Minha sogra sempre disse que assim que Miguel tivesse 2 anos, estivesse falando direitinho, gostaria que eu o deixasse na casa dela pra passarem o final de semana juntos. A primeira vista, parece o paraíso: imaginem uma noite inteira só pra mim e o namorado, sem interrupções, sem troca de fralda ou mamadeiras... Sim, Miguel ainda toma suco durante a noite e faz tanto xixi que, ou deixo que ele durma de fraldas e tenho que trocá-las umas 2 vezes por noite ou tenho que levantar pra levá-lo ao banheiro. Resumindo: tenho que acordar ainda pelo menos 2 vezes por noite.
O tempo foi passando, Miguel já está com 2 anos e 9 meses, e a Berê continuou falando a respeito de deixarmos que Miguel ficasse lá. Minha sogra é um amor e se oferece quase todos os domingos pra ficar com ele após o almoço para que a gente possa pegar um cinema. Mas a idéia, embora eu confie totalmente na Berê, de o Miguel passar a noite fora me deixava um pouco apreensiva. Todas as vezes em que não dormimos com o Miguel, estávamos viajando de férias. Tinha medo de ele ficar chorando, chamando por mim, sentindo nossa falta. Tinha um medo de mãe que acha que ninguém vai dar o chameguinho que só você sabe dar pro seu filho... Porque nós mães somos assim? Sempre achando que ninguém cuida do nosso bebê tão bem quanto nós? Será que todas as mães são assim ou só algumas como eu? Mas, sabendo que a Berê seria a primeira a nos ligar pra buscá-lo no caso de ele não estar bem ou sentindo muito nossa ausência, vencemos o medo e deixamos Miguel lá ontem.
É estranho estar em nossa casa e olhar o quartinho dele vazio e sentir a casa silenciosa. Mas realmente estávamos precisando ficar em casa, sem nada pra fazer, sem ouvir toda hora o Miguel nos chamando. O Guel está em uma fase que demanda uma atenção grande, toda hora quer alguma coisa, quer mostrar alguma coisa, quer contar alguma estória e isso cansa. Será que essa fase de agora está demandando muito da gente, mais que antes? Não sei. Desde que o bebê nasceu a gente entra e sai de tanta fase... O que fica é que, ok, as fases são diferentes, mas a demanda e o cansaço continuam os mesmos. Ainda não consigo dormir uma noite inteira e acho que nunca mais vou conseguir fazer nada inteira. Se leio um livro, metade de mim está na estória, metade está pensando porque o Miguel está tão quieto. Se estou no trabalho, metade de mim está realizando alguma tarefa e a outra metade está pensando se ficou bem na escola. Se estou tomando banho, metade Paula está no banho, a outra está rezando pra ele continuar assistindo a "Carros 2" até o fim do meu banho. Se estou no cinema com o namorado, metade está lá, no escurinho de mãos dadas, a outra metade está pensando se Miguel comeu direito.
Bem, resumindo: Miguel ficou muito bem ontem com a Berê e com os primos, foi ao baile de carnaval e se divertiu. Minha preocupação era à noite, se ele perturbaria muito a Berê... Mas já falamos com ele hoje e ele está muito feliz. Foi à praia agora pela manhã e vai almoçar. Berê achou que ele ficou tão bem que sugeriu que só fossemos buscar o Miguel amanhã. Falamos com ele pelo facetime e olhamos a carinha dele toda feliz e a resposta foi SIM. Ficarei mais um dia sem o Guel dentro da minha casa... Que estranho ... Não posso esconder que me sinto um pouquinho culpada por estar em casa sem o Miguel, em um tempo que seria pra gente ficar juntos. Mas ele está se divertindo e muito bem cuidado com a avó. E olha que ela ainda me agradeceu muito por eu ter deixado que ele ficasse com ela esses dois dias!!! Eu é que agradeço pelo descanso inesperado.
Enquanto isso, deixa eu aproveitar meu carnaval inusitadamente tranquilo. Deixa eu colocar tudo o que tenho que colocar em dia... E depois, acho que vou deitar na minha cama, com o ar condicionado ligado e ficar olhando pro teto, tentando não pensar em nada. Só sentindo uma saudade lá no fundinho do meu coração do meu menino gostoso e com uma leve sensação que depois que Miguel voltar eu vou sentir saudade dessa paz de hoje. É, não tem jeito, acho que de agora em diante estarei mesmo fadada a estar dividida em duas metades. Será que aquela estória de que ser mãe é ter outro coração batendo fora do peito começa a fazer sentido pra mim?
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