da minha delícia e perguntei a tia que estava com ele: "Porque o Miguel está sem fantasia?" E veio a resposta mais óbvia e também a que nem por um momento passou pela minha cabeça cega de vontade de ver meu filho fantasiado: "Paula, ele não quis colocar de jeito nenhum! Tentei de tudo e ele foi firme, olhava pra mim e repetia "NÃO". Saía correndo, eu ia atrás, tentava de novo, pelo menos o colete eu insisti pra ele colocar e ele não deixava que eu vestisse nele nem por um milagre e repetia, olhando bem pra mim, totalmente decidido "NÃO".
Gente, que decepção. TODAS as crianças fantasiadas. E quando digo TODAS entendam todas mesmo, não estou exagerando. Menos o Miguel. Claro que a tia não insistiu e não deveria mesmo. O garoto tem o direito de não querer se fantasiar de pirata ou de qualquer outra coisa que o valha. Enfim, não tenho nenhuma foto do meu filho que, além de brucutu, é genioso pra caramba, vestido de pirata. E eu fiquei o resto da festa pensando que os outros pais deviam estar achando que eu sou uma mãe muito muquirana que não quis gastar um dinheirinho nem pra comprar uma fantasia pro filho...
Miguel, aos poucos, mostra sua personalidade e vai dando dicas de que nem tudo o que eu planejo pra ele é o que ele quer. Preciso ir me acostumando, mas é tão difícil porque sempre temos em mente o que achamos ser melhor pro filho e é complexo nos desvencilharmos desses pensamentos. Preciso praticar. Queria que meu filho tivesse agido como todas as outras crianças e que usasse a fantasia. Só que meu filho é único e não é, definitivamente, como todas as outras crianças. Nenhuma é. A vida é dele e é isso. Ele tem o direito de escolher se veste ou não uma fantasia. Hoje foi apenas uma questão de ser ou não pirata. O amanhã, com certeza, me reserva coisas bem maiores. Frio total na barriga.
Ai Paula, é assim mesmo. Imagina eu, que amo Inglês e o CCAA e quando quis que o Gabriel fizesse curso ele me diz que não gosta de inglês e não quer fazer curso. Não sei se tomei a atitude errada, mas como é para o futuro dele, e mãe pensa MUITO no futuro do filho, não respeitei a opinião dele, disse que seria bom para ele e que querendo ou não ele iria continuar. Filhos, acabamos aprendendo com eles!
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