O primeiro "EU TE AMO" a gente nunca esquece. E eu estava esperando o dia que esse eu te amo do meu filho viria por escrito. Miguel é muito carinhoso e fala que me ama sempre. Mas como está começando a fazer as letras do alfabeto, estou esperando o dia de receber algum bilhetinho com essas três palavrinhas mágicas que tem o poder de fazer uma pessoa tão feliz. Mas até agora... Nada. Achei que no dia das mães ele fosse se animar pra me perguntar como se escrevem as tais palavrinhas, mas não rolou. "Tudo bem, continuo na espera desse dia", pensei.
Sábado passado foi aniversário do Itallo, padrinho do Miguel e marido da minha irmã. E o Miguel adora o padrinho. Eu não poderia ter escolhido melhor. Na minha família a gente tem uma tradição que pode parecer meio boba pra alguns, mas faz todo o sentido pra gente: sempre escolhemos família pra apadrinhar e escolhemos os mesmos padrinhos pros filhos. Eu e minha irmã temos os mesmos padrinhos. Minha irmã tem duas filhas e as duas são minhas afilhadas e de nosso primo Junior. E, se eu tivesse 10 filhos, todos seriam afilhados da minha irmã e do Itallo.
Mas, voltando ao assunto principal - como geminiano fala, né? - Miguel decidiu fazer um desenho pra dar de presente ao padrinho. Achei ótima ideia. Ele fez um desenho bem acima da sua média, porque normalmente faz um monte de rabisco e não dá pra identificar muita coisa. Ele coloriu o desenho e disse que queria uma "coisa de botar dentro". Depois de muito insistir pra saber o que seria "essa coisa", acabei descobrindo que se tratava de um envelope. Ele dobrou o desenho e colocou no envelope. Aí perguntou onde colocava o nome dele, mostrei o local do remetente e ele escreveu seu nome. Miguel me perguntou como se escrevia o nome do padrinho. Mostrei e ele escreveu. E pra minha surpresa - ou seria ciúme? - disse que queria escrever "te amo" pro seu Dido (é assim que Miguel o chama).
Tentando ser uma mãe equilibrada, falei pra ele as letras e escrevi em um papel pra ele copiar. E ele o fez, sem a menor dificuldade. Não me aguentei e perguntei:
- Filho, quando é que você vai escrever "Mamãe, eu te amo"?
Miguel respondeu:
- Não sei. Eu falo isso pra você toda hora.
- Eu sei, filho, mas você nunca escreveu isso pra mim. Você bem que poderia fazer um desenho e escrever "TE AMO" pra mim, né?, insisti.
- Não, é só pro Dido mesmo.
Meu filho tem o dom de encerrar um assunto sem a menor cerimônia. Doa a quem doer.
E assim, o primeiro "TE AMO" que meu filho escreveu não foi pra mãe e nem pro pai. O "TE AMO" provado, através de lápis e papel, foi endereçado ao padrinho. Quem entende cabeça e coração de criança?
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