Todos os dias quando entro na academia cedinho pela manhã fico me perguntando porque insisto em continuar fazendo ginástica alí. Acho que deve ser a pior academia do bairro. Se não for, está entre as piores. A musculação - que aboli da minha existência desde que Miguel nasceu - é um aglomerado de aparelhos antigos, em cima de um chão engruvinhado, em uma sala esquisita e pequena. Mas, como lá não dou às caras mesmo, nem me importo com tanta decadência. Mas a sala de ginástica também é um problema sério.
Voltei às origens quando decidi não fazer mais musculação. Risquei essa atividade chata da minha vida. E retornei para as aulas coletivas: localizada e box training. Mas a sala onde meus amigos e eu praticamos essas atividades é de amargar. O piso é cheio de buracos formados por pedaços do revestimento que já se soltaram. As paredes precisam de pintura. Há espelhos quebrados que ainda não foram repostos ou trocados e acho que nem tão cedo isso acontecerá. Os colchonetes começam a ficar rasgados. As barras e anilhas não se encaixam. Além disso, a sala parece ser usada como depósito porque nela residem instrumentos musicais e brinquedos infantis. Não me perguntem de quem porque não saberei responder. Quando temos água no bebedouro, não temos copo. Quando temos copo, não temos água. Dia feliz é quando temos os dois! Enfim, é um arremedo de academia. Por isso tudo é que me pergunto porque ainda estou lá. E, com certeza, o que me prende não é preço porque, embora minha academia seja bem em conta, é verdade, pagaria o dobro para eles investirem nas instalações.
A verdade é que não me prendo à objetos, coisas. Se meu carro está ruim, conserto ou troco. Não tenho apego a nada de material. Gosto de coisas boas, sim. Mas meu vestido preferido rasgou? Vou ficar tristinha e lamentar nos primeiros 5 minutos e depois vou colocá-lo na lata do lixo ou dar pra alguém que ache que pode remendá-lo e usar. Meu jeans maravilhoso está apertado ou largo? Não espero uma vida até emagrecer ou voltar ao antigo corpo pra caber nele. Passo pra outra pessoa. Minha vida é hoje. Eu me apego à pessoas. À pessoas me prendo, tenho dificuldade de dar adeus, tenho medo de ficar sem. E a minha academia é um lixão, tenho que admitir, mas é rica no que há de mais precioso na vida: gente da paz.
Meus companheiros de aula são os mais divertidos. Cada um a seu modo. Tem a mais preguiçosa, tem mais jovem, tem mais velha, tem a que segue seu próprio ritmo, tem a que não fala muito e a que fala o tempo todo, tem a que malha pesado e quer sempre mais, tem a que não alonga. Tem a mais bunduda, a mais peituda, mais alta e mais baixinha. Tem a que nunca perde a conta de quantos exercícios já fizemos. Tem a que rouba na contagem. Tem quem chegue cedo, tem quem sempre se atrase. Tem quem faz cara de dor e reclama. Tem quem acha que é pouco. É uma diversidade linda. E como nos damos bem! Essa aula logo cedinho, é quase uma terapia, quase um ritual pra começar o dia com alto astral, quase uma garantia de que depois de tanta risada, tudo só pode correr muito bem. Os professores são maravilhosos. Não importa o que aconteça durante a aula, eles estão sempre encarando tudo com bom humor. Rodrigo grita, se enerva quando estamos muito atacadas, mas estimula e incentiva. Carlos morre de rir das nossas besteiras, mas é um cara aberto a ouvir nossas sugestões e a nos entender. E olha que ele ouve coisas que até Deus duvidaria...
O segredo dessa academia que é, aparentemente, uma porcaria se julgarmos apenas seu equipamento e instalações, são as pessoas que estão lá dentro. Gente boa, da melhor qualidade. Gente do bem, gente feliz e que quer continuar feliz. Gente que ri de si mesmo, gente que incentiva o outro, divide, partilha experiências. Gente que ensina e aprende. E é por isso que continuo por lá. É por gostar de gente, dessa gente com cara de sono. Dessa gente que faz meu dia começar lindo.
Taí. Eu gosto de gente. E é por isso que acho que ali é o meu lugar.
Oi Paula tudo bem! Vc não pensa em fazer tênis? Eu era muito sedentária e não gosto muito de academia. Por que vc não faz uma aula experimental para ver se gosta? Bjs Luciana Carvalho Reis.
ResponderExcluirLuciana! Eu ainda não tentei tênis não... O Iate (onde sou sócia) é super cheio e só tem horário de quadra depois das 22h. Essa hora já estou indo pra cama! Beijos!
ResponderExcluirLinda :)
ResponderExcluirObrigada, Renata!!! Você também é... Mas isso você já sabe... Beijos!!
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