quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O pedreiro

Minha irmã tem o dom de desencavar estórias do passado. Principalmente quando essas estórias fazem a gente morrer de rir juntas. Semana passada estávamos conversando sobre as aulas de tenis da Duda - filha mais velha da Sis - e ela estava me contando que a danada está jogando direitinho e que, quando a aula termina, ela ainda fica toda animada batendo bola com os "boleiros". Boleiros, pra quem não sabe, são os meninos que ficam na lateral da quadra enquanto rola o jogo pra resgatarem as bolinhas mas rapidamente para os jogadores. Aí, ela me falou que disse pro marido ficar de olho nesses jogos entre a Duda e os boleiros e eu perguntei porquê. "Não entendi, porque ficar de olho na Duda?" E ela respondeu: "É, ficar de olho porque daqui a pouco sei lá o que pode rolar enquanto eles estão jogando..." Perguntei a ela: "Mas quantos anos tem esses meninos?" E ela respondeu que eles têm em torno de 16 anos e, não é porque a Duda é minha afilhada e sobrinha, não, mas a menina é uma morena dessas de deixar qualquer menino louco. Um corpo escultural, uma bunda e uma perna de fazer inveja a qualquer malhadora, não tem um pingo de barriga a danadinha e uma carinha fofa demais! Enfim, perdição pra qualquer menino de 15, 16 anos que já está com os hormônios atuando na velocidade total... 

Então, eu falei com ela que a Duda nem está pensando nisso, que só tem 12 anos ... Aí ela desenterra uma estória minha de 1930 que, de algum modo, deve tê-la deixado traumatizada: "Pois é, a gente pensava que você também não estava nem aí pra nada disso e você já estava de olho no pedreiro, lembra?" Ai... Lembrar, lembrar, não lembrava, não. Tem coisas nessa vida que a gente prefere esquecer. Mas essas estórias parece que ficam alí guardadinhas pra gente poder se lembrar um dia e acabar rindo muito quando lembra. 

Eu e minha irmã éramos muito amigas de uma vizinha, a Andréa. Ela morava ao lado do nosso prédio e depois de alguns anos, a família dela comprou uma casa na rua de trás, só que da área de serviço do nosso apartamento conseguíamos ver toda a parte de trás da casa dela. Continuamos brincando muito juntas, lembro que era época de férias, eu tinha todo o tempo livre do mundo e devia ter uns 14 anos. A casa nova da Andréa ainda estava em obras, apesar de a gente viver indo até lá. Eis que um dia, chego na casa da amiga e me deparo com um rapaz que devia ter uns 17 anos, trabalhando na obra da casa dela, segurando uma enxada, debaixo daquele sol quente. O cara estava sem a camisa, usava uma bermuda jeans, todo suado. Cara, me lembro como se fosse hoje do peito dele suado, ele apoiando a enxada no chão e abaixando a cabeça pra enxugar a testa com as costas da mão. Gente, eu fiquei louca. Alguma coisa naquela cena fez meu coração pular e resultado: me apaixonei pelo pedreiro.

Lógico que não falei nada pra ninguém. Nem pra minha irmã e nem pra minha amiga. Mas quando eu não estava lá na casa da Andréa e podia dar uma olhada pra ele de vez em quando, eu estava na minha casa, por horas e horas, apoiada no parapeito da área de serviço entretida com a observação daquela criatura sem camisa trabalhando na obra da casa da minha amiga. Óbvio que não demorou muito pra Cleo - uma fofa que trabalhou anos na minha casa - perguntar pra minha mãe: "Ô, Dona Iris, o que tanto a Paulinha faz na área de serviço olhando pra casa da amiga???" Pronto. Ferrou. Todo mundo descobriu meu segredo. Na verdade, minha irmã que sempre foi muito esperta, cheia de maldade no coração, já tinha percebido há muito tempo e elas , a partir desse momento, me sacaneavam geral. Eu não estava nem aí. A coisa já estava evoluindo porque só um cego não perceberia que eu estava dando um mole danado pro pedreiro!!! E, em um final de tarde, finalmente, depois do dia de trabalho, a Andrea chamou o menino, que era o filho do mestre de obras da casa, pra ficar com a gente um pouquinho conversando enquanto o pai resolvia algumas coisas lá dentro com os pais dela. Enfim, nesse dia ele me chamou pra dar uma volta de bicicleta e eu, morta de medo de pagar um mico qualquer, cair da bicicleta - coisa que me acontecia com certa frequência - ou sei lá mais o quê poderia me acontecer nessa hora, fui. Não me lembro exatamente o motivo, mas paramos em uma rua próxima de casa, já na volta, e nos beijamos. E alí iniciou um namorico. Todo dia, depois da obra, ficávamos um pouquinho juntos antes de ele ir pra casa. 

Só que o pedreiro parecia um ogro. O lindinho sem camisa tinha os modos do Shrek!!! Era grosso toda vida, não tinha um pingo de delicadeza no trato com o sexo feminino e a coisa, é claro, não pode evoluir.  Além disso, o menino não queria saber dos estudos e eu NUNCA gostei de estar com meninos que  não me estimulassem intelectualmente. Inteligência é afrodisíaco pra mim tanto quanto um corpo malhado.  E, sendo assim, depois de 1 semana de passeios e beijos, esgotei minha cota de paciência e sumi da área de serviço e dei um tempo da casa da minha amiga também. Parei de olhar aquele peito lisinho todo suado porque me lembrava de como ele era rude no tratar, sabe aquela pessoa que precisa ser domesticada? Pois é, o pedreiro era assim. E, desse jeito, acabou-se minha pequena e encantadora experiência com o pedreiro. Nunca mais me interessei por ninguém que trabalhasse em uma obra, estando com ou sem camisa. 

Depois de todos esses anos eu já tinha até esquecido disso, se não fosse minha irmã me lembrar desse episódio, ele continuaria guardado lá dentro da cabeça em um cantinho bem remoto. Mas, como gato escaldado tem medo de água fria, minha irmã deve estar com um certo receio da filhinha linda repetir os passos da titia aqui e se enrolar com o boleiro do tênis. Será?

3 comentários:

  1. Eu namoro um pedreiro, e ele é a coisa mais linda que já me aconteceu! Eu nunca fui tão amada, desejada e respeitada por ninguém, nunca ninguém me fez tão feliz quanto ele ma faz...não economiza palavras de amor se preocupa comigo e tudo mais, conheci ele depois de uma decepção amorosa e vi que não devemos julgar as pessoas, pela aparência ou classe social...e sim pelo que são! Tenho 21 anos e ele 26 fomos feitos um para o outro.

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    1. Você tem toda razão!! E lhe digo: teria namorado com ele por muito tempo se não fôssemos tão diferentes. Que bom que no seu caso está dando super certo!! Fico feliz em saber que está feliz e torço para que ele continue lhe tratando do jeito que você merece. Obrigada por visitar o blog, tá? Um beijo,
      Paula

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  2. Eu namoro um pedreiro a 02 anos, ele tem 17 anos e eu 22,
    ja namorei homens mais velhos, Mais o unico q me fez mulher, me fez sentir amada e especial foi esse... Ele diz q me ama tds os dias.
    Eu o admiro mto pelo tanto q ele é esforcado, e pelos propositos q ele tem na vida... Ele realmente é uma pessoa batalhadora, q pra mim é a melhor qualidade em um homem, eu nao o trocaria por um merdinha riquinho de jeito nenhum.
    Alvro te amo muito

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