Domingo fomos à Fazendinha com o Miguel. Na verdade, além de
mim, Namorado e Miguel, levei as minhas afilhadas Rafa e Duda e Berê – minha sogra,
Gabriela – minha cunhada e Natália, prima do Miguel nos encontraram lá. Foi um
dia muito agradável, Miguel estava feliz da vida e adorou estar em contato com
tantos bichos. Tudo corria muito bem até decidirmos ir pra fila da charrete.
Natalia, Duda e Miguel foram pra fila e eram os terceiros.
Eu ainda estava na parte dos cavalos com a Rafa e Berê, Hugo e Gabriela ainda
estavam se encaminhando para o local da charrete. Quando cheguei lá, a fila já
estava longa. Rafa se juntou à Duda, Natalia e Miguel e ficamos ao lado
esperando e observando chegar a vez deles para tirarmos fotos. Pouco antes da
vez deles, notamos um menino, pouco mais velho que Miguel, sentado como se
fosse o próximo da fila. Perguntei-me de onde tinha aparecido aquele menino, já
que não estava lá quando as meninas chegaram mas deixei pra lá.
Quando a charrete retornou e o condutor perguntou quem eram
os próximos, o menininho levantou a mão e eu procurei os pais da criança e não
os vi. Perguntei pra Duda e Natalia se o menino, de fato, havia chegado antes
delas e elas me olharam com cara de bobas e não falaram nada. O condutor
perguntou novamente e o menino continuava com o bracinho levantado dizendo que
era o próximo. Aí, a mãe do menino saiu lá de trás da fila e foi entrando na
charrete com o garoto. Achei estranho a mãe deixar o garoto na fila lá na
frente e ela ficar lá atrás, ocupando outro lugar na fila, estava claro que
havia algo errado, mas um homem se pronunciou dizendo que o garoto estava mesmo
na fila e em vista do testemunho dele, acreditei.
Qual não foi minha surpresa quando o garoto chegou de volta
com sua mãe e o mesmo homem que foi em sua defesa anteriormente, ao vê-lo
descendo da charrete, disparou: “Quer andar na charrete de novo, filho? Se quiser,
entra aqui na fila comigo.” Opa, como assim?? A mãe do garoto era a esposa dele
e eles somente haviam colocado o garoto na área coberta na frente da fila, mas,
mediante a hesitação das minhas meninas, encontraram uma ótima ocasião para
furar a fila e o fez. Fiquei muito indignada.
Minha indignação foi grande principalmente por perceber que
esses pais já estão ensinando uma criança tão pequena a desde cedo não
respeitar ordem, estão ensinando a transgredir. Chamei as meninas de idiotas na
frente de todo mundo porque elas sabiam que o menino não estava ali quando
chegaram mas não quiseram falar nada. Agiram errado. Devemos falar sempre
quando estamos vendo algo errado e injusto. Eles só foram espertos porque elas
foram otárias.
Pra terminar, a senhora que estava atrás do ‘fura filas’,
depois que minhas meninas já estavam na charrete ainda confirmou: “Eles furaram
fila, sim, porque estavam bem na minha frente. Eu não falei nada porque eles
iriam andar antes de mim de qualquer jeito, não importava em qual ordem fosse. Mas
se eles estivessem furando a minha frente, eu teria falado algo pra lhe ajudar.”
Pode isso? Que absurdo! Quer dizer que se o meu estiver na reta, eu me
manifesto, se for só o dos outros, aí me calo porque “não tenho nada com isso”
e os outros que se lasquem. Será que ninguém enxerga que se hoje fazem com quem
está ao seu lado, amanhã será com você?
Esse pensamento de só enxergar o próprio umbigo me enerva ao
extremo. Detesto injustiça. Não quero nada que não seja meu, mas também não
deixo ninguém tirar de mim o que me pertence, o que é meu por direito. Se vejo
alguém furando uma fila na frente de alguém e essa pessoa está reclamando, não
penso duas vezes antes de me juntar a ela e dizer, em alto e bom tom, que vi sim o espertinho tentando levar
vantagem. Como me calar? Simplesmente, não consigo. Procuro ser justa em tudo o
que faço. Lógico que erro, não sou perfeita, mas busco a justiça em todas as
minhas atitudes. Não desrespeito o espaço alheio, não passo por cima de ninguém
e acredito que dessa forma todos viveriam em um mundo com mais respeito e amor.
Além disso, sou exemplo para um menino que precisa aprender que o espaço dele
vai até onde começa o de seu colega, que a vontade dele não é nem mais nem
menos importante que o do próximo e que devemos respeitar para sermos
respeitados. Não posso nem pensar em criar um filho que venha a acreditar que é
possível “levar vantagem” em
tudo. Ainda penso que a melhor forma de ensiná-lo a ser justo
é fazer meu discurso ser coerente com minhas atitudes. Tarefa difícil já que estamos
vivendo em um mundo onde os espertinhos e os fora da lei estão sempre sendo
valorizados e desculpados.
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