quarta-feira, 5 de maio de 2010

Saúde

Quando eu era adolescente, tinha muitos projetos pra mim. Era uma menina ambiciosa, que queria conquistar suas coisas, seu espaço e nunca olhava pra trás. Eu NUNCA pensava pra baixo, só olhava pra outras pessoas que poderiam servir de inspiração e, certo ou errado, não sei, pensava sempre em quem tinha mais que eu. Por esse "mais" entenda mais notas boas, mais roupas, mais viagens, mais oportunidades, mais conhecimento.

Não sei bem em que ponto da vida eu mudei ou se foi a própria vida que me modificou. Só sei que não sou mais aquela menina que sempre olhava pra quem tinha mais que ela. Não sou mais aquela que olhava pro alto e dizia que queria conquistar isso ou aquilo. Meu pensamento que era sempre o de que se existiam pessoas que conquistaram, eu também poderia chegar lá, não me atormenta mais. Hoje olho muito mais pra baixo.

O que sei é que procuro enxergar nas pessoas que tem menos, tão menos, essa inspiração pra mim. Nessas pessoas que lutam pelo mínimo, lutam pelo básico. Olho pra tudo o que conquistei, não coisas materiais embora isso também conte, mas principalmente o material humano que tenho ao meu lado. Olho em volta e vejo uma família bonita, com problemas é lógico, mas unida e que se gosta muito. Vejo a família que estou construindo, meu filho. Nessa hora vejo que tenho tanto. Tenho muito mais que preciso. Como continuar só olhando pro alto, pra quem tem mais que eu? Como se tenho tanto, tão mais que a maioria das pessoas?

Sou mais feliz hoje: satisfeita com o que tenho. Consciente de que conquistei muito e em paz comigo, sem a insatisfação constante de ter que conquistar, ter que ter mais. Não tenho que ter mais. Não preciso. Como ousar abrir a boca pra reclamar? Abrir a boca só se for pra agradecer. E pedir saúde porque sem isso a gente não é nada. E pedir saúde nunca é demais!

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