Domingo é sempre um dia feliz quando se trabalha fora e tem filhos. Aquela preguiça das manhãs de domingo, aquela vontade de ficar até mais tarde na cama ainda mais depois que seu filho acorda e pula pra perto de você. Miguel adora dizer que veio pra minha cama pra gente ficar agarradinho e eu adoro dizer que vou cobrí-lo de beijos durante muito, muito tempo até a gente ficar sem respirar. É uma delícia.
Ontem, domingo, eu e Miguel estávamos de chamego na minha cama. Eu disse a ele o que sempre falo muito frequentemente. Mãe é coisa repetitiva mesmo. Mãe professora então... Deve ser um inferno.
- Filho, você sabe que se Deus colocasse um milhão de meninos na minha frente, altos, baixinhos, gordinhos e magrelos, negros, loirinhos, de olhos azuis, verdes, pretos e castanhos, sérios e risonhos, pra eu escolher quem seria o meu filho, quem eu escolheria?
Miguel ri, já sabendo a resposta:
- Eu escolheria o menino mais engraçado, mais carinhoso, com os olhinhos puxados, com uma bochecha bem gostosa e uma bundinha deliciosa pra apertar!!! Eu escolheria você!! Sempre você!!
A gente cai na gargalhada e ri como se fosse a primeira vez que ele escutou isso.
Só que nesse domingo Miguel resolveu me contar uma história.
"Mãe, você sabe que lá no céu, quando eu ainda não era seu filho, tinha a terra dos bebês. Eu ficava em um lugar cheio de crianças pequenas e eu tinha muitos amigos. Aí, um dia, as pessoas que tomavam conta da gente, chamaram algumas crianças, eu e mais alguns. Levaram a gente pra um portal. Era o portal dos bebês. E aí, chamavam de um por um pra conversar e mostrar como se fosse uma tela, parecendo uma fotografia, dos pais da gente. Foi aí que eu vi você pela primeira vez. E Deus me falou que você ia ser minha mãe e que o papai ia ser o meu pai. E eu fiquei muito feliz. Eu te achei uma mãe linda... Depois ele me levou pela mão e eu dormi e fui parar na sua barriga!"
Fiquei impressionada com a história do meu filho. Quem acredita em outras vidas sabe que a vinda de um filho ou filha envolve uma escolha. Uma aceitação da parte dos pais, o merecimento de viver uma experiência que nos levará a algum desenvolvimento espiritual e também a aceitação do filho em receber aqueles pais em sua vida terrena. Por isso, achei curioso meu filho falar de um portal, de estar com outras crianças, de ser levado por alguém pra conhecer seus pais antes da concepção. Enfim, pode ser tudo fruto da imaginação do Miguel, mas pode não ser. De qualquer jeito, eu me sinto verdadeiramente muito feliz e honrada por ter sido escolhida pra ser mãe dele. Sinto-me presenteada com a presença desse menino em minha vida.
Ao final da história, continuávamos nos abraçando e rolando na cama, cansados de tanto rir e de tantos beijos. E aí no rádio começou a tocar uma música (A Thousand Years), " I have died everyday waiting for you, darling, don´t be afraid ... I have loved you for a thousand years, I´ll love you for a thousand more...." E nesse momento, como se entendesse a música, Miguel olhou sério pra mim, ficou em pé em cima da cama e me convidou:
- Dança comigo, mãe?
E eu, surpresa com o convite, me ajoelhei em frente a ele, também em cima da cama, e disse:
- Claro, filho! Vamos dançar...
Dançamos até o final da música caladinhos. Abraçados. Em meus pensamentos, muita gratidão. Em meus pensamentos, enquanto sentia o cheirinho gostoso que só o filho da gente tem, só um pedido: que meu filho seja feliz.
Linda história e momento! Fiquei emocionada e gostaria de pegar parte da sua crônica para enviar para uma pessoa que está grávida e precisaria ler alguns trechos.
ResponderExcluirClaro, Soraya!!! Fique à vontade! Obrigada....
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