terça-feira, 30 de agosto de 2011

Questões do Coração



Semana passada eu acabei de ler "Questões do Coração". Gostei bastante, é desses livros que a gente entra na estória desde o primeiro capítulo e não consegue parar de ler. E fiquei refletindo sobre muitas coisas depois de acabar a leitura.

A estória é sobre traição. Na maior parte dos livros, filmes, novelas e tal, quando uma mulher/homem trai a esposa/marido ou a esposa/marido não presta, ou a/o amante não vale nada. E assim fica fácil digerir, entender e até perdoar uma traição. Só que nesse livro a coisa é diferente. Ele nos mostra que nem sempre as coisas são assim e que muitas vezes a traição acontece por tantos outros fatores e não podemos ficar estigmatizando um ou outro lado da estória como mau caráter. O que ficou martelando na minha cabeça   quando virei a última página é que gente boa, com caráter, boa índole, também erra, faz besteira. E aí é que a porca torce o rabo... Quando a gente fica de cara com o fato de que somos tão plural, com tantas nuances que nem mesmo nós conhecemos todas as nossas facetas, fica um gosto meio aterrorizante na boca. Pelo menos na minha ficou.

No livro, acompanhamos a estória da esposa e da amante em paralelo e nos afeiçoamos às duas pessoas e até ao marido traídor. A autora consegue essa proeza: nos mostra as pessoas bacanas, com suas fragilidades, com suas falhas e a gente não sabe pra quem torcer, não sabe que fim quer que o livro tenha. A gente só gosta dos personagens e entende cada um dos motivos, enxerga, de fora, o que cada um está fazendo de errado e ainda consegue se enxergar na mesma situação, sem saber o que fazer.

Gente boa também erra. Gente bacana se arrepende e quer voltar atrás. Gente honesta derrapa e pede perdão. Difícil é a gente perdoar, porque um erro modifica a dinâmica do relacionamento entre duas pessoas, seja namoro, amizade, casamento. Principalmente quando se trata de traição, envolve preceitos de fidelidade, de confiança. E isso muda tudo. Tudo o que a gente acredita que tem, tudo no qual a gente aposta nossas fichas, de repente, parece pequeno, inútil, perda de tempo. Estranho. Acho que só quem passa ou já passou por uma situação dessas é que pode tentar explicar.

Sei que muitas vezes o erro serve pra mostrar o que a gente deve modificar, serve pra transformarmos nosso modo de encarar a vida, nosso dia-a-dia. O erro pode mostrar um outro caminho, pior, melhor? Não sei, mas pode ser um outro caminho que pode dar em algum lugar bonito, um lugar onde a gente pode se tornar pessoas melhores. Chato é que a gente precise errar ainda. Chato que a gente precise amadurecer tanto. Errar pode causar muita dor, nos outros, na gente mesmo. E muitas vezes precisamos desse processo doloroso pra crescer. Pena que, muita vezes, só o erro possa trazer o amadurecimento.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Rei Leão

Pipoca gostosa


Miguel e primas companheiras do primeiro cinema





Quando li que "O Rei Leão" estava sendo relançado no cinema em 3D, pensei que seria uma ótima oportunidade para levar o Miguel ao cinema pela primeira vez. O filme é de 1994 e eu me lembro de ter ido ao cinema assistir. Eu sempre gostei de ver filmes infantis, principalmente da Disney. Muita gente acha que é coisa pra criança apenas e não aprecia o trabalho, muitas vezes espetacular, para se fazer um filme infantil. "Shrek" e "Toy Story" estão aí pra provar isso e o cuidado que o pessoal da Disney tem na elaboração de seus filmes é incrível. A trilha sonora do filme "O Rei leão" é ganhadora do Oscar assim como melhor canção.

Por tudo isso, fiquei bem animada pra ver a reação do Miguel quando se deparasse com a telona. Eu amo cinema e queria muito dividir esse amor com meu filho. Tive duas experiências anteriores levando minhas afilhadas Duda e Rafaela ao cinema. Ambas foram comigo pela primeira vez, mais ou menos com a mesma idade, 2 anos e pouquinho. A Duda ficou mega quieta, nem se mexia, extremamente entretida com tudo. A Rafa já não parou, pediu pra ir ao banheiro, andava entre as cadeiras e eu estava curiosa pra saber como seria o comportamento do Guel.

Bem, na primeira meia hora ele ficou bem quietinho. Estava lá, com seu baldinho de pipoca, o copo com suco e estava meio bobo com o tamanho da tela, acho eu. Depois dessa primeira meia hora, a pipoca acabou e ele começou a pular de cadeira em cadeira, uma hora queria o meu colo, depois queria o colo do pai, depois queria ficar perto das primas, enfim... Quietinho, quietinho, não ficou... Mas também não pediu pra sair da sala. Estava gostando do ambiente e prestava atenção ao filme, mesmo inquieto.

Na hora em que o pai do Simbad morre e ele grita "Pai!", Miguel logo depois gritou bem alto, "pai" também e o cinema inteiro riu. Na cena em que Scar e Simbad estão lutando, Miguel dispara "Iiiihhh, bateu!! Castigo!!" A gente sempre fala pra ele que não deve bater nos amigos, bater é feio e tal e que ele vai ficar de castigo se fizer isso. Então, na cabeça dele, muito lógico seria se colocássemos os dois leões de castigo porque estavam se batendo. Sei que a palavra "castigo" está em desuso, o certo agora é ir "pro cantinho do pensamento", pra refletir sobre o que fez. Mas lá em casa a gente ainda não incorporou o novo termo e acabamos usando o bom e velho "castigo" e que no final dá no mesmo. Ele vai lá pro canto dele e fica pensando no que fez... Ou não... Quem vai saber? Bom, voltando ao filme, quando tocou a música "Hakuna Matata" - que ele nunca havia escutado - ficou animadíssimo e queria bater palmas e começou a dançar. A música ganhou o Miguel de cara.

Eu amei a experiência! O namorado ficou um pouco estressado com medo do Miguel esbarrar nas pessoas da fileira da frente, incomodar os outros, mas, no final, foi muito bom e vamos repetir muitas vezes!! Criança é criança e a reação espontânea é muito engraçada, todos acabam compreendendo e simpatizando com o bebê. As pessoas em volta já estavam rindo das reações do Miguel junto com a gente. Da próxima vez, só acho que vou comprar mais pipoca pra ele... Quem sabe a concentração do meu filho não vá durar mais de 30 minutos se acompanhada de mais pipoca?

domingo, 28 de agosto de 2011

Te amo






Eu sei que atitudes valem mais que mil palavras, já tenho idade suficiente pra ter aprendido isso. Acontece que toda mulher gosta de um "te amo" de vez em quando, faz bem pro coração, faz feliz a alma.

Eu falo "te amo, filho" pro Miguel sem nem saber se ele entende o tanto de sentimento que coloco nessas palavras, o peso que elas têm pra mim ...  "Eu te amo" só sai da minha boca quando eu realmente acredito nisso, quando meu peito se enche de tanto amor, tanto, tanto, que as palavras sobem do coração pra garganta e, por tanto amor, não consigo segurá-las na boca e aí sai o meu "te amo". Assim, sem pensar, só sentido.

Ontem, quando cheguei do trabalho fui até o quarto do Guel pra dar uns beijinhos, falar que já estava de volta. Ele estava sentado em sua caminha e eu ajoelhei perto dele e dei um monte de beijos. Parei de beijá-lo, falei que estava na hora do almoço e que depois nós iríamos ao cinema. Ele lá, olhando pra mim com aquela carinha de sapeca. De repente, sem que eu esperasse, se jogou em cima de mim passando os bracinhos em volta do meu pescoço e num abraço apertado disse: "te amo, mamãe, te amo!"

E eu chorei. E estou chorando de novo lembrando do sentimento que vivi naquele momento, do amor que me invadiu junto com o som daquelas palavras. Está eternizado o momento em que ouvi o Miguel dizer que me ama pela primeira vez. Tatuagem feita sem dor no meu coração.

sábado, 27 de agosto de 2011

Roberto Carlos


Todo mundo da minha geração cresceu com as músicas do Roberto Carlos tocando nas manhãs de domingo, exceto eu. Na minha casa a trilha sonora não tinha Roberto Carlos, não sei nem porquê. Quando eu escutava suas músicas era no rádio mesmo porque minha mãe não comprava os LPs - "LP" denuncia a idade totalmente, mas... A trilha sonora da minha casa nas manhãs de sábado e domingo era, disparado na frente, Chico Buarque, depois vinha a Bethânia, o Martinho da Vila e a Bete Carvalho.

Cresci escutando todo o repertório de Chico Buarque e, como qualquer outro adolescente que gosta de discordar dos pais, eu sempre dizia que queria escutar outras coisas mas acabava curtindo muito e hoje sou admiradora do cara e reconhecedora do quanto o Chico é um compositor genial. A voz da Bethânia é um capítulo à parte, a mulher canta demais e samba sempre esteve presente na minha vida, ainda mais da qualidade de Martinho e Bete Carvalho.

Voltando ao Rei, o pobre não marcou minha infância, não fez parte da minha vida e eu fui conhecendo aos poucos todas as vezes que ia na casa de uma amiga e a mãe estava escutando as músicas dele ou quando ía pra  casa da minha dinda - essa, sim, ganhava todo ano de Natal o LP do Rei. Só nessas ocasiões é que eu era apresentada à música do Roberto e do Tremendão, o maravilhoso Erasmo Carlos. Casamento perfeito esse de Roberto e Erasmo. Enfim, aos poucos fui conhecendo muito do trabalho dos dois e hoje sou fã. Não gosto de tudo, principalmente depois que começaram a fazer músicas pra gordinhas, mulheres de óculos, mulheres de 40, baixinhas e tal... Mas o que foi criado nos anos 60, 70 e 80, simplesmente, amo!!! E ando numa fase muito Roberto! Então hoje, na minha casa, nessa manhã de sábado, me arrumei pra vir pro trabalho ao som das músicas do Rei. E a última música que ouvi foi essa aí de cima: "Tudo Pára"...  É tão linda que me dá vontade só de ser feliz e mais nada. E bom sábado pra todo mundo!!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Filho de 2 anos

Nossa família

Miguel e seu xará Miguel

Miguel com a boca cheia e a cara engraçada

Minha delícia


Não posso falar com relação à todas as outras fases que ainda passarei no decorrer do crescimento do Miguel, mas até agora, com toda a certeza do mundo, essa está sendo a melhor etapa. Não é novidade pra ninguém que não me apaixonei pela maternidade assim, de cara. É claro que amei meu filho logo que nasceu, mas era um amor estranho, um amor pelo desconhecido, um amor que ama somente pelo fato de ele ter saído de mim, pelo fato de o Miguel ser o fruto do meu amor pelo namorado, talvez um amor até egoísta, do tipo "amo você porque fui EU que lhe fiz".

Hoje, depois de 2 anos e 3 meses de convivência com minha delícia, posso dizer que sou louca pelo Miguel, totalmente apaixonada, totalmente inebriada por tê-lo perto de mim e na minha vida. E esse amor enorme, que não deixa um só espacinho de mim vazio, vem em um momento em que o Miguel me devolve muito, troca demais comigo e é tão gostoso ter esse filho com essa idade que eu, que sempre quis que ele crescesse logo, queria que o tempo parasse agora para que ele ficasse assim pra sempre...

Por "assim" entendam uma criança esperta, cheia de carinhas e respostas pra tudo, carinhosa, engraçada. Ah... O Miguel é muito engraçado!! E está cada vez mais senhor de si, mais independente, e eu vibro cada vez que ofereço ajuda quando vejo que está tendo alguma dificuldade para fazer alguma coisa e ele me responde "ajuda não, mamãe, ozinho" (quer dizer, sozinho). E quando quer repetir alguma cena do filme que está assistindo e tenta com o controle remoto colocar a parte que quer assistir mais um vez? É muito fofo. E quando quer me ajudar a matar "moquito" ? Fica tentando, com aquelas duas mãozinhas lindas e gordas, batendo palmas no ar pra matar os tais dos mosquitos.

Miguel está ampliando rapidamente sua lista vocabular e está se comunicando cada vez melhor. Já escolhe o "bicoito" que quer comer, pede "caninha" (carne), "pesún" (presunto) e bolo. E pede, também, pra trocar de roupa porque "tá chujo" (sujo). Quando quer dormir, pega minha mão e fala "pro quato (quarto) mimi, mamãe". Pede a "chopeta" e o suco e vai pra cama feliz. Eu vivo me deliciando e sou uma mãe totalmente idiota e acho graça de tudo... Nunca pensei que fosse ficar tão boba.

Enfim, ter um filho com 2 anos de idade está me fazendo tão feliz, mais tão feliz, de um jeito que nunca esperei que me sentiria. Não me sinto mais tão cansada embora minha dedicação a ele seja a mesma, mas é que Miguel, pouco a pouco, também está delimitando seu espaço, também está se colocando no mundo e dizendo a todos que também precisa de um tempo dele. E nesse tempo muitas vezes eu e o pai não estamos incluídos. Ele se parece comigo nesse sentido, eu também, desde pequena, me divertia com minhas coisas, meus filmes, meus pensamentos. Às vezes, nesse tempo dele, ele só quer incluir o Buzz Lightyear e o Woody e sai girando pelo quarto segurando seus dois bonecos preferidos. Às vezes, está sentado em sua cama advertindo o Nemo sobre o "tibarão" (tubarão) que vai comê-lo a qualquer momento.

Miguel está me dizendo a todo instante que, sim, ainda precisa de mim mas que pode cada vez mais sem minha ajuda. Miguel está crescendo. Já consigo fazer minhas refeições em paz sem ser interrompida milhões de vezes até perder a vontade de comer. Já consigo tomar banho com calma - ainda não dá pra fazer uma hidratação no cabelo e tal - mas já posso demorar uns 10 minutos no banheiro. Já voltei a ler mais livros por mês. Enfim, estou muito apaixonada pelo Miguel "live and let live" que estou vendo crescer. E aqui está uma mulher se confessando, dizendo o impensado, atestando com a experiência algo que eu pensei que fosse balela... Estou aqui dizendo com todas as letras que hoje acordei com a impressão de que ser mãe é a melhor coisa do mundo!! Pronto, falei.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Príncipe






Em julho, antes de eu viajar, recebi uma comunicação da creche dizendo que durante o mês de férias haveria várias atividades diferentes para as crianças, inclusive em um desses dias eu deveria mandar uma fantasia porque fariam uma festa à fantasia. "Pronto", pensei eu, "lá vai o Miguel aprontar e não querer se fantasiar como todo mundo..." Decidi que não compraria fantasia nenhuma, nem cheguei a comentar nada com o namorado e pensei que ele iria de roupa comum mesmo. A tal da fantasia de pirata eu consegui trocar por roupa de ballet pra minha afilhada e eu não iria comprar outra fantasia pra ficar sem uso pro meu bebê danadinho.

Bom, fui viajar e eis que dois dias antes do dia da festa da creche vem um lembrete na agenda. Hugo viu e minha irmã também. Devem ter achado que eu enlouqueci, "Como assim a Paula não comprou fantasia pro filho, ficou louca?" É, estava tão estressada nos dias anteriores a viagem que creio que estivesse mesmo enlouquecendo... O fato é que minha irmã foi, de última hora, até a loja e comprou uma fantasia de príncipe pro meu pequeno rei.

Nunca devemos subestimar uma criança ou achar que não mudam de opinião. Graças a Deus que mudam! Miguel mudou. Minha irmã e o namorado me falaram que trouxeram a fantasia e que experimentaram nele e que ele, pasmem, adorou ficar vestido com ela e não queria tirar nem pra dormir. Confesso que ainda pensei que no dia seguinte, quando fosse pra colocar a fantasia pra valer, na hora da festinha, seria outra decepção. Entretanto, não foi isso o que aconteceu. Miguel quis colocar novamente a fantasia e brincou o tempo todo com ela, inclusive com o chapéu!!

E eu longe, não pude ver isso, só por foto mesmo. Enfim, é incrível como nossos bebês fazem progressos tão rápidos e aprendem tanta coisa em tão pouco tempo. Do Carnaval pra julho, passaram-se apenas 5 meses e ele já amadureceu. Ou, simplesmente, no dia da festa do Carnaval não estivesse a fim de ser pirata. Talvez ele se sinta mesmo mais príncipe que bandido. Criança também tem direito de ter esquisitices.

Durante essa viagem comprei milhões de coisas do Toy Story, novo vício do meu bebê. Comprei, inclusive, um conjunto de lençóis pra ele com Woody e Buzz. Cheguei, coloquei logo na cama e, pra minha decepção, o moleque não dorme em cima da fronha com a cara de seus personagens favoritos nem por um decreto! Bota o travesseiro de lado, mas a cabeça em cima não coloca. "Tira, mamãe, tira."

Tentei mandar a fronha pra creche, talvez lá, colocada no travesseirinho que usa na hora de dormir, junto com os amigos, ele aceitasse. Não falei nada pras tias. Dois dias depois, a fronha volta. E tia Suzane explicou: "Não sei o que acontece, mas ele não quer dormir em cima do Woody e do Buzz de jeito nenhum. Ficou no cantinho do travesseiro, olhando pros "amigos" mas em cima, nem pensar! É melhor mandar outra." Às vezes a gente faz as coisas crente, crente, que está abafando e não acerta... Não sei o que se passa na cabecinha do meu pequeno príncipe, mas que ele também  tem esquisitices, isso tem...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Amigos




O que seria dessa vida se não tivéssemos amigos? Nem sei.

Tenho muitos conhecidos, pessoas bacanas que me rodeiam, pessoas lindas com as quais trabalho e convivo diariamente, mas amigos... Acho que amigos são poucos justamente porque amigos têm coragem de falar coisas que muitas vezes não queremos ouvir, coisas que vão nos fazer refletir ou coisas que podem, dependendo do que seja, até nos chatear em um primeiro momento. Essa liberdade pra falar qualquer coisa, mesmo que vá gerar uma briguinha, é que me faz elevar alguém ao patamar de amigo. Quando tenho essa liberdade com alguém e ela comigo, sem meias palavras, pronto. Viramos amigos.

É claro que precisamos de jeito pra tudo nessa vida, falar tudo com jeitinho ameniza muito as coisas. E eu quero deixar claro aqui que, dentre as amigas e amigos que fiz nessa vida, tenho duas maravilhosas. Elas me falam tudo, a gente briga, eu falo tudo o que acho delas e das atitudes, certas ou erradas, na lata e a gente se ama assim, desse jeito. Sei que mesmo que a gente discorde e elas não achem que eu esteja certa, vão pensar a respeito de minhas palavras e chegar a uma conclusão. E o mesmo acontece comigo: ouço e repenso. Depois de repensar mil vezes posso até chegar ao ponto de achar que no final eu é que estou certa mesmo, mas sempre penso a respeito de tudo o que escuto. Acho que isso é uma das minhas qualidades.

À essas amigas quero agradecer o papo da semana passada, quando me fizeram repensar coisas importantes do meu dia-a-dia em casa, das minhas prioridades, enfim, foi uma conversa do tipo: "você não está percebendo que está indo pelo caminho errado e que quando acordar poderá ser tarde demais?". À essas pessoas lindas, que me puxaram a orelha e me fizeram repensar comportamento e atitude, minha gratidão. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Puerto Montt / Puerto Varas

Mercado de Puerto Montt


Puerto Montt


Puerto Montt


Tem tempo que não falo da minha viagem de férias, ainda ficou faltando tanto. Mas não poderia deixar de falar o quanto gostei de Puerto Varas. Sabe quando a gente chega em um lugar e vê que poderia ficar alí não só três dias, mas pelo menos uma semana? Aconteceu isso comigo com relação a Puerto Varas.

Pegamos o vôo Santiago - Puerto Montt para iniciarmos a travessia dos lagos, só que antes iríamos conhecer melhor a região e ficamos três dias em Puerto Varas para fazer alguns passeios por lá. Quando chegamos em Puerto Montt havia um guia nos esperando e ele ficou conosco os outros três dias para nos levar aos lugares que queríamos conhecer. Antes de ir para nosso hotel em Puerto Varas, demos uma volta em Puerto Montt. Hugo lembrou da cidade na qual esteve quando tinha 12 anos e que pouco mudou. Visitamos o mercado, o porto. A cidade é bem pequena e saí de lá com uma vontade enorme de comer peixe, afinal o pescado é uma das maiores fontes de renda da cidade. Puerto Montt é mais conhecida que Puerto Varas, mas não chega nem perto da beleza da cidade vizinha.

Puerto Varas


Puerto Varas é bonita, aconchegante, acolhedora mesmo. É bem pequena, uma cidadezinha do interior, mas com uma energia deliciosa. Fica a 25 km de Puerto Montt, é cheia de jardins lindos e casinhas fofas. De lá, é fácil chegar em Frutillar, cidade vizinha com 5000 habitantes que é outra delícia. Passamos uma manhã lá, visitando as lojinhas e o museu alemão e, depois do almoço, fomos subir o vulcão Osorno. No dia seguinte, fomos até a Ilha de Chiloe. Ancud é a cidade mais importante, onde fica os restos do forte espanhol e o museu. Todos são passeios muito agradáveis e que valem a pena.

Frutillar

A caminho do Osorno

Ilha de Chiloé

Vista do antigo forte espanhol

Ancud


Depois desses dias em Puerto Varas, iniciamos a travessia dos lagos para chegar em Bariloche e a travessia significa ficar exposto a paisagens estonteantes o tempo todo. A travessia fica pra outro post...

Pai



Minha homenagem ao meu marido, excelente pai...

Eu sabia, namorado, amor, que você seria um pai maravilhoso, mas não imaginei que fosse tanto. Não porque eu lhe diminuísse ou esperasse pouco de você, mas talvez porque quando imaginamos algo não temos a noção real de como o que está no imaginário é, de fato, na prática. Você nunca me deixou acordada pelas madrugadas sozinha com o Miguel. Você sempre me ajuda a trocar as fraldas, até as de cocô. Você sabe fazer as mamadeiras, sabe organizar a bolsa da creche, sempre soube colocar o Miguel pra dormir, dar banho, dar comida. Nunca me deixou segurar as noites em claro com o bebezão doente sozinha e se revezou comigo na árdua tarefa de aguentar firme o choro contínuo quando tinha cólicas. Hoje, acorda mais vezes que eu durante a noite para ver se Miguel está bem.
Fomos colocados à prova e você mostrou o tempo todo o quanto é um homem singular. Tenho certeza que você é o melhor pai que eu poderia escolher pro nosso filho. Obrigada e feliz dia dos pais!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Coisas de mãe





Miguel tem o dom de me surpreender. Acho que, na verdade, os filhos tem o dom de surpreender os pais sempre. Um gesto, um olhar, uma palavra. E eu estou, simplesmente, me deliciando nessa fase na qual o Guel está agora. Pra uma mãe que achou que fosse enlouquecer, que achou que nunca mais teria vida própria ou vontade, isso é uma surpresa e tanto!

Nunca tive visão romântica da maternidade e a coisa só piorou quando fui mãe. Nada que nos dizem, nada que possam nos tentar ensinar, corresponde à realidade. No momento em que o filho nasce e a gente vem com o bebezinho pra casa é que chega a hora da verdade e não há espaço pra arrependimentos. O bebê está alí, precisa de cuidados e, na boa, a maioria das mães também está em uma fase precisando de cuidados especiais e não vai tê-los. A atenção e esforço é todo voltado pro bebê, não tem lugar pra mais nada. Por isso, passados esses dois anos cruéis, é uma alegria pra mim ver meu filho independente - cada vez mais - e interagindo muito comigo, com a família, amigos, com o mundo.

Miguel está na fase de medir força comigo. A palavra que ele mais usa é "não". Mesmo que ele queira alguma coisa, quando ofereço diz que não quer. Se está na hora de trocar a fralda, diz que não. Ele detesta ficar com a fralda depois que fez cocô, mas se digo que vamos trocar, adivinha? Diz que não! Se está na hora de comer, também diz que não. Depois come que nem esfomeado. Se digo que precisa tomar banho, diz que não... Pra depois de 5 minutos me chamar e dizer: "Qué banho, mamãe!". Enfim, ele quer ter a última palavra. A briga é boa, mas procuro contornar as coisas conversando com ele. Sei que é uma fase e prefiro essa, mil vezes, um milhão de vezes, a todas as outras pelas quais já passei.

Outro dia me dei conta de que meu filho já adormece sozinho em seu quarto. Pede seu suco, sua "peta" (chupeta), seu "mimi" (um travesseirinho pequeno que adora) e deita em sua cama normalmente assistindo "Toy Story" e dorme. Assim, sem dar o menor trabalho. E o dia em que parei pra pensar nisso, me dei conta também do quanto a vida já está melhor, do quanto tenho, pouco a pouco, mais tempo pra mim de novo. Nem que seja um pouquinho antes de dormir já é muito, perto do que vivi nesses dois anos. E melhor, Miguel começa a fazer parte da minha vida sem me podar, ele, cada vez menos, é fator impeditivo de eu fazer as coisas corriqueiras. Eu estou começando a existir ao lado dele. Não mais existo apenas para tornar a vida dele possível e confortável.

Miguel come sozinho e bem. Não suja mais a mesa toda tentando levar a comida à boca, bebe no copo normal bonitinho, sem deixar cair o líquido e eu acho isso tudo muito surpreendente. Acho que, talvez,  por ter só o Miguel e por não ter a menor intenção de ter outro filho é que presto atenção em tudo que diz respeito a ele, não quero perder nada, nem uma transformação, nenhuma fase. Quero aproveitar ao máximo essa experiência linda que é ser mãe.

Há dois dias, Hugo chamou Miguel pra ir pro quarto pra assistirem televisão e eu falei que iria com eles também. Miguel que já estava no corredor a caminho do quarto, virou-se pra mim e colocou a mãozinha aberta como quem manda eu parar e falou: "Pára aí, mamãe. Só papai." Deixou claro que estava a fim de assistir televisão com o pai e não me queria por perto naquele momento. Morri de rir. Não, eu não tenho ciúme dessa cumplicidade masculina que os dois têm. Acho bacana. Eu também tenho meus momentos a sós com meu filho. Mesmo que a chata lá de casa seja sempre eu (eu é que mando comer, tomar banho, dormir, parar a bagunça...), tem momentos em que meu bebê só quer o meu colo, o meu beijo. E, depois, segundo Freud, Miguel no fundo faz isso pra tirar o pai de perto de mim. Seria o tão famoso complexo de Édipo... Será?

Miguel é um menino extremamente atento a tudo que acontece a seu redor, mesmo quando achamos que ele não está nem aí pro que está acontecendo, ele logo mostra que sempre está prestando a maior atenção e que não há nada que passe por ele sem ser notado. Estávamos saindo da creche outro dia e uma outra mãe também saía com a coleguinha dele, a Manuela. Eu tenho que parar pra pensar e  lembrar do nome das mães dos amiguinhos dele, mas ele falou pra mãe da Manu: "Tchau, Michele!" Agora vê se pode? E quando a Michele diz que vai levá-lo pra casa dela, sabe o que ele faz? Joga os bracinhos pra que ela o pegue no colo e eu não tenho a menor dúvida de que entraria no carro e iria mesmo pra casa dela se eu deixasse. Miguel é rueiro, adora festa e faz tudo pra não ficar em casa.

Já acho muita graça também quando ele está brincando com seus bonecos. Brincadeiras de menino tem sempre som, já repararam? É um tal de "chiiiiiiiiiiiiiii" quando o boneco está voando, "vruuuummmmm" quando está brincando de carrinho, "pow" quando o carrinho bate. Ele também coloca seus bonecos de castigo e briga com eles com o dedinho indicador levantado... Do mesmo jeito que eu faço quando brigo com ele...rs... E Miguel, quando fica irritado (geralmente por estar sendo contrariado) bate no que está por perto. Dá chute na cama, dá tapa na mesa, na poltrona... Igualzinho ao pai.

Eu poderia ficar aqui horas e horas falando mil coisas sobre meu filhote, o quanto está gostosa essa fase na qual ele fala comigo, interage, discorda, diz não, faz manha, pede beijo. Mas só quero dizer como é bom ter chegado até aqui. Eu estou sobrevivendo e adorando tudo isso. Estou adorando a vida que tenho hoje, com o Miguel. 

sábado, 6 de agosto de 2011

Casamento





Hoje vindo pro trabalho de carro, liguei o rádio e a música que escutei foi "Preciso de você" do Roberto e Erasmo. Na hora fui parar em 16 de abril de 2005, dia do meu casamento. Foi um dos dias mais felizes da minha vida... E guardo todos os momentos dele na memória, tão viva, com tantas cores, desde a hora em que acordei até o momento em que chegamos no hotel. Tudo é muito claro, tanto, tanto, que parece que me casei ontem!

A música me fez lembrar esse dia tão especial porque ela fez parte da cerimônia de um modo inesperado, de improviso e acabou sendo um dos momentos mais preciosos do dia. Eu e Hugo tivemos a reunião com o pastor Jonas Resende - celebrante do nosso casamento - dias antes para contar nossa estória, como nos conhecemos e se queríamos falar alguma coisa um para outro depois da benção das alianças. Hugo logo disse que não queria falar nada, imagina!! Deu até vontade de rir quando o Jonas perguntou pra ele... Eu ainda pensei que sim, afinal tenho tanto pra dizer o tempo todo... Mas, depois, achei melhor deixar as coisas seguirem seu curso normal e não ficar planejando falar alguma coisa, tipo os tradicionais "votos" dos casamentos americanos que, confesso, acho bem legais.

Só que no dia do casamento, logo que acordei e liguei o rádio, estava tocando essa música e achei que ela se encaixava perfeitamente em tudo que eu queria dizer pro namorado. Mais tarde, no carro, indo para o local onde me maquiaria e vestiria, qual a música que toca no rádio? De novo, "Preciso de você". Bom, Roberto e Erasmo já não estão na lista das músicas mais tocadas faz tempo para que eu escutasse a mesma música duas vezes do mesmo dia... Achei que era um sinal e fiquei com aquilo na minha cabeça.

Durante a cerimônia, depois da benção das alianças, o Jonas Resende nos perguntou baixinho se queríamos falar alguma coisa. Sem que nem mesmo eu esperasse, só pensava em dizer um trecho dam úsica pro Hugo e, simplesmente, as palavras saltaram da minha boca: "Eu quero falar!". Jonas Resende olhou pra mim com cara de "veja lá o que vai fazer..." e me entregou, relutante, o microfone. De frente pro namorado, falei:

"Namorado, vou "roubar" as palavras do Roberto Carlos... Eu não vivo sem você porque tudo que eu andei - e olha que eu andei! - procurando pela vida, agora eu sei, que andei sabendo que em algum lugar te encontraria... Pois você já era meu, e eu sabia."

O Hugo ficou sem palavras, os olhos cheios de água, emocionado, assim como eu. E nunca um trecho de uma música poderia retratar melhor aquele nosso momento. Só eu sei o que andei por aí procurando alguém feito pra mim, só eu sei o quanto pedi, o quanto rezei pra encontrar alguém bacana que me amasse. E essa certeza de que o namorado foi feito pra mim, de que a gente é muito feliz juntos, é maravilhosa.

Talvez eu soubesse mesmo que em algum lugar fosse encontrá-lo... Talvez eu já soubesse mesmo que ele só pode ter sido feito pra mim. Ter escutado essa música hoje, logo cedinho, foi como se tivesse renovado meus votos, foi como a sensação de dizer "sim" outra vez.