domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos pais

No colinho do "seu" Mariano - meu pai


Ai, pai... Quanta saudade. Nesse dia dos pais tudo o que eu queria era lhe abraçar. Dizer a você que embora eu saiba que Deus sempre sabe o que faz e ele, sim, sabe o tempo certo da vida da gente, tenho sempre essa impressão chata de que você foi cedo demais. Tenho sempre o sentimento de que você poderia ainda estar aqui. 

Já era mulher feita quando chegou sua hora, tinha 28 anos. Mas você teria muito mais orgulho ainda de mim hoje. Estou feliz construindo minha família, amo meu trabalho, sou uma mulher guerreira e batalhadora, destemida. Amiga dos meus amigos, continuo sorrindo pra estranhos na rua e dando bom dia mesmo pra quem não tem o costume de me responder. 

Você tinha um jeito difícil pra caramba de entender. Você já deve ter consciência disso. Muito calado, muito travado, pouco carinhoso comigo e com minha irmã se por carinho for compreendido só beijos e abraços. Se carinho, como eu aprendi que deve ser, puder ser entendido também como uma atitude, um estar junto na hora do aperto, aí posso dizer que você era carinhoso, sim, pai. Por mais difícil que fosse pra você, todas as vezes em que me viu triste, me procurou pra conversar vencendo todas as suas dificuldades de aproximação. Teve sempre uma palavra propícia de quem fala pouco e observa muito. Guardo suas poucas e sábias palavras, de quem não gosta de jogar conversa fora, no meu coração. 

Hoje sou mãe, lhe dei um neto muito gaiato e esperto. Vejo muito de você nele: o formato das mãos, os olhos, o gosto por frutas, o tipo de humor. E imagino o quanto você se divertiria com esse seu único descendente varão que é sacana como você.

Quando a saudade aperta desse jeito, justamente hoje, seu dia, gosto de lembrar de você com aquele seu sorrisão, sua pulseira de ouro balançando no pulso perto da mão segurando a tulipa de cerveja, falando besteiras. Gosto de lembrar de você comemorando a vitória do Vasco, enrolado na bandeira do gigante da colina. Contando umas piadas das quais você mesmo ria até perder o ar. Gosto de lembrar de você aos sábados junto aos seus tantos amigos, na "esquina" em Olaria, celebrando a amizade. Gosto até de lembrar das brigas com a mamãe, quando só ela se descabelava e gritava enquanto você ficava quieto, deixando-a ainda mais enervada. Gosto de lembrar da sua gargalhada e também do seu jeito calado pelas manhãs, lendo seu jornal na sala de jantar. Gosto de lembrar do seu cheiro. 

E nesse momento sinto você aqui comigo e digo baixinho: "Pai, te amo demais." E sopro essas palavras para que o encontrem onde quer que esteja e, quem sabe, com sorte, minhas palavras o encontrem aqui, bem ao meu lado. 

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