segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013




Por muito tempo senti um aperto no peito nesse dia de virada de ano. Apesar de sempre ter muito o que comemorar e agradecer, é muito difícil pra mim sentir o que a maioria sente: que é uma época de renovar esperanças. Talvez até porque eu seja daquelas pessoas que não precisa de uma segunda-feira pra começar uma dieta, eu começo no sábado se precisar. Não preciso do início do mês pra voltar pra academia - veja só: voltei pra academia na última sexta-feira, mesmo sabendo que ficaria em casa mais 4 dias sem malhar. Não preciso do começo de um mês pra fazer valer uma decisão e, por isso, não preciso da virada de ano pra renovar minhas esperanças em um mundo melhor. Minhas esperanças se renovam a cada dia, talvez a cada hora ou minuto.

Uma vez, conversando com o Namorado ele me falou de uma entrevista que assistiu com Roger Federer, jogador de tênis. Nessa conversa, Federer disse ao jornalista que naquele momento do jogo, só o que importa é a bola que está na mão dele, é o ponto que está sendo disputado porque o ponto que ele perdeu, a bola que não foi boa, já passou e com relação a ela não havia nada que pudesse fazer. Mas com relação a bola do agora, sim, nessa ele deveria concentrar todos os esforços e pensamentos porque se ficasse lamentando os erros passados e o ponto perdido, perderia a bola que está na mão e todas as próximas. E é isso mesmo. Todos os dias, muitas bolas são colocadas em nossas mãos. Qualquer uma pode ser a bola da virada. 

Aprendi, ao longo dos anos, que é muito importante fecharmos ciclos. Terminar algo que se começou. E ter aprendido isso me fez compreender melhor essa euforia existente na virada do ano. Não compartilho dela, definitivamente não fico felicíssima quando um ano acaba e o outro começa, não sinto vontade de estourar champanhe nem nada... Mas hoje entendo quem o faz, entendo quem coloca suas esperanças de que a vida melhore, de que o mundo tenha paz, de que não falte dinheiro ou educação, no ano que vem chegando. 

Se a gente for olhar no dicionário o que quer dizer a palavra "virada", vai entender porque tantos depositam suas fichas nisso: significa mudança de lado, posição ou direção, mudança de rumo. Alteração profunda de atitude, de condição, de circunstâncias, reviravolta. Então, está justificada toda euforia da maioria nessa hora. Principalmente se você acredita que o simples fato do calendário marcar que é o momento da virada vai fazer sua vida mudar.

Independente do jeito de cada um passar esse momento de "virada", eu só queria que todo mundo entendesse que a virada da gente é a gente que faz, em qualquer época do ano, a qualquer hora, em um dia comum, sem nada de especial, aparentemente, mas que pode ser um dos dias mais importantes da sua vida. Um dia assim, sem nome de virada, sem sol, um dia até de chuva. A virada da gente pode ser agora, amanhã ou daqui dois meses, sei lá. Depende da gente. Depende só de querer. Não sei se estou certa ou errada, mas é nisso que eu acredito.

Feliz 2013 pra nós!!!!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Filtro Solar

Esse texto bombou há uns anos, mas continua atual. Hoje escutei no rádio e vou dividir com vocês aqui, afinal é sempre bom a gente ouvir certas coisas... Eu precisei de muita terapia pra chegar até aqui, pra chegar ao ponto de começar a me importar com o que realmente importa e a dar valor a quem merece ou ao que vale a pena. Bora viver sem se preocupar com coisas idiotas? Vamos viver sem cavar mais problemas pra gente além dos que a vida já vai impôr naturalmente?





"Filtro solar!

Nunca deixem de usar o filtro solar
Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: usem o filtro solar! Os benefícios a longo prazo do uso de Filtro Solar estão provados e comprovados pela ciência,
Já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.

Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês...
Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado.

Mas pode crer que daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos,
E perceber de um jeito que você nem desconfia hoje em dia,
Quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente.
E como você realmente estava com tudo em cima,
Você não está gordo ou gorda...

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, 
mas saiba quepré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.

As encrencas de verdade em sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada,
E te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de uma terça-feira modorrenta.

Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade.
Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Use fio dental.

Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima,
às vezes por baixo.

A peleja é longa e, no fim,é só você contra você mesmo.

Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. 
Guarde as antigas cartas de amor. Jogue fora os extratos bancários velhos.
Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.
As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois o que queriam fazer da vida.
Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos. Você vai sentir falta deles.
Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.

Faça o que fizer não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você,
As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo,
É assim para todo mundo.
Desfrute de seu corpo use-o de toda maneira que puder, mesmo!!
Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele,
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.
Dance.
Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.

Leia as instruções mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se achar feio

Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.

Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons.
Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que você conheceu quando jovem.

More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer.
Viaje. 
Aceite certas verdades inescapáveis: os preços vão subir, os políticos vão saracotear, você também vai envelhecer. E quando isso acontecer você vai fantasiar que quando era jovem os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças respeitavam os mais velhos. Respeite os mais velhos!!

E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez você case com um bom partido, mas não esqueça que um dos dois de repente pode acabar. 

Não mexa demais nos cabelos se não quando você chegar aos 40 vai aparentar 85.
Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.

Mas, no filtro solar, acredite."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Nemo



Definitivamente, Miguel tem personalidade forte. Ou seria gênio ruim? Sim, porque a gente costuma usar mil termos pra dizer a mesma coisa de forma mais branda, né? E eu fico pensando se meu filho tem mesmo temperamento forte, se é cheio de personalidade ou se é um ditador, uma fera precisando ser domada, precisando de cabresto. Talvez seja um pouco de cada coisa. 

O caso é que há 1 mês quando minha sogra estava indo pra NY, resolveu perguntar ao Miguel se ele não queria que ela trouxesse pra ele, além dos muitos brinquedos de sempre, alguma fantasia. Como Miguel é muito ligado em filmes e lá é mais fácil encontrar as roupas das personagens das quais ele tanto gosta, ela aproveitaria a ocasião pra trazer alguma pra ele. Assim, foram pro computador pra que ela mostrasse pra ele as muitas fantasias. 

Logo que ele viu a fantasia do Nemo disse a todos: "Quero a roupa do Nemo!". Minha cunhada que estava perto falou que tinha outras fantasias mais legais, chamou a atenção dele pra fantasia do Batman, do homem de ferro. Miguel continuou afirmando que a do Nemo era a mais bonita. Lucas, meu sobrinho, falou que não tinha cabimento ele ir pra escola vestido de Nemo quando todos os amigos estariam vestidos como super heróis e sugeriu a roupa do homem aranha. Nada de Miguel mudar de ideia. 

Miguel é engraçado... Quando ele percebe que está todo mundo pensando diferente dele, ele se cala. Parece que pensa que não vale a pena ficar falando o contrário do que todo mundo quer escutar, mas teimoso como ele só, não muda de ideia. Todos continuaram falando que era melhor ele escolher a fantasia do Woody ou do Buzz, até o Peter Pan foi sugerido, já que homem aranha, batman e homem de ferro não estavam emocionando o guri, mas Miguel nem dava atenção. Ficou calado e não falou mais do Nemo até que foi perguntado, no final das contas, qual a fantasia que ele queria. Todos na expectativa de ele responder tudo menos Nemo. E ele respondeu, curto e grosso: "Quero a roupa do Nemo!"

Resultado, a avó trouxe a roupa do Nemo. Como diz minha mãe e já dizia minha avó: "O que é de gosto, regalo da vida!" Deixa o garoto ser feliz, então. A carinha de felicidade dele vestindo a roupinha cor de abóbora foi linda. Só quero ver agora se ele vai aguentar o rojão de ir pra escola vestido de peixe quando chegar o carnaval! 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Presente de Natal

Amo o Natal desde que me entendo por gente. Ainda quando não entendia o valor da data, ainda quando não tinha noção que era o dia de se comemorar o aniversário do cara mais sensacional do mundo, eu adorava o clima de união que só acontece nessa época, infelizmente. Minha família sempre se reuniu, sempre aproveitamos a ocasião pra estarmos juntos, pra rir, contar histórias e recontá-las mil vezes. Toda família é assim, né? Sempre tem mil histórias engraçadas que são lembradas quando estão todos juntos e que fazem todo mundo rir na mesma parte, mesmo que a tal da história tenha sido ouvida um sem número de vezes. 

Meu maior presente de Natal é esse: ter minha família unida. Ter todos juntos em volta da mesa, comendo, bebendo, rindo, festejando, trocando presentes. Na minha família ninguém fica triste nessa ocasião como acontece com muitas outras famílias. Fui criada pra entender o Natal como época de alegria, de festa. Mesmo depois que meu pai morreu. Sinto a falta dele, sim, mas não é nada diferente do que sinto todos os outros dias da minha vida. Prefiro olhar o Natal e entender que é hora de festejar o fato de estarmos juntos, mais um ano, vivos, com saúde. Fui criada pra entender o Natal como renascimento, como uma renovação dos votos de amor que nos unem, como um dia pra gente lembrar dos grandes feitos de Jesus e pra sentir seu amor por nós. Por esse amor que nos foi dado, tudo pode ser relevado, perdoado, esquecido. Tudo fica sem importância quando nos unimos pra sermos felizes, conscientes da sorte que é termos sido escolhidos uns pelos outros pra nascermos nessa família. Os defeitos ficam sublimados, as desavenças são esquecidas.

Na família do Hugo - que hoje também é a minha - graças a Deus, também é assim. Eles também já tiveram perdas grandes, mas sempre há no coração espaço pra celebrar os que aqui continuam a jornada, sempre há espaço pro abraço, pro sorriso, pra esperança. Sinto um amor enorme pelas pessoas da família que  se reúnem pra jantar no dia 24 e pelas pessoas que se reúnem pra almoçar no dia 25. São dois dias dos mais felizes do ano e tenho muita vontade de agradecer a Deus por tanta festa, tanta alegria, tanto amor. Na minha cartinha ao Papai Noel só tenho vontade de escrever "muito obrigada". Porque isso diz tudo. 

Feliz Natal pra todos!!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Miguel assustador

Os únicos dois homens com quem Miguel tem contato diário são o padrinho e o pai. Nenhum dos dois é de ficar fazendo comentários a respeito de mulheres ou é de ficar tecendo elogios quando alguma aparece em trajes sumários. Por isso, venho ficando assustada com o que meu filho vem demonstrando quando vê alguma "menina" que considera bonita. Não repreendo, nem falo nada, pra deixar a coisa de forma natural, mas Miguel vem mostrando que acha bonito uma certa vulgaridade... Acho que uma periguete vai fazer o gosto dele e já fico me imaginando, daqui alguns anos,  recebendo em minha casa uma namoradinha do Miguel no melhor - ou seria pior? - estilo "salto de acrílico". 

Há algumas semanas estávamos vendo a novela das nove quando as moças traficadas estavam se preparando para ir pra boite. A personagem da Carolina Dickman e a protagonista (que esqueci o nome da atriz) a tal da Morena, vestiram mini saias pretas e tops brilhantes deixando as pernas e barrigas de fora. Ao ver a cena, Miguel logo falou pro pai: "Papai, quero uma dessas!" O Hugo em seguida perguntou: "Quer uma namorada, filho?" Antes que Miguel pudesse responder, a cena mudou pra casa da Flavia Alessandra - linda de morrer, conversando com a amiga que mora com ela, outra mulher maravilhosa, e o Hugo continuou falando com ele: "Uma namorada como essas moças, filho? Qual você acha mais bonita? A negra ou a loira?" E então, muito seguro, o Miguel respondeu: "Não, pai. Eu quero aquelas que estão de roupas pretas, com a barriga de fora, dançando..." Ai, meu Deus.... Olhei pra cara do Hugo e nos calamos, falar o quê? Melhor deixar pra lá.

Hoje, estava no quarto dele folheando a revista Veja. Miguel estava ao meu lado assistindo "Carros" pela milionésima vez. Em uma das páginas da revista, havia a foto das modelos da Victoria´s Secret usando lingerie. Pronto. A atenção do Miguel já saiu do filme pras fotos e ele em seguida comentou: "Que lindas, né, mamãe?" E eu respondi que sim, são meninas bonitas mesmo. Não dei muito assunto e virei a página. Na outra página havia a foto da jogadora de volei Jaqueline, sentada em pose sensual, mas vestindo camisa e short. Outra vez, a foto de mulher chamou a atenção do meu pequeno mulherengo e ele não pensou duas vezes em externar sua opinião do alto de seus 3 anos de idade: "Não acho essa bonita, não, mãe." Pensei porque cargas d´água meu filho não achava aquela moça bonita e resolvi perguntar. Lá vem... "Por que essa está de roupa." Muito simples.

Como é que pode isso? Um menino que não convive com esse meio, com ninguém que valoriza isso, que não vê ninguém da família usando roupas provocantes... Eu não uso decotes, barriga de fora ou roupas curtas - até porque não tenho mais idade pra isso - e o menino já mostra sua quedinha pra vulgaridade. Espero que eu consiga domar essa fera. Que Deus me ajude. Mas, na boa, começo a ficar com medo. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Reconhecimento

O Namorado sempre diz que eu sou uma das poucas pessoas pra quem dinheiro importa menos que reconhecimento. E ele tem toda razão. É claro que adoro dinheiro pra gastar com minhas coisas, pra ter uma vida confortável, pra viajar, dar presentes pro meu filho, comer bem, enfim. Eu gosto de dinheiro. Mas quando reconhecem meu valor, meu esforço ou meu trabalho sinto uma felicidade imensa. Pra mim é muito melhor ser reconhecida pelo que faço que ter um salário astronômico. 

No fundo, o que fica dessa vida é isso mesmo: a marca que se deixa nas pessoas que nos cercam, nesse espaço imediato que existe ao redor que é o nosso mundo. Eu tenho um trabalho que me faz lidar com pessoas diariamente. Pessoas que conheço bem que são meus companheiros de dia-a-dia e pessoas que não conheço tanto, que são os alunos, seus pais, gente que entra pra pedir uma informação, pra buscar alguma coisa. Mas nesse grupo de mais ou menos 30 pessoas que fazem parte do meu time, procuro ser ponte pra crescimento, busco que eles aprendam e me ensinem. Alguns chegam prontos outros me dão um trabalho danado, porque chegam novinhos em seu primeiro emprego, onde tudo é novidade e sem ter, muitas vezes, a menor noção da responsabilidade e do grau enorme de exigência que vou impor a eles. 

O Lucian me deu trabalho. Cara, ele me deu MUITO trabalho. Chegou novo, sem experiência alguma, caladão, um cara que não dividia, um nerd que não sabia trabalhar em equipe, um rapaz muito seguro de si com dificuldades pra admitir que não estava se saindo bem. Pensei em desistir, em demití-lo, em deixar de acreditar que ele poderia chegar lá. Muitas vezes falei pra mim mesma: "Chega! Agora foi demais! Já deu." Muitas vezes pensei que ele não poderia estar querendo aprender a trabalhar com a gente de verdade. Mas algo no meu coração dizia que eu devia esperar e conversar mais uma vez, lutar por ele. Afinal, aquele aluno que sempre foi muito bom, não poderia virar uma decepção completa como funcionário.  E fiz exatamente isso: insisti, segui meu coração ou algo maior que me dizia, apesar de tudo, pra enxergar nele o que mais ninguém via: alguém com dificuldade de aceitar seus próprios erros, mas comprometido com a camisa CCAA. Que bom que fiz isso.

Lucian melhorou MUITO com o passar do tempo, com trocentos esporros meus e conversas com outras pessoas da equipe que também se empenharam pra lhe abrir os olhos. E agora vai seguir outros rumos e vai levar com ele o muito que aprendeu com a gente. Vai levar com ele tudo o que pôde aprender com essas pessoas de seu primeiro emprego. Vai nos levar sempre com ele. E isso faz com que me sinta realizada, com sensação de missão cumprida porque consegui deixar minha marca nesse nerd fofo. Hoje recebi essa cartinha dele:

"Chefe, dentre todas as coisas que eu poderia te dizer, nenhuma resumiria tão bem quanto um MUITO OBRIGADO o que eu gostaria de falar.

Obrigado pelas oportunidades, pela paciência e pelo aprendizado.

Você pode ter certeza que o profissional (e a pessoa) que sou hoje tem bastante dos seus esporros (e elogios ... afinal de contas, eu tomei jeito!) e dos esporros do nosso time do CCAA Ilha. Vocês são realmente especiais!

Desejo toda saúde, alegria e tranquilidade do mundo pra você e sua família.

Um fenomenal fim de ano e um sensacional 2013. 

Muito obrigado e desculpe qualquer coisa! 

Lucian"

Meu dia foi maravilhoso e ficou ainda melhor!! Ah, Lucian... Que feliz eu fico por você!!! O melhor agradecimento você já tinha me dado: ter se tornado um cara mais aberto, mais solto, mais disposto a aceitar seus erros e fragilidades. Way to go!!! 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Será que ele sabe?




Tenho alguns poucos amigos. Poucos e bons. E me orgulho muito dessas amizades. Alguns desses amigos são de infância, outros de faculdade, outros conheci no ambiente de trabalho e que, por mais que a vida nos leve pra caminhos distantes, a amizade segue firme e forte. Pra alguns desses amigos eu falo sempre o quanto são importantes pra mim, digo o quanto gosto deles e agradeço por tê-los na minha vida. Mas esses dias ando pensando muito em um amigo pra quem não sei se disse a quantidade de vezes necessárias o quanto gosto... E aí é que está: será que existe uma quantidade de vezes básica pra fazer algum amigo ter a certeza de que é amado? Será que consegui fazer com que ele se sentisse assim, gostado verdadeiramente por mim através de minhas atitudes, mesmo que nem sempre tenha externado o que sinto? Mesmo que esse amigo nunca tenha ouvido o meu "te amo"? 

Conheci o Sergio em 1993. Lá se vão 20 anos. Não sei qual foi sua primeira impressão a meu respeito, mas ele faz parte de uma das minhas melhores lembranças. Ele faz parte do meu primeiro dia de trabalho no CCAA! Eu estava na sala de professores, nervosa e feliz ao mesmo tempo, quando vejo aquele homem alto entrando porta adentro. Diferente de mim, ele parecia muito acostumado ao lugar, nada era novo pra ele. Lógico, o CCAA de Niterói era praticamente sua casa. Estudou lá, foi monitor de computadores, ajudante de secretaria e, então, professor como eu. Por isso, movimentava-se como quem sabe onde está pisando, do jeito que a gente é capaz de andar no escuro na casa da gente quando acordamos no meio da noite pra beber água, sabe? Sergio tem um porte altivo, sua estatura não permite que seja alguém que passa despercebido. Só que ao contrário da maior parte das pessoas altas que conheço, ele não anda com os ombros curvados, encolhido, tentando parecer menor. Não. Sergio mantém a coluna ereta, a cabeça de quem olha pra frente, pro futuro, postura de um homem que se mantém de pé. Custe o que custar. 

Não é homem de quem se gosta "de cara". É dessas pessoas que despertam sentimentos extremos, do tipo ame ou odeie. Ele defende seus pontos de vista, é um cara que não aguenta injustiça e nem que o tomem de bobo. Quando isso acontece, fala logo que não está gostando, não guarda. Não espere que Sergio fique em cima do muro. Sergio se mostra, defende suas escolhas, defende seu lado. E acho que esse jeito honesto e sincero foi o que me fez me aproximar dele. Na época, eu o observava e via nele um jeito direto de se comunicar e interagir do qual gosto muito. Nunca foi de leva-e-trás, nunca foi de disse-me-disse. E eu gosto disso, gosto de quem diz o que pensa de forma clara, sem rodeio. 

Meu amigo Sergio é um lutador. Não nasceu em berço esplêndido e sempre correu atrás de seus sonhos, de seus desejos e de ter uma vida melhor. É um homem que planeja, que não dá passos maiores que suas pernas, mas que sabe arriscar quando necessário. Ele é do tipo que sente o terreno em que está pisando antes de fincar sua bandeira e sinto que nossa amizade foi crescendo assim também. Ele não se entrega de imediato, ele estuda, observa, analisa. E o decorrer dos anos, por mais incrível que pareça, só fez crescer nosso carinho um pelo outro. Nunca deixamos que nossas vidas distantes nos distanciassem. E minha admiração por esse amigo é enorme. 

Existem pessoas que sabem cair e se levantar com dignidade. Existem pessoas que, mesmo que leve algum tempo, arrancam forças, sabe-se lá de onde, pra sair da lona, para seguir em frente. Existe gente que apesar de decepções, solidão e dor, ainda mantém os olhos olhando pro horizonte e não para o chão, por mais difícil que seja. Por mais que tudo o que se deseja seja trancar-se no quarto e chorar a perda de alguém que se ama tanto...

Sergio, meu amigo por quem tenho um amor enorme, não sei se me fiz presente em sua vida do jeito que você precisava, não sei se consegui lhe ajudar nos momentos em que você esteve tão só, mas quero que saiba que eu tentei ser um ouvido, um braço pra lhe apoiar e que, se ainda não lhe disse com todas as letras e do jeito que você merece, quero lhe dizer que minha amizade por você é enorme e meu carinho imenso. Saiba que minha amizade por você nasceu aos poucos, mas, hoje, é firme como um carvalho. Levo você comigo e, só quero deixar registrado, para o caso de não ter sido clara até hoje, que meu amor por você é grande e que o admiro muito. 

Eu acredito em Deus, você sabe. E através de Deus vejo o quanto você é forte. Sergio, Deus não nos dá nada que não possamos suportar, Deus não nos expõe a nenhuma dor maior que nosso peito aguenta. Suas costas são bem mais largas do que você pensa. Seu braços são mais musculosos do que você os enxerga. E seu coração é maior, muito maior do que você imagina. Tenho orgulho de ser sua amiga. Pra sempre. E, claro!! Já ia me esquecendo de novo... Te amo, tá?


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Óculos





Pense em alguém que odeia usar óculos. Se você me conhece, com certeza, minha imagem se formou em sua cabeça. Se não conhece, talvez tenha conseguido se lembrar de outra pessoa que também odeie óculos. Mas, se não se lembrou de ninguém, deixe que eu me apresente: sou Paula, com miopia desde os 7 anos de idade e com astigmatismo desde os vinte e poucos. Enfim, um óculos com lentes grossas, pra ser delicada. Pra muitos, o famoso óculos fundo de garrafa.

Como muitas outras crianças, descobri que tinha problemas na visão aos 7 anos de idade, na escola. Minha avó paterna reparou que eu andava apertando muito os olhos pra ver TV ou enxergar algo que estivesse distante e aconselhou minha mãe a levar-me ao oftalmo. Dito e feito: já comecei com 1 grau e meio de miopia. E já me tornei dependente dos óculos desde a hora em que abria os olhos pela manhã. Aos doze anos eu já estava com 5 graus de miopia e, apesar de já ter tido 8 graus e meio, hoje estou estabilizada em 7 graus de miopia e 3,5 de astigmatismo. 

Usar óculos sempre foi um problema chato pra mim. Sempre fiz dança e os óculos me atrapalhavam. Não me sentia bonita, me sentia estranha. Então, aos doze, enchi tanto o saco do médico e da minha mãe que consegui convencê-los de que usaria lentes de contato com todo o cuidado necessário. Assim, tive meu primeiro par de lentes e me senti livre! Já pensei em operar, já consultei três especialistas diferentes e eu não sou uma pessoa indicada para a cirurgia porque tenho uma tendência a ceratocone e, portanto, se estou adaptada às lentes, melhor continuar com elas. Minha rotina, depois que acordo, é simples assim: fazer xixi, escovar os dentes e colocar as lentes. Invariavelmente, sigo essa ordem. Só as tiro quando está na hora de ir pra cama mesmo. 

Só que, de vez em quando, é preciso ficar sem as lentes para fazer um exame oftalmológico e checar se está tudo bem, se o grau é o mesmo ou não. E aí é preciso ficar 48 horas sem as lentes para que o resultado não sofra interferências. E então meu sofrimento começa. 

Primeira coisa, nesse calor é insuportável aguentar os óculos escorregando no seu nariz o tempo todo. Sinto um calor absurdo quando estou usando meus óculos. Segunda coisa, não tenho vontade de passar maquiagem, os óculos escondem qualquer tentativa de ficar mais bonita. E mais, de tanto me achar feia de óculos, tenho a impressão que sou invisível quando estou de óculos, ou será que gostaria de ser? Minha postura muda quando estou de óculos, ando olhando pra baixo, me escondendo do mundo. Por último, meus olhos são, naturalmente, puxadinhos, quase olhos de japonesa. Resultado: com as lentes para corrigir miopia, meus olhos ficam minúsculos e isso me incomoda também.

Acho até que esse modo de me sentir quando estou de óculos, explica porque na escola eu me sentia mesmo meio invisível.  Simplesmente não me achava interessante quando só era chamada de "quatro olhos". Por isso, talvez, fosse tão quieta. Melhor passar despercebida que avacalhada. Melhor ser invisível que ter que ouvir que você precisa limpar seus óculos o tempo todo, ao invés de ouvir que seus olhos são bonitos . Parece loucura, mas sou uma Paula com óculos e outra sem eles. A Paula sem óculos é confiante, segura, sexy se quiser. A Paula de óculos não consegue flertar, quer só se esconder, ficar quieta em casa, longe do mundo. É estranho, eu sei. Acho tantas mulheres bonitas com seus óculos, não eu. Não importa quão linda seja a armação, não importa que gaste muito dinheiro fazendo uma lente parecer mais fina, sempre me sinto esquisita.

Por tudo isso é que admiro quem se gosta com óculos ou sem eles. Admiro quem é segura o suficiente pra paquerar alguém estando com seus "quatro olhos". De minha parte, só tenho a dizer que eu não me sinto eu quando estou com meus óculos. E ainda bem que estes dois dias já acabaram e que já fiz meu exame. Amanhã, ao acordar, volto a minha rotina normal e saio, linda, me sentindo maravilhosa, com minhas lentes de contato.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O bruto também ama






Meu filho é desses meninos brutos. Adora brincar de luta e não raro acaba me machucando com sua força desmedida e seus agarrões fora de hora. O pai, ao sentir que Miguel se aproxima, já vai protegendo a genitália, porque "gato escaldado tem medo de água fria", e o Hugo não aguenta mais sofrer com as dores das agressões inesperadas do seu pequeno gladiador.

Então, por ele ser assim tão bruto é que seus rompantes de carinho nos deixam tão surpresos. Não é que Miguel não seja carinhoso, aí é que está: Miguel é muito carinhoso. E é justamente isso que nos surpreende, o fato de ele ser tão bruto e tão doce, o fato de ele ir de um extremo a outro em tão pouco tempo. 

Ainda pouco estávamos todos no meu quarto, vendo televisão e Miguel pulando de um lado pro outro como costuma fazer. De repente, se posicionou entre mim e o pai e com seu braço direito enlaçou meu pescoço, com o braço esquerdo enlaçou o pescoço do pai e nos puxou pra perto dele com uma força absurda. Com a carinha bem pertinho da nossa e um sorriso de orelha a orelha, nos olhou nos olhos e disse: "Vocês são minhas vidas!" 

Eu e Namorado olhamos um pro outro, totalmente envolvidos naquele abraço, por aquele momento lindo, e sem dizer mais nada - porque existem momentos em que nada deve ser dito - sorrimos com a certeza de estarmos dentro de um instante de pura magia.

Esse é o meu menino bruto. Esse é o meu Miguel.