sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ainda menstrua?

Tinha marcado de fazer uma mamografia pra hoje e lá fui eu. Véspera de Carnaval, estava tudo muito calmo. Cheguei lá na hora certinha e fiquei aguardando pra ser chamada. A moça que me chamou para realizar o exame devia ter uns 25 anos e eu fiquei imaginando a quantidade de peitos que ela vê todos os dias. Peitos de vários tamanhos, cores e formatos. Pensei também na quantidade de mulheres nervosas ou apreensivas que ela atende todos os dias. E, por último, pensei que pra muitas deve ser meio chato tirar a roupa na frente de uma mulher tão mais nova, que, provavelmente, deve ter seu peitinho super no lugar. 

Entretanto, não tenho do que me envergonhar. É óbvio que meus seios não são mais tão lindos como já foram um dia, nem tão redondinhos. Se tem uma coisa que acaba com a forma redonda dos seios é gravidez. E não é pra menos: o pobre do peito incha desesperadamente, fica cheio de leite. Tanto que fica parecendo uma bola de boliche, tão maior que o tamanho normal que parece algo a parte do seu corpo. Depois, ele desincha e é claro que a pele que estica dessa maneira, por mais que volte, não volta a ser do jeito que era antes. Isso é fato. É como um elástico: depois que você esticou, pode até demorar pra ele arrebentar, mas voltar ao que era antes de esticar, isso não volta não... Mas, retornando ao assunto, tirei minha blusa e o sutiã confiante, porque meus peitos podem não estar olhando pro céu, mas ainda olham pra frente com dignidade!

Aí a jovem começou a me perguntar tudo o que eu já tinha respondido no questionário escrito antes mesmo de entrar na sala de exame. Perguntou se tinha caso de câncer na família, se eu já tinha tido câncer, feito cirurgia, posto silicone e blábláblá. Pra quê responder um questionário no papel e entregar pra ela, se ela não vai ler? Mas, tudo bem, continuei respondendo. Aí, chegando ao fim das perguntas, ela me perguntou a idade. Disse a ela, orgulhosa: 42. Mas a menina só podia estar a fim de me deprimir porque perguntou logo depois de eu dizer a idade, assim a queima roupa: "Ainda menstrua?"

Putz. Quis mandar a garota pr´aquele lugar, perguntar pra ela o que ela achava, se estava de sacanagem com a minha cara ou o quê mais. Em questão de segundos pensei em vários desaforos pra dizer pra menina, mas minha boca, sábia e educadamente, não me obedecia. Minha cabeça girava e girava, pensando mil coisas e eu só consegui responder: "Sim, menstruo." 

Arrasada, só pensava que devia estar muito velha mesmo enquanto colocava o peito direito pra ser esmagado pelo aparelho. Puta da vida, só conseguia pensar que essa garota só pode ser muito sem noção pra me perguntar se ainda menstruo depois de eu ter dito que tenho 42 anos. Será que ela sabe que há mulheres que são mães aos 42 anos? Enquanto colocava o peito esquerdo pra ser espremido que nem laranja na maquininha, tentava me convencer que era apenas uma pergunta comum, que ela precisa fazer a todas as pessoas. Só que eu já fiz mamografia outras duas vezes e ninguém me perguntou antes se eu ainda menstruava!! Caraca... Que merda. 

Cheguei orgulhosa de mim pra fazer o exame e saí indignada. Na boa, fico tentando me convencer que não estou com cara de maracujá de gaveta e até acho que estou muito bem, mas essa perguntinha foi um golpe na minha auto estima. Poxa, não teria sido melhor ela me perguntar qual foi a data da última menstruação? Assim, eu diria a data, simplesmente, sem passar por isso. Do contrário, se eu não menstruasse mais, eu diria isso a ela sem ficar achando que ela me achou uma idosa que não tem mais períodos mensais. Falta de sensibilidade. 

E assim começa o meu Carnaval. E viva a menstruação que ainda tenho, sim, e vai muito bem, obrigada!! 



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Menino e Menina



Não sei bem quando foi, mas sei que em uma reunião familiar começamos a discutir a respeito de comportamentos de hoje, de meninos e meninas. A conversa foi pro lado de quando começam a se relacionar e iniciam sua vida sexual. E eu me vi meio de boca aberta com a seguinte situação: a de observar que pessoas esclarecidas e de bom nível cultural ainda esperam que meninos "peguem" todas as meninas e que as meninas não "peguem" todos os meninos. Fiquei ali naquela conversa pensando que quase ninguém se assusta se um menino iniciar sua vida sexual em um relacionamento casual, em uma noite ou dia qualquer, com uma menina com quem não tem um relacionamento estável ou afinidade, mas ainda se espera que as meninas iniciem sua vida sexual com um namorado, depois que conhecem bem o parceiro. Oi? Por que tanta diferença?

Se hoje o comportamento de ficar com dois meninos ou meninas, ou mais, em uma mesma festa é considerado normal, não me cabe julgar. Sou de outra geração, quando ficar com um menino hoje e outro amanhã, já dava o que falar, mas os tempos mudam, se pra melhor ou pior, não sei dizer e nem acho que vem ao caso. O que me chama mesmo a atenção é a coisa de que, por mais que os tempos mudem, o julgamento pra cima da mulher ainda seja tão carrasco. Se você me perguntar o que penso, posso dizer que não acho legal nem pra um menino e nem pra uma menina beijar mais de uma boca por noite. Não acho legal pra nenhum dos dois sexos. Mas o que eu acho mesmo horrendo é que vejo mães que têm tanto menino quanto menina em casa, educando de forma diferente um e outro no sentido de que o menino pode, sim, exercer sua sexualidade e sua condição de "macho", sendo inclusive enaltecido por isso, enquanto à menina é negada essa possibilidade. A menina deve "se preservar". Nessa hora eu acho tudo muito estranho.

Menino não é igual a menina. Eu sei. O olhar pra vida é diferente, os interesses são diferentes e eu observo todos os dias isso em minha casa. Meninos e meninas não são iguais e nunca serão. Perdoem-me as feministas, mas existem, sim, diferenças inerentes ao gênero que não há evolução que apague. Meninos, em geral, têm mais força física que as meninas. Isso é fato. Nossos cérebros funcionam de forma diferente mesmo e sempre digo que ter útero e ovários faz muita diferença no jeito de encarar o mundo. Mas acho total perda de tempo continuar achando que homem tem que pagar tudo dentro de casa ou que a mulher é que tem que ter a responsabilidade de manter a casa arrumada. Pagar as contas não me torna menos mulher e se meu marido for o responsável pelas tarefas de casa não será menos homem por isso. Porém, algumas mães não pensam que as diferenças são apenas o jeito de encarar o mundo, afinidades diferenciadas ou força. Algumas mães continuam disseminando hábitos antiquados que tornam a nossa vida muito mais difícil de ser vivida. Ainda vejo mães permitindo que seus meninos façam xixi na rua, enquanto falam para suas meninas segurarem o xixi até chegar a um banheiro. Ainda vejo mães permitindo que seus filhos mexam nos genitais na frente de qualquer pessoa enquanto se a menina tiver uma coceirinha e colocar a mão lá, pedirão na mesma hora que não façam isso, por ser feio. Bolas, é feio pros dois! Por uma regra social, não é de bom tom coçar nossos genitais em público. Mas por essa permissividade dentro da casa dos pais é que vemos montes de homens na rua se coçando ou se "ajeitando" sem o menor pudor.

Enfim, nós, pais, somos responsáveis por criar seres humanos mais elegantes. Somos responsáveis por deixar pro mundo mulheres mais guerreiras, que lutam pelo que querem, que ganham a mesma coisa que seu marido - ou mais, por que não? - sem perder sua essência feminina que faz com que goste de ser mimada, cortejada, que faz com que goste de cuidar de seu companheiro e de ser tratada com todo o carinho e respeito. Nós, pais, somos responsáveis por deixar pro mundo homens mais parceiros, que trocam fralda, que são ativos na vida escolar de seus filhos, que preparam mamadeira e dão banho. Homens que saibam ser parceiros nas tarefas cotidianas e que se permitam chorar, sim,  sem perder sua essência masculina que faz com que gostem de proteger, conquistar e de racionalizar quando a coisa ameaça fugir do controle. 

Quando era criança, lembro de ter amigas que tinham  irmão e, não raro, ao acabarmos de lanchar, o irmão levantava da mesa e se mandava enquanto minha amiga e as outras meninas tinham a tarefa de tirar a mesa e lavar a louça. Morando na mesma casa, criados pelos mesmos pais, o menino podia coisas que a menina não podia. Mas isso foi há 30 anos! Como, nos dias de hoje, ainda continuamos a educar meninos e meninas de forma diferente? Como continuamos enaltecendo o menino "pegador" e inibindo a menina "pegadora"? Ainda temos medo de que nossas filhas sejam julgadas? Volto a repetir, esse comportamento de pegar todo mundo pode não ser legal, mas se assim for considerado, que seja pra qualquer sexo. Se achamos que menino pode, por que a menina não? Até quando isso vai? 

Bem, estou tentando fazer a minha parte dentro de casa. Mas eu não tenho um menino e uma menina. Tenho apenas um menino. Mas quero muito que esse meu menino cresça aprendendo a respeitar as mulheres e que ele entenda que se ele pode beijar várias meninas em uma mesma festa, não pode julgar a menina que faz o mesmo. Espero que ele entenda que se quiser que uma menina fique apenas com ele, deve dar o exemplo. Porque para ser cuidado, é preciso cuidar. E porque pra ser respeitado, é preciso respeitar. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Como nossos filhos nos vêem?

Toda mãe se cobra, se questiona. Toda mãe quer ser a melhor mãe do mundo pro seu filho. Toda mãe erra, afinal é humana e cheia de limitações, mas quer muito acertar. Toda mãe se culpa. Por ter gritado, por ter dito não, por ter dito sim, por ter sacudido, por ter batido. Por ter chegado atrasada na porta da escola, por não ter conseguido assistir a primeira aula de balé ou judô. Toda mãe queria ter mais tempo, mais paciência, mais disciplina, mais ou menos rigor. 

Enfim, esse vídeo é uma benção para todas nós, pobres mães, guerreiras, lutando sem descanso nessa batalha pra deixar pro mundo seres humanos melhores que nós.

Segue o link: 





quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Felicidade



Nessas últimas férias tive um dia só pra mim. Desses que a gente não tem que sair pra resolver nada, e decidiu que não vai arrumar nada em casa, nem pôr nada em ordem. Namorado tirou o domingo pra ir pescar com os amigos e o Miguel tinha ido pra casa da avó. Resultado, fui pra piscina do clube pegar um solzinho "me sentindo". Pela primeira vez em 4 anos e 8 meses, carregava apenas a mim mesma, um dinheirinho, meu óculos escuros, um livro e protetor solar. Nada de carteira do Namorado na minha bolsa. Nada de boia, brinquedinhos, roupa extra, toalha e biscoito. Cheguei ao clube pensando que se aquele momento não era felicidade, eu não saberia dizer o que seria. 

Arrumei um bom lugar e me esparramei sem pressa nem medo de ser feliz. Sozinha com meus pensamentos, pensamentos que não seriam interrompidos por um "manhêêê, quero biscoito!" ou "Manhê, você só trouxe a bóia do toy story? Cadê a do homem-aranha?" Enfim, vidão total. Paz pra ler meu livro, quantos capítulos eu quisesse. Paz pra ficar deitada ao sol por quanto tempo eu desejasse. 

Só que aí aconteceu uma coisa muito estranha. Depois de 20 minutos em tranquilidade, por mais que tentasse me concentrar no livro, a cada final de capítulo meus pensamentos viajavam pra casa da Berê e me perguntava o que será que meu gostosinho estaria fazendo. Ou, então, pensava que seria melhor se o Namorado tivesse ficado comigo, porque poderíamos aproveitar o dia lindo juntos. E, então, distante dos meus amores, comecei a sentir uma saudade imensa da loucura que nossa vida se transforma depois que temos filhos e me senti sozinha. Até meio fora de esquadro, fora de lugar. 

Não sou do tipo que só está feliz na presença do filho. Consigo me divertir sem o Miguel, consigo viajar sem o Miguel. Mas sem Namorado e sem Miguel, as coisas ficam muito sem sal. É inevitável pensar que quando o Miguel nasceu vivi um certo luto pela morte da minha vida de antes. E acho que vivi esse luto em todo o seu tamanho e fiz muito bem em vivê-lo intensamente, em chorar por minha vida antiga, em sofrer por olhar pra vida de antes do Miguel sabendo que ela nunca mais seria a minha vida. Aquela vida morreu. Mas não necessariamente a vida que tomou o lugar da antiga é ruim. Também não é melhor. A vida que nasceu junto com o Miguel só é diferente. Muito. 

Hoje eu não sinto mais saudade da vida de antes. Meu luto passou. Eu gosto dessa minha vida insana que a maternidade me ensinou, entre trancos e barrancos, a viver. E meu referencial de felicidade mudou. Eu era feliz antes e sou feliz hoje. Só que as coisas que me faziam feliz antes, não me bastam mais. E, por mais incrível que pareça, encontro felicidade levando meu filho pra escola, dando banho, cuidando dele. Por mais que ele exija de mim, por mais que ele demande tanto, a ponto de me fazer pensar que não vou aguentar tamanha demanda. Mesmo que pra conseguir dar conta de tudo tenha que me desdobrar, já que não sou mãe em dedicação exclusiva. Mesmo correndo de um lado pro outro, vivendo a contar os minutos, sinto-me feliz. Sim, porque foi a minha escolha. Uma das mais acertadas escolhas que fiz. E concluo que se essa correria que é a minha vida não for felicidade, então eu não sei mais o que é. 


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Conquista

Sei que existem mães que se preocupam muito em estimular seu filho em casa com várias atividades pedagógicas. Admiro isso. E talvez admire justamente por não conseguir fazê-lo. Não consigo me preocupar em ensinar pro meu filho coisas que ele vai aprender logo, logo, no seu tempo. Eu não fico conversando com o Miguel sobre as letras do alfabeto ou números e pode ser que eu devesse fazer isso, mas fato é que não o faço. Converso com meu filho sobre os assuntos que ele traz pra mim e, vez ou outra, um desses assuntos é sobre as letrinhas do seu nome ou números. Mas tudo espontâneo, sem nenhuma intenção escondida.

Por isso, já dá pra imaginar que reunião de pais pra mim é algo parecido com tortura psicológica, porque o filho de todo mundo faz um monte de coisas que o meu ainda não faz e o filho dos outros é sempre tão preocupado com um monte de coisas pras quais meu filho não está "dando a mínima". Esse ano, por exemplo, a escola do Miguel começará a usar um livro de matemática bem bacana e eu mostrei pro Miguel o livrinho assim que comprei. Miguel olhou com carinha de "ok. Legal." mas nem se interessou em chegar perto. Ouvi relatos de que várias crianças da salinha dele - Jardim III - ficaram super interessadas em começar a usar o livro, quiseram pegá-lo, folheá-lo, enfim, mostraram o maior interesse. Ouvi relatos também de pais falando que seus filhos já escreviam seus nomes desde o ano passado e Miguel mal fazia o M do seu. 

Por mais que eu saiba que cada um é de um jeito e que o que desperta o interesse de uns, simplesmente, pode não dizer nada pra outros, é complicado quando trata-se de filhos. Racionalmente sei que o tempo para o aprendizado e o processo de aprendizado difere muito de pessoa pra pessoa, mas confesso que meu coração aperta um pouquinho. Depois, penso mais um pouco pra me acalmar e vejo que tudo isso é uma bobagem porque a vida me mostra sempre que as coisas vêm no tempo certo e que se preocupar em antecipar fases é a maior besteira que se pode fazer.

Assim, na última quarta-feira, quando Miguel trouxe pra casa alguns trabalhos já feitos em sala nessa primeira semana de aulas, quase caí pra trás quando vi que em cima de cada trabalhinho ele já estava tentando escrever seu nome!! E mais, no último trabalho, o nome já estava muito nítido (conforme vocês podem ver), tirando o G ainda mal feito e espelhado, "Miguel" já estava fácil de entender. Fiquei tão empolgada e feliz que chorei. Não sei se meu filho vai se acostumar algum dia em ter uma mãe tão boba e chorona, mas eu simplesmente não posso me conter quando algo me toca, me emociona e choro mesmo. E o Miguel tem o dom de me surpreender e me mostrar que nunca devo subestimar sua capacidade de aprendizado.



Miguel me perguntou, ao me ver sorrindo e com lágrimas escorrendo pelo rosto:

- Porque você está chorando, mãe?
- Porque estou muito feliz, filho! Olha o seu nome aqui! Você já está escrevendo seu nome, meu gostosinho!!!

Miguel fez uma cara engraçada, como se estivesse me achando meio esquisita por chorar por uma coisa dessas, e disse:

- Mas, mãe, eu ainda estou aprendendo...

É isso aí, filho. Você está só começando mesmo e muita coisa vai mudar nessa nossa vida. E você ainda vai me mostrar muitas e muitas conquistas, grandes e pequenas, mais ou menos importantes. Só uma coisa vai permanecer igual: minha emoção ao vivenciar cada uma de suas conquistas ao seu lado. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Art Attack



Eu odeio o Art Attack.

A mãe idiota acha que o filho está vendo um programa bacana e que vai ficar entretido por um tempo assistindo alguma coisa interessante e vai deixando a criança vidrar no programa que vai leva-la à loucura depois.

Eu já não gostava do programa desde a época da minha afilhada Rafaela, porque a menina virou a própria menina do lixão. Todos eram proibidos de jogar qualquer coisa velha no lixo. Ela catava de tudo: rolinho de papel higiênico, caixas de papelão, caixa de sapato, pedaço de elástico. Tudo era motivo para fazer algum trabalhinho de arte interessante. Só que o exercício da criatividade da minha afilhada era problema da minha irmã. Por isso, não cheguei a odiar o programa. Acontece que agora chegou a minha vez e estou detestando.

Ok, o programa é um estímulo à criatividade e Miguel adora brincar com tintas, cola colorida, pintura e massinha. Enfim, meu filho está na fase de achar que é artista. Só que esse programa infeliz faz tudo parecer fácil, fácil... E, pior, faz a criança achar que todos aqueles materiais para fazer todos os trabalhos criativos demonstrados no programa se encontram sempre à mão. O apresentador fala "e para fazer esse terrível jacaré do pântano, você só precisará de uma garrafa pet, fitas coloridas, um pedaço de tecido, jornal, cola branca e tinta!!" E a criança começa a infernizar a vida da mãe pra entregar a ela esses materiais facilmente encontrados em qualquer casa, né? Só que não!

Eu não tenho fitinhas coloridas em casa. Não tenho pedaço de pano sobrando, só se for pano de chão. E deixar meu filho de 4 anos brincar com tinta é a mesma coisa que falar pra ele se pintar inteiro ou pintar o chão do quintal. Agora Miguel só quer saber de passar cola nas coisas com pincel, não serve direto do tubo de cola, porque o "homem do Art Attack passa cola com pincel!". Quem aguenta? Miguel diz: "você não está me ajudando com a minha arte!" Socorro.

Outra coisa estressante, principalmente para uma pessoa sem habilidades manuais como eu, é que o desgramado do apresentador faz todas aquelas coisinhas lindas, criativas e coloridas, quase que em um piscar de olhos. E o seu filho vai acreditar que é, realmente, muito simples. Só que quando a criança vê que não dá conta de fazer as coisas de forma tão rápida e fácil, quem vai escutar aquele chamado lindo que você estará ouvindo pela milésima vez no dia? Quem? Responda. Você. "Manhêêêêê.... Vem aqui me ajudar a fazer esse jacaré!!!" Ai, que vontade de sair correndo. Ai, que vontade de rasgar o arremedo de jacaré todo em pedacinhos bem miudinhos! Ai, que vontade de avançar no pescoço do apresentador do Art Attack. E que vontade de mandar o Miguel passar uns dias com o tal do apresentador pra ver se ele continuaria com aquela carinha simpática, mostrando que criatividade é tudo nessa vida, depois de ficar um tempinho "fazendo arte" com meu filho.

Por isso, nesse dia de hoje, deixo aqui registrado que detesto o Art Attack. E deixo registrado também que nenhuma mãe ocupada precisa desse programa pra perturbar ainda mais seu juízo.