terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Mais uma que não mente...

Cara, chorei de rir lendo esse post da Giuliana, do blog "Lulu não dorme" (http://lulunaodorme.blogspot.com.br). E não posso deixar de compartilhar o texto com vocês porque tem tudo a ver comigo e com minha vida. Todo mundo sabe que não sou de mentiras sobre a maternidade e me sinto na obrigação de falar tudo o que acontece na real, porque eu achava que estava preparadíssima pro meu bebê e, vou te contar, não é mole mesmo essa vida de mãe! É bom saber pra depois não dizer que a cigana te enganou, viu? Então, estou compartilhando o texto dela com vocês, espero que gostem. Talvez se identifiquem como eu, talvez achem que ela está sendo radical demais e isso sirva pra vocês acharem o bebê de vocês um santo e se acharem umas sortudas agraciadas com um dos raros bebês tipo "anjo". Vamos lá:


Maternidade, o Lado B. Ou a vida como ela é não como deveria ser. Ou por que caralhos ninguém nunca me contou isso?

"Me deu um ataque sincericida. E  de tanto ver mãezinhas falando 
oh- como- a- vida- é- boa-como- filho- é- mágico, que resolvi falar a verdade. Segurem.

O que nunca ninguém me contou: (Por que meu deus? Por que?)

Que aquelas fotos de book gravídico são tudo uma farsa. Mães sorrindo 
placidamente segurando a barriga e olhando o mar é photoshop emocional. 
Tudo atriz. A verdade é que na gravidez a gente incha, vira uma orca com elefantíase.
 Não acha posição na cama, se sufoca com a própria barriga, vive num mundo paralelo. 
Um mundo regido por hormônios. Que ora estão de bom humor, ora não. 

E ora não ora não ora não....... 

Que passamos 9 meses numa montanha russa emocional com direito a vômitos.
 Muitos vômitos. Além de diarréias e gases em profusão. Sem contar as hemorróida.

Que quando vamos fazer ultrassom ou exames de sangue quase temos um
 ataque cardíaco de medo. Que acendemos velas, invocamos orixás, jogamos
 pipoca pra cima e sal grosso pra baixo. Fazemos promessas pra que no temido
 morfológico apareça o osso nasal, vinte dedos e um coração que bate. 

Que vamos todas corajosas levantar a bandeira do parto normal.
 Porque é o natural, é assim que deve ser. Sou forte. Sou índia. Vamo lá ficar 
de cóccix e botar uma vida pra fora. Só que atrás dessa bandeira estamos 
si-ca-gando de medo de aquela alcatra arregaçar nossas partes pudendas para
 todo sempre. Optamos então pela cesárea. SIM OPTAMOS, porque vivemos no Brasél 
e aqui pode se optar por. Mas claro que nas rodas  matérnicas vou dizer que
 não foi opção, que minha filha tava com cabeça pra cima, que não 
tive contração e muito menos dilatação (na verdade, meu corpo usou esse mecanismo
 de  defesa contra o medo) e dá-lhe cesárea. 

Mas quem disse que esse tipo de parto é simples, lindo, pimpão? Um corte de ponta
 a ponta na sua  barriga do tipo ligue os pontos, formam um ‘smile’, aquela carinha
 sorridente, e que quando você  olha no espelho, tem vontade de chorar e pensa:
 putaquepariu, me cortaram de cabo a rabo, nunca mais vão me amar.

Mas isso não é nada perto do que esta por vir. O neném. Sim, o neném.

Dizem os livros, revistas, amigos e parentes que você deve se sentir, (veja bem DEVE 
no sentido de dever, não de probabilidade), arrebatado por uma amor incondicional
 assim que pega seu filho nos braços. An.  E é nessa hora que você tem que 
dizer: meu deus que coisa  linda! E foi nessa hora que eu disse: 
meu  deus é um joelho?

É amor?  Explosão de felicidade? Na hora do parto? Cheia de agulhas enfiadas
 nas veias? Com um corte de 10 cm da sua barriga, com oito camadas 
suas expostas à uma equipe que conta piadas de judeu enquanto cavoca o seu 
útero e joga  uma gaze suja na sua coxa? O que chamam de amor eu chamo 
de me tirem daqui. 

Aflição. Só Madre Teresa, se não fosse Madre, sentiria essa amor
 imediato pulsante, incondicional, acredito eu. Ou Dalai Lama. Tenho uma amiga que 
foi  um pouco mais além, mas cada um sabe de si,
 né? “Tirem esse verme daqui” foi o que ela proferiu quando viu seu bebê. 
Acontece, gente.

Quem é mãe sabe que acontece, mesmo que vocês abafem isso e
 guardem num baú a 18 palmos da terra esse tipo de emoção. Isso volta hein? 
Hora ou outra isso volta pra você. É melhor jogar pra fora. E não precisa ser 
taxada de psicopata por isso , os hormônios estão ai pra isso, 
pra culpar-mo-lhos. Assim como a depressão pós parto. Lindo. Uma criança 
saudável, faminta, com cabelinhos até! mas que chora pra caralho.
Uma criança  que é capaz de chorar  por 10 horas seguidas.
 Não há amor incondicional  que suporte o Baby Blues  sem sucumbir.

Nesse momento você olha para a janela do hospital. Confere se é alta. É alta. Sim!!!
Pensamentos suicidas ou homicidas (que inclui todos aqueles parentes 
distantes que vão te ver pelada no hospital), passam a todo instante na cabeça 
das pobres mães.  É, pobres mães, porque a gente não tem culpa de 
ser nardoni nessas horas. É uma coisa de deus, ou do diabo sei la. 
Mas não é da gente. É do universo, porra.

Daí ce leva o verminho pra casa, já sentindo alguma afeição entre um 
bocejo e outro, entre uma regurgitação e outra, entre um putaquepariu e outro. 
 Ele ri, você ri, ele chora, você chora, ele ri, você chora, você chora e ele chora,
 choramos. Choramos muito. Choramos por cansaço, por não saber lidar
e por solidão. Sim solidão. Sentimos uma solidão intrínseca-visceral. 
Mesmo com alguenzinho grudado em seu peito, nos sentimos sozinhas. 
Adultas sozinhas, adultas crianças. Somos crianças e mais uma vez choramos. 
Desamparadas pela vida e por todos os nossos entes queridos mesmo que eles 
estejam no mesmo cômodo que nós. Não dá pra explicar. Só quem já foi mãe de um 
bebê de 1 mês sabe. SABE SIM do que tô falando. Não dissimulem.

Daí ele cresce um tico, já levanta aquela cabeça balançante tipo 
cachorrinho- de- porta- mala- de- carro-de-pobre e você pensa WOW, tomara 
que comece a andar logo, minhas costas não aguentam mais esse peso.
 Quem ele pensa que eu sou? Um burro de carga? E lá vai você fritar bife com
 o pingente no colo; fazer cocô com ele te sorrindo no bebê- conforto posicionado
 estrategicamente a frente do vaso sanitário, tomar banho enquanto ele cochila 
escorado por almofadas na sua cama  “e se ele virar e cair?”  daí ce corre do 
banho enrolada precariamente numa toalha, pingando sangue. Ahhh sim,
 ninguém me disse que eu hemorragiria por quase 90 dias após
 o parto. E que gastaria em modess o equivalente a um Sandero 2012. 
Fora as vezes que você tem que almoçar com com ele penduradinho nas suas tetas. 
Quem nunca?

Tetas. Tetas sim. Seios não pra quem nunca amamentou. Porque a gente se 
sente uma vaca. Uma vaca esperando a hora do abate, que nunca chega.

Quantas vezes esqueci, ou não deu tempo de jantar, de tomar banho, adiar 
o xixi ate sua bexiga implorar por um Pyridium na veia?

Fora a vaidade. Que vaidade? Passamos a evitar colares, pulseiras, brincos
 e anéis,  porque machucam os bebês e eles podem arrancam e se você tiver
 um milésimo de segundo distraída eles enfiam na boca e engolem felizes o 
seu anel de ouro rosa da Vivara, aquele que você que tá pagando a quinta
 parcela ainda. Corremos pro hospital preocupadas com a saúde deles, em prantos, e depois 
que o anel sai esquecemos  eles no canto e vamos lá limpar  toda a bosta da
 nossa jóia, amaldiçoando a nossa criança.

Daí começam a andar, ahhhh que legal o andar! Essa fase é mágica, se você mãe,
 for maratonista. Por que só assim pra dar conta de correr atrás de 80 centímentros
 hiperativos all day long.  Você cansa. Cansa demais e pensa... porque ele foi andar
 tão rápido meu deus?! Na verdade eles não aprendem a andar e sim a correr.
 Já nascem Robson Caetano.

Começa aí a aparecer alguma independência. Ufa! Você já pode ir pra cozinha cortar 
meia cebola enquanto ele fica na sala enfiando o controle remoto na boca, e você
 pede pra tirar,  e ele põe e você pede e ele põe, ad infinitum. Daí ce desiste e
 aproveita pra chorar botando a culpa na maldita cebola. Mas leitora, não é a cebola
 que te faz chorar, é o seu filho, não se enganem.

Ter um bebê exaure, suga, chupa sua força. Ter uma criança exaure, suga chupa,
 engole, extingue suas forças. Dizem que na adolescência essa progressão aritmética piora. 
Oremos.

Falando em orar, eu até rezava antes de dormir, quando grávida. Depois n-u-n-c-a 
mais lembrei. Esqueci o Pai Nosso, o Salve Rainha, a Ave Maria. Só lembro do Credo. 
Credo que canseira, credo que feia que eu tô, credo que gorda, credo que vida!!!!

Vida social, esquece. Vida social de mãe de bebê é ir no supermercado e compartilhar
os benefícios do Prebio1 no corredor de leite em pó. É saber que a Pampers absorve
bem menos xixi que a Huggies, mas pra cocô é excelente. E o cocô hein? 
Milho inteiro e confundir beterraba com sangue é motivo recorrente de pânico pra 
mães desavisadas. Dá-lhe pediatra. 

Pobre médico de mãe de primeira viagem; esse ser é o que mais sofre. É cada 
pergunta, que hoje, quando lembro que liguei as 5 da manhã pra perguntar o que
fazia com uma picada de pernilongo, me faz querer morrer. Mentira. Foda-se o médico.
 Ninguém mandou ser pediatra.

Aí chega o momento de os pimpolhos frequentarem a escolinha. 

Você começa a vislumbrar a sua independência. Seus braços ficam livres por
 meio período  e você pode dormir. Pode? Não, não pode. Você tem que lavar louça,
 roupa, chorar, fazer comida, chorar, trabalhar, chorar, tomar banho-se der- e 
ir buscar ele na escola. O que você fez nessas quatros horas? Viveu? Não. 
Sobreviveu a mais um dia. Tipo AA – mais um dia.

Se você for casada, chega a noite, entre um acordar e outro de seu filho, vem
maridão encostar o pé gelado no seu. Se ele tiver sorte, você nem acerta o saco dele. 
Mas a intenção é essa.  E quando você não tem marido, você se sente uma miserável 
por nem ter um pé gelado pra se enroscar com o seu.

E quando calha de além de ingressarem na escola, os filhotes desmamarem? 
Ohhhhh independência master. E se adicionar o desfralde? Isso é vida!! 

Engano ledo (mais um). Xixi por toda a parte, xixi de noite, xixi de dia, xixi na calça,
 xixi na cadeirinha do carro, xixi no shopping. Fora o cocô. Vida de cão. Nessas horas
 seus peitos  já estão no chão, junto com sua auto estima. Peitos no chão,
 perna mijada, feijão no dente,  cabelo bicolor. Reze pra estar na onda do ombrè hair
 na época que seu filho nascer.  Ou melhor antes de nascer, porque na gravidez é
 expressamente proibido tingir o cabelo (mas isso burlamos, viu ginecos? 
Temos técnicas transcendentais para isso)

Fora isso tudo aí supracitado, tem as birras em locais públicos e não públicos,
 tem os pesadelos, tem o terror noturno, tem o vamos brincar quando você chegar
 do trabalho, tem o não quero brócolis só chocolate, tem o posso dormir 
aqui com você, tem o..........

A lista é infinita e minha filha não tem nem 3 anos.

Mas sou a favor da sinceridade para com as outras mães. Conto. Conto tudo mesmo,
 para que pensem 2, 3, 4, 8 vezes antes de abrirem as pernas sem camisinha.

Ser mãe é padecer. O paraíso é história pra boi dormir. – eu podia ter tido um filho boi. 
Pelo menos dormia. (apagar)

PS1: Claro que tem o lado A, mas esse todo mundo conta.
 Quando sarar minha TPM eu conto.

PS pra mim: excluir esse post do blog assim que Lulu for alfabetizada."

4 comentários:

  1. Preciso comentar: ADOREI hahaha, ai Paulinha, só vc pra me fazer refletir. Morri de rir! Bjs, saudades.

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    1. Na verdade, Dani, nem estou mais querendo fazer você refletir porque desse jeito você vai é desistir de vez de ter um baby!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      Se continuar pensando muito, não vai ter...
      Um beijo!!!

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  2. Credo q exagero. Se vc vê o lado ruim desse jeito, a vida inteira é um suplício. Lógico q vários fatos listados são verdadeiros, mas deu pena como a autora encara

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    1. A autora escreve, de fato, com cores fortes. Eu não sinto pena dela, não, porque acho melhor encarar assim do que romantizar tudo fingindo que tudo é lindo. Os dois extremos não são bons, não é? Mas encarei com bom humor e dei boas gargalhadas porque muitas vezes me enxerguei, sim, nessas situações descritas.
      Um beijo pra você e obrigada pelo comentário e pela visita, tá?

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