terça-feira, 6 de março de 2012

Parto

Vira e mexe, quando sou questionada se o parto do Miguel foi normal ou cesárea, me pego dando várias justificativas para o fato de ter feito cesariana. Isso é muito louco. 

Sempre tive intenção de que o parto do Miguel fosse normal. Mais ainda, eu queria, na verdade, que meu filho nascesse sem que eu marcasse dia e hora, queria que o parto fosse na hora dele, quando ele desse o sinal de que queria nascer. Cesariana ou normal, a única coisa que eu não queria era ter uma data agendada pra sair de casa, de mala e cuia, pra ir pro hospital receber o Miguel, tudo assim, muito programado e sem muita emoção.  Por isso, sempre deixei claro pra minha médica que não marcaria data. Se eu tivesse que fazer cesariana por algum motivo, não haveria problema nenhum, acho que devemos fazer o que for melhor pro bebê e pra mãe, mas gostaria de tentar o parto normal. 

Enfim, com 33 semanas minha bolsa rompeu e entrei em trabalho de parto. Tive contrações mas devido a tudo ser muito inesperado e ao fato de eu estar prestes a trazer ao mundo um bebê prematuro sem nenhuma causa aparente, minha médica não me deu opção e decidiu que faria uma cesariana pra não arriscar a vida do Miguel. Topei na hora. Eu já estava vivendo emoções demais. Era o que eu queria e foi exatamente o que eu tive: muita emoção. 

Mas estou voltando no tempo e falando tudo isso porque sinto como se a mãe que não teve seu filho através de parto normal parecesse sempre menos mãe que as outras. As mulheres que viveram a experiência do parto normal falam disso com o maior orgulho, um orgulho do tipo "eu sobrevivi" ou "eu consegui!". Parece que as mães que fizeram cesariana não são tão guerreiras ou corajosas e isso é muito curioso. O olhar que a mãe que fez cesárea recebe é quase sempre um olhar de "Aaahhh, que pena..."

Como já mencionei, não sou a favor do parto com hora marcada, sem levar em conta a vontade do maior interessado: o bebê. Não acho que a mãe tenha que levar em consideração a agenda médica nessa hora, afinal, trazer bebês ao mundo não pode ser um comércio. Mas acho que se a medicina está aí, avançando, propiciando melhores condições e minimizando sofrimento, por que não fazer uso disso? 

Minha irmã teve duas meninas: na primeira sofreu tudo que tinha direito tentando um parto normal e não conseguiu. No fim, exausta, fez cesárea. Na segunda, pariu tão rápido que não deu tempo do anestesista chegar, resultado: parto normal sem anestesia. Ela se recuperou muito bem dos dois tipos de parto e eu me recuperei maravilhosamente bem da minha cesárea. No dia seguinte, eu já estava andando pra lá e pra cá.  Ainda mais quando se tem um filho na UTI, não dá tempo mesmo de ficar na cama nem nada. E acho até que mesmo que tivesse esse tempo não ficaria. Esse lance de fazer cesárea e andar por aí curvada se apoiando em tudo é desnecessário. Acho que a recuperação depende muito do tipo de mulher que você é. Não gosto de regras, de ficar engessada, por isso acho que cada caso é um caso e não quero mais me sentir tendo que justificar o fato de ter querido viver a experiência de um parto normal e não ter conseguido. Não sou menos mãe por isso.

2 comentários:

  1. Também fiz cesária e no dia seguinte também já estava de pé . Realmente sinto esse desafeto de mães que se estrupiaram para ter parto normal , olham para nós como se fôssemos fracas, como se não conseguíssemos suportar dores ... A fortaleza de uma mãe não vem só do tipo de parto que ela escolheu ter ou em alguns casos , como no meu , pôde ter .A fortaleza vem de outros gestos, de outras provas e privações que você tem que ter com seu filho .
    Ana Luisa Rosas Sarmento

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  2. Pois é, Ana, ser mãe é tão maior que parir... Tudo é tão relativo e nós, seres humanos, adoramos julgar nosso semelhante. Beijos!!

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