sábado, 28 de setembro de 2013

Indústria de Príncipes e Princesas




Todas as vezes que alguém chama meu filho de "príncipe", alguma coisa esquisita acontece comigo. Eu sei que a pessoa está querendo ser gentil, está querendo me agradar e tal, mas no fundo não gosto. Sei que não é porque estamos chamando um menino de príncipe que ele vai internalizar ideais de perfeição, mas não posso evitar achar que alguma mensagem começa a ser lançada desde cedo pra meninos e meninas e que alguma coisa acaba ficando. Não gosto dessa coisa de "príncipe" ou "princesa" porque as mulheres são criadas pra acreditar que esse tal de principe existe e porque, além de isso provocar uma tremenda decepção pra nós, mulheres crentes, ainda deixa uma carga muito grande em cima dos pobres coitados dos meninos. Daí uns crescem acreditando que pra serem homens bacanas precisam agir como principes (sempre buscando agradar suas "princesas" pra serem amados, sendo fortes e salvadores) e outros jogam tudo pro alto, vão pro outro extremo e viram uns idiotas completos. Poucos crescem sabendo que relacionamento é via de mão dupla e é preciso agradar e ser agradado.

Não gostaria também que as meninas crescessem acreditando que são princesas e que precisam de resgate,  precisam estar sempre lindas e com o cabelo impecável para serem dignas de que algum principe em seu cavalo branco apareça a qualquer momento pra livrá-la da bruxa má. Meninas crescem acreditando que um homem será o salvador, o provedor da felicidade suprema. Acho isso muito chato. Mesmo que a palavra "princesa" fosse apenas pra designar uma mulher linda, continuaria a me incomodar. Que chato isso de a menina ser sempre elogiada por sua aparência, pelas roupas fofas que veste. Até a Disney, quando resolveu fazer uma personagem feminina que vai a luta, que briga por suas vontades e desejos, fez a Valente, uma menina que andava pra cima e pra baixo  toda desgrenhada. Heim? Não entendi. Quer dizer que não dá pra conjugar aparência física com postura de luta? Por isso que não gosto da palavra "princesa", porque, querendo ou não, dá uma idéia de passividade que me irrita. 

Sei que não vou conseguir ganhar a briga com essa indústria de principes e princesas que existe no mundo. Mas não quero que meu filho cresça acreditando que é um príncipe. Um príncipe é um modelo de perfeição e pensar que se é um príncipe é a estrada mais curta para decepcionar-se consigo mesmo, é um fardo pesado demais. Durante sua vida, meu filho vai agir como se fosse um príncipe algumas vezes, mas vai agir como um ogro em outras tantas. Ele é humano e vai fazer besteiras. E vai reconhecê-las e se perdoar e ser perdoado. Talvez magoe algumas pessoas, talvez faça outras chorar. Vai se machucar, vai ser magoado, vai chorar. É a vida. Da mesma forma, queria que as meninas de hoje fossem criadas pra irem a luta, arregaçassem as mangas e fossem trabalhar, estudar, viver. O mundo é muito mais lindo quando não se está dentro de uma torre esperando o cara que ela acha que vai chegar em um cavalo branco. Nossas meninas podem falar alto, sim, podem gostar de usar preto e não rosa. Nossos meninos podem chorar. 

Não quero parecer xiita, muito radical, tentando encontrar pelo em ovo. Apenas acredito que certas atitudes nossas, enquanto temos filhos pequenos, são responsáveis pela formação do caráter deles, nós temos responsabilidade com relação a forma como nossos filhos vão encarar a vida, temos a faca e o queijo na mão pra desmistificarmos esses conceitos sociais. Por tudo isso é que fico mais feliz quando observo que os filmes de príncipes e princesas favoritos do meu filho são "A Bela e a Fera" e "Enrolados". Vejo que, talvez, ele esteja se identificando com modelos um pouco mais próximos da realidade. No primeiro filme, o príncipe é uma fera feia que é resgatado por uma menina simples que gosta de livros. No outro, o "príncipe" é um cara meio perdido, que age errado , mas que se revela um bom coração disposto a se modificar ao conhecer uma jovem doida pra ver o mundo e que sabe se defender tacando uma frigideira na cabeça de quem atrapalha seu caminho. Então, fica aqui o recado: meu filho não é príncipe. É um menino real: tira meleca, ri de seus peidos, gosta de luta, de música, de livros. Gosta de escolher seus brinquedos, gosta de cinema, de comer em restaurante. Gosta de bagunça e tem medo de escuro. É um menino carinhoso e que é valorizado por ser assim. Um menino que diz que sente saudade, que grita pra quem quiser ouvir, quando o deixo na escola, que me ama muito. Um menino que mente, faz mal criação, me perturba, me enche. E me cobre de beijos e me pede pra deitar com ele agarradinho... Esse é o meu menino real. O homem que vou deixar no mundo, não pra meninas que acreditam que são princesinhas, mas, sim, pra mulheres que, como ele, são reais. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Medo de foto antiga

Depois de postar a minha pior foto de adolescência ontem, já ouvi cada coisa... Se eu não estivesse bem segura de mim, já teria enlouquecido. Mas, obviamente, se postei é porque tinha total consciência da feiura na qual me encontrava e quer saber? Eu não estou nem aí. De verdade. Aliás, eu acho que nunca estive muito aí pra isso. 

Namorado chegou em casa e a linda foto estava em nosso quarto. Não estava escondida a 7 chaves conforme minha amada irmã acha de deveria estar: dentro de um baú trancado e enterrado no fundo do mar. Quando ele pegou a foto, demorou uns instantes pra reconhecer a pessoa que dorme com ele todos os dias. A cara passou de ponto de interrogação para incredulidade e depois, me entregando a foto, perguntou:

- Você não pegava ninguém nessa época, não, né? 

Só rindo. Mas a resposta é óbvia.

Pior mesmo foi o Miguel. Pegou a foto e perguntou:
- Quem é, mamãe? 
Respondi:
- Sou eu, filhote!
- Com cara de nojo, arregalou os olhos, franziu o nariz, ficou olhando pra foto e pra mim. Olhou mais uma vez pra foto. Olhou pra minha cara e, finalmente, falou:
- Essa aqui não é minha mãe mesmo. É outra mamãe. 

Por mais que eu insistisse, não houve jeito: o garoto não acredita que sua mãe seja aquela da foto nem por reza brava. 

A maior parte das pessoas me disse que se eu não dissesse que a criatura da foto era eu, nunca adivinharia. Prefiro considerar isso um maravilhoso sinal de como estou melhor hoje, aos 42 anos, que estava aos 16. E gente, qualquer dia posto outras fotos... Porque juro que não fui feia por TODA a adolescência... Aquela foi a pior fase. Antes disso, não era tão ruim...rs... E logo depois melhorei muito! Meus amiguinhos de ensino médio e faculdade não me deixariam mentir!!! Eu sou a prova de que magreza demais enfeia a pessoa. Essa foto foi tirada na época em que estive mais magra na vida. Na boa, não vale a pena! Hoje tenho, simplesmente, 11 quilos a mais que naquela época e estou bem mais feliz. O espelho não mente! Nem as fotos antigas. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pior foto de adolescência

Quando dei de cara com essa matéria, fiquei extremamente grata ao tempo. Agradeci pelas pessoas que estavam ali, segurando suas fotos antigas, fotos que consideram como a sua pior foto de adolescente. E fiquei muito grata por mim. E tenho motivos pra isso. 


Fui uma criança linda, mas fui uma adolescente feia. Talvez "feia" não seja a palavra melhor, mas posso afirmar que bonita também não era... Oscilava entre gorda e magra. Não achava um peso que conseguisse manter e que me fizesse sentir bem. Tinha as cobranças do ballet, tinha as minhas cobranças. Só o tempo me ensinou  a conviver comigo. O tempo fez bem pro meu corpo e pra minha mente. Aprendi a valorizar meus pontos fortes e mostrar o que é bonito, chamar atenção pro que tenho de melhor, tirando, assim, o foco do que não funciona. Posso dizer também que além de agradecer ao tempo, devo agradecer à ginástica localizada e à musculação que fizeram muito por mim!

Quando li a parte da matéria que fala da foto mais feia de adolescência, não tive a menor dúvida de qual seria a minha. É claro que tenho algumas fotos horríveis, mas essa daí é, de longe, a pior. Cheguei em casa e comecei a caçar essa foto. Tinha 16 anos, magra que nem um palito, me sentindo "a bailarina" por estar esquálida e, sabe-se lá porque, pra piorar ainda estava com meus óculos enormes fundo de garrafa ao invés de estar com minhas lentes. Meus cabelos que são muito cheios, na adolescência ganharam vida própria e dobraram de volume. Pra provar, embarcando na vibe do link acima, me atrevo a postar uma das minhas piores fotos de adolescência. Quem tiver coragem, que faça o mesmo!!! Mas é pra escolher a pior!!

Salve-se quem puder!!! Só no poder de São Jorge!!



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Beto Carrero




Não era minha intenção ir ao Beto Carrero nesse momento. Já tínhamos planejado levar o Miguel ao Beach Park, em Fortaleza, agora em outubro. Só que logo depois decidimos também que vamos pra Disney ano que vem... E aí, durante uma conversa sobre esses planos de férias, falei pro Hugo que a gente deveria levar logo o Miguel pro Beto Carrero porque se deixássemos pra levá-lo lá depois de ele conhecer Orlando, o garoto iria achar meio sem graça, acredito eu . 

Enfim, pegamos umas milhas e trocamos a passagem pra Florianópolis e decidimos que não ficaríamos em Penha (local onde situa-se o parque). Preferimos um hotel em Camboriú pra termos opções de restaurante e shopping. Penha não tem nada. Nada mesmo. São só hoteis e o parque. E como as atrações deixam de funcionar às 18h, ficaríamos sem ter muito o que fazer depois e à mercê da comida do hotel, apenas. Foi uma decisão bem acertada. Em Camboriú, há muitos restaurantes perto do hotel (na orla, Hotel Mercure), além de um shopping pequeno onde podemos chegar andando por 5 minutos e um shopping muito bom, com cinema e muitos restaurantes que fica há 4 minutos de carro. Outra coisa boa foi termos decidido alugar carro. Ficamos com uma maior liberdade pra ir e vir, sem estarmos presos com os horários estabelecidos pelos transfers.





Sabia que seria muito divertido, apenas não sabia como seria o comportamento do Miguel com relação a estar muitas horas na rua, andando pra caramba e enfrentando filas. E a reação dele foi muito melhor que a que eu esperava! Logo no primeiro dia, fui tentar alugar um carinho pra ele não se cansar tanto. Só que como o tempo estava instável, a atendente me explicou que o carrinho não era impermeável e que, se chovesse muito, o carrinho acabaria ficando bem molhado já que os locais para deixarmos o carrinho enquanto estivéssemos nas atrações não é coberto. Uma vez que o carrinho ficasse molhado, eu não poderia colocar meu filho nele. Depois dessa explicação que fez sentido pra mim, decidimos começar nosso dia sem carrinho mesmo e, se fosse mesmo necessário, voltaríamos pra alugar depois. Só que Miguel não pediu colo nenhuma vez! As poucas vezes em que foi pro colo foi quando precisamos correr pra pegar o horário de algum show ou quando Hugo deu uma colher de chá e ofereceu. Fora isso, o garoto não arregou. Andou mesmo, ficou em pé nas filas e não reclamou de cansaço.




O comportamento do Miguel foi o melhor do passeio. Meu filho se mostrou um companheiro e tanto pra viagens, não perturbou e curtiu muito as coisas. Tem muita energia e não reclama. É claro que ficou impaciente quando tinha que esperar muito nas filas, mas nada que não fosse normal. Ninguém gosta de enfrentar filas. Fiquei muito animada pra irmos pra Disney. É claro que lá não abrirei mão do carrinho, porque não dá pra comparar o tamanho dos parques, mas deu pra ver que Miguel vai aproveitar demais.





O parque é bem bonitinho, os animais são bem cuidados. Só não dá pra fazer comparações com outros parques porque aí a coisa fica feia. É o mesmo que comparar laranja com mamão. É tudo fruta mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Os parques Disney estão em outro patamar, muito distante. Quando você veria um extintor de incêndio aparente em uma das atrações da Disney? Nunca! Outra coisa é a falta de estrutura pra alimentação: em todo o parque existe apenas uma única praça de alimentação. E não é preciso ir muito longe pra saber que ela não dá vazão nos dias mais cheios. Fizemos o parque numa sexta-feira e estava bem tranquilo. O segundo dia era um sábado e estava MUITO mais cheio, mesmo o tempo estando nublado e com alguns momentos de chuva. As filas da praça de alimentação, no sábado, estavam dando voltas! Havia filas também nos banheiros femininos. Por isso, se der, melhor se programar pra pegar dias de parque fora de final de semana. Outra coisa é o piso da praça de alimentação: extremamente liso e escorregadio. Vi duas crianças escorregarem, outra cair e também vi uma senhora cair. Aquele piso é um crime em dias chuvosos! Pois é, esses pequenos detalhes dão uma enfraquecida, mas não dá pra tirar o mérito do parque que é bem legal, sim.




Miguel não pôde andar nas duas montanhas-russas do parque porque não tem altura. Mas há muitas atrações nas quais ele pôde ir, também assistimos a shows e tudo era novidade pra ele. Miguel aproveitou muito e quis repetir muitas vezes os brinquedos dos quais gostou mais. Outra coisa legal foi a oportunidade de conhecer meu filho um pouco além do dia-a-dia, ver que meu filho não tem medo das quedas, de altura, dos brinquedos com velocidade. Mas tem medo quando a atração é escura. Acho que o que ele não vê, o que não pode controlar, o oculto, o inesperado, não bate legal pra ele, não... Ele estava com medo de entrar na caverna dos piratas porque era bem escuro. Insistimos pra que ele vencesse o medo e lá foi ele diante da nossa insistência. Pé ante pé, devagar foi indo, só que quando chegou na metade do caminho, depois de ter visto vários esqueletos nas paredes e outro esqueleto com chapéu de pirata deitado na cama, o garoto deu um grito: "Eu falei que não queria entrar aqui!!! Quero sair desse lugar!" Epa... Até me surpreendi com a ênfase dele, com a força de sua decisão de não ficar mais alí. Respeitamos e mais que rapidamente saímos de lá. Respeito é bom e meu filho gosta. Achei bacana ele ter se posicionado, dito que não estava satisfeito de estar entrando em um lugar só pra agradar a gente, na verdade. 

Valeu muito a pena. Fiquei muito mais confiante pra enfrentar uma maratona de parques com o Miguel ano que vem, ele me passou muita segurança. E ver a carinha do filho da gente se divertindo e aproveitando é bom demais! 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Time de Bambas

Qual é o professor que gosta de ser assistido? Ninguém gosta de se sentir supervisionado, auditado, espionado. A gente sabe que a intenção é boa, que todo mundo quer ajudar e tal, mas e se der branco? E se eu não estiver em um bom dia? E se a impressão ficar gravada que nem lápide na cabeça do ser que assistiu e pronto? Um professor pensa mil coisas quando sua aula será assistida, seja pelo diretor amigo ou carrasco, pelo coordenardor pedagógico gente boa ou insuportável, seja pelo Departamento de Ensino da escola.

Quando meus professores são assistidos fico nervosa também. Lógico que não como eles, porque o meu povo é muito nervoso... Nervoso demais. Tem gente que diz que está calminha, calminha... Diz que está preparada psicologicamente, mas no dia da assistência precisa sair da sala de aula que nem louca pra ir ao banheiro umas 10 vezes! Tem gente que fica gelada que nem pedra de gelo. Tem gente que perde a voz, uma rouquidão do nada que começa a se instalar pouco antes de a aula começar. Tem gente que fica sem dormir um dia antes. Tem gente que chora. Tem gente com ataque de riso. É a vida, somos humanos, mas a chapa aqui é muito quente por uma única razão: os caras querem MUITO acertar, fazer tudo do jeito que manda o figurino, querem arrasar, querem ter orgulho de si e dar orgulho ao time. É gostoso de ver.

Acabada essa temporada de assistências, tenho muito o que agradecer. De novo. Sem o Joubert (professor de Didática) eu não conseguiria formar gente tão boa e capaz. Se existir alguém que não tenha a metodologia do CCAA no sangue, esse cara consegue enfiar nem que seja na base da transfusão. Sem o Ramon (coordenador) eu não teria a calma que tenho pra fazer outras coisas. Se tenho no Namorado o parceiro ideal de vida, tenho no Ramon um parceiro nota 10 no trabalho. É um casamento perfeito. O trabalho iniciado aqui pela minha eterna parceira Bianca Way (saudade, sempre!!!) está sendo continuado por ele e com honras! Preciso agradecer aos professores que não foram assistidos, mas que são solidários aos que foram, sempre dispostos a ajudar e trocar dicas e idéias. Sou grata a galera da secretaria pela torcida. Eles torcem mesmo pra que tudo esteja correndo bem. A escola vira uma corrente de luz pra envolver os que estão sendo assistidos. 

Priscila, Larissa, Andreia Ferreira, Andrea Santiago, Bruno Torres e Leandro do Vale, vocês foram demais! Um orgulho pra mim... Pro CCAA... Pro time. Cara, nós somos mesmo uma família! 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Medo da Adolescência

Minha irmã acaba de me telefonar com seu nível de estresse elevado ao máximo. Máximo não. Acho que já tinha estourado todo o limite possível. A coitadinha pergunta se eu posso falar com ela porque precisa desabafar. É lógico que posso. Como não dar um ouvido pra minha irmã? Justo eu que escuto tanta coisa de tanta gente, como não escutar o desabafo dela? Vamos lá, irmãzinha, manda ver! Conta aí o que está lhe esquentando a cabeça...

Hoje é o dia de minha irmã buscar as crianças na escola. A filha dela mais nova e o Miguel. Pra começar bem, Miguel entra no carro e revira sua bolsa e pega o lanche que a pobrezinha separou pra comer mais tarde no trabalho: um mísero biscoito Club Social. Miguel abre seu biscoito e come. Instala-se uma briga no carro porque a Rafaela (filha da minha irmã) começa a brigar com o Miguel porque ele não deveria ter comido o lanche da mãe e por aí vai. Felizmente, minha irmã "desova" as duas criaturas em casa e parte para seu trabalho pensando que terá alguns momentos de paz. Se é que se pode ter paz em um engarrafamento.

O telefone dela vibra porque acaba de receber um WhatsApp em meio ao trânsito insuportável. Ela verifica sua mensagem recebida e constata que é de sua filha mais velha. Em tom de fim de mundo, Duda diz pra mãe que está com uma espinha gigantesca no nariz e não contente em relatar, lhe envia a foto do nariz com sua espinha em forma de vulcão pelo celular (tecnologia é mesmo uma beleza!). Eduarda pergunta se a tal da espinha está muito grande. Minha irmã manda pra ela uma daquelas carinhas fofinhas pra ela se consolar. Aí, segue uma sequência de perguntas no melhor estilo dramático que só os adolescentes, em especial do sexo feminino, conseguem:

"Posso fazer segunda chamada da prova de amanhã? Como vou aparecer assim? Como vou na festa?"
"SÉRIO"

Minha irmã, tentando acalmá-la, tentando ser uma mãe blasé, diz que ela é quem sabe. Se ela achar que deve faltar a prova, ok, faltará e fará segunda chamada. Sem querer colocar lenha na fogueira, diz pra Duda que ela pode decidir o que achar melhor pra ela. 

Aí podemos concluir que se o mal que aflige a menina-moça é aparecer em público com a espinha no nariz, estaria resolvida a pendenga. Mas não... A saga segue... Eduarda continua:

"Isso quer dizer que a espinha está enorme, né? Socorro, cara, vou me matar! Olha isso..."

Minha irmã tentando manter a calma que já é tão rara em sua personalidade, diz que não foi isso o que quis dizer, e diz que ela faz drama demais...Minha irmã aproveita pra dizer também que não é pra Duda mexer na dita cuja e que a espinha desaparecerá. Mais perguntas seguem:

"Até quando? 1 mês?"

Já sem paciência e querendo sumir deste mundo, minha irmã volta a ser a mesma de sempre e diz que se tivesse bola de cristal, acertaria na loto e ficaria rica, tentando encerrar uma conversa que parece não ter fim. 

Entre as coisas mais loucas que ouço minha irmã falar ao telefone durante seu desabafo, está a frase-pérola que filhos não são de Deus! Que não é possível que seja verdade tanta carga em suas costas e que todas as pessoas do mundo são mentirosas quando dizem que maternidade é uma maravilha!!!  Minha irmã repete em alto e bom tom (acho até que o motorista do carro ao lado deve ter escutado): "PESSOAS MENTIROSAS!!! Todo mundo mente!!"

HAHAHA Tenho ataques de riso porque pimenta nos olhos dos outros é refresco. Não disse que o estresse  dela havia atingido seu nível máximo?

Se a gente conseguir se lembrar de como éramos quando adolescentes, vamos nos lembrar de várias histórias ridículas, de ocasiões em que fizemos tempestade em copo d´água. Adolescente adora drama. Tudo é tão intenso. Tudo é muito. Atualmente, quando querem dizer que algo é demais, muito lindo ou muito legal, usam a palavra "perfeito". O vestido é bonito? Então ele é perfeito. O filme é maravilhoso, então ele é perfeito. Como se perfeição existisse. Na adolescência é tudo ou nada. Matar ou morrer. Lindo ou horroroso. Não existe entre o branco e o preto, milhões de tons de cinza. É 8 ou 80. 

É preciso muita estrutura pra passar por essa fase. Nem sempre estamos com a calma necessária, com a vida ganha, com os pensamentos em ordem, e, de repente, ainda nos vemos tendo que resolver coisas que são irrelevantes na vida adulta e o fim do mundo na vida de um adolescente. Coitada da minha irmã... Uma filha adolescente e outra pré-adolescente... É muito barra pesada mesmo. E olhando e escutando tudo isso, começo a tremer por dentro de medo, porque meu filho está crescendo e num piscar de olhos também vai achar que uma espinha é, na verdade, um vulcão. Salve-se quem puder. Que Nossa Senhora das mães de adolescentes interceda por nós, pobres mães, junto a Jesus!!!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Filho vem sempre na frente

Parece loucura, mas ainda me surpreendo com meus pensamentos e atitudes depois que o Miguel nasceu.  É tanta coisa diferente: meu tempo, meu jeito, meu modo de viver e de enxergar a vida. Lá se vão 4 anos e ainda me pego surpreendida por mim mesma. Talvez porque eu tenha esperado muito tempo pra decidir que queria ser mãe e ter esse bebê lindo comigo. E por ter demorado tanto, passei muito tempo da minha vida pensando só em mim mesma ou, no máximo, pensando em quem estava ao meu lado. Passei muito tempo da minha vida sem precisar me planejar tanto, bastando que estivesse correndo tudo bem no trabalho, que meus pais estivessem com saúde, que minha família estivesse bem, para que eu fosse feliz. E isso já me parecia muito. Enfim, pra eu estar feliz não dependia tanto da felicidade de uma outra pessoa como agora. Depois que Miguel nasceu, pra eu estar feliz preciso que ele esteja feliz. Por mais piegas que possa parecer , essa é mais uma dessas verdades que a gente ouve muito por aí e ou acha breguice ou conversa à toa.

Estou com uma gripe horrível, dessas que deixam o corpo todo moído, a cabeça pesando 10 quilos, tudo congestionado. Estou com esse cansaço crônico e vontade de me entregar à cama. E sabem o que eu penso quando chega a hora de tomar os remédios? Penso que não posso deixar de tomá-los porque preciso ficar logo boa pra ter ânimo pra estar com meu filho. Sabem o que penso quando vou rezar a noite, antes de dormir? "Queira Deus que meu filho não pegue essa gripe..."

Percebi que há 2 dias não peço a Deus pra essa gripe passar logo. Nem me importo que ela dure 1 semana ou mais, só não quero que Miguel fique gripado. É muito insano quando você se dá conta de que você não está mais na sua lista de prioridades, que a sua maior urgência é seu filho e que não importa quanto tempo você ficará doente, desde que seu filho continue são. Essa Paulinha aqui tornou-se mãe em 10 de maio de 2009, mas a consciência disso veio aos poucos. E eu ainda me surpreendo com o tamanho disso tudo. Ainda me espanto com esse amor de mãe. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Quando se complica o que é simples

Esse mundo anda muito louco mesmo. Ou, então, sou eu que não ando numa fase muito legal. Tudo que eu acho fácil de resolver, pra outros é um problema sem tamanho. Tudo o que eu acho simples, é encarado por muitos como complicado. Acho mesmo que tem gente que adora "pagar um mistério" pra certas coisas, pessoas que adoram valorizar o banal e fazer parecer difícil o que é fácil. 

Ouvi uma história outro dia a respeito de uma mãe de uma das crianças em uma turminha de 2 ou 3 anos de idade, que queria escolher o par pra filha dançar na festa junina. Peraí. Isso é tão surreal dentro do meu contexto de vida corrida que não posso nem imaginar uma situação bizarra dessas. O que me ocorre é que essa mãe não deve ter muitos afazeres e, assim, consegue achar tempo pra se preocupar com quem a filha dança ou deixa de dançar na festa junina. Se tivesse outras coisas com que ocupar sua mente, esse seria o menor e menos importante de seus "problemas".

Minha natureza prática não me dá espaço pra pensar muito nas coisas que preciso fazer ou nas decisões que preciso tomar. Eu não complico: analiso a situação e penso em possibilidades. E, depois, dentro das possibilidades, peso prós e contras. E decido. Não gasto dias da minha vida, pensando, pensando, pensando. Sei que tem gente diferente de mim. Gente que precisa de mais tempo, alguns até muito mais tempo pra decidir alguma coisa, e está tudo bem. Só não vale ficar falando do que precisa decidir 24 horas por dia, como se o problema fosse o pior do mundo ou o mais difícil de se solucionar. Como gosto de dizer: "O que não tem solução, não é problema." Enfim, só gasto meu tempo com o que, de fato, é problema e, portanto, passível de ter solução. 

Outro dia, conversando com uma pessoa no consultório médico que está prestes a se casar, ouvi a moça  falar sobre as várias coisas que precisa fazer para estar maravilhosa no dia de seu casamento: insistir na dieta rigorosa que havia iniciado há 4 meses porque "precisa" ter saboneteiras aparentes no dia D; aguentar o personal trainer que começou a pagar há 6 meses pra poder ter braços definidos a serem exibidos enquanto segura o buquê; tempo para a hidratação semanal e cauterização uma vez por mês para que os cabelos estejam brilhantes; limpeza de pele; massagem semanal para não parecer inchada; tratamento esfoliante para os pés de 15 em 15 dias; além de pegar 30 minutos por dia de sol da manhã para entrar na igreja com um bronzeado de artista. Ufa. Gente, é isso mesmo? Casar virou, além de tudo o que a noiva tem que resolver e escolher, um concurso de beleza? Não era só pra ser o dia mais feliz da sua vida? Não era só pra você dormir cedo no dia anterior pra acordar no dia com a cara descansada e sem olheiras? Sempre defendi a idéia de que não existe noiva feia porque felicidade faz qualquer pessoa ficar luminosa, feliz e, consequentemente, linda de morrer. Ou de viver. Noiva feia é noiva infeliz. Eu estava tão maravilhosamente feliz no dia do meu casamento que me sentia a noiva mais linda do mundo! E, graças a Deus, era a mesma Paula de sempre, o mesmo corpo, o mesmo cabelo, as mesmas unhas. Eu me cuido todos os dias com moderação, é claro, porque o dinheiro e o tempo não me permitem exagerar na vaidade. Mas a noiva que o Namorado encontrou no altar foi a mesma mulher que ele conheceu e pela qual se apaixonou. Nem mais gorda, nem mais magra. E é a mesma que existe hoje. Só 9 anos mais velha... 

Pra ser feliz não precisa tanto, meu povo. Nada contra quem precisa fazer tudo isso pra se sentir linda, realizada e segura no dia do seu casamento, mas na minha boca fica um gostinho azedo ao invés de doce, um "quê" de complicação pra algo tão bonito e simples. Só de pensar na maratona pra ser a noiva do ano, me senti cansada. Como disse no início, é muita gente complicando o que seria simples. E o pior é que depois que a gente complica as coisas, fica difícil fazer com que elas sejam simples de novo. 

Não quero isso não... Deixa eu continuar achando que os pares de festa junina de escola é algo pra ser resolvido entre alunos e professor da escola. Deixa eu continuar a me preocupar apenas com o que posso resolver. E deixa eu continuar pensando que casar é maravilhoso demais pra eu me preocupar em ser a noiva mais linda e sarada e que isso, de quebra, ainda me faça a mulher mais feliz do mundo por um dia.