O mundo está muito competitivo. A todo instante queremos ser os melhores em alguma coisa, queremos ser os mais rápidos, mais espertos, mais fortes, mais bonitos. Todo mundo é medido quase o tempo todo e a régua que mede tudo isso é a régua de quem se propõe a medir. Nunca é uma medida feita por nós mesmos, sempre é o outro que serve como referência. E isso não está muito certo.
Sempre fui uma pessoa chamada de competitiva. Durante um tempo meus amigos do trabalho me chamavam de "Monica Geller" (personagem do seriado Friends que nunca aceitava perder). E eu aceito que sou, sim, competitiva, mas não no sentido de ter que ganhar de você ou de qualquer outra pessoa. Sou competitiva porque tenho que fazer o meu melhor SEMPRE. Eu não gosto de deixar tarefas inacabadas, não gosto de não me dedicar integralmente ao que faço ou falar: "ah, não está excelente, mas dá pro gasto." Minha competição é comigo mesma, minha competição é pra não deixar fios soltos, é pra chegar ao final da jornada sabendo que dei o meu melhor. Não posso dizer que não me importo se não cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, porque me importo. Mas isso não será o fim do mundo pra mim caso eu tenha dado o meu máximo. O fato de não conseguir o primeiro lugar, serve de estímulo, impulsiona, me move. Mas se eu não chegar em primeiro porque não dei tudo o que podia dar, aí a derrota é doída. Porque terei perdido pra mim mesma.
Aqui no trabalho tento estabelecer metas viáveis e não me interesso se a unidade A, B ou C tem um número X ou Y de alunos. Eu sei da minha realidade, eu sei do potencial do meu time e da capacidade da minha escola. Eu sei do que somos capazes e cobro empenho igual de todos. Meu time não tolera alguém que trabalha menos, que se doa pela metade. É entrar alguém preguiçoso e ser expulso pelo grupo em seguida. Preciso estar cercada de gente que queira aprender e ensinar, de gente que tenha brilho nos olhos e sede de vitória. Mesmo que ela não chegue, sempre nos restará a certeza e o orgulho de termos lutado.
Tenho tentado passar isso pro Miguel também. Tenho tentado explicar pra ele que ele precisa dar o melhor de si, que não importa se fulano ou beltrano já conseguiu isso ou aquilo. O que importa é o esforço que está colocando pra se desenvolver e cumprir suas tarefas. E, então, hoje, por ter sido a primeira vez que Miguel nadou 50 metros na aula de natação, a professora resolveu pegar uma medalha e dar a ele. Foi muito bonitinho o gesto, Miguel ficou todo feliz, quis que eu tirasse uma foto "pra mandar pro meu papai". Só que enquanto caminhávamos para o carro, ele me perguntou:
- Mas, mãe... Eu ganhei de quem na competição pra Sheila me dar essa medalha?
E eu respondi:
- Miguel, a Sheila resolveu de presentear com essa medalha pra você saber que nadou muito bem hoje. Ela quis lhe dar a medalha pra marcar o dia em que você nadou sozinho 50 metros. Você não ganhou de outra pessoa, mas você ganhou de você mesmo.
Miguel olhou pra mim com cara de dúvida. Eu aguardei a pergunta que eu sabia que viria em seguida.
- Mãe, como assim? Eu ganhei de mim mesmo??
Continuei:
- Sim, filho. Você não nadava nada quando começou a fazer aulas de natação, tinha medo até de entrar na piscina. Depois perdeu o medo. Começou a pular na piscina e aprender a nadar. Conseguiu nadar 25 metros e hoje nadou 50 metros! A cada dia você melhora mais um pouco e isso está acontecendo porque você tem se dedicado, se esforçado pra aprender. Logo você estará nadando mais metros e depois começará a contar o tempo em que percorre as distâncias. E vai querer nadar cada vez mais em um tempo mais curto. E isso, filho, é ganhar de você mesmo. E no final das contas, Miguel, é essa a medalha que mais importa.
No final, o maior limite é aquele que você mesmo se impõe.
No final, o maior limite é aquele que você mesmo se impõe.
“Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.” (Ayrton Senna)
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