quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lambada

Como faço todos os dias, acordei as 6 e meia da manhã pra ir a academia fazer minha aula de ginástica. Prefiro fazer logo de manhã, primeiro porque fico logo livre, segundo porque me encho de energia e já chego no trabalho no pique total e, por último, porque mesmo que quisesse malhar de noite não poderia por causa do Miguel.

Mas, voltando ao assunto da aula, de repente o CD da professora dispara um "chorando se foi, quem um dia só lhe fez chorar..." e entre meus pesos, caneleiras e anilhas, fui arremessada para 22 anos atrás, exatamente 1988 (ui!!), quando fui a Porto Seguro e a lambada ainda não tinha estourado no Brasil todo, como aconteceu logo depois. E me deu uma vontade louca de rir porque essa viagem foi uma das mais engraçadas que já fiz.

Fomos, eu, minha irmã, minha mãe e meu pai, em um ônibus para Porto Seguro, era um grupo cheio de pessoas desconhecidas. Chegando lá, além da praia e dos passeios históricos, o que se fazia? Dançar lambada! Dançávamos lambada em todo lugar, nas ruas, na praia e, à noite, nos lugares típicos feitos só pra isso. Logo no segundo dia, minha irmã já estava enturmadérrima com 2 garotos bonitinhos do nosso grupo. A saidinha fazia logo amizade e eu ia atrás. Fomos fazer alguns passeios e, é claro, todos os turistas que lá estavam faziam os mesmos passeios e, por isso, um garoto que devia ter uns 18 anos (soube depois que tinha mesmo 18) me encontrava por todos os cantos de Porto Seguro. Inconformado com meu desdém, andava atrás de mim e dizia que tinha sido amor à primeira vista! Nâo queria nem saber se meu pai e minha mãe estavam por perto, cheio de atitude, chegava perto e vinha falar comigo mesmo. Eu estava já morta de vergonha do meu pai... Meu pai já achava até engraçado.

Tudo muito lindo, se o menino não fosse feio. Muito feio. Sabe aquela criatura que tem tudo pra ser bonita e é feia? É loirinho, queimado de sol, com olhos verdes, mas... é feio. Sei lá o que aconteceu na hora de juntar os genes do pai e da mãe mas alguma bagunça houve e o resultado não foi dos melhores...

O menino cismou mesmo comigo e, além de nos encontrarmos em vários lugares históricos, passamos a nos encontrar a noite, pra dançar. Quer dizer, ele dançava pra lá e eu pra cá porque eu não queria dançar com ele, por mais que ele insistisse. Minha irmã lá, com os dois bonitinhos e eu já estava até querendo ficar com um deles, mas o menino era devagar quase parando e nada de falar comigo. Falava com a minha irmã, que já estava ficando com o amigo dele, mas comigo... NADA! Aí, no último dia lá estava o Carlinhos (o menino feio) me chamando pra dançar pela milionésima vez. QUer saber? Pensei. Vou dançar com ele.

Gente, o menino dançava muito!!! Sabia todos os passos, sabia conduzir uma menina como um nativo de Porto Seguro, e, pra minha surpresa, tinha pegada... Só sei, minha gente, que no final da noite eu já estava louca de vontade de ficar com ele. E, quando ele me tascou um beijo depois da terceira lambada, eu adorei!!!

Olhei pra cara da minha irmã e ela estava de boca aberta, sem acreditar que eu pudesse ter ficado com aquele menino tão feio... Cheguei perto dela e ela me disse que eu só poderia estar louca, insandecida. O menino bonitinho, que não chegava em mim nunca, virou pra mim e disse: "Preciso aprender a dançar lambada urgentemente". E eu? Ah, eu voltei pros braços do Carlinhos porque homem que sabe dançar é tudo de bom mesmo e, além do mais, o beijo dele era ótimo!!!

Fui tirada das minhas lembranças ao som de, pasmem: Beto Barbosa cantando "Preta, fala pra mim... Fala o que você sente por mim..." E continuei rindo e malhando, lembrando de como fui feliz alí, ficando com o magrelo mais feio ever, mas que dançava e beijava bem. É isso.

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