A escola do Miguel tem uma filosofia muito legal de integrar sempre os pais e alunos dentro da escola. Por isso, eles sempre convidam os pais das crianças para marcarem um dia e desempenharem uma atividade dentro de seu ramo de atuação profissional ou não (pode ser algo que saibam fazer) para desenvolver junto com as crianças da turma. Minha irmã é nutricionista e já foi várias vezes pra falar de alimentação saudável, meu cunhado já fez experimentos químicos. Na turminha do Miguel já teve pai indo tocar violão pras crianças, pais dentistas falando sobre a importância da higiene bucal, pais que foram contar histórias e, é claro, muitos pais fazendo bolo, pão, sanduíche natural.
Há muito tempo Miguel me pede pra ir na sala dele pra fazer alguma coisa. Ele vê tantos pais indo e gostaria que eu fosse também. Só que eu imagino que as professoras devem me ver sempre na correria e evitam ficar me pedindo pra marcar um dia pra ir, afinal, elas não devem querer complicar ainda mais minha corrida rotina. Só que eu sempre quis ir e já tinha me voluntariado no ano passado (sem ser convocada) e continuei me voluntariando esse ano. Acho que, no fundo, tenho uma necessidade de mostrar que sou capaz de dar conta de tudo, sabe? De trabalhar, de ir na escola, de ser tão participativa na vida do meu filho como qualquer outra mãe que não trabalhe fora de casa. Mas minha culpa de mãe que trabalha fora é assunto pra minha terapia. Voltando ao foco do post, finalmente, chegou a minha vez: essa semana, na quinta-feira, é o dia da minha visita à turminha do Miguel.
Acontece que algo está me preocupando. Como sou professora de inglês, nada mais coerente que procurar ensinar alguma coisa nesse idioma. Vou contar uma história, ensinar, dentro do contexto da história, algumas palavrinhas em inglês e vou ensinar uma musiquinha também. Só que Miguel quando soube que eu ia, perguntou se eu iria fazer pão de queijo na sala de aula. Oi? Como assim, pão de queijo? Respondi a ele que não e expliquei o que faria. Ele não gostou muito. Disse que queria mesmo que eu fizesse pão de queijo pra ele e pros amigos. Deixei pra lá.
Na semana passada, quando ficou acertado o dia e horário pra eu ir até a escola estar com as crianças, Miguel veio com o papo, novamente, de qual a comida que eu vou fazer na sala de aula. E me pediu pra fazer um bolo de chocolate. Ai, meu Deus... Expliquei tudo de novo e ele ficou calado. Resolvi falar com a professora pra conversar com ele, porque do jeito que a coisa está indo, muito provavelmente vou chegar na escola toda feliz pra ensinar uma musiquinha em inglês e ele vai ficar frustradíssimo porque, na verdade, o que ele quer é que a mãe faça alguma comida assim como todas as outras mães.
Quando Miguel chegou da escola na sexta-feira passada, perguntei se a Grazieli tinha conversado com ele a respeito do tema do meu encontro na escola. Ele disse que sim e que ele ficará muito orgulhoso de mim e que vai me cobrir de beijos. Achei fofo, fiquei até mais tranquila. Até que... No final da conversa, depois de ficar caladinho por uns 2 minutos, Miguel virou-se pra mim e disse:
- Mas, mamãããããaee...... Você não poderia fazer, TAMBÉM, um bolo de laranja?????
Quem aguenta uma coisa dessas? Eu sou uma das únicas mães que não fará algo de comer pras crianças, serei diferente e tudo o que meu filho quer é que eu seja igual a todas as outras. E agora, José? Bom, decidi que vou fazer a atividade que sei fazer e que, no final, vou servir um bolo de laranja. Acho que, assim, conseguirei agradar a todos. Depois eu conto como foi. Que Deus me ajude!!
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