sábado, 15 de fevereiro de 2014

Conquista

Sei que existem mães que se preocupam muito em estimular seu filho em casa com várias atividades pedagógicas. Admiro isso. E talvez admire justamente por não conseguir fazê-lo. Não consigo me preocupar em ensinar pro meu filho coisas que ele vai aprender logo, logo, no seu tempo. Eu não fico conversando com o Miguel sobre as letras do alfabeto ou números e pode ser que eu devesse fazer isso, mas fato é que não o faço. Converso com meu filho sobre os assuntos que ele traz pra mim e, vez ou outra, um desses assuntos é sobre as letrinhas do seu nome ou números. Mas tudo espontâneo, sem nenhuma intenção escondida.

Por isso, já dá pra imaginar que reunião de pais pra mim é algo parecido com tortura psicológica, porque o filho de todo mundo faz um monte de coisas que o meu ainda não faz e o filho dos outros é sempre tão preocupado com um monte de coisas pras quais meu filho não está "dando a mínima". Esse ano, por exemplo, a escola do Miguel começará a usar um livro de matemática bem bacana e eu mostrei pro Miguel o livrinho assim que comprei. Miguel olhou com carinha de "ok. Legal." mas nem se interessou em chegar perto. Ouvi relatos de que várias crianças da salinha dele - Jardim III - ficaram super interessadas em começar a usar o livro, quiseram pegá-lo, folheá-lo, enfim, mostraram o maior interesse. Ouvi relatos também de pais falando que seus filhos já escreviam seus nomes desde o ano passado e Miguel mal fazia o M do seu. 

Por mais que eu saiba que cada um é de um jeito e que o que desperta o interesse de uns, simplesmente, pode não dizer nada pra outros, é complicado quando trata-se de filhos. Racionalmente sei que o tempo para o aprendizado e o processo de aprendizado difere muito de pessoa pra pessoa, mas confesso que meu coração aperta um pouquinho. Depois, penso mais um pouco pra me acalmar e vejo que tudo isso é uma bobagem porque a vida me mostra sempre que as coisas vêm no tempo certo e que se preocupar em antecipar fases é a maior besteira que se pode fazer.

Assim, na última quarta-feira, quando Miguel trouxe pra casa alguns trabalhos já feitos em sala nessa primeira semana de aulas, quase caí pra trás quando vi que em cima de cada trabalhinho ele já estava tentando escrever seu nome!! E mais, no último trabalho, o nome já estava muito nítido (conforme vocês podem ver), tirando o G ainda mal feito e espelhado, "Miguel" já estava fácil de entender. Fiquei tão empolgada e feliz que chorei. Não sei se meu filho vai se acostumar algum dia em ter uma mãe tão boba e chorona, mas eu simplesmente não posso me conter quando algo me toca, me emociona e choro mesmo. E o Miguel tem o dom de me surpreender e me mostrar que nunca devo subestimar sua capacidade de aprendizado.



Miguel me perguntou, ao me ver sorrindo e com lágrimas escorrendo pelo rosto:

- Porque você está chorando, mãe?
- Porque estou muito feliz, filho! Olha o seu nome aqui! Você já está escrevendo seu nome, meu gostosinho!!!

Miguel fez uma cara engraçada, como se estivesse me achando meio esquisita por chorar por uma coisa dessas, e disse:

- Mas, mãe, eu ainda estou aprendendo...

É isso aí, filho. Você está só começando mesmo e muita coisa vai mudar nessa nossa vida. E você ainda vai me mostrar muitas e muitas conquistas, grandes e pequenas, mais ou menos importantes. Só uma coisa vai permanecer igual: minha emoção ao vivenciar cada uma de suas conquistas ao seu lado. 

2 comentários:

  1. Chorei! Depois de tanto tempo eu ainda choro lendo essas coisas...não sei quando vou crescer!

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    1. Se crescer significar parar de se emocionar, eu tenho certeza de que serei criança eternamente... Um beijo!!

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