O Namorado sempre diz que eu sou uma das poucas pessoas pra quem dinheiro importa menos que reconhecimento. E ele tem toda razão. É claro que adoro dinheiro pra gastar com minhas coisas, pra ter uma vida confortável, pra viajar, dar presentes pro meu filho, comer bem, enfim. Eu gosto de dinheiro. Mas quando reconhecem meu valor, meu esforço ou meu trabalho sinto uma felicidade imensa. Pra mim é muito melhor ser reconhecida pelo que faço que ter um salário astronômico.
No fundo, o que fica dessa vida é isso mesmo: a marca que se deixa nas pessoas que nos cercam, nesse espaço imediato que existe ao redor que é o nosso mundo. Eu tenho um trabalho que me faz lidar com pessoas diariamente. Pessoas que conheço bem que são meus companheiros de dia-a-dia e pessoas que não conheço tanto, que são os alunos, seus pais, gente que entra pra pedir uma informação, pra buscar alguma coisa. Mas nesse grupo de mais ou menos 30 pessoas que fazem parte do meu time, procuro ser ponte pra crescimento, busco que eles aprendam e me ensinem. Alguns chegam prontos outros me dão um trabalho danado, porque chegam novinhos em seu primeiro emprego, onde tudo é novidade e sem ter, muitas vezes, a menor noção da responsabilidade e do grau enorme de exigência que vou impor a eles.
O Lucian me deu trabalho. Cara, ele me deu MUITO trabalho. Chegou novo, sem experiência alguma, caladão, um cara que não dividia, um nerd que não sabia trabalhar em equipe, um rapaz muito seguro de si com dificuldades pra admitir que não estava se saindo bem. Pensei em desistir, em demití-lo, em deixar de acreditar que ele poderia chegar lá. Muitas vezes falei pra mim mesma: "Chega! Agora foi demais! Já deu." Muitas vezes pensei que ele não poderia estar querendo aprender a trabalhar com a gente de verdade. Mas algo no meu coração dizia que eu devia esperar e conversar mais uma vez, lutar por ele. Afinal, aquele aluno que sempre foi muito bom, não poderia virar uma decepção completa como funcionário. E fiz exatamente isso: insisti, segui meu coração ou algo maior que me dizia, apesar de tudo, pra enxergar nele o que mais ninguém via: alguém com dificuldade de aceitar seus próprios erros, mas comprometido com a camisa CCAA. Que bom que fiz isso.
Lucian melhorou MUITO com o passar do tempo, com trocentos esporros meus e conversas com outras pessoas da equipe que também se empenharam pra lhe abrir os olhos. E agora vai seguir outros rumos e vai levar com ele o muito que aprendeu com a gente. Vai levar com ele tudo o que pôde aprender com essas pessoas de seu primeiro emprego. Vai nos levar sempre com ele. E isso faz com que me sinta realizada, com sensação de missão cumprida porque consegui deixar minha marca nesse nerd fofo. Hoje recebi essa cartinha dele:
"Chefe, dentre todas as coisas que eu poderia te dizer, nenhuma resumiria tão bem quanto um MUITO OBRIGADO o que eu gostaria de falar.
Obrigado pelas oportunidades, pela paciência e pelo aprendizado.
Você pode ter certeza que o profissional (e a pessoa) que sou hoje tem bastante dos seus esporros (e elogios ... afinal de contas, eu tomei jeito!) e dos esporros do nosso time do CCAA Ilha. Vocês são realmente especiais!
Desejo toda saúde, alegria e tranquilidade do mundo pra você e sua família.
Um fenomenal fim de ano e um sensacional 2013.
Muito obrigado e desculpe qualquer coisa!
Lucian"
Meu dia foi maravilhoso e ficou ainda melhor!! Ah, Lucian... Que feliz eu fico por você!!! O melhor agradecimento você já tinha me dado: ter se tornado um cara mais aberto, mais solto, mais disposto a aceitar seus erros e fragilidades. Way to go!!!
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