sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Paula Pateta



Na última quarta-feira tive uma reunião com o chefe e mais outras diretoras e sempre que vou até lá, antes de começar minha reunião, dou uma passada no Departamento de Ensino onde tenho muitos amigos lindos e outras pessoas que, apesar de não serem amigos tão chegados, são pessoas muito queridas. De repente, a Bianca que estava em uma reunião com a diretora de Franchising e com, nada menos, que a presidente do CCAA, surge quando eu já estava sem esperanças de encontrá-la pra dar um beijinho. 

Fiquei feliz por poder vê-la, mas não esperava que fosse me levar pra sala onde ela estava reunida com a  Milena e a Ana Salim pra me apresentar pra Milena. Chegando lá, ela me disse que a Milena estava com muita vontade de me conhecer por ouvir falar muito bem de mim e do meu trabalho. Bom, fez as apresentações e eu fiquei lá feito idiota ouvindo uma porção de coisas bacanas a respeito do meu trabalho vindas da diretora de franchising e da presidente do grupo. Travei totalmente. Eu que sempre tenho tanto pra dizer e que, normalmente, não perco uma oportunidade de fazê-lo, estava travada. Claro que eu não estava cabendo em mim de felicidade, afinal, quem não gosta de ter seu trabalho reconhecido? Só que enquanto elas me elogiavam, eu não conseguia dizer nada, só conseguia rir. E enquanto eu ria, eu pensava: "É isso mesmo, Paula? Você não tem nada inteligente pra falar? Vai ficar aí feito idiota rindo sabe-se lá de quê? Fale alguma coisa útil, mulher!". Não adiantou. Continuei a rir.

Saí daquela sala me sentindo completamente pateta. Com tanta coisa que eu poderia ter dito, eu só conseguia agradecer os elogios, o reconhecimento e... rir. Fico só imaginando a Milena se perguntando: "Como pode essa mulher ter uma fama de ser tão boa de trabalho, se só o que consegue fazer é rir? Como pode essa pateta liderar uma equipe tão competente com essa cara de boba?" Ainda bem que eu já tinha estado com a Ana Salim em outras ocasiões e acho que não fui tão pateta quanto na última quarta. Definitivamente, eu não devo ter causado uma boa impressão... Ai, meu Deus. Quem merece parecer pateta em uma circunstância dessas? S.O.S.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Começo do fim da hipocrisia



Quando vi a capa da revista Época do final de semana passado com a manchete "Filhos e Felicidade" pensei logo que aquela matéria me interessava muito. Em um mundo onde tudo aponta para a felicidade absoluta que é ou deveria ser o fato de se ter filhos, ler algo que questione essa "verdade" divulgada aos quatro cantos do mundo por gerações e gerações é como sentir uma brisa fresca batendo no rosto, é como um suspiro de alívio. No sábado não tive tempo de ler a matéria, mas o fiz no domingo.

Na matéria, alguns casais, com sinceridade e coragem, mostravam suas dificuldades desde que tiveram filhos, dificuldades que passam por falta de sexo, falta de tempo (pra ler um livro, assistir a um programa, tomar um banho, ficar quieto com quem se ama no sofá de mãos dadas), falta de dinheiro, brigas com o parceiro que reclama sua atenção ou porque ele/ela não lhe ajuda como gostaria, frustração na carreira, frustração com a rotina cansativa e entediante, frustração por ter se preparado tanto para o momento que o filho chega na nossa vida e se deparar com uma realidade totalmente diferente, saudade dos programas adultos, saudade de ouvir sua música preferida (não, galinha pintadinha, backyardigans ou Xuxa não valem), e por aí vai essa lista sem fim. 

Confesso que fiquei feliz por ver que muitas outras pessoas estão deixando de lado o medo de serem julgadas como péssimos pais e se abrindo pra falar o que acontece, na realidade, dentro da gente quando temos um filho. As pessoas estão admitindo que não são só maravilhas como quase todo mundo fala e colocando os pés no chão pra enxergar que filhos são, na maior parte do tempo, uma loucura, quase um inferno. Só não é um inferno porque existem momentos de pura magia que apagam as chamas do inferno que teimam em nos envolver. Existem momentos, rápidos como um piscar de olhos, em que um sorriso, um beijo, um carinho, faz toda essa loucura valer a pena. Vale a pena, sim, é uma experiencia única. Mas nunca pude fechar meus olhos pra todas as coisas ruins que acompanham a maternidade, mesmo que eu tenha precisado de coragem pra expor o que vai em meu coração quando sinto vontade de largar tudo e sair correndo. Ainda preciso de coragem pra falar que muitas vezes me sinto sufocar.  

Legal saber que não sou a única mãe na face da terra a dizer que não é tão simples como me fizeram acreditar. Bom saber que não sou a única que sente necessidade de falar sobre a insatisfação gerada por tantas mudanças advindas do fato de ter filhos. Quem sabe os próximos pais terão uma ideia melhor, mais perto da realidade sobre o que, de fato, significa ter um bebê em sua vida. Assim, quando as pessoas decidirem ter filhos, o farão esperando também o tsunami que vem com eles. Não serão mais pegos de surpresa por terem alimentado a vida toda uma ideia falsa de felicidade absoluta, de alegria serena por criar uma família completa. Deixando tudo às claras podemos, pelo menos, ter uma noção do que nos aguarda e, embora a realidade sempre seja bem pior que os piores avisos, haverá menos culpa, frustração e surpresa.

Os casais da reportagem estão até agora procurando o tal do paraíso da frase que diz que "ser mãe é padecer no paraíso". Tenho vontade de passar um e-mail pra eles, telefonar, fazer um sinal de fumaça qualquer implorando pra eles me falarem onde está o paraíso se o encontrarem. E ainda me comprometo a fazer o mesmo por eles. Se esse paraíso existe, ainda não apareceu pra mim. Se aparecer por aqui, podem ter certeza que aviso. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Solidão




Tem dias em que me sinto sozinha.

No meu trabalho, estou sempre rodeada de muita gente, de todas as idades, pessoas alegres, divertidas, mas, em se tratando de trabalho, não é nenhuma novidade dizer que rolam uns estresses normais de qualquer lugar onde muitas pessoas trabalham juntas e desempenham diferentes funções. Nada que não possa ser resolvido com uma boa conversa, vontade de acertar e bom senso. 

Acontece que ocupo o cargo de chefe e a verdade é que ninguém, ou quase ninguém, nunca pensa no que o chefe sente, ninguém nunca tenta se colocar no lugar dele. Sendo mais específica, as pessoas de secretaria, por ocuparem a mesma função, podem se consolar, desabafar entre si, vão sempre se entender, vão compreender as dificuldades de seu dia-a-dia. Os professores também encontram-se unidos pelas mesmas tarefas, pelos mesmos problemas e, na maioria dos casos, vão procurar compreender as reclamações, críticas e conversas em geral inerentes a profissão que surgem quando estão juntos. Mas e o chefe? Com quem ele fala quando está descontente? Quando está inseguro? Com quem ele divide uma angústia relativa ao seu trabalho, um medo? Ele que é o responsável por manter o grupo unido, por apaziguar conflitos, colocar panos quentes em situações e fechar os olhos pra outras? Ele que é o responsável por estimular o time a prosseguir, a incentivá-los a ir além? Com quem ele partilha essa carga? 

Quando a Bianca Way estava comigo, quando era minha coordenadora de ensino, era mais fácil. Podíamos dividir as preocupações, pensávamos juntas na melhor solução, conversávamos sobre o trabalho e tínhamos uma visão semelhante por ocuparmos um cargo semelhante. Ela entendia minhas dores. E me ajudava a aliviá-las. Trabalhar com ela tornava um pouco mais fácil tomar grandes decisões, muitas vezes de supetão. Não é simples quando uma situação se apresenta e você mal tem tempo de refletir porque tem que decidir na hora, tomar uma atitude no momento e arcar com suas consequências sozinha. Por isso sinto tanto a falta dela... Porque além de minha amiga, ela me ajudava a não enlouquecer quando as coisas complicavam muito. Bianca, por ter uma visão mais fria de tudo, me ajudava a não sofrer com atitudes egoístas, de gente que não consegue enxergar o todo.

Apesar de a Bianca não estar comigo há bastante tempo - sei lá, 4, 5 anos? - tenho a impressão que sempre sentirei sua falta. Ainda sinto o choque que levei no dia em que ela me falou que ia para o Departamento de Ensino. Tenho consciência de que não poderia haver pessoa mais capacitada que ela para o cargo e que sua contribuição para a empresa é muito maior estando onde ela está. Sei também que, se ela alguma vez não me compreendeu, hoje, com a vivência de líder de equipe, ela compreende. 

Bianca, por ver as coisas de forma diferente de mim, contribuía muito, é uma mulher de muitas ideias criativas e eu sou uma mulher de execução, por isso era tão bom. Não concordávamos em tudo, mas nos respeitávamos demais, sabíamos que tínhamos a sorte de estarmos trabalhando juntas, crescendo, aprendendo uma com a outra. Eu não tenho a carinha doce da Bianca, a fala mansa e a voz baixinha, nem o jeito discreto dela, mas meu coração é uma manteiga. Ela sempre soube ser mais durona que eu, contrariando sua aparência e seu jeito. Enfim, por tudo isso é que em muitos momentos me sinto só. E por mais que eu saiba que a vida é assim mesmo e que estamos aí pra lutar todo dia nossas batalhas pessoais, ainda me dói, pelo amor enorme que tenho por ela, saber que a gente era muito feliz juntas e que hoje, muitas vezes, minha amiga se sente como eu: sozinha. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

UP - Altas Aventuras




Eu assisto a muitos filmes infantis por conta do meu filho. Muitos deles, já assisti inúmeras vezes. Não sei porque crianças são tão repetitivas, querem sempre ver a mesma coisa não importa a quantidade de ocasiões em que já assistiram. Seja como for, como eu sempre gostei de filmes infantis, consigo assistir com ele. É claro que não gosto de assistir repetitivamente, mas mesmo quando Miguel não existia, nem minhas afilhadas, eu sempre fui ao cinema para assistir aos filmes feitos para o público infantil. Cinema é cinema e se for bem feito, vale qualquer um pra mim, não me importo com nacionalidade nem estilo.

Bem, por conta do Miguel ficar assistindo o mesmo filme até cansar, eu e o Namorado acabamos optando sempre por comprar os DVDs pra ele, ainda mais que ele gosta de ter a caixinha com a capa original do filme. Então, comprei o filme Up - Altas Aventuras. E foi uma surpresa constatar que o filme é simplesmente lindo! Eu e o Namorado nos identificamos muito com o casal da estória: o velhinho rabugento e, por vezes, mal humorado e a velhinha que fala pelos cotovelos, cheia de energia. Logo no início do filme, já me emocionei... As primeiras cenas são lindas, tocantes em nível máximo. É muito fofo. E, depois, no desenrolar da estória, tudo é muito bonito, muito cuidado, de uma beleza muito sutil. A trilha sonora também é excelente.

O velhinho se chama Carl Fredricksenen e sua esposa se chama Ellie. Eles se conhecem crianças e já fica muito claro todas as diferenças entre eles, no tipo de vida, na criação e na personalidade. Com o falecimento de sua esposa, Fredricksenen decide tentar realizar os sonhos que tinha quando seu amor era vivo e acaba conhecendo Russell, um escoteiro que, por acidente, embarca na aventura junto com o velhinho. A relação entre eles é outro ponto alto do filme porque enquanto o menino é superativo, alegre e extrovertido, Fredricksenen é fechado pra vida, apegado ao mundo que construiu com sua esposa, apegado a coisas e objetos do passado, preso a esse passado. Essas duas pessoas tão distintas se unem por apenas uma característica em comum: a solidão.

É claro que dificilmente uma criança da idade do Miguel vai entender todas as nuances da estória, tudo o que o filme quer passar. O filme é "infantil" porque se trata de uma animação, tem personagens engraçados e aventuras para prender a atenção da criança, mas sua mensagem vai muito além. É uma mensagem de amor e de amizade, de descobrir que nossas maiores aventuras podem ser as coisas cotidianas, pode ser o que nos parece banal, pode ser apenas viver. 








quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Gente do Bem



Música é algo que está na vida de todo mundo. Uns gostam mais, outros menos, mas a trilha sonora está sempre lá, marcando momentos, trazendo lembranças, contanto uma história. Acho que é por isso que o programa "The Voice Brasil" está fazendo tanto sucesso. O povo gosta de música, ainda mais quando é bem cantada, por gente que realmente sabe cantar e que ainda está amparada por profissionais que entendem do que fazem. Eu fico emocionada com as vozes, com as interpretações, com as músicas escolhidas ( umas eu amo, outras nem tanto), com a expectativa de cada uma daquelas pessoas que estão ali.

Só tem uma coisa que me emociona mais que tudo isso: é a estória de cada uma das pessoas, a luta, a vocação, a corrida atrás de um sonho. E, mais além, me emociono com cada família, me emociono vendo como, muitas vezes, ela é o esteio, o consolo, é a parede firme que não deixa cair. 

Antes do momento da audição que está no video do link acima, na hora em que resumidamente se conta um pouco da estória do cantor, o pai dessa cantora fala: "Ela começou a compor com 14 anos, com 17 anos, quando percebi que ela já estava com dezenas de músicas eu olhei pra ela e falei "e aí, quer gravar um CD?" e ela falou "Pô, pai, não dá... Não tem condição..."  "Tá vendo aquele carro ali? Ele vai rodar mesmo..." Coloquei o carro pra vender e ele rodou mesmo. Mas valeu a pena, com certeza, só o fato de ela estar aqui hoje já é uma vitória"

Acho tão lindo isso de ir atrás do que se quer e de ter sua família pra dar suporte, pra ajudar. Pra quem olha assim, de fora, pode parecer que esse pai é louco, imagina, vender o carro pra fazer um CD... Mas pra ir atrás de um sonho também é preciso certa dose de loucura, não é? É preciso arriscar, pensar mais alto. E isso me toca. Deve ser porque não me acho arrojada, porque não teria coragem pra fazer o mesmo, talvez. Deve ser porque tenho uma família maravilhosa e sei o valor de uma. Sei o quanto é importante contar com seus pais, seus irmãos, sua gente. Aquele abraço que, independente do cantor conseguir a vaga ou não, ele recebe quando se encontra com sua família é tão fofo, tão cheio de carinho e conforto... A família torcendo junto, quase em desespero, para que alguém escolha seu familiar, tudo isso é muito do bem, muito gente. E gente do bem me emociona.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Mestre

Sempre quis ser professora. Sempre. Nunca passou pela minha cabeça ser outra coisa. Minha mãe tentava arduamente tirar isso da minha mente, dizendo todas as verdades a respeito dessa profissão para me levar para outro caminho: que é uma profissão desvalorizada, que eu nunca conseguiria ter uma vida financeira confortável e que, por isso, como ela, eu deveria fazer concurso público e, pra tanto, melhor seria estudar Direito. Bom, eu sabia que Direito era totalmente fora de questão pra mim, mas na hora do vestibular lá fui eu estudar Comunicação Social, mas precisamente Relações Públicas. 

Só que a vida é muito louca e como vim ao mundo para ser feliz, acho que meus caminhos acabaram me levando exatamente onde eu sabia que me levariam: para a sala de aula. 

Quando entrei no CCAA para tentar entender inglês, nunca pensei que fosse achar que aquele idioma que atormentava meus dias na escola fosse virar algo tão simples de ser entendido, tão fácil de ser aprendido, muito menos que eu fosse ter prazer em saber cada vez mais e de gostar de me comunicar em outro idioma, de entender as músicas e os filmes sem precisar de tradução. Portanto, quando cheguei ao fim do curso pensei com certo aperto no coração "E agora?" Decidi, então, fazer o curso para professores e, exatamente quando terminei a faculdade, fui chamada pra dar aulas. 

Quando entrei na sala de aula pela primeira vez como professora, no CCAA de Niterói, em uma turma de Junior, estava nervosa e feliz. Quando a aula terminou, eu fechei a porta com a sensação de que havia encontrado meu caminho, que era isso o que estava buscando e estava mais feliz ainda. Meu sentimento de menina estava confirmado: sou professora. 

Hoje, meu dia-a-dia está totalmente voltado para a área administrativa da escola, mas não me esqueço dos muitos alunos que tive e não me esqueço das maravilhas e das dificuldades dessa profissão. Tenho o prazer de conviver com mais de 20 professores diariamente, tenho muitos amigos professores. Tive professores inesquecíveis, gente que passa por sua vida e deixa uma marca positiva, que faz você enxergar a vida de um jeito diferente, inovador. Muitas vezes, só o que os alunos precisam é de um carinho, um empurrão que os leve adiante, um "eu acredito em você" dito com verdade, com a alma. Que seres lindos são esses capazes de levar outros a não aceitar, como diz Zé Ramalho, uma "vida de gado"? Que seres abençoados são esses capazes de ajudar outros a discernirem o certo do errado, a questionarem? Esses seres mágicos que Deus colocou na Terra são capazes de dar a mão a alguém inseguro e falar: "vamos descobrir isso juntos!" 

Em minha rotina vejo professores animados, gente que acredita no que faz, que ainda acha que o poder da educação pode modificar o mundo. Peço que Deus os conserve assim. Vejo professores que acham que não têm a menor vocação pra sala de aula, mas que viram deuses quando estão com seus alunos, capazes de fazer com que eles façam coisas grandiosas. Peço a Deus que os ajude a entender o que realmente são. Vejo professores que tem brilho no olho, gente que é feliz fazendo o que faz apesar de tudo, do desrespeito, da remuneração, da falta de valor recebida de uma sociedade tão boba. E que Deus os ilumine e dê forças para prosseguir. Professores novatos, com sede de aprender essa magia que só acontece dentro de uma sala de aula, professores experientes mas que não se cansam de acreditar. Que Deus os mantenha assim, com sede de viver. E, é claro, professores cansados que só vêem na sala de aula um meio de ganhar sustento. Peço a Deus que modifique suas vidas para que encontrem seu verdadeiro caminho.

De qualquer forma, quero deixar aqui a minha sincera homenagem a pessoas que se dedicam a educar, a fazer crescer, a transformar. Eu me sinto orgulhosa por ter, durante anos, entrado em sala de aula e ter feito a diferença na vida de tantos alunos. Eu me sinto orgulhosa por ter ao meu redor gente que ama o que faz e faz com tanto amor que dá vontade de ficar sempre por perto. A você, a todos nós, professores que ainda acreditam no poder da nossa mão, no poder da nossa escolha de vida: parabéns!!

"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino." (Paulo Freire)

sábado, 13 de outubro de 2012

Você não vai trabalhar?



Ontem, feriado de Nossa Senhora Aparecida e dia instituído pelo comércio para ser o dia das crianças, passamos com o Miguel o tempo inteiro. É cansativo mas gostoso. Ele brincou muito e nem tirou seu soninho de fim de tarde, o que fez com que ele estivesse na cama às 22:30. 

Agora pouco, acordou cheio de carinho, pediu que eu colocasse um filme pra ele e pediu pra comer pizza. Expliquei que poderíamos comer pizza mais tarde, depois de irmos ao cinema assistir "Procurando Nemo" - filme que ele ama e que foi lançado em 3D. Com cara de curiosidade, ele vira-se pra mim e pergunta: "Você não vai trabalhar de novo, mãe? Vamos ficar o dia todo juntos, minha gostosinha?" Quando respondi que sim, iríamos ficar o dia todo juntos, a cara de alegria do Miguel foi tão linda que me me encheu de emoção. 

Nesse feriadão, nem eu nem o namorado vamos trabalhar os 4 dias e poderemos ficar com ele em tempo integral. Não faremos nenhum programa só nosso. Dessa vez, os programas serão somente os dele e vê-lo feliz mesmo que não fizéssemos nada, só pelo simples fato de me ter ao seu lado, faz todo o cansaço valer a pena. Esse meu gostosinho me dá tanto amor que chega a entornar do meu peito. Acho que é esse amor que entorna, que transborda, que me faz chorar só por olhar Miguel dormindo, só por sentir seu abraço apertado, só por ouví-lo me chamando de "sua gostosinha". Existem muitas coisas maravilhosas nessa vida, nesse mundo lindo criado por Deus, mas nada, nada supera o carinho tão sincero que uma mãe recebe de seu filho. Nada mesmo. 


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ânimo




Algumas coisas me incomodam nesse mundo e uma delas é falta de ânimo. Sabe gente que já começa a semana cansada, assim, sem ter motivo? Acho até normal que na segunda-feira a gente esteja cansadinha das andanças do fim de semana, mas é um cansaço do corpo, a cabeça fica ótima depois de um sábado e domingo bem vividos. Então, entrar no trabalho em plena segunda-feira e ver cara de gente que preferia estar na cama dormindo me deixa meio mal. 

Parece que essas pessoas estão sempre olhando pra dentro, pro que poderiam estar fazendo se não tivessem que trabalhar, se não tivessem que estudar com o filho, se não tivessem que lavar roupa ou arrumar a casa. Acho uma chatice. Talvez esse desânimo seja uma das coisas que mais me incomodam dentro de um grupo que está sempre junto. Na família, uma pessoa assim é um fardo. No trabalho, é como uma nuvem negra que acaba cobrindo outras pessoas que não têm nada a ver com esse estado de espírito constante que alguns optam por adotar. Óbvio que não quero que todo mundo esteja bem o tempo todo. Todo mundo tem seu momento pra baixo, quando a gente fica tristinho. Todo mundo tem seus momentos de reclamar, de chutar o balde e falar um monte de besteiras e de achar defeito em tudo. Mas ser assim o tempo todo, é dose pra elefante. 

Talvez seja fácil alguém como eu falar, porque amo o que faço e faço com amor. Talvez vão dizer que não tenho problemas. E eu digo e repito que não existe ninguém nesse mundo que não tenha um problema, que não tenha uma dor de cabeça, uma decepção, uma vontade louca de chorar e largar tudo. Mas será que não é possível encarar tudo com mais leveza? Será que não dá pra pensar positivo e agradecer por tudo o que temos? Será que, como na música do J Quest, não é possível entender que "viver é uma arte, um ofício, só que precisa cuidado pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício"? Eu me irrito com gente que não se engaja, que não veste a camisa, que não tem energia. Eu me irrito com gente que reclama sentada, contaminando outros, sem pensar em uma solução. 

Sempre existe uma solução. E, como já me disse meu cunhado uma vez, se não tem solução, não é problema! Melhor esquecer e partir pra outra coisa. Eu fico sem tesão quando vejo gente que trabalha só pensando em dinheiro e, de tanto pensar nisso, esquece o lado bom do seu trabalho. Tenho pena de quem entra no trabalho com ombros curvados, pés arrastando no chão, pensando que ainda vai ter o dia inteiro pela frente antes de voltar pra casa. Pra começar tudo de novo no dia seguinte. Todo mundo precisa de dinheiro, mas se pra conseguir dinheiro temos uma função, tenha ela sido escolhida por você ou tenha essa função caído em seu colo por contingências da vida, mesmo que você não goste, porque não dar o melhor? Ou mude. Descanse. Faça outra coisa. Busque outra coisa. Comece a encarar suas escolhas da melhor maneira possível e mude seu modo de encarar o mundo.

Acho que é por isso que me encanto tanto com gente com vontade de fazer, de criar, de inovar, de ir além, de pensar "outside the box". E podem anotar aí, no dia em que me virem pela vida, arrastando chinelinho no chão, está na hora de colocar minha bolsa no ombro e largar tudo.  Quando a gente olha pro que tem nas mãos com mais carinho, mais cuidado, tudo fica mais leve. É bom cuidar do que é nosso. É bom olhar pra tudo que acontece no nosso dia-a-dia por mais pesado que seja com um olhar de bondade. Vamos começar a ser bons com a gente mesmo? Vamos começar a parar de reclamar e valorizar o que temos? 

      

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aniversário do Namorado



Namorado e eu estamos juntos há mais de 8 anos, começamos a namorar em janeiro de 2004 e casamos em abril de 2005. Quando falo em tempo, o número de anos faz parecer muito, mas, na verdade, é pouco perto de tudo o que queremos fazer e viver. Vamos vivendo na contramão de tudo o que mostra que um casal vai dar certo porque temos gosto e temperamento diferentes. Hugo adora artes, pinturas, esculturas, design, é  capaz de passar horas e mais horas, talvez dias,  dentro de um museu analisando tudo. Por "tudo" entendam coisas para as quais eu nunca havia dado atenção como o jeito que o artista vê a cena, como a luz estava na hora em que o quadro foi pintado, como o artista consegue retratar a textura dos tecidos, frutas e superfícies que estão no quadro. Eu? Agora estou entendendo melhor esse mundo e aprendendo com ele, mas, de fato, não dou muito valor. 

Hugo gosta de música baixa. Eu gosto de escutar música nas alturas. Ele diz que é coisa de suburbana... Pode ser que seja mesmo. Mas não estou nem aí. Ele detesta dance music, só escuta JB FM. Eu mudo de estação do rádio sem parar e gosto de tudo um pouco. Hugo fica horas assistindo History Channel, programas sobre história, guerras, astronautas e aviões. Eu acho um saco. Eu leio mil livros, um atrás do outro, ele não consegue se concentrar em nenhum se não houver silêncio absoluto em casa. Quer dizer, ele quase não lê, principalmente depois que Miguel nasceu. Eu adoro planejar nossas viagens, lugares que vamos visitar, hotéis onde vamos ficar, quanto tempo em cada lugar e preços. Passo pra ele tudo no final, pra ele dar sua opinião, modificar ou acrescentar alguma coisa e fechar. É assim: eu planejo, ele paga. 

Eu não posso admitir passar meu aniversário sem comemorar, estar com minha família e amigos. Ele, se possível, viaja pra bem longe de tudo, desde que esteja comigo e com o Miguel, pra ele está ótimo. Eu sou falante, comunicativa, risonha, chorona, tudo meu é muito, sou intensa, me mostro, me exponho. Sou aquilo que se vê e mais aquilo que não se vê. Ele é reservado, mais na dele, pode até parecer antipático, a princípio, ou metido. Pra chegar a conhecer o Hugo de verdade é preciso talento e calma, muita calma. Mas o namorado tem um coração enorme, amigo de verdade dos bons amigos que fez ao longo da vida. E apesar de mais fechado, é muito sacana e divertido quando ganha confiança e intimidade com alguém. E como sabe tratar bem uma mulher... Faz eu me sentir uma princesa, faz minhas vontades ao mesmo tempo que sabe falar grosso e me colocar no lugar quando estou exagerando em alguma coisa ou dando algum ataque. 

Eu falo com estranhos. Ele estranha quando algum estranho fala com ele. Quando precisa perguntar alguma coisa na rua ou quando precisa de uma informação, pede pra que eu vá perguntar ou saber com alguém. Hugo não tem tolerância com burrice ou pessoas sem noção, mas a convivência comigo está fazendo com que ele melhore porque tenho paciência e mais tolerância para responder perguntas idiotas ou sem sentido. Ele tem raciocínio rápido e conclui as coisas muito mais rapidamente que eu. Tem velocidade de reação absurda em situações extremas e mantém a calma enquanto estou me descabelando. Ele adora uma cerveja  e curte as loucuras que se faz quando se bebe e que só quem bebe entende. Eu não bebo uma gota de álcool e acho um saco estar em um lugar onde todos estão "altos" e acham graça até da formiguinha passando em cima da mesa enquanto você é a única pessoa sóbria. Ele se solta quando bebe, eu me solto sem beber.

Por tantas diferenças, pode parecer que nossa convivência é um inferno, mas, por incrível que pareça, não é. Vivemos em perfeita harmonia, respeitando nossas individualidades. Quando estou em casa sozinha, coloco o som no volume máximo e arrumo minhas coisas dançando e cantando escutando meu pagode, meu rock, meu dance, enfim, o que tiver com vontade de ouvir. Quando ele está em casa, colocamos outro tipo de música, que eu curto também, mas ouvimos em volume mais baixo pra ele não se aborrecer. Quando viajamos, se não conheço o museu faço questão de ir e acompanhá-lo, mas se não tenho interesse em ir de novo ou ficar tantas horas, saio batendo perna por aí e marcamos um horário para nos encontrar. Ele curte as coisas dele e eu curto as minhas em paz e depois contamos um pro outro o que fizemos e o que achamos interessante. Não faço compras pra mim no shopping com ele. Coitado. Entendo perfeitamente que fazer compras com mulher é realmente uma dor para um homem. Então, faço isso em dias que ele esteja trabalhando pra eu poder curtir meu momento shopping sozinha ou com amigas sem deixá-lo entediado. Quando ele está assistindo seus programas que considero chatos, deito a seu lado e pego meu livro. Assim, ele pode ver o que gosta enquanto pousa sua mão em minha coxa e eu viajo na estória do meu livro ao seu lado. 

E assim vamos vivendo juntos, sempre. Aprendendo um com o outro e procurando respeitar as tantas diferenças que poderiam nos afastar mas que são exatamente as coisas que nos unem. Que bom saber que ele me aceita como sou. Que bom saber que o aceito do jeito que é. Hoje, é aniversário do meu namorado e, respeitando sua vontade, não marquei um jantar ou uma festa, não chamei seus amigos como muitas vezes fiz. Apenas comprei um bolo pra gente cantar parabéns com o Miguel, minha mãe e minha irmã que, com certeza, estarão lá em casa pra dar parabéns a ele. Mesmo querendo comemorar com tantas pessoas o fato desse homem estar completando mais um ano de vida, estou quieta. Quieta e desejando que eu possa fazê-lo feliz. Quieta e pedindo a Deus que ilumine seus caminhos e que ele possa achar as respostas que procura. No dia do aniversário do Namorado, só desejo que ele viva muitos anos com saúde porque temos muito o que fazer juntos. Quero que o Namorado tenha força e fé e que a gente viva a nossa vida assim, feliz.