quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Óculos





Pense em alguém que odeia usar óculos. Se você me conhece, com certeza, minha imagem se formou em sua cabeça. Se não conhece, talvez tenha conseguido se lembrar de outra pessoa que também odeie óculos. Mas, se não se lembrou de ninguém, deixe que eu me apresente: sou Paula, com miopia desde os 7 anos de idade e com astigmatismo desde os vinte e poucos. Enfim, um óculos com lentes grossas, pra ser delicada. Pra muitos, o famoso óculos fundo de garrafa.

Como muitas outras crianças, descobri que tinha problemas na visão aos 7 anos de idade, na escola. Minha avó paterna reparou que eu andava apertando muito os olhos pra ver TV ou enxergar algo que estivesse distante e aconselhou minha mãe a levar-me ao oftalmo. Dito e feito: já comecei com 1 grau e meio de miopia. E já me tornei dependente dos óculos desde a hora em que abria os olhos pela manhã. Aos doze anos eu já estava com 5 graus de miopia e, apesar de já ter tido 8 graus e meio, hoje estou estabilizada em 7 graus de miopia e 3,5 de astigmatismo. 

Usar óculos sempre foi um problema chato pra mim. Sempre fiz dança e os óculos me atrapalhavam. Não me sentia bonita, me sentia estranha. Então, aos doze, enchi tanto o saco do médico e da minha mãe que consegui convencê-los de que usaria lentes de contato com todo o cuidado necessário. Assim, tive meu primeiro par de lentes e me senti livre! Já pensei em operar, já consultei três especialistas diferentes e eu não sou uma pessoa indicada para a cirurgia porque tenho uma tendência a ceratocone e, portanto, se estou adaptada às lentes, melhor continuar com elas. Minha rotina, depois que acordo, é simples assim: fazer xixi, escovar os dentes e colocar as lentes. Invariavelmente, sigo essa ordem. Só as tiro quando está na hora de ir pra cama mesmo. 

Só que, de vez em quando, é preciso ficar sem as lentes para fazer um exame oftalmológico e checar se está tudo bem, se o grau é o mesmo ou não. E aí é preciso ficar 48 horas sem as lentes para que o resultado não sofra interferências. E então meu sofrimento começa. 

Primeira coisa, nesse calor é insuportável aguentar os óculos escorregando no seu nariz o tempo todo. Sinto um calor absurdo quando estou usando meus óculos. Segunda coisa, não tenho vontade de passar maquiagem, os óculos escondem qualquer tentativa de ficar mais bonita. E mais, de tanto me achar feia de óculos, tenho a impressão que sou invisível quando estou de óculos, ou será que gostaria de ser? Minha postura muda quando estou de óculos, ando olhando pra baixo, me escondendo do mundo. Por último, meus olhos são, naturalmente, puxadinhos, quase olhos de japonesa. Resultado: com as lentes para corrigir miopia, meus olhos ficam minúsculos e isso me incomoda também.

Acho até que esse modo de me sentir quando estou de óculos, explica porque na escola eu me sentia mesmo meio invisível.  Simplesmente não me achava interessante quando só era chamada de "quatro olhos". Por isso, talvez, fosse tão quieta. Melhor passar despercebida que avacalhada. Melhor ser invisível que ter que ouvir que você precisa limpar seus óculos o tempo todo, ao invés de ouvir que seus olhos são bonitos . Parece loucura, mas sou uma Paula com óculos e outra sem eles. A Paula sem óculos é confiante, segura, sexy se quiser. A Paula de óculos não consegue flertar, quer só se esconder, ficar quieta em casa, longe do mundo. É estranho, eu sei. Acho tantas mulheres bonitas com seus óculos, não eu. Não importa quão linda seja a armação, não importa que gaste muito dinheiro fazendo uma lente parecer mais fina, sempre me sinto esquisita.

Por tudo isso é que admiro quem se gosta com óculos ou sem eles. Admiro quem é segura o suficiente pra paquerar alguém estando com seus "quatro olhos". De minha parte, só tenho a dizer que eu não me sinto eu quando estou com meus óculos. E ainda bem que estes dois dias já acabaram e que já fiz meu exame. Amanhã, ao acordar, volto a minha rotina normal e saio, linda, me sentindo maravilhosa, com minhas lentes de contato.

10 comentários:

  1. Com todo respeito a voce, ao seu marido e aminha mulher, posso dizer que voce eh gata de qualquer maneira!
    p.s. - sou sincero mas nao tenho coragem de dizer quem sou. Ass.: Anonimo

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    1. kkkkkkk Bem, seja lá quem for, senhor Anônimo, muito obrigada pelo elogio!!!!

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  2. Engraçado, me sinto melhor de óculos. Tenho hipermetropia e.astigmatismo com grau básico, mas completamente.viciada neles.
    Marcelinho tem o mesmo e.usa.há um ano.
    Força qd.está naqueles.dias.da visão.
    Beijos nos meninos!!!
    Bia

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    1. Bia, beijo pra você também!! Pois é, vejo que você é super adaptada a sua rotina de usuária de óculos!!! E que bom que se sente bem!! Beijos pros seus meninos também!!

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  3. Paula, vou colocar aparelho fixo em 10 dias. Estou tenso e estou louco para compartilhar com você essa experiência. ! rs
    Você é linda com ou sem óculos! beijos saudosos!

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    1. Meu Deus... Imagino a ansiedade... Quero saber de tudo agora que você vai ter um "sorriso de metal!!" Já começou o bullying!!! Saudades!!!

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  4. Olá! Parece que estava lendo a minha própria história, também tenho miopia, comecei a usar óculos também com sete anos, só que já comecei com 4 graus, hoje tenho 16 e miopia e 2 de astigmatismo, entendo bem o que você sente... Sou totalmente dependente das lentes de contatos, óculos só no dia do exame, não que eu ache que uma pessoa fique feia de óculos, mas quando a lente é muito grossa deforma o rosto...Mas mesmo assim dou graças a Deus por poder enxergar.

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  5. Paula Eu sou assim também!!! ★

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  6. Também sou adepta as lentes de contato, não gosto de óculos por vários motivos, tenho a impressão que se algum conhecido ou parente me ver de óculos vai me fazer alguma pergunta e odeio que me façam perguntas por causa de óculos, sem contar o campo visual que é bem melhor.

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  7. Você acabou de me descrever. E tbm me chamo Paula. Pra mim óculos é mais do que "não gostar" é ser alguém que não quero ser. Consegui minhas lentes aos 16 anos e desde então usar óculos seria ser aquela menina, que eu não quero voltar a ser. Lhe entendo perfeitamente

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