No domingo passado foi o almoço de confraternização do CCAA. Fizemos um amigo oculto e era a hora da troca dos presentes. Aquela coisa toda, todo mundo descrevendo seus amigos para a galera adivinhar quem eram. Em determinado momento não sei quem fez uma descrição que se encaixava perfeitamente pra mim mas a última característica era "é uma super mãe" e aí meio que eu murchei, assim achando que não poderia ser eu. E não era eu mesmo.
Mas é claro que fiquei refletindo sobre isso. Porque não me acho uma super mãe? Será que tudo o que a sociedade impõe como características de uma super mãe, esse pacote de qualidades de abnegação total em prol dos rebentos que eu jurei que não ia comprar, acabei comprando? É , acho que sim.
Me acho uma super mãe sim. Meu filho é minha prioridade, mas talvez eu só pense isso racionalmente, no fundo, no fundo, eu me culpo um pouco por viajar e deixá-lo sozinho por 15 dias, me culpo quando não tenho trabalho e o levo pra creche pra poder tirar o dia pra mim. Por deixá-lo aos domingos a tarde com minha sogra pra pegar um cineminha... Por essa culpa toda é que não me encaixei na característica de "super mãe". Será que o mundo não vai mudar ou será que é inerente à maternidade essa culpa, essa coisa maior que é achar que o filho só está bem de verdade se estiver com a gente? Venho me trabalhando muito pra não pensar assim, mas é difícil, viu?
Talvez esse seja o preço que tenho que pagar por viver minha vida, mesmo depois que Miguel nasceu. Minha vida se modificou totalmente, mas eu ainda tenho uma vida, de momentos só meus mais raros, é verdade, mas ainda tenho uma vida de mulher, de namorada, de trabalhadora. E esse talvez seja o valor cobrado por tentar ser tudo: não sou considerada super mãe. Pelos outros e por mim mesma. Terapia pra mim. Mais um pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário