domingo, 23 de junho de 2013

O Melhor Bom Dia



Quando Miguel acorda antes de mim e do pai, não tem jeito, vem logo acordar a gente, dizendo que já está claro e que não é mais hora de dormir... Hoje isso aconteceu às 8:15 da manhã quando eu sentia que poderia, fácil, dormir até umas 10h. Tudo bem....

Miguel sobe na cama e fala com voz de menino triste: "Dá espaço pra mim..." Isso significa ficar entre mim e Hugo deitado, não pra dormir, mas pra ficar conversando com a gente no melhor estilo "vou falar tanto que eles vão desistir de ficar deitados".  Esperto como só ele, me abraça e me cobre de beijos, pergunta se hoje é dia de "tabralho" ou se é dia de ficar juntinhos. Felicidade total, é dia de ficar juntinhos, é domingo!

Então, feliz da vida, Miguel continua seu diálogo comigo, sempre me surpreendendo pelo vocabulário e profundidade das coisas que me diz...

- "Você é a minha mamãe linda! E vamos ficar juntinhos hoje!"

Eu lhe digo o que falo todos os dias, repetitiva como todas as mães são, mas falando a maior verdade do meu coração:

- "E você é meu gostosinho, meu presente de Deus, o melhor filho do mundo. Você me faz muito feliz!"

E ele me pergunta, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas...

- " Eu não te faz mal, não, né, mamãe?"

Ele é só uma criança, meu eterno bebê, e me diz coisas que me deixam de queixo caído, me dando consciência de que são muito mais inteligentes e perspicazes que podemos supor.

- "Não, filho... Você não me faz mal... Sou muito feliz por ter você comigo."

Pra encerrar, Miguel diz:

- "Você é a mãe mais lindinha da cidade! E eu te amo muito. Muito mais... Vamos brincar?"

E, mesmo cheia de sono, sabendo que é o único dia da semana pra dormir até mais tarde, diante desse bom dia, tudo fica pequeno, perco o sono e vejo que a vida me chama mesmo e, como repito exaustivamente pro meu filho, ele me mostra que hoje é um bom dia pra ser feliz! E vamos pra vida! Pra luz que está lá fora porque o tempo voa e nunca é suficiente pra viver tanto amor.

sábado, 22 de junho de 2013

Las Vegas

Passar 6 dias em um lugar calmo e silencioso como Los Cabos e chegar em Vegas é quase um choque energético. É como ir de um extremo a outro em segundos. 

Quando estive em Vegas pela primeira vez, em 2006, já tinha gostado do lugar, da correria, da grandiosidade, da breguice. Las Vegas é brega, é tudo muito: muita luz, muito jogo, muita bebida, muita puta, muito cigarro. Mas parece que lá, tudo isso combina, nada é chocante, pelo menos pra mim. Nem mulheres em trajes sumários entregando papelzinho de boate de strip pro meu marido na minha frente. Nem convite pra "pool parties". Nem senhorinhas grudadas às máquinas de jogo segurando uma garrafa de cerveja, com um cigarro no canto da boca. Enfim, acho tudo em Vegas muito engraçado e, como ainda por cima tenho uma queda por cassinos, me divirto muito.






 Além disso, é muito show legal, é muita opção do que fazer. Aliás, minha ideia de voltar lá foi justamente pra poder assistir a "LOVE", espetáculo do Cirque du Soleil com música dos Beatles. Simplesmente, maravilhoso. Um dos melhores shows do Cirque, sem dúvida. Saí do teatro emocionada, com tanta sutileza e sensibilidade que, unidos à obra dos Beatles, transformam o show em algo inesquecível.



Não sou muito chegada à Celine Dion mas gostaria de ter assistido a seu show... Só que não sabia que a bonita tira férias também no período em que estava lá e ainda não foi dessa vez. Na falta de Elton John - que anda fazendo shows no Ceaser na ausência de Celine - resolvi assistir a "Rock of Ages" e foi um divertimento ótimo com boa música.



Nós ficamos só três dias e achei corrido porque eu tinha muitas coisas pra fazer lá. Mas até que a correria foi boa pra começar a entrar no ritmo da vida real. E, depois, porque não se deixar enlouquecer um pouco estando em Vegas? Afinal, "o que se faz em Vegas, fica em Vegas!"




terça-feira, 18 de junho de 2013

Paula Pateta II

Sei lá se todo mundo ri de si mesmo, mas tem coisas que acontecem comigo e que me fazem rir demais de tão pastel que eu sou, às vezes. 

Quando estava em Los Cabos, fizemos o passeio de barco que leva ao cartão postal de lá, a tal da rocha vazada formando um arco. Há alguns tipos de barco que fazem o passeio. Uns com mais bagunça, uns menores, outros maiores. Eu e Namorado escolhemos o mais social, sem muita festa, mais casais e famílias. E, vou lhe dizer, esse passeio foi um dos melhores passeios de barco que já fiz. O serviço foi maravilhoso, desde a entrada no barco até o final. A comida - que normalmente nesses passeios é a maior carregação - era muito boa e, apesar da bebida ser liberada, não estavam servindo nenhuma marca genérica. Havia várias marcas boas de cerveja, inclusive. Hugo estava felicíssimo tomando sua cervejinha liberada. Além disso, muita gente educada. Então, estava tudo muito bom e eu tinha que dar algum vexame...

É claro que sempre tem a hora do mergulho. E o pessoal do barco estava dando a maior atenção a todos, orientando onde mergulhar e a respeito do uso do equipamento. Eu ainda não sabia se mergulharia ou não, mas o Hugo estava decidido a dar seu mergulho no Pacífico e já desceu logo. Eu fiquei na parte de cima do barco pensando na vida, escutando uma músiquinha muito digna e aí me ocorreu que eu deveria descer também e mergulhar. "Sabe lá quando poderei estar alí de novo", pensei... Desci quando a maior parte das pessoas já estava na água e o capitão do barco foi mega solícito e me ajudou a colocar o colete salva-vidas e me deu as orientações novamente. Capitão bacana mesmo. Teve a maior paciência comigo.

Bom, tudo certo. Orientações, colete. Era chegada a hora de entrar na água. Eu tinha duas opções: ou pulava na água de uma vez, sem dó nem piedade, ou descia me sentindo linda e maravilhosa pelas escadinhas. Óbvio que preferi descer linda pelas escadinhas, até porque a água estava geladérrima! Lá fui eu. Primeiro degrau. Pontinha dos dedos na água, já sentindo o drama do gelo. Segundo degrau. Pés totalmente na água, meu Deus, que água gélida da porra. Mas "agora é tarde, o capitão gastou o maior tempão comigo, não vou dar esse vexame de desistir", pensei. Vamos para o terceiro degrau. E aí, sem saber como nem porquê, KABUM! Escorreguei e caí feito uma jaca podre. Minha canela esquerda, bateu tão forte na desgrama do degrau da escadinha que eu pensei que tivesse quebrado a perna. Pior foi, assim que acabei meu mergulho forçado, ouvir o capitão me perguntando: "Está tudo bem?" Pensei em responder que não, não estava nada bem e iria desmaiar de tanta dor. Uma dor lancinante na canela esquerda e que provavelmente minha perna estava quebrada, mas optei por meu melhor sorriso amarelo de vergonha cheio de dentes, fingindo estar no sétimo céu, e disse: "Claro! Tudo ótimo!" 

Meu Deus. Como fui grata pela temperatura da água. Nunca agradeci tanto a Deus por estar imersa numa água beirando os 15 graus. Pelo menos não teria que pedir que alguém da embarcação me desse um saquinho com gelo pra colocar no local... Devagarzinho comecei a mexer meus dedos do pé e o pé. Só pensava em como conseguiria subir de volta pro barco. Avistei o Namorado e falei pra ele com aquele drama característico: "Acho que quebrei a perna..." Ele, sem entender nada, perguntou de forma prática: "Está mexendo o pé?" Como eu estava mexendo tudo, ele disse pra eu parar de frescura e só ria da minha cara quando eu relatei o ocorrido. Cruz credo. Que falta de romance. Em vez de ficar preocupado com minha canela ferida, ficou se acabando de rir da minha cara. 

Só sei que minha canela ainda dói até hoje. Um mês depois! A pobrezinha nunca mais foi a mesma depois da pancada na escada no barco. Isso é o que dá querer "fazer a fina". Devia ter me jogado pra dentro da água de qualquer jeito mesmo, do jeito que eu fazia lá no clube de Olaria na minha infância, sem medo de ser feliz, com as celulites da bunda aparecendo, as gorduras balançando mesmo. Mas não, quis ser elegante e virei a mulher jaca me espatifando na escada do barco.

Aff. Paula pateta total. De novo. 


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Los Cabos

Pense em um lugar tranquilo, com um pôr do sol lindo, onde você só escuta o barulho das ondas batendo... Pois é. Esse lugar é Los Cabos. 

Eu morria de vontade de conhecer, mas imaginava que encontraria outro lugar estilo Cancún, La Romana ou Punta Cana, já que Los Cabos é cheio de resorts também. Ledo engano. Los Cabos não se parece em nada com nenhum desses lugares. Los Cabos não tem muita badalação e é ideal pra se descansar ou pra uma lua-de-mel sem muita agitação.







Na verdade, é um corredor que fica entre Cabo San Lucas e San José del Cabo. É preciso carro porque não vi nenhum ônibus passando em frente ao resort nos 6 dias em que fiquei lá. De carro,  tudo é perto e você conhece tudo em dois dias. Bom mesmo é aproveitar a praia e a mordomia dos hotéis. Taí outra diferença: não vá esperando programação noturna nos resorts, atividades 24 horas por dia ou recreador pras crianças. A tranquilidade prevalece, não há música alta ou alguém chamando você pra participar de algum jogo na piscina ou praia. Vivi 6 dias de paz. 

Os restaurantes dos resorts são ótimos e é preciso reservar. No Hilton, se eu levantasse da cadeira da piscina pra ajeitar o encosto da espreguiçadeira, logo havia um funcionário do hotel pra fazer isso pra mim. Os quartos eram arrumados pela manhã e, ao entardecer, outro funcionário vinha ao quarto pra preparar a cama pra noite, isto é, tirar a colcha e as almofadas e ajeitar os travesseiros e o edredom, e trocar as toalhas. Óbvio, todos esses bons tratos têm um preço e, pra dar uma noção, um copo de 200ml de refrigerante custava o equivalente a oito reais e cinquenta centavos. Com o valor cobrado por 1 cerveja no hotel, comprávamos o "pack" com 6 no mercado. Por isso, se o destino for Cabos, é bom preparar o bolso.







Visitando Cabo San Lucas você não se sente no México. A proximidade dos EUA é notada em todo lugar, nos restaurantes, casas noturnas e shopping. Tem uma marina enorme, cheia de barcos lindos e é de lá que saem os cruzeiros, barcos para mergulho e o passeio de barco que leva ao cartão postal do local "The Arch", uma rocha vazada que forma um arco e é muito bonito mesmo.







Já San José del Cabo é México puro, com suas construções e história. Com seu jeitinho colonial e seu colorido. Eu me senti confortável lá, andando pelas ruas e conhecendo a pequena cidade.






O melhor de ter escolhido esse destino é que eu e o Namorado estávamos precisando de dias inteiros pra gente, sem passeios com hora marcada, ou muitos pontos turísticos a conhecer. Só natureza mesmo, barulhinho de mar e mordomia em companhia um do outro e um bom livro. A energia do lugar me tranquilizou tanto que eu não conseguia me lembrar quando tinha sido a última vez em que dormi tantas horas por noite. Eu e Hugo deitávamos às 22h e só acordávamos às 9 da manhã. Não sei de onde vinha tanto sono, tanta preguiçinha, mas acho que como o local é de uma calma singular, isso já propicia que o ritmo da gente se abrande, que não se ande com pressa e esqueça o relógio. Descansei muito e tenho certeza de que quando as coisas complicarem por aqui, vou me lembrar desses dias de "dolce far niente" e paz e isso vai me dar a energia pra seguir. 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tudo o que se quer

Quando o que se quer é carinho dos que nos cercam.

Quando o que se quer é olhar pela janela e ver o céu azul.

Quando o que se quer é receber o abraço de um amigo e ver que os olhos desse amigo estão marejados por tanto amor que sente por você depois da energia do abraço.

É acordar e receber o abraço gostoso de quem você ama, ainda na cama, enrolados nas cobertas.

É receber um presentinho, vindo pelo malote do trabalho, de quem mora longe.

Quando o que se quer é receber telefonemas da família.

É ouvir o filho dizer: "Eu te amo, mamãe. Feliz aversário pra você!"

Quando o que se quer é que alguém lhe fale que é feliz por ter conhecido você.

É escutar seu chefe lhe dizer que confia em você e que você deveria se estressar menos, porque sua saúde vale muito!

Quando o que se quer é ouvir a mesma história que sua mãe conta todos os anos sobre como você nasceu, mais uma vez.

É ouvir de alguém que seu sorriso é contagiante, que seu astral é do bem e que você faz falta.

É alguém lhe dizer que você é linda por dentro e por fora.

Quando o que se quer é testemunhar sua amiga lhe chamando de "vaca" como tem feito por tantos anos de amizade.

Quando o que se quer é receber o afeto, a consideração, daquele que trabalha com você e com o qual você tem se aborrecido, mas que, apesar de tudo, sabe da sua luta e da sua dor.

É receber um torpedo, logo cedinho, de quem só quer que você aproveite seu dia.

É ouvir sua sogra lhe dizer que a sente como uma filha.

Quando o que se quer é aquele telefonema do amigo que erra o dia e lhe telefona adiantado ou atrasado, não interessa, pra dizer que se importa com você.

E quando tudo o que se quer é isso... Você tem tudo. Pode se considerar feliz!!

Feliz aniversário pra mim!!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Houston

Quando começamos a programar nossa viagem de férias, eu só tinha a certeza de que gostaria de ir pra algum lugar de praia já que nos dois anos anteriores a gente tinha ido pra lugares em que faz frio na época de nossas férias. Eu acabei me decidindo por Los Cabos, no México, desde que vi o filme "Sex and the City" e as personagens vão pra lá quando Carry é deixada no altar pelo Mr. Big. Mas Los Cabos é assunto pra outro post.

Bem, fomos comprar as passagens e vimos que a perna pra Los Cabos dos EUA mais barata seria de Houston. E, assim, decidimos que antes de ir pra Los Cabos conheceríamos Houston. O Namorado decidiu isso rapidinho porque queria mesmo é ir ao NASA Johnson Space Center. Fomos e é claro que ele mega curtiu e eu até que gostei... Mais por vê-lo feliz que propriamente pelos filmes estilo Discovery Channel, apolos e saturnos.




Foi bacana ter ficado lá esses 3 dias, eu não conhecia e achei a cidade, como qualquer outra grande cidade, com vida cultural intensa, museus, prédios altos no centro da cidade e, surpreendentemente, com muitos parques. Estávamos em plena terça - feira passeando pelo centro financeiro e vimos muitas mães com seus filhos brincando nos parques nos arredores. Tem um aquário muito organizado. Miguel teria gostado de conhecer... Engraçado é que fiquei com uma lembrança de Los Angeles porque não há muitas pessoas caminhando pelas ruas, nem na hora do almoço no centro da cidade. Eles fazem tudo de carro mesmo e só há mais gente, obviamente, nos pontos turísticos, parques e ruas principais. Fiquei com a sensação de distância e frieza. Um pouco do que senti em LA quando estive lá.






Fomos também a Woodlands que fica ao norte de Houston, mais ou menos 40 minutos de carro. É uma área em crescimento comercial - antes apenas residencial - muito bonitinha, com uma cara mais amiga, mais aconchegante. E antes de ir pra Cabo fomos também a Galveston, uma ilha pequena, fofa, acolhedora, pra final de semana, férias. Passei um dia muito agradável lá. Pra quem vai com criança tem um parque aquático legal, perto do Moody Gardens.





Muitas vezes visito um lugar e fico com um gostinho de quero mais, uma vontade de voltar e ficar mais tempo. Isso não aconteceu com Houston. Conhecer lugares novos é sempre maravilhoso, sempre se aprende alguma coisa com a experiência. Mas não saí de Houston com vontade de voltar. Se algum dia passar por lá de novo, ok. Mas se eu não voltar mais lá, não vou sentir saudade.









quarta-feira, 12 de junho de 2013

Obrigada, Samirex!!

Nesse dia dos namorados eu queria muito tirar esse tempinho pra registrar um agradecimento a uma amiga. Sem ela, talvez eu não estivesse com o Hugo. 

Em 2003, solteira, totalmente na pista e já ficando cansada dela, conheci a amiga da amiga da amiga: a Samira. E a Samirex - é assim que a chamo desde que conheci - tinha um amigo. Na verdade, ela e Hugo são muito amigos, desde a época da escola. E numa dessas nights da vida em que a amiga chama os amigos que também chamam outros amigos, fui apresentada ao Namorado. 

Não foi amor à primeira vista, nem à segunda, nem à terceira. Morávamos perto, tínhamos afinidades, gostávamos de conversar e pra mim era só isso. Mas a Samirex via em nós dois juntos algo que eu não via. Ela via um futuro pra nós. E, por enxergar o que eu não enxergava, sempre insistiu pra que eu começasse a sair com o Namorado. 

Não fosse ela existir nesse mundo, talvez eu nunca tivesse esbarrado no meu amor. Não fosse Samirex entrar na minha vida, talvez o Miguel não existisse. Talvez eu não ganhasse a chance de conhecer o cara lindo que o meu namorado é. 

E quero agradecer por essa felicidade toda que sinto. Agradecer a você, Samirex. E quero aproveitar pra desejar que a vida lhe dê também "a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida".

terça-feira, 11 de junho de 2013

Revoltada

Por mais que eu tente, não consigo entender esse país onde vivo. Não consigo entender essa passividade do povo pra certas coisas (que eu julgo importantes) e tanta comoção pra coisas sem a menor importância (pra mim).

No curto período de 4 dias em que estive no Chile, em 2011, pude vivenciar nada menos que 3 movimentos de protesto contra a má qualidade do ensino. Os estudantes reinvidicavam maiores investimentos no nível superior e melhor qualidade do ensino público, assim como acesso mais amplo a maior parte da população a um ensino de excelência. E, mais que isso, apesar de a polícia ser rude muitas vezes, os protestos não cessavam. Os estudantes não se deixavam abater pela truculência policial e até pela morte de algum estudante durante o movimento. Mais além, o protesto era apoiado pela maioria da população. Em nenhum momento ouvi alguém nas ruas do centro, shoppings ou taxistas com quem conversava falar que os estudantes responsáveis pelo movimento eram baderneiros ou malucos. Ao contrário, vi uma cidade que se prepara para receber um protesto, fecha ruas, planeja antecipadamente para que haja o mínimo possível de violência quando os ânimos se exaltam demais. Quero deixar claro que nem todo policial é rude, assim como nem todo estudante é ponderado. Não gosto de estereotipar ninguém.

Enfim, e aqui no Brasil, ninguém quer saber de brigar por nada. E vemos nossos políticos decretarem feriado em cima de feriado, cada um mais despropositado que outro, em nome de jogos de futebol. Ao invés de darem estrutura ao trânsito, ao invés de planejarem e preparem a cidade para poder, de fato, receber um evento de porte grandioso, maquiam a cidade fazendo com que a população fique em casa liberando ruas e deixando livre acesso ao estádio para que todos se divirtam lindos e felizes em um jogo de futebol. Se as escolas não terão aula, isso não é considerado problema. Se os alunos ficarão sem o conteúdo daquele dia decretado feriado, não é problema importante. Importante é a copa das confederações. Se o professor vai ter que rebolar depois pra repor a aula perdida, isso também não é problema deles. Problema deles é fazer a população pensar que a cidade tem toda a estrutura pra receber gente de toda a parte do mundo. A educação que se ferre. De verdade, quem nesse país dá valor pra educação? Poucos. Os considerados loucos, talvez. 

Hoje li no jornal que o prefeito de Fortaleza disse que não há problema em decretar feriado nos dias de jogo do Brasil porque, "afinal, são só 2 dias" e isso facilitaria muito a locomoção pelo entorno do estádio. Será que ele sabe o impacto que dois dias de comércio fechado representa pra esse comerciante, pra esse pai de família que depende de vendas pra pagar o salário de outros tantos pais de família? O que vejo é que o povo fica bem feliz por ter mais dias de feriado, mais dias pra ficar em casa, "descansando e curtindo seu futebol". O que vejo é essa mesma galera que está cansada de trabalhar e está gostando de ter mais um dia pra ficar em casa, encarando filas gigantescas pra conseguir um ingresso pra ver o Brasil jogar. Sim, pra isso eles têm energia. Pra protestar, não. Pra jogo de futebol, sim.

Isso tudo me deixa angustiada, sem ver uma luz do fim do túnel pra esse país, nem a médio nem a longo prazo. A curto prazo, fico aqui na minha escola fazendo a linha doida e dizendo que dia 20 de junho vai ter aula, sim, senhor!! Porque não vou deixar meus alunos sem a matéria, nem sacrificar uma programação de período feita há mais de 6 meses para que tudo corresse a contento durante o semestre. Quem quiser ter aula, terá. Quem quiser ficar em casa assistindo o jogo, que fique. Na vida, tudo é uma questão de colher o que se planta. A hora agora é de plantar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Independência

Quando li o relatório de avaliação do Miguel da escola, notei que havia uma preocupação, justificada, com o desenvolvimento da independência das crianças nessa fase da vida. Com relação especificamente ao Miguel, estava alí pontuado a necessidade de que eu o deixasse fazer suas tarefas cotidianas sozinho, como calçar seus sapatos ou colocar suas meias. 

De fato, na correria do dia-a-dia, com tempo contado pra chegar em casa e levá-lo pra escola, tanto eu quanto a Taninha optamos por fazer as coisas que ele deveria fazer, apenas para ganharmos tempo, mas compreendo que isso atrapalha um processo que deveria ser dele, por mais tempo que leve. Estou tentando melhorar e deixá-lo calçando suas meias, mesmo que muitas vezes elas fiquem tortas ou que ele saia com um pé de meia diferente do outro. 

Só que outro ponto foi mencionado despretensiosamente, só como exemplo mesmo, e ele vem me incomodando... Esse outro fator de estímulo ao desenvolvimento da independência da criança é com relação a deixarmos o filho na quadra da escola perto da professora, nos despedirmos alí e pronto. Quando eu estava viajando e o meu cunhado levava o Miguel pra escola, era isso o que faziam: se despediam na quadra e Miguel seguia com os amigos e professora para a sala de aula. 

Acontece que quando sou eu que o levo pra escola - e isso é todos os dias, com raras exceções - Miguel segura minha mão e pede: "Me leva até a sala, mamãe?" E eu tenho conversado com ele, dizendo que ele está crescendo e que eu posso deixá-lo sozinho na quadra e que sei que ele pode ir sem minha companhia, até a porta da sala de aula. Ele diz que entende mas, invariavelmente, me pede que o acompanhe. 

E eu estou pensando nisso desde que voltei das férias, nessa "necessidade" de deixar meu filho sozinho pra estimular sua independência e algo nisso não está batendo legal dentro de mim. Algo está me incomodando nessa parte. É que, na verdade, não acho que deixando meu filho seguir sozinho pra sala de aula quando ele solicita minha companhia seja indicador maior ou menor de independência. Entendam bem: eu não teria NENHUM problema em deixá-lo sozinho na escola seja em qualquer parte dela porque confio no trabalho da instituição, desde que meu filho quisesse. 

Desde que Miguel nasceu, venho criando meu filho pro mundo, pra não depender de mim, pra se virar sem minha presença. Prova disso é que viajo todo ano sem ele! Miguel coloca sua cueca sozinho e tenta calçar suas meias, seus sapatos e come sozinho. Enfim, estou estimulando ao máximo que não precise de mim.  Miguel fica sozinho na casa da tia, da avó. E me dá "tchau" sem nem pensar duas vezes quando vai se divertir. Miguel é dessas crianças que não solicita minha presença pra brincar ou ver TV. Brinca em seu quarto horas com seus brinquedos sem que eu necessite ficar por perto. Quando está com fome, muitas vezes vai sozinho até a cozinha e abre o armário pra escolher o biscoito que quer ou abre a geladeira pra pegar a fruta. Uma das únicas coisas que Miguel pede que eu faça com ele é ir até a sala de aula. Por tudo isso, quando páro pra pensar que dentro de muito pouco tempo meu filho será o primeiro a me dizer que não preciso mais nem entrar na escola com ele, que posso deixá-lo no portão mesmo pois subirá sozinho, não vejo motivo para apressar as coisas. 

Logo, logo, beijar a mãe na frente dos amigos será "pagar mico". Sair de mãos dadas com a mãe na rua será  demostração de "infantilidade". Então, porque não aproveitar esses momentos em que meu filho adora me ter por perto em sua plenitude? Por enquanto, Miguel quer ter sua mãozinha na minha, quer que eu o conduza até a porta da sala de aula. Seja lá por que motivo for, isso o faz feliz. E ontem, depois de muito pensar a respeito, decidi que não vou mais tocar nesse assunto com ele. Vou levá-lo até a porta da sala de aula até ele manifestar o desejo de que eu pare de fazê-lo. Meu filho não será menos independente apenas porque gosta que sigamos juntos até a sala de aula. Tudo tem seu tempo e no tempo do Miguel isso vai deixar de acontecer. E, concordemos: o tempo passa tão depressa... 

Sejamos, então, independentes na decisão de vivermos plenamente, satisfazendo nossos corações, esse curto trajeto que vai da quadra até a sala de aula.