quarta-feira, 28 de maio de 2014

Os Doentes da Novela





Depois que Miguel nasceu, não tive mais tempo de assistir novela. A última novela que assisti do início ao fim nesses últimos 5 anos foi o remake de "Paraíso". Era a novela das 18h, eu estava de licença maternidade e adorava assistir com o Miguel no meu colinho. Nem a novela "Avenida Brasil" da qual todos comentavam, quase estericamente, eu assisti. Um capítulo ou outro, esporadicamente, é o máximo que consigo hoje em dia. Geralmente, a televisão está ligada enquanto estou fazendo alguma outra coisa. Só que ainda por cima, quando resolvo prestar atenção a alguma cena, acabo chateando minha mãe porque tenho que fazer tantas perguntas sobre o que está rolando na trama, que acabo mais incomodando a pobre que entendendo os acontecimentos. Acabo deixando pra lá. 

Enfim, depois do nascimento do Miguel, assistir novela virou um luxo ao qual eu não tinha mais direito e, na verdade, sem ter tempo sobrando, o que aconteceu é que acabei priorizando meu tempo pra fazer coisas mais proveitosas e úteis. Acaba que o "ficar sem tempo" me fez um bem, porque ao invés de ver a novela quando sobravam uns minutos de paz, eu preferia ler um livro, uma vez que virou uma questão de não poder deixar o livro pra depois da novela. Afinal, era aquela brecha naquela hora ou deixar pra lá. Com filho pequeno a gente não tem muito como planejar o depois. 

Entretanto, como essa novela "Em família" é do Manoel Carlos, resolvi gravar os primeiros capítulos pra "ver qual era". Na boa, depois da primeira semana, me enojei tanto que larguei essa ideia besta pra lá. Eu nunca vi tanta gente doente em uma só novela. Aquilo foi me dando uma angústia, que nem sei. Não assisti mais. Não estou aqui pra ficar angustiada assistindo maluquice alheia. Maluca basta eu e a vida. E minha maluquice está controlada. Cuido dela com muito carinho pra não perturbar os outros, nem causar dores à toa em quem não merece.  

Vamos e venhamos: a personagem da Vanessa Gerbelli (desculpem mas 1 semana não foi suficiente pra gravar o nome das personagens todas), a mulher que tentava engravidar desesperadamente sem sucesso, resolve que a filha da empregada é sua filha. Totalmente fora da realidade. Não só entra nessa de que a menina é sua filha, como ensinou a garota a lhe chamar de mamãe! A Helena, personagem principal, é o tipinho de mulher que adora ter os homens orbitando ao seu redor, sorri pra um, faz um carinho em outro, charme aqui, charme ali. Enfim, fazendo o estilo "sou muito livre e faço o que me der na cabeça, ninguém é meu dono e quem quiser que me acompanhe", enlouquece o cabeção dos caras. Tudo de um jeito muito inocente, sabe? Quase sem querer. Esse tipo de mulher é um tipo perigoso. Desse jeito, colou com dois doidos como ela: o Virgílio (Humberto Martins) cheio de complexo de inferioridade, aceitava qualquer migalha. E o enjoado do Laerte, ciumento patológico, achou que Helena seria sempre dele. E taca-lhe controle, ciúme e brigas horrorosas. 

Minha mãe me disse hoje que o Virgílio está conseguindo romper o círculo vicioso, dando um basta nas loucuras da Helena. Talvez haja salvação pra essa criatura. Tomara.

Aí tem a tal da personagem da Helena Ranaldi. Gente, a mulher ouve da boca do namorado que a mulher da vida dele é outra e continua com ele. O cara diz "na lata" que não gosta de dormir junto com ela na mesma cama, ele acha que mesma cama é só pra transar, mas na hora de rolar um "dormir de conchinha", nem pensar. Cada um dorme em sua cama e ela aceita. Pior, ela sabe que o cara sai correndo atrás de tudo quanto é mulher que lhe lembre a tal da Helena e ... pasmem! Ela continua com ele. Não aguento. É forte demais.

Aí tem a Clara (Giovanna Antonelli). Nada contra ela se apaixonar pela fotógrafa. Pra mim, está tudo certo. Não faz diferença se ela vai largar o marido pra ficar com um novo homem ou mulher. O que me irrita é essa chatice de ela ficar "cozinhando em banho maria" o marido. Pelo amor de Deus! Não venha com essa história de que o cara está doente, que melhor seria deixar pra depois essa decisão de se separar ou não, isso é sacanagem com o cara. O marido está doente mas não é burro. 

Minha mãe me falou hoje que a filha da mulher que, no início da novela, foi estuprada por 2 caras, agora quer porque quer descobrir quem é seu pai. Agora veja você! E está se envolvendo nessa de prender tudo quanto é estuprador. Uma menina que faz sua faculdade, cheia coisas pra estudar, transformou em objetivo de vida ajudar a polícia a prender estupradores. E a mãe, coitada, tem que reviver através da filha, toda a dor que passou anos atrás. 

Pra piorar ainda mais, vi em um comercial que a Bruna Marquesine, quer dizer, a personagem dela, está namorando o ex da mãe que todo mundo sabe que não presta. Até o fato de namorar o ex da mãe, tudo certo. Não estou nem aí pra isso. Mas namorar o cara que deixou o pai com uma cicatriz horrível na cara e ainda tentou enterrá-lo vivo, já é demais. Quem, em sã consciência, que cresceu sabendo que o pai sofreu muito por conta desse episódio com o "melhor amigo", se aproximaria do tal do Laerte sem o menor pudor? Na boa, eu tenho nojinho só de olhar pros dois se beijando no comercial. 

E esses são só os doentes principais. Tem muitos outros. O Manoel Carlos se esmerou e conseguiu criar personagens mais doentes que nunca. E reuniu todos eles em uma única novela. Acho que ele estudou o que há de pior na literatura de psicoterapia e traçou o perfil desse povo. Definitivamente, não dá pra assistir isso. Estão subestimando muito minha inteligência. Eu não aguento. E não estou aqui pra ficar dando uma de intelectual que não assiste novela, não... Eu sempre gostei de novela. Mas é cada situação tão louca, é tudo tão surreal, que me desgasta só de assistir. E eu não estou nessa vida pra isso, gente. De doente, basta eu. Eu já sei que de perto ninguém é normal. Mas amor próprio é algo muito importante pra qualquer relação. E esse pessoal da novela está muito sem dignidade. Encheu minha paciência.

2 comentários:

  1. Sabe que eu tenho a mesma opiniao sobre essa novela? Eu gostei de " mulheres apaixonadas", tb do Manoel Carlos; as personagens eram loucas, como a Heloisa, ciumenta patologica, mas estavam dentro de um limite aceitavel. Rs. Nao gosto muito de novelas fantasiosas, mas acredito que as mesmas deveriam incentivar mais o bem, o amor ao proximo. E quanto a Avenida Brasil, realmente era de um suspense envolvente! Rs. Beijos

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