segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013




Por muito tempo senti um aperto no peito nesse dia de virada de ano. Apesar de sempre ter muito o que comemorar e agradecer, é muito difícil pra mim sentir o que a maioria sente: que é uma época de renovar esperanças. Talvez até porque eu seja daquelas pessoas que não precisa de uma segunda-feira pra começar uma dieta, eu começo no sábado se precisar. Não preciso do início do mês pra voltar pra academia - veja só: voltei pra academia na última sexta-feira, mesmo sabendo que ficaria em casa mais 4 dias sem malhar. Não preciso do começo de um mês pra fazer valer uma decisão e, por isso, não preciso da virada de ano pra renovar minhas esperanças em um mundo melhor. Minhas esperanças se renovam a cada dia, talvez a cada hora ou minuto.

Uma vez, conversando com o Namorado ele me falou de uma entrevista que assistiu com Roger Federer, jogador de tênis. Nessa conversa, Federer disse ao jornalista que naquele momento do jogo, só o que importa é a bola que está na mão dele, é o ponto que está sendo disputado porque o ponto que ele perdeu, a bola que não foi boa, já passou e com relação a ela não havia nada que pudesse fazer. Mas com relação a bola do agora, sim, nessa ele deveria concentrar todos os esforços e pensamentos porque se ficasse lamentando os erros passados e o ponto perdido, perderia a bola que está na mão e todas as próximas. E é isso mesmo. Todos os dias, muitas bolas são colocadas em nossas mãos. Qualquer uma pode ser a bola da virada. 

Aprendi, ao longo dos anos, que é muito importante fecharmos ciclos. Terminar algo que se começou. E ter aprendido isso me fez compreender melhor essa euforia existente na virada do ano. Não compartilho dela, definitivamente não fico felicíssima quando um ano acaba e o outro começa, não sinto vontade de estourar champanhe nem nada... Mas hoje entendo quem o faz, entendo quem coloca suas esperanças de que a vida melhore, de que o mundo tenha paz, de que não falte dinheiro ou educação, no ano que vem chegando. 

Se a gente for olhar no dicionário o que quer dizer a palavra "virada", vai entender porque tantos depositam suas fichas nisso: significa mudança de lado, posição ou direção, mudança de rumo. Alteração profunda de atitude, de condição, de circunstâncias, reviravolta. Então, está justificada toda euforia da maioria nessa hora. Principalmente se você acredita que o simples fato do calendário marcar que é o momento da virada vai fazer sua vida mudar.

Independente do jeito de cada um passar esse momento de "virada", eu só queria que todo mundo entendesse que a virada da gente é a gente que faz, em qualquer época do ano, a qualquer hora, em um dia comum, sem nada de especial, aparentemente, mas que pode ser um dos dias mais importantes da sua vida. Um dia assim, sem nome de virada, sem sol, um dia até de chuva. A virada da gente pode ser agora, amanhã ou daqui dois meses, sei lá. Depende da gente. Depende só de querer. Não sei se estou certa ou errada, mas é nisso que eu acredito.

Feliz 2013 pra nós!!!!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Filtro Solar

Esse texto bombou há uns anos, mas continua atual. Hoje escutei no rádio e vou dividir com vocês aqui, afinal é sempre bom a gente ouvir certas coisas... Eu precisei de muita terapia pra chegar até aqui, pra chegar ao ponto de começar a me importar com o que realmente importa e a dar valor a quem merece ou ao que vale a pena. Bora viver sem se preocupar com coisas idiotas? Vamos viver sem cavar mais problemas pra gente além dos que a vida já vai impôr naturalmente?





"Filtro solar!

Nunca deixem de usar o filtro solar
Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: usem o filtro solar! Os benefícios a longo prazo do uso de Filtro Solar estão provados e comprovados pela ciência,
Já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.

Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês...
Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado.

Mas pode crer que daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos,
E perceber de um jeito que você nem desconfia hoje em dia,
Quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente.
E como você realmente estava com tudo em cima,
Você não está gordo ou gorda...

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, 
mas saiba quepré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.

As encrencas de verdade em sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada,
E te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de uma terça-feira modorrenta.

Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade.
Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Use fio dental.

Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima,
às vezes por baixo.

A peleja é longa e, no fim,é só você contra você mesmo.

Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. 
Guarde as antigas cartas de amor. Jogue fora os extratos bancários velhos.
Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.
As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois o que queriam fazer da vida.
Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos. Você vai sentir falta deles.
Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.

Faça o que fizer não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você,
As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo,
É assim para todo mundo.
Desfrute de seu corpo use-o de toda maneira que puder, mesmo!!
Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele,
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.
Dance.
Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.

Leia as instruções mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se achar feio

Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.

Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons.
Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que você conheceu quando jovem.

More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer.
Viaje. 
Aceite certas verdades inescapáveis: os preços vão subir, os políticos vão saracotear, você também vai envelhecer. E quando isso acontecer você vai fantasiar que quando era jovem os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças respeitavam os mais velhos. Respeite os mais velhos!!

E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez você case com um bom partido, mas não esqueça que um dos dois de repente pode acabar. 

Não mexa demais nos cabelos se não quando você chegar aos 40 vai aparentar 85.
Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.

Mas, no filtro solar, acredite."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Nemo



Definitivamente, Miguel tem personalidade forte. Ou seria gênio ruim? Sim, porque a gente costuma usar mil termos pra dizer a mesma coisa de forma mais branda, né? E eu fico pensando se meu filho tem mesmo temperamento forte, se é cheio de personalidade ou se é um ditador, uma fera precisando ser domada, precisando de cabresto. Talvez seja um pouco de cada coisa. 

O caso é que há 1 mês quando minha sogra estava indo pra NY, resolveu perguntar ao Miguel se ele não queria que ela trouxesse pra ele, além dos muitos brinquedos de sempre, alguma fantasia. Como Miguel é muito ligado em filmes e lá é mais fácil encontrar as roupas das personagens das quais ele tanto gosta, ela aproveitaria a ocasião pra trazer alguma pra ele. Assim, foram pro computador pra que ela mostrasse pra ele as muitas fantasias. 

Logo que ele viu a fantasia do Nemo disse a todos: "Quero a roupa do Nemo!". Minha cunhada que estava perto falou que tinha outras fantasias mais legais, chamou a atenção dele pra fantasia do Batman, do homem de ferro. Miguel continuou afirmando que a do Nemo era a mais bonita. Lucas, meu sobrinho, falou que não tinha cabimento ele ir pra escola vestido de Nemo quando todos os amigos estariam vestidos como super heróis e sugeriu a roupa do homem aranha. Nada de Miguel mudar de ideia. 

Miguel é engraçado... Quando ele percebe que está todo mundo pensando diferente dele, ele se cala. Parece que pensa que não vale a pena ficar falando o contrário do que todo mundo quer escutar, mas teimoso como ele só, não muda de ideia. Todos continuaram falando que era melhor ele escolher a fantasia do Woody ou do Buzz, até o Peter Pan foi sugerido, já que homem aranha, batman e homem de ferro não estavam emocionando o guri, mas Miguel nem dava atenção. Ficou calado e não falou mais do Nemo até que foi perguntado, no final das contas, qual a fantasia que ele queria. Todos na expectativa de ele responder tudo menos Nemo. E ele respondeu, curto e grosso: "Quero a roupa do Nemo!"

Resultado, a avó trouxe a roupa do Nemo. Como diz minha mãe e já dizia minha avó: "O que é de gosto, regalo da vida!" Deixa o garoto ser feliz, então. A carinha de felicidade dele vestindo a roupinha cor de abóbora foi linda. Só quero ver agora se ele vai aguentar o rojão de ir pra escola vestido de peixe quando chegar o carnaval! 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Presente de Natal

Amo o Natal desde que me entendo por gente. Ainda quando não entendia o valor da data, ainda quando não tinha noção que era o dia de se comemorar o aniversário do cara mais sensacional do mundo, eu adorava o clima de união que só acontece nessa época, infelizmente. Minha família sempre se reuniu, sempre aproveitamos a ocasião pra estarmos juntos, pra rir, contar histórias e recontá-las mil vezes. Toda família é assim, né? Sempre tem mil histórias engraçadas que são lembradas quando estão todos juntos e que fazem todo mundo rir na mesma parte, mesmo que a tal da história tenha sido ouvida um sem número de vezes. 

Meu maior presente de Natal é esse: ter minha família unida. Ter todos juntos em volta da mesa, comendo, bebendo, rindo, festejando, trocando presentes. Na minha família ninguém fica triste nessa ocasião como acontece com muitas outras famílias. Fui criada pra entender o Natal como época de alegria, de festa. Mesmo depois que meu pai morreu. Sinto a falta dele, sim, mas não é nada diferente do que sinto todos os outros dias da minha vida. Prefiro olhar o Natal e entender que é hora de festejar o fato de estarmos juntos, mais um ano, vivos, com saúde. Fui criada pra entender o Natal como renascimento, como uma renovação dos votos de amor que nos unem, como um dia pra gente lembrar dos grandes feitos de Jesus e pra sentir seu amor por nós. Por esse amor que nos foi dado, tudo pode ser relevado, perdoado, esquecido. Tudo fica sem importância quando nos unimos pra sermos felizes, conscientes da sorte que é termos sido escolhidos uns pelos outros pra nascermos nessa família. Os defeitos ficam sublimados, as desavenças são esquecidas.

Na família do Hugo - que hoje também é a minha - graças a Deus, também é assim. Eles também já tiveram perdas grandes, mas sempre há no coração espaço pra celebrar os que aqui continuam a jornada, sempre há espaço pro abraço, pro sorriso, pra esperança. Sinto um amor enorme pelas pessoas da família que  se reúnem pra jantar no dia 24 e pelas pessoas que se reúnem pra almoçar no dia 25. São dois dias dos mais felizes do ano e tenho muita vontade de agradecer a Deus por tanta festa, tanta alegria, tanto amor. Na minha cartinha ao Papai Noel só tenho vontade de escrever "muito obrigada". Porque isso diz tudo. 

Feliz Natal pra todos!!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Miguel assustador

Os únicos dois homens com quem Miguel tem contato diário são o padrinho e o pai. Nenhum dos dois é de ficar fazendo comentários a respeito de mulheres ou é de ficar tecendo elogios quando alguma aparece em trajes sumários. Por isso, venho ficando assustada com o que meu filho vem demonstrando quando vê alguma "menina" que considera bonita. Não repreendo, nem falo nada, pra deixar a coisa de forma natural, mas Miguel vem mostrando que acha bonito uma certa vulgaridade... Acho que uma periguete vai fazer o gosto dele e já fico me imaginando, daqui alguns anos,  recebendo em minha casa uma namoradinha do Miguel no melhor - ou seria pior? - estilo "salto de acrílico". 

Há algumas semanas estávamos vendo a novela das nove quando as moças traficadas estavam se preparando para ir pra boite. A personagem da Carolina Dickman e a protagonista (que esqueci o nome da atriz) a tal da Morena, vestiram mini saias pretas e tops brilhantes deixando as pernas e barrigas de fora. Ao ver a cena, Miguel logo falou pro pai: "Papai, quero uma dessas!" O Hugo em seguida perguntou: "Quer uma namorada, filho?" Antes que Miguel pudesse responder, a cena mudou pra casa da Flavia Alessandra - linda de morrer, conversando com a amiga que mora com ela, outra mulher maravilhosa, e o Hugo continuou falando com ele: "Uma namorada como essas moças, filho? Qual você acha mais bonita? A negra ou a loira?" E então, muito seguro, o Miguel respondeu: "Não, pai. Eu quero aquelas que estão de roupas pretas, com a barriga de fora, dançando..." Ai, meu Deus.... Olhei pra cara do Hugo e nos calamos, falar o quê? Melhor deixar pra lá.

Hoje, estava no quarto dele folheando a revista Veja. Miguel estava ao meu lado assistindo "Carros" pela milionésima vez. Em uma das páginas da revista, havia a foto das modelos da Victoria´s Secret usando lingerie. Pronto. A atenção do Miguel já saiu do filme pras fotos e ele em seguida comentou: "Que lindas, né, mamãe?" E eu respondi que sim, são meninas bonitas mesmo. Não dei muito assunto e virei a página. Na outra página havia a foto da jogadora de volei Jaqueline, sentada em pose sensual, mas vestindo camisa e short. Outra vez, a foto de mulher chamou a atenção do meu pequeno mulherengo e ele não pensou duas vezes em externar sua opinião do alto de seus 3 anos de idade: "Não acho essa bonita, não, mãe." Pensei porque cargas d´água meu filho não achava aquela moça bonita e resolvi perguntar. Lá vem... "Por que essa está de roupa." Muito simples.

Como é que pode isso? Um menino que não convive com esse meio, com ninguém que valoriza isso, que não vê ninguém da família usando roupas provocantes... Eu não uso decotes, barriga de fora ou roupas curtas - até porque não tenho mais idade pra isso - e o menino já mostra sua quedinha pra vulgaridade. Espero que eu consiga domar essa fera. Que Deus me ajude. Mas, na boa, começo a ficar com medo. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Reconhecimento

O Namorado sempre diz que eu sou uma das poucas pessoas pra quem dinheiro importa menos que reconhecimento. E ele tem toda razão. É claro que adoro dinheiro pra gastar com minhas coisas, pra ter uma vida confortável, pra viajar, dar presentes pro meu filho, comer bem, enfim. Eu gosto de dinheiro. Mas quando reconhecem meu valor, meu esforço ou meu trabalho sinto uma felicidade imensa. Pra mim é muito melhor ser reconhecida pelo que faço que ter um salário astronômico. 

No fundo, o que fica dessa vida é isso mesmo: a marca que se deixa nas pessoas que nos cercam, nesse espaço imediato que existe ao redor que é o nosso mundo. Eu tenho um trabalho que me faz lidar com pessoas diariamente. Pessoas que conheço bem que são meus companheiros de dia-a-dia e pessoas que não conheço tanto, que são os alunos, seus pais, gente que entra pra pedir uma informação, pra buscar alguma coisa. Mas nesse grupo de mais ou menos 30 pessoas que fazem parte do meu time, procuro ser ponte pra crescimento, busco que eles aprendam e me ensinem. Alguns chegam prontos outros me dão um trabalho danado, porque chegam novinhos em seu primeiro emprego, onde tudo é novidade e sem ter, muitas vezes, a menor noção da responsabilidade e do grau enorme de exigência que vou impor a eles. 

O Lucian me deu trabalho. Cara, ele me deu MUITO trabalho. Chegou novo, sem experiência alguma, caladão, um cara que não dividia, um nerd que não sabia trabalhar em equipe, um rapaz muito seguro de si com dificuldades pra admitir que não estava se saindo bem. Pensei em desistir, em demití-lo, em deixar de acreditar que ele poderia chegar lá. Muitas vezes falei pra mim mesma: "Chega! Agora foi demais! Já deu." Muitas vezes pensei que ele não poderia estar querendo aprender a trabalhar com a gente de verdade. Mas algo no meu coração dizia que eu devia esperar e conversar mais uma vez, lutar por ele. Afinal, aquele aluno que sempre foi muito bom, não poderia virar uma decepção completa como funcionário.  E fiz exatamente isso: insisti, segui meu coração ou algo maior que me dizia, apesar de tudo, pra enxergar nele o que mais ninguém via: alguém com dificuldade de aceitar seus próprios erros, mas comprometido com a camisa CCAA. Que bom que fiz isso.

Lucian melhorou MUITO com o passar do tempo, com trocentos esporros meus e conversas com outras pessoas da equipe que também se empenharam pra lhe abrir os olhos. E agora vai seguir outros rumos e vai levar com ele o muito que aprendeu com a gente. Vai levar com ele tudo o que pôde aprender com essas pessoas de seu primeiro emprego. Vai nos levar sempre com ele. E isso faz com que me sinta realizada, com sensação de missão cumprida porque consegui deixar minha marca nesse nerd fofo. Hoje recebi essa cartinha dele:

"Chefe, dentre todas as coisas que eu poderia te dizer, nenhuma resumiria tão bem quanto um MUITO OBRIGADO o que eu gostaria de falar.

Obrigado pelas oportunidades, pela paciência e pelo aprendizado.

Você pode ter certeza que o profissional (e a pessoa) que sou hoje tem bastante dos seus esporros (e elogios ... afinal de contas, eu tomei jeito!) e dos esporros do nosso time do CCAA Ilha. Vocês são realmente especiais!

Desejo toda saúde, alegria e tranquilidade do mundo pra você e sua família.

Um fenomenal fim de ano e um sensacional 2013. 

Muito obrigado e desculpe qualquer coisa! 

Lucian"

Meu dia foi maravilhoso e ficou ainda melhor!! Ah, Lucian... Que feliz eu fico por você!!! O melhor agradecimento você já tinha me dado: ter se tornado um cara mais aberto, mais solto, mais disposto a aceitar seus erros e fragilidades. Way to go!!! 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Será que ele sabe?




Tenho alguns poucos amigos. Poucos e bons. E me orgulho muito dessas amizades. Alguns desses amigos são de infância, outros de faculdade, outros conheci no ambiente de trabalho e que, por mais que a vida nos leve pra caminhos distantes, a amizade segue firme e forte. Pra alguns desses amigos eu falo sempre o quanto são importantes pra mim, digo o quanto gosto deles e agradeço por tê-los na minha vida. Mas esses dias ando pensando muito em um amigo pra quem não sei se disse a quantidade de vezes necessárias o quanto gosto... E aí é que está: será que existe uma quantidade de vezes básica pra fazer algum amigo ter a certeza de que é amado? Será que consegui fazer com que ele se sentisse assim, gostado verdadeiramente por mim através de minhas atitudes, mesmo que nem sempre tenha externado o que sinto? Mesmo que esse amigo nunca tenha ouvido o meu "te amo"? 

Conheci o Sergio em 1993. Lá se vão 20 anos. Não sei qual foi sua primeira impressão a meu respeito, mas ele faz parte de uma das minhas melhores lembranças. Ele faz parte do meu primeiro dia de trabalho no CCAA! Eu estava na sala de professores, nervosa e feliz ao mesmo tempo, quando vejo aquele homem alto entrando porta adentro. Diferente de mim, ele parecia muito acostumado ao lugar, nada era novo pra ele. Lógico, o CCAA de Niterói era praticamente sua casa. Estudou lá, foi monitor de computadores, ajudante de secretaria e, então, professor como eu. Por isso, movimentava-se como quem sabe onde está pisando, do jeito que a gente é capaz de andar no escuro na casa da gente quando acordamos no meio da noite pra beber água, sabe? Sergio tem um porte altivo, sua estatura não permite que seja alguém que passa despercebido. Só que ao contrário da maior parte das pessoas altas que conheço, ele não anda com os ombros curvados, encolhido, tentando parecer menor. Não. Sergio mantém a coluna ereta, a cabeça de quem olha pra frente, pro futuro, postura de um homem que se mantém de pé. Custe o que custar. 

Não é homem de quem se gosta "de cara". É dessas pessoas que despertam sentimentos extremos, do tipo ame ou odeie. Ele defende seus pontos de vista, é um cara que não aguenta injustiça e nem que o tomem de bobo. Quando isso acontece, fala logo que não está gostando, não guarda. Não espere que Sergio fique em cima do muro. Sergio se mostra, defende suas escolhas, defende seu lado. E acho que esse jeito honesto e sincero foi o que me fez me aproximar dele. Na época, eu o observava e via nele um jeito direto de se comunicar e interagir do qual gosto muito. Nunca foi de leva-e-trás, nunca foi de disse-me-disse. E eu gosto disso, gosto de quem diz o que pensa de forma clara, sem rodeio. 

Meu amigo Sergio é um lutador. Não nasceu em berço esplêndido e sempre correu atrás de seus sonhos, de seus desejos e de ter uma vida melhor. É um homem que planeja, que não dá passos maiores que suas pernas, mas que sabe arriscar quando necessário. Ele é do tipo que sente o terreno em que está pisando antes de fincar sua bandeira e sinto que nossa amizade foi crescendo assim também. Ele não se entrega de imediato, ele estuda, observa, analisa. E o decorrer dos anos, por mais incrível que pareça, só fez crescer nosso carinho um pelo outro. Nunca deixamos que nossas vidas distantes nos distanciassem. E minha admiração por esse amigo é enorme. 

Existem pessoas que sabem cair e se levantar com dignidade. Existem pessoas que, mesmo que leve algum tempo, arrancam forças, sabe-se lá de onde, pra sair da lona, para seguir em frente. Existe gente que apesar de decepções, solidão e dor, ainda mantém os olhos olhando pro horizonte e não para o chão, por mais difícil que seja. Por mais que tudo o que se deseja seja trancar-se no quarto e chorar a perda de alguém que se ama tanto...

Sergio, meu amigo por quem tenho um amor enorme, não sei se me fiz presente em sua vida do jeito que você precisava, não sei se consegui lhe ajudar nos momentos em que você esteve tão só, mas quero que saiba que eu tentei ser um ouvido, um braço pra lhe apoiar e que, se ainda não lhe disse com todas as letras e do jeito que você merece, quero lhe dizer que minha amizade por você é enorme e meu carinho imenso. Saiba que minha amizade por você nasceu aos poucos, mas, hoje, é firme como um carvalho. Levo você comigo e, só quero deixar registrado, para o caso de não ter sido clara até hoje, que meu amor por você é grande e que o admiro muito. 

Eu acredito em Deus, você sabe. E através de Deus vejo o quanto você é forte. Sergio, Deus não nos dá nada que não possamos suportar, Deus não nos expõe a nenhuma dor maior que nosso peito aguenta. Suas costas são bem mais largas do que você pensa. Seu braços são mais musculosos do que você os enxerga. E seu coração é maior, muito maior do que você imagina. Tenho orgulho de ser sua amiga. Pra sempre. E, claro!! Já ia me esquecendo de novo... Te amo, tá?


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Óculos





Pense em alguém que odeia usar óculos. Se você me conhece, com certeza, minha imagem se formou em sua cabeça. Se não conhece, talvez tenha conseguido se lembrar de outra pessoa que também odeie óculos. Mas, se não se lembrou de ninguém, deixe que eu me apresente: sou Paula, com miopia desde os 7 anos de idade e com astigmatismo desde os vinte e poucos. Enfim, um óculos com lentes grossas, pra ser delicada. Pra muitos, o famoso óculos fundo de garrafa.

Como muitas outras crianças, descobri que tinha problemas na visão aos 7 anos de idade, na escola. Minha avó paterna reparou que eu andava apertando muito os olhos pra ver TV ou enxergar algo que estivesse distante e aconselhou minha mãe a levar-me ao oftalmo. Dito e feito: já comecei com 1 grau e meio de miopia. E já me tornei dependente dos óculos desde a hora em que abria os olhos pela manhã. Aos doze anos eu já estava com 5 graus de miopia e, apesar de já ter tido 8 graus e meio, hoje estou estabilizada em 7 graus de miopia e 3,5 de astigmatismo. 

Usar óculos sempre foi um problema chato pra mim. Sempre fiz dança e os óculos me atrapalhavam. Não me sentia bonita, me sentia estranha. Então, aos doze, enchi tanto o saco do médico e da minha mãe que consegui convencê-los de que usaria lentes de contato com todo o cuidado necessário. Assim, tive meu primeiro par de lentes e me senti livre! Já pensei em operar, já consultei três especialistas diferentes e eu não sou uma pessoa indicada para a cirurgia porque tenho uma tendência a ceratocone e, portanto, se estou adaptada às lentes, melhor continuar com elas. Minha rotina, depois que acordo, é simples assim: fazer xixi, escovar os dentes e colocar as lentes. Invariavelmente, sigo essa ordem. Só as tiro quando está na hora de ir pra cama mesmo. 

Só que, de vez em quando, é preciso ficar sem as lentes para fazer um exame oftalmológico e checar se está tudo bem, se o grau é o mesmo ou não. E aí é preciso ficar 48 horas sem as lentes para que o resultado não sofra interferências. E então meu sofrimento começa. 

Primeira coisa, nesse calor é insuportável aguentar os óculos escorregando no seu nariz o tempo todo. Sinto um calor absurdo quando estou usando meus óculos. Segunda coisa, não tenho vontade de passar maquiagem, os óculos escondem qualquer tentativa de ficar mais bonita. E mais, de tanto me achar feia de óculos, tenho a impressão que sou invisível quando estou de óculos, ou será que gostaria de ser? Minha postura muda quando estou de óculos, ando olhando pra baixo, me escondendo do mundo. Por último, meus olhos são, naturalmente, puxadinhos, quase olhos de japonesa. Resultado: com as lentes para corrigir miopia, meus olhos ficam minúsculos e isso me incomoda também.

Acho até que esse modo de me sentir quando estou de óculos, explica porque na escola eu me sentia mesmo meio invisível.  Simplesmente não me achava interessante quando só era chamada de "quatro olhos". Por isso, talvez, fosse tão quieta. Melhor passar despercebida que avacalhada. Melhor ser invisível que ter que ouvir que você precisa limpar seus óculos o tempo todo, ao invés de ouvir que seus olhos são bonitos . Parece loucura, mas sou uma Paula com óculos e outra sem eles. A Paula sem óculos é confiante, segura, sexy se quiser. A Paula de óculos não consegue flertar, quer só se esconder, ficar quieta em casa, longe do mundo. É estranho, eu sei. Acho tantas mulheres bonitas com seus óculos, não eu. Não importa quão linda seja a armação, não importa que gaste muito dinheiro fazendo uma lente parecer mais fina, sempre me sinto esquisita.

Por tudo isso é que admiro quem se gosta com óculos ou sem eles. Admiro quem é segura o suficiente pra paquerar alguém estando com seus "quatro olhos". De minha parte, só tenho a dizer que eu não me sinto eu quando estou com meus óculos. E ainda bem que estes dois dias já acabaram e que já fiz meu exame. Amanhã, ao acordar, volto a minha rotina normal e saio, linda, me sentindo maravilhosa, com minhas lentes de contato.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O bruto também ama






Meu filho é desses meninos brutos. Adora brincar de luta e não raro acaba me machucando com sua força desmedida e seus agarrões fora de hora. O pai, ao sentir que Miguel se aproxima, já vai protegendo a genitália, porque "gato escaldado tem medo de água fria", e o Hugo não aguenta mais sofrer com as dores das agressões inesperadas do seu pequeno gladiador.

Então, por ele ser assim tão bruto é que seus rompantes de carinho nos deixam tão surpresos. Não é que Miguel não seja carinhoso, aí é que está: Miguel é muito carinhoso. E é justamente isso que nos surpreende, o fato de ele ser tão bruto e tão doce, o fato de ele ir de um extremo a outro em tão pouco tempo. 

Ainda pouco estávamos todos no meu quarto, vendo televisão e Miguel pulando de um lado pro outro como costuma fazer. De repente, se posicionou entre mim e o pai e com seu braço direito enlaçou meu pescoço, com o braço esquerdo enlaçou o pescoço do pai e nos puxou pra perto dele com uma força absurda. Com a carinha bem pertinho da nossa e um sorriso de orelha a orelha, nos olhou nos olhos e disse: "Vocês são minhas vidas!" 

Eu e Namorado olhamos um pro outro, totalmente envolvidos naquele abraço, por aquele momento lindo, e sem dizer mais nada - porque existem momentos em que nada deve ser dito - sorrimos com a certeza de estarmos dentro de um instante de pura magia.

Esse é o meu menino bruto. Esse é o meu Miguel.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Grito de Alerta



Sem sombra de dúvida, a música do Gonzaguinha que mais gosto é "Grito de Alerta". Entre tantas músicas boas e letras fortes, essa é a que mais mexe comigo. E hoje, ao entrar no meu carro, voltando pra casa depois da aula na academia, liguei o rádio e estava tocando essa música cantada pela maravilhosa Maria Bethânia. Na hora, tantas lembranças e momentos vieram à minha cabeça e vi que essa música deve se encaixar na vida de quase todo mundo... 

Quem nunca quis falar esse tanto que é dito na letra da música? Quem nunca quis dar um ultimato, um aviso de que as coisas não iam bem? Quem nunca viveu um relacionamento onde se machucou dando espaço demais ao outro? Quem nunca esperou que alguma coisa acontecesse, algo decisivo, que resolvesse sua vida, desse uma guinada no curso da sua história? Quem nunca se viu imprensado entre o que o coração quer e o que a razão recomenda? Quem nunca avisou, discutiu, tentou mostrar seu ponto de vista ou deu o seu "grito de alerta" na esperança de que as coisas ficassem diferentes? 

Enfim, música linda que me remete a uma fase da minha vida nem tão bonita assim, mas que tenho orgulho de ter vivido e aprendido muito com toda a experiência pela qual passei. E, depois, recordar é viver ... Não é isso que dizem por aí?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Antes de dizer, pense.

Sou uma pessoa de fé. Fui criada na igreja católica e gosto, por mais que muitos achem estranho, de missa. Gosto de cantar, gosto de rezar, gosto de ouvir o padre. Entretanto, como acredito em vida após a morte, reencarnação, sou espírita. Não gosto de nenhuma crença ou religião que deixe as pessoas burras, que tirem o poder de reflexão. Sigo o que disse Allan Kardec: "Não aceite nada que sua razão não aceitar." E, como diria minha querida Katia Barbosa, "acho muito digno" que alguém considerado o fundador da doutrina espírita tenha divulgado esse pensamento, o pensamento de que devemos sempre questionar e não apenas aceitar o que é dito por seja lá quem for, padre, pastor, ancião, medium ou pai de santo. 

Por isso, é que, muitas vezes, quando estou em uma missa e vejo que o discurso do padre segue uma linha tacanha, de pensamento estreito que não acompanha todas as muitas modificações desse nosso mundo, me dá vontade de começar a falar ou de, simplesmente, ir embora. Tem gente que poderia ficar calado ou pensar vinte mil vezes antes de falar tanta besteira. Já fui à missas com padres inteligentes que envolvem a comunidade em uma discussão ampla sobre todo o tipo de assunto, sem medo. E já estive em missas e até em casamentos em que o padre falou tanta besteira que tive pena de quem estava alí, junto comigo, ouvindo aquelas atrocidades. Exemplo: já fui à um casamento em que o padre falou de traição o tempo todo. Já fui à missa em que o padre falou que ter cachorro em casa é como ter o demônio em sua residência. Já ouvi padre condenar fervorosamente o uso de preservativos na relação sexual já que sexo seria só e tão somente para procriação. Enfim, existem padres da idade das cavernas e pessoas para acreditarem que o que falam é o certo. 

Domingo passado, durante a missa das crianças (a Rafa, minha afilhada, está fazendo catequese) a catequista, na hora de organizar as crianças dentro da igreja, disse que as meninas que estivessem usando vestido, por estarem, segundo ela, "mais bonitas", ficariam sentadas na frente e as que estivessem de calças ou bermudas, ficariam na parte de trás. Achei isso de péssimo tom, algo muito fora de propósito. Tudo bem, eu sei que ela precisava adotar um critério na hora de arrumar as crianças, mas não poderia ser ordem alfabética ou tamanho? Tinha mesmo que adotar um critério baseado no tipo de roupa usado por cada criança? Não poderia ser algum critério menos segregador?

Não é o caso da Rafa que, graças a Deus, tem muitos vestidos, mas todo mundo sabe que em uma catequese as turmas são muito heterogêneas - e que bom que seja assim - e existem crianças com realidades diferentes das da Rafa, crianças que, simplesmente, não estavam usando vestido porque não têm nenhum. E aí? Essas nunca poderão ficar na frente? Nunca terão a oportunidade de ocupar a primeira fileira? Terão sempre que amargar os últimos assentos por causa de um critério de ordem infeliz estabelecido pela catequista? 

Só sei que a Rafa saiu da igreja falando que não irá mais à missa usando bermuda, disse que vai querer usar apenas vestido todo domingo. Ok. Ela tem vestidos pra isso, vestidos que garantem seu passe para ocupar a primeira fileira. De forma simples, sem pensar em igualdade social ou problemas mais complexos, ela resolveu seu problema imediato. E as outras? O que pensaram? Será que saíram conformadas com o que a vida lhes reservou até agora? Será que saíram da missa acreditando que o mundo pode ser mesmo um lugar onde todos são iguais? Será que acham que foi esse o legado deixado por Jesus? 

Enfim, gente idiota existe em todo lugar, mas existem coisas que precisam ser mais pensadas antes de ser ditas. Ou, talvez, tenha sido apenas um critério escolhido e que só eu esteja vendo complicação nele. Talvez essa minha mente que pensa demais e questiona demais e com tendência pra desenrolar consequências futuras em tudo o que se faz agora só complique minha vida e o modo como enxergo as coisas. Talvez esse meu jeito só complique as coisas pra mim. A catequista pode não ter tido maldade nenhuma, mas não poderia ter pensado um pouquinho mais antes de divulgar esse seu critério entre as crianças? 

Sei não... Só sei que não consigo evitar pensar no desdobramento de atitudes e palavras e isso é meio enlouquecedor. Agora responde aí: a vida é louca assim mesmo ou será que tudo está, a cada dia, mais louco? Sei não... Não sei mesmo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mais um Natal sem foto





Uma das coisas que todas as crianças, ou quase todas, têm é uma foto com o Papai Noel. É quase tradição nessa época tirar a eterna foto com o bom velhinho. Eu gostaria muito que meu filho também achasse isso.

No primeiro Natal do Miguel, ele tinha apenas 7 meses e nem pensei em levá-lo pra tirar a foto por ser ainda muito pequeno. A foto não teria muita graça. Deixei para seu segundo Natal. Miguel estava com 1 ano e 7 meses e fui encontrar duas amigas no shopping para trocarmos os presentes de nossas crianças. Tanto a Rafa quanto o João - mais velhos que Miguel - tiraram as fotos e fui conversando com o Miguel que estava no meu colo, fazendo uma preparação psicológica até colocar o Miguel no colo do Papai Noel. Pronto. Foi o que bastou pro menino desandar a chorar, abrir o maior bocão e não tirar a foto.

Repeti pra mim mesma que ele ainda era pequeno, meio que pra me consolar, com esperanças de que o próximo ano fosse bem melhor. Ano passado, Miguel estava com 2 anos e 7 meses, já entendia melhor o significado do Natal e já reconhecia o bom velhinho nas fotos a quem chamava e chama até hoje, sabe-se lá porquê, de "Pai Noel". Por isso, pensei que seria moleza fazer a tal da foto. De novo, lá estava eu no shopping, enfrentando uma fila cheia de crianças ansiosas pra tirar a foto. Miguel estava na fila comigo muito distraído com a decoração natalina e nem se dava conta de que caminhávamos em direção ao homem gorducho de barbas longas e brancas vestido de vermelho. Quando chegou a vez dele, pra minha decepção, o garoto parecia que tinha visto o demônio e me puxava pela mão pra direção contrária, demostrando, mais claramente impossível, que preferia estar em qualquer outro lugar da face da terra além de ali, de frente com o papai Noel. Deixei algumas mães passarem a minha frente na tentativa de fazer meu filho se acalmar e mudar de ideia. As outras mães com suas crianças calmas e sorridentes, doidas pra ficar ao lado do Papai Noel e dando seu melhor sorriso pra câmera foram passando e Miguel a me puxar com uma força de leão pra bem longe dali. Desisti sob os olhares de curiosidade - ou seriam olhares de espanto? - das mamães com seus filhos que estavam amando estar ali pra fazer seus pedidos de Natal. 

Entretanto, como passado é passado e esperança de mãe é mesmo a última que morre, ontem me dei conta que poderia tentar de novo. Miguel está quase com 3 anos e 7 meses, está mais lindo que nunca (a mãe do Miguel está mais babona a cada dia) e a foto ficaria ainda melhor agora. Conversei com ele e ele ficou animadíssimo!! Pensei: "Oba, dessa vez vai!" Miguel me encheu o domingo inteiro pra levá-lo pra tirar a foto, muito seguro, só que acabou dormindo. Acordou às 19:30 e a primeira coisa que fez quando abriu os olhos foi perguntar se não iríamos tirar a foto com o "pai Noel". Liguei pro shopping e me informei que o velhinho estaria lá até as 21h. Tínhamos tempo. Troquei de roupa rapidamente, arrumei o Miguel, liguei pras minhas afilhadas que haviam dito que queriam ir comigo e saí pra buscá-las. Chegamos ao shopping e Miguel não falava de outra coisa. Não olhamos pra lado nenhum, descemos todas as escadas rolantes a caminho do tão esperado encontro. Nem fila havia! Mal chegamos e era a vez do Miguel. E aí... Bom, e aí que sem choro nem vela, sem puxões na minha mão, nem berros, muito calmamente e com uma firmeza que me fez ter vontade de socar meu filho, Miguel vira-se pra mim e diz: "Não quero, mamãe. Não gosto de foto com o 'Pai Noel'". De boca aberta, disse a ele: "Mas meu filho, você queria tanto... Pediu tanto pra mamãe trazer você aqui hoje... Vamos com a Rafa, ela tira a foto junto com você, vai..." E Miguel, irredutível, afirmou: "Não vou, não. Não quero."

E é isso. Não adiantou eu ficar alí falando alguns minutos, não adiantou a "mamãe Noel" segurando a câmera vir falar com ele, se oferecer pra levá-lo pra perto da cadeira do Papai Noel, não adiantou as meninas falarem que TODOS têm foto com o papai Noel menos ele, que elas não dariam mais pirulito ou bala pra ele nem hoje nem nunca mais. Miguel não quis tirar a foto. E eu juro, desisto. Não toco nesse assunto de foto com o Papai Noel nunca mais. Se algum dia estiver passeando pelo shopping em época de Natal e Miguel me pedir, ok. Mas eu não vou mais insistir nesse desejo muito mais meu que desse meu filho louco. Fazer o quê? Papai Noel pro meu filho é muito lindo, muito fofo, mas só a distância. Que venha o presente, mas o Papai Noel não precisa entrar lá em casa. Papai Noel perto do Miguel, nem pensar. 

domingo, 18 de novembro de 2012

Confiança

Conversando com uma amiga outro dia, ela me perguntou se confio no Namorado plenamente. Minha resposta, sem nem precisar pensar, foi "SIM". Não é que ponha minha mão no fogo ou confie de olhos fechados, numa confiança cega, não é isso. Sou espertinha e sei, sim, enxergar algo que pode ser uma ameaça em potencial, mas não fico enxergando chifres em cabeça de macaco até porque nunca demos motivos um pro outro pra agirmos de forma diferente. 

Não faço a linha bisbilhoteira que parece procurar um motivo pra ser infeliz. Ao contrário, não procuro, não fuço celular, bolsos, carteira. Eu e o Namorado somos assim, simplesmente. Confiamos um no outro com o coração pleno, com a alma tranquila. E esse relacionamento de confiança me deixa muito à vontade pra ser eu mesma, pra fazer as coisas que gosto, pra não fingir, não mentir, não me esconder. 

Ainda durante a conversa com minha amiga, falei a ela que se um dia eu descobrir que o Namorado rompeu nosso pacto de fidelidade, ficaria sem chão. Mas nunca me arrependeria de confiar nele porque hoje não tenho um motivinho se quer para pensar que não vale a pena tudo o que vivemos, tudo o que nos respeitamos. 

Existem pessoas no mundo que não sabem dar essa segurança a quem está ao lado. Tem gente que alimenta a vaidade causando ciúme no parceiro, tem gente que ameniza sua insegurança deixando o outro inseguro, tem gente que se sente melhor diminuindo quem está ao lado. Eu e Namorado somos eu e o Namorado. Não somos um. Ele está esperando o show do KISS começar agora, tomando sua cervejinha e eu estou aqui, em casa, feliz por ele estar feliz, em companhia do nosso filho. Ele faria o mesmo por mim. Acredito que me ama, acredito na força desse nosso amor muito real, muito possível, muito dia-a-dia, muito são. E não consigo nem me imaginar dentro de um relacionamento que não seja assim, que não me deixe solta. Não consigo me imaginar com alguém que não me enxergue, que me diminua, que não me deixe brilhar. 

Confio, sim, porque não se pode confiar muito nem pouco. Apenas confio. Sem medo de me arrepender depois ou de parecer idiota aos olhos dos patrulheiros do amor de plantão. Esse amor, posso afirmar, me faz um bem danado, é um amor que cresce e faz crescer. Até quando? Não sei. Até quando durar. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Amor que não se mede



Quando vi esse video fiquei profundamente tocada. O menino é lindo, canta muito bem, mas o que me tocou é que o video vem carregado desse sentimento que conheci com a existência do Miguel em minha vida: o sentimento que mora no peito das mães. 

Talvez só uma mãe, ou quem ame alguém como se mãe fosse, possa entender uma mãe que corre pra abraçar seu filho em um momento de dificuldade, sem medir lugar, sem  pensar no que os outros vão pensar e no que sua atitude pode acarretar. Só o amor que mora nesse abraço de mãe e filho pode amparar, acalmar, socorrer da angustia e do medo. 

Talvez só uma mãe, ou quem ame alguém como se mãe fosse, possa dimensionar o valor do apoio que um filho recebe dessa mãe desde cedo. O quanto o encorajamento de alguém que acredita no seu potencial mais que tudo no mundo pode fazer por sua auto estima, o quanto essa mão que empurra pra frente pode ajudar um filho a encontrar seu lugar no mundo ou a lutar por ele. 

Talvez só uma mãe, ou quem ame alguém como se mãe fosse, possa sentir essa vontade louca de colocar no colo esse menino e se ver ali, no lugar dessa mãe, sabendo que, no seu íntimo, também entraria correndo em um palco onde quer que fosse pra abraçar seu filho que chora. 

No fundo, todas as mães do mundo estão e estarão através dos tempos unidas pelo mesmo sentimento enorme que não cabe no peito e transborda. O amor inesgotável, incondicional. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O fura filas


Domingo fomos à Fazendinha com o Miguel. Na verdade, além de mim, Namorado e Miguel, levei as minhas afilhadas Rafa e Duda e Berê – minha sogra, Gabriela – minha cunhada e Natália, prima do Miguel nos encontraram lá. Foi um dia muito agradável, Miguel estava feliz da vida e adorou estar em contato com tantos bichos. Tudo corria muito bem até decidirmos ir pra fila da charrete.

Natalia, Duda e Miguel foram pra fila e eram os terceiros. Eu ainda estava na parte dos cavalos com a Rafa e Berê, Hugo e Gabriela ainda estavam se encaminhando para o local da charrete. Quando cheguei lá, a fila já estava longa. Rafa se juntou à Duda, Natalia e Miguel e ficamos ao lado esperando e observando chegar a vez deles para tirarmos fotos. Pouco antes da vez deles, notamos um menino, pouco mais velho que Miguel, sentado como se fosse o próximo da fila. Perguntei-me de onde tinha aparecido aquele menino, já que não estava lá quando as meninas chegaram mas deixei pra lá.

Quando a charrete retornou e o condutor perguntou quem eram os próximos, o menininho levantou a mão e eu procurei os pais da criança e não os vi. Perguntei pra Duda e Natalia se o menino, de fato, havia chegado antes delas e elas me olharam com cara de bobas e não falaram nada. O condutor perguntou novamente e o menino continuava com o bracinho levantado dizendo que era o próximo. Aí, a mãe do menino saiu lá de trás da fila e foi entrando na charrete com o garoto. Achei estranho a mãe deixar o garoto na fila lá na frente e ela ficar lá atrás, ocupando outro lugar na fila, estava claro que havia algo errado, mas um homem se pronunciou dizendo que o garoto estava mesmo na fila e em vista do testemunho dele, acreditei.

Qual não foi minha surpresa quando o garoto chegou de volta com sua mãe e o mesmo homem que foi em sua defesa anteriormente, ao vê-lo descendo da charrete, disparou: “Quer andar na charrete de novo, filho? Se quiser, entra aqui na fila comigo.” Opa, como assim?? A mãe do garoto era a esposa dele e eles somente haviam colocado o garoto na área coberta na frente da fila, mas, mediante a hesitação das minhas meninas, encontraram uma ótima ocasião para furar a fila e o fez. Fiquei muito indignada.

Minha indignação foi grande principalmente por perceber que esses pais já estão ensinando uma criança tão pequena a desde cedo não respeitar ordem, estão ensinando a transgredir. Chamei as meninas de idiotas na frente de todo mundo porque elas sabiam que o menino não estava ali quando chegaram mas não quiseram falar nada. Agiram errado. Devemos falar sempre quando estamos vendo algo errado e injusto. Eles só foram espertos porque elas foram otárias.

Pra terminar, a senhora que estava atrás do ‘fura filas’, depois que minhas meninas já estavam na charrete ainda confirmou: “Eles furaram fila, sim, porque estavam bem na minha frente. Eu não falei nada porque eles iriam andar antes de mim de qualquer jeito, não importava em qual ordem fosse. Mas se eles estivessem furando a minha frente, eu teria falado algo pra lhe ajudar.” Pode isso? Que absurdo! Quer dizer que se o meu estiver na reta, eu me manifesto, se for só o dos outros, aí me calo porque “não tenho nada com isso” e os outros que se lasquem. Será que ninguém enxerga que se hoje fazem com quem está ao seu lado, amanhã será com você?

Esse pensamento de só enxergar o próprio umbigo me enerva ao extremo. Detesto injustiça. Não quero nada que não seja meu, mas também não deixo ninguém tirar de mim o que me pertence, o que é meu por direito. Se vejo alguém furando uma fila na frente de alguém e essa pessoa está reclamando, não penso duas vezes antes de me juntar a ela e dizer, em alto e bom tom,  que vi sim o espertinho tentando levar vantagem. Como me calar? Simplesmente, não consigo. Procuro ser justa em tudo o que faço. Lógico que erro, não sou perfeita, mas busco a justiça em todas as minhas atitudes. Não desrespeito o espaço alheio, não passo por cima de ninguém e acredito que dessa forma todos viveriam em um mundo com mais respeito e amor. Além disso, sou exemplo para um menino que precisa aprender que o espaço dele vai até onde começa o de seu colega, que a vontade dele não é nem mais nem menos importante que o do próximo e que devemos respeitar para sermos respeitados. Não posso nem pensar em criar um filho que venha a acreditar que é possível “levar vantagem” em tudo. Ainda penso que a melhor forma de ensiná-lo a ser justo é fazer meu discurso ser coerente com minhas atitudes. Tarefa difícil já que estamos vivendo em um mundo onde os espertinhos e os fora da lei estão sempre sendo valorizados e desculpados. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Desigual




Há uma semana estava parada em um posto de gasolina pra abastecer meu carro quando uma moça que devia ter 25 anos, não mais, bateu no vidro me oferecendo bala. Eu agradeci e disse que não queria. Sabe, tem dias em que meu saco enche de tanta gente pedindo. Só que o jeito de ela me oferecer a bala ficou martelando na minha cabeça ainda uns segundos: "compra um Mentos pra me ajudar?" Ela não tinha perguntado se eu estava a fim de uma bala, se eu queria comprar bala. Ela estava sendo clara: estava me pedindo ajuda. Mesmo que eu não quisesse a bala, será que eu não poderia comprar só pra dar uma ajuda? E eu disse que não. Com esse 'não' eu estava dizendo a ela que não estava com vontade de ajudar e isso bateu meio estranho em mim. 

Bom, a moça não era do tipo insistente, logo se virou com uma cara de quem está muito acostumada a receber "nãos" e deu uns passos na direção da frente do carro. E aí eu vi que ela estava grávida de uns 6 meses, talvez. Grávida, com um barrigão e pedindo na rua, vendendo bala. Que futuro? O que esperar da vida? E aquele bebê que vai nascer? O que vai ser daquela criança? Eita, meu coração apertou forte. Mais forte ainda quando ela andou mais um pouco rumo a outro carro parado e apareceu uma menininha, também segurando uma caixa de Mentos, indo a seu encontro, que a chamou de mãe. 

A menininha que também estava vendendo balas estava sendo mais bem sucedida nas vendas e entregou um dinheiro pra mãe. Nossa, ela era do tamanho do Miguel... Quer dizer, deve ter a idade do meu filho e já sendo posta a tantas provas. Andando em um calor absurdo, ao lado da mãe, sem poder brincar, tendo que ganhar dinheiro pra comer desde cedo e com um irmão a caminho. Fiquei mal.

Não sei se fiquei mal por ver o desgaste daquela menina, se foi por comparar a vida dela com a vida boa que meu filho tem ou se foi por não ter ajudado, não ter comprado a bala. Só sei que me deu vontade de levantar do carro e atravessar a rua atrás dela e dizer que tinha mudado de ideia e que queria, sim, comprar a bala. Uma bala pensando nos pés cansados e sujos daquela menina de 3 anos, com seus chinelinhos pequenos e gastos, com perninhas sujas e suadas. Uma bala pra ela poder ter um pãozinho pra comer à noite. Só que eu não saí do carro, eu não saí correndo atrás dela. Continuei com minha bunda sentada no banco do carro. Eu peguei meu cartão de crédito devolvido pelo frentista, ainda olhando mãe e filha se afastarem rumo a outros carros. Guardei minha carteira na bolsa e voltei pra minha vida confortável, onde também existe um menino de 3 anos que não sabe o que é dificuldade, que não sabe o que é andar o dia inteiro pra ter o que comer. Voltei pro meu mundinho cor de rosa com um gosto amargo na boca, um aperto no peito diante de tamanha desigualdade, arrependida por não ter ajudado. Afinal de contas, era só uma bala.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Paula Pateta



Na última quarta-feira tive uma reunião com o chefe e mais outras diretoras e sempre que vou até lá, antes de começar minha reunião, dou uma passada no Departamento de Ensino onde tenho muitos amigos lindos e outras pessoas que, apesar de não serem amigos tão chegados, são pessoas muito queridas. De repente, a Bianca que estava em uma reunião com a diretora de Franchising e com, nada menos, que a presidente do CCAA, surge quando eu já estava sem esperanças de encontrá-la pra dar um beijinho. 

Fiquei feliz por poder vê-la, mas não esperava que fosse me levar pra sala onde ela estava reunida com a  Milena e a Ana Salim pra me apresentar pra Milena. Chegando lá, ela me disse que a Milena estava com muita vontade de me conhecer por ouvir falar muito bem de mim e do meu trabalho. Bom, fez as apresentações e eu fiquei lá feito idiota ouvindo uma porção de coisas bacanas a respeito do meu trabalho vindas da diretora de franchising e da presidente do grupo. Travei totalmente. Eu que sempre tenho tanto pra dizer e que, normalmente, não perco uma oportunidade de fazê-lo, estava travada. Claro que eu não estava cabendo em mim de felicidade, afinal, quem não gosta de ter seu trabalho reconhecido? Só que enquanto elas me elogiavam, eu não conseguia dizer nada, só conseguia rir. E enquanto eu ria, eu pensava: "É isso mesmo, Paula? Você não tem nada inteligente pra falar? Vai ficar aí feito idiota rindo sabe-se lá de quê? Fale alguma coisa útil, mulher!". Não adiantou. Continuei a rir.

Saí daquela sala me sentindo completamente pateta. Com tanta coisa que eu poderia ter dito, eu só conseguia agradecer os elogios, o reconhecimento e... rir. Fico só imaginando a Milena se perguntando: "Como pode essa mulher ter uma fama de ser tão boa de trabalho, se só o que consegue fazer é rir? Como pode essa pateta liderar uma equipe tão competente com essa cara de boba?" Ainda bem que eu já tinha estado com a Ana Salim em outras ocasiões e acho que não fui tão pateta quanto na última quarta. Definitivamente, eu não devo ter causado uma boa impressão... Ai, meu Deus. Quem merece parecer pateta em uma circunstância dessas? S.O.S.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Começo do fim da hipocrisia



Quando vi a capa da revista Época do final de semana passado com a manchete "Filhos e Felicidade" pensei logo que aquela matéria me interessava muito. Em um mundo onde tudo aponta para a felicidade absoluta que é ou deveria ser o fato de se ter filhos, ler algo que questione essa "verdade" divulgada aos quatro cantos do mundo por gerações e gerações é como sentir uma brisa fresca batendo no rosto, é como um suspiro de alívio. No sábado não tive tempo de ler a matéria, mas o fiz no domingo.

Na matéria, alguns casais, com sinceridade e coragem, mostravam suas dificuldades desde que tiveram filhos, dificuldades que passam por falta de sexo, falta de tempo (pra ler um livro, assistir a um programa, tomar um banho, ficar quieto com quem se ama no sofá de mãos dadas), falta de dinheiro, brigas com o parceiro que reclama sua atenção ou porque ele/ela não lhe ajuda como gostaria, frustração na carreira, frustração com a rotina cansativa e entediante, frustração por ter se preparado tanto para o momento que o filho chega na nossa vida e se deparar com uma realidade totalmente diferente, saudade dos programas adultos, saudade de ouvir sua música preferida (não, galinha pintadinha, backyardigans ou Xuxa não valem), e por aí vai essa lista sem fim. 

Confesso que fiquei feliz por ver que muitas outras pessoas estão deixando de lado o medo de serem julgadas como péssimos pais e se abrindo pra falar o que acontece, na realidade, dentro da gente quando temos um filho. As pessoas estão admitindo que não são só maravilhas como quase todo mundo fala e colocando os pés no chão pra enxergar que filhos são, na maior parte do tempo, uma loucura, quase um inferno. Só não é um inferno porque existem momentos de pura magia que apagam as chamas do inferno que teimam em nos envolver. Existem momentos, rápidos como um piscar de olhos, em que um sorriso, um beijo, um carinho, faz toda essa loucura valer a pena. Vale a pena, sim, é uma experiencia única. Mas nunca pude fechar meus olhos pra todas as coisas ruins que acompanham a maternidade, mesmo que eu tenha precisado de coragem pra expor o que vai em meu coração quando sinto vontade de largar tudo e sair correndo. Ainda preciso de coragem pra falar que muitas vezes me sinto sufocar.  

Legal saber que não sou a única mãe na face da terra a dizer que não é tão simples como me fizeram acreditar. Bom saber que não sou a única que sente necessidade de falar sobre a insatisfação gerada por tantas mudanças advindas do fato de ter filhos. Quem sabe os próximos pais terão uma ideia melhor, mais perto da realidade sobre o que, de fato, significa ter um bebê em sua vida. Assim, quando as pessoas decidirem ter filhos, o farão esperando também o tsunami que vem com eles. Não serão mais pegos de surpresa por terem alimentado a vida toda uma ideia falsa de felicidade absoluta, de alegria serena por criar uma família completa. Deixando tudo às claras podemos, pelo menos, ter uma noção do que nos aguarda e, embora a realidade sempre seja bem pior que os piores avisos, haverá menos culpa, frustração e surpresa.

Os casais da reportagem estão até agora procurando o tal do paraíso da frase que diz que "ser mãe é padecer no paraíso". Tenho vontade de passar um e-mail pra eles, telefonar, fazer um sinal de fumaça qualquer implorando pra eles me falarem onde está o paraíso se o encontrarem. E ainda me comprometo a fazer o mesmo por eles. Se esse paraíso existe, ainda não apareceu pra mim. Se aparecer por aqui, podem ter certeza que aviso. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Solidão




Tem dias em que me sinto sozinha.

No meu trabalho, estou sempre rodeada de muita gente, de todas as idades, pessoas alegres, divertidas, mas, em se tratando de trabalho, não é nenhuma novidade dizer que rolam uns estresses normais de qualquer lugar onde muitas pessoas trabalham juntas e desempenham diferentes funções. Nada que não possa ser resolvido com uma boa conversa, vontade de acertar e bom senso. 

Acontece que ocupo o cargo de chefe e a verdade é que ninguém, ou quase ninguém, nunca pensa no que o chefe sente, ninguém nunca tenta se colocar no lugar dele. Sendo mais específica, as pessoas de secretaria, por ocuparem a mesma função, podem se consolar, desabafar entre si, vão sempre se entender, vão compreender as dificuldades de seu dia-a-dia. Os professores também encontram-se unidos pelas mesmas tarefas, pelos mesmos problemas e, na maioria dos casos, vão procurar compreender as reclamações, críticas e conversas em geral inerentes a profissão que surgem quando estão juntos. Mas e o chefe? Com quem ele fala quando está descontente? Quando está inseguro? Com quem ele divide uma angústia relativa ao seu trabalho, um medo? Ele que é o responsável por manter o grupo unido, por apaziguar conflitos, colocar panos quentes em situações e fechar os olhos pra outras? Ele que é o responsável por estimular o time a prosseguir, a incentivá-los a ir além? Com quem ele partilha essa carga? 

Quando a Bianca Way estava comigo, quando era minha coordenadora de ensino, era mais fácil. Podíamos dividir as preocupações, pensávamos juntas na melhor solução, conversávamos sobre o trabalho e tínhamos uma visão semelhante por ocuparmos um cargo semelhante. Ela entendia minhas dores. E me ajudava a aliviá-las. Trabalhar com ela tornava um pouco mais fácil tomar grandes decisões, muitas vezes de supetão. Não é simples quando uma situação se apresenta e você mal tem tempo de refletir porque tem que decidir na hora, tomar uma atitude no momento e arcar com suas consequências sozinha. Por isso sinto tanto a falta dela... Porque além de minha amiga, ela me ajudava a não enlouquecer quando as coisas complicavam muito. Bianca, por ter uma visão mais fria de tudo, me ajudava a não sofrer com atitudes egoístas, de gente que não consegue enxergar o todo.

Apesar de a Bianca não estar comigo há bastante tempo - sei lá, 4, 5 anos? - tenho a impressão que sempre sentirei sua falta. Ainda sinto o choque que levei no dia em que ela me falou que ia para o Departamento de Ensino. Tenho consciência de que não poderia haver pessoa mais capacitada que ela para o cargo e que sua contribuição para a empresa é muito maior estando onde ela está. Sei também que, se ela alguma vez não me compreendeu, hoje, com a vivência de líder de equipe, ela compreende. 

Bianca, por ver as coisas de forma diferente de mim, contribuía muito, é uma mulher de muitas ideias criativas e eu sou uma mulher de execução, por isso era tão bom. Não concordávamos em tudo, mas nos respeitávamos demais, sabíamos que tínhamos a sorte de estarmos trabalhando juntas, crescendo, aprendendo uma com a outra. Eu não tenho a carinha doce da Bianca, a fala mansa e a voz baixinha, nem o jeito discreto dela, mas meu coração é uma manteiga. Ela sempre soube ser mais durona que eu, contrariando sua aparência e seu jeito. Enfim, por tudo isso é que em muitos momentos me sinto só. E por mais que eu saiba que a vida é assim mesmo e que estamos aí pra lutar todo dia nossas batalhas pessoais, ainda me dói, pelo amor enorme que tenho por ela, saber que a gente era muito feliz juntas e que hoje, muitas vezes, minha amiga se sente como eu: sozinha. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

UP - Altas Aventuras




Eu assisto a muitos filmes infantis por conta do meu filho. Muitos deles, já assisti inúmeras vezes. Não sei porque crianças são tão repetitivas, querem sempre ver a mesma coisa não importa a quantidade de ocasiões em que já assistiram. Seja como for, como eu sempre gostei de filmes infantis, consigo assistir com ele. É claro que não gosto de assistir repetitivamente, mas mesmo quando Miguel não existia, nem minhas afilhadas, eu sempre fui ao cinema para assistir aos filmes feitos para o público infantil. Cinema é cinema e se for bem feito, vale qualquer um pra mim, não me importo com nacionalidade nem estilo.

Bem, por conta do Miguel ficar assistindo o mesmo filme até cansar, eu e o Namorado acabamos optando sempre por comprar os DVDs pra ele, ainda mais que ele gosta de ter a caixinha com a capa original do filme. Então, comprei o filme Up - Altas Aventuras. E foi uma surpresa constatar que o filme é simplesmente lindo! Eu e o Namorado nos identificamos muito com o casal da estória: o velhinho rabugento e, por vezes, mal humorado e a velhinha que fala pelos cotovelos, cheia de energia. Logo no início do filme, já me emocionei... As primeiras cenas são lindas, tocantes em nível máximo. É muito fofo. E, depois, no desenrolar da estória, tudo é muito bonito, muito cuidado, de uma beleza muito sutil. A trilha sonora também é excelente.

O velhinho se chama Carl Fredricksenen e sua esposa se chama Ellie. Eles se conhecem crianças e já fica muito claro todas as diferenças entre eles, no tipo de vida, na criação e na personalidade. Com o falecimento de sua esposa, Fredricksenen decide tentar realizar os sonhos que tinha quando seu amor era vivo e acaba conhecendo Russell, um escoteiro que, por acidente, embarca na aventura junto com o velhinho. A relação entre eles é outro ponto alto do filme porque enquanto o menino é superativo, alegre e extrovertido, Fredricksenen é fechado pra vida, apegado ao mundo que construiu com sua esposa, apegado a coisas e objetos do passado, preso a esse passado. Essas duas pessoas tão distintas se unem por apenas uma característica em comum: a solidão.

É claro que dificilmente uma criança da idade do Miguel vai entender todas as nuances da estória, tudo o que o filme quer passar. O filme é "infantil" porque se trata de uma animação, tem personagens engraçados e aventuras para prender a atenção da criança, mas sua mensagem vai muito além. É uma mensagem de amor e de amizade, de descobrir que nossas maiores aventuras podem ser as coisas cotidianas, pode ser o que nos parece banal, pode ser apenas viver. 








quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Gente do Bem



Música é algo que está na vida de todo mundo. Uns gostam mais, outros menos, mas a trilha sonora está sempre lá, marcando momentos, trazendo lembranças, contanto uma história. Acho que é por isso que o programa "The Voice Brasil" está fazendo tanto sucesso. O povo gosta de música, ainda mais quando é bem cantada, por gente que realmente sabe cantar e que ainda está amparada por profissionais que entendem do que fazem. Eu fico emocionada com as vozes, com as interpretações, com as músicas escolhidas ( umas eu amo, outras nem tanto), com a expectativa de cada uma daquelas pessoas que estão ali.

Só tem uma coisa que me emociona mais que tudo isso: é a estória de cada uma das pessoas, a luta, a vocação, a corrida atrás de um sonho. E, mais além, me emociono com cada família, me emociono vendo como, muitas vezes, ela é o esteio, o consolo, é a parede firme que não deixa cair. 

Antes do momento da audição que está no video do link acima, na hora em que resumidamente se conta um pouco da estória do cantor, o pai dessa cantora fala: "Ela começou a compor com 14 anos, com 17 anos, quando percebi que ela já estava com dezenas de músicas eu olhei pra ela e falei "e aí, quer gravar um CD?" e ela falou "Pô, pai, não dá... Não tem condição..."  "Tá vendo aquele carro ali? Ele vai rodar mesmo..." Coloquei o carro pra vender e ele rodou mesmo. Mas valeu a pena, com certeza, só o fato de ela estar aqui hoje já é uma vitória"

Acho tão lindo isso de ir atrás do que se quer e de ter sua família pra dar suporte, pra ajudar. Pra quem olha assim, de fora, pode parecer que esse pai é louco, imagina, vender o carro pra fazer um CD... Mas pra ir atrás de um sonho também é preciso certa dose de loucura, não é? É preciso arriscar, pensar mais alto. E isso me toca. Deve ser porque não me acho arrojada, porque não teria coragem pra fazer o mesmo, talvez. Deve ser porque tenho uma família maravilhosa e sei o valor de uma. Sei o quanto é importante contar com seus pais, seus irmãos, sua gente. Aquele abraço que, independente do cantor conseguir a vaga ou não, ele recebe quando se encontra com sua família é tão fofo, tão cheio de carinho e conforto... A família torcendo junto, quase em desespero, para que alguém escolha seu familiar, tudo isso é muito do bem, muito gente. E gente do bem me emociona.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Mestre

Sempre quis ser professora. Sempre. Nunca passou pela minha cabeça ser outra coisa. Minha mãe tentava arduamente tirar isso da minha mente, dizendo todas as verdades a respeito dessa profissão para me levar para outro caminho: que é uma profissão desvalorizada, que eu nunca conseguiria ter uma vida financeira confortável e que, por isso, como ela, eu deveria fazer concurso público e, pra tanto, melhor seria estudar Direito. Bom, eu sabia que Direito era totalmente fora de questão pra mim, mas na hora do vestibular lá fui eu estudar Comunicação Social, mas precisamente Relações Públicas. 

Só que a vida é muito louca e como vim ao mundo para ser feliz, acho que meus caminhos acabaram me levando exatamente onde eu sabia que me levariam: para a sala de aula. 

Quando entrei no CCAA para tentar entender inglês, nunca pensei que fosse achar que aquele idioma que atormentava meus dias na escola fosse virar algo tão simples de ser entendido, tão fácil de ser aprendido, muito menos que eu fosse ter prazer em saber cada vez mais e de gostar de me comunicar em outro idioma, de entender as músicas e os filmes sem precisar de tradução. Portanto, quando cheguei ao fim do curso pensei com certo aperto no coração "E agora?" Decidi, então, fazer o curso para professores e, exatamente quando terminei a faculdade, fui chamada pra dar aulas. 

Quando entrei na sala de aula pela primeira vez como professora, no CCAA de Niterói, em uma turma de Junior, estava nervosa e feliz. Quando a aula terminou, eu fechei a porta com a sensação de que havia encontrado meu caminho, que era isso o que estava buscando e estava mais feliz ainda. Meu sentimento de menina estava confirmado: sou professora. 

Hoje, meu dia-a-dia está totalmente voltado para a área administrativa da escola, mas não me esqueço dos muitos alunos que tive e não me esqueço das maravilhas e das dificuldades dessa profissão. Tenho o prazer de conviver com mais de 20 professores diariamente, tenho muitos amigos professores. Tive professores inesquecíveis, gente que passa por sua vida e deixa uma marca positiva, que faz você enxergar a vida de um jeito diferente, inovador. Muitas vezes, só o que os alunos precisam é de um carinho, um empurrão que os leve adiante, um "eu acredito em você" dito com verdade, com a alma. Que seres lindos são esses capazes de levar outros a não aceitar, como diz Zé Ramalho, uma "vida de gado"? Que seres abençoados são esses capazes de ajudar outros a discernirem o certo do errado, a questionarem? Esses seres mágicos que Deus colocou na Terra são capazes de dar a mão a alguém inseguro e falar: "vamos descobrir isso juntos!" 

Em minha rotina vejo professores animados, gente que acredita no que faz, que ainda acha que o poder da educação pode modificar o mundo. Peço que Deus os conserve assim. Vejo professores que acham que não têm a menor vocação pra sala de aula, mas que viram deuses quando estão com seus alunos, capazes de fazer com que eles façam coisas grandiosas. Peço a Deus que os ajude a entender o que realmente são. Vejo professores que tem brilho no olho, gente que é feliz fazendo o que faz apesar de tudo, do desrespeito, da remuneração, da falta de valor recebida de uma sociedade tão boba. E que Deus os ilumine e dê forças para prosseguir. Professores novatos, com sede de aprender essa magia que só acontece dentro de uma sala de aula, professores experientes mas que não se cansam de acreditar. Que Deus os mantenha assim, com sede de viver. E, é claro, professores cansados que só vêem na sala de aula um meio de ganhar sustento. Peço a Deus que modifique suas vidas para que encontrem seu verdadeiro caminho.

De qualquer forma, quero deixar aqui a minha sincera homenagem a pessoas que se dedicam a educar, a fazer crescer, a transformar. Eu me sinto orgulhosa por ter, durante anos, entrado em sala de aula e ter feito a diferença na vida de tantos alunos. Eu me sinto orgulhosa por ter ao meu redor gente que ama o que faz e faz com tanto amor que dá vontade de ficar sempre por perto. A você, a todos nós, professores que ainda acreditam no poder da nossa mão, no poder da nossa escolha de vida: parabéns!!

"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino." (Paulo Freire)

sábado, 13 de outubro de 2012

Você não vai trabalhar?



Ontem, feriado de Nossa Senhora Aparecida e dia instituído pelo comércio para ser o dia das crianças, passamos com o Miguel o tempo inteiro. É cansativo mas gostoso. Ele brincou muito e nem tirou seu soninho de fim de tarde, o que fez com que ele estivesse na cama às 22:30. 

Agora pouco, acordou cheio de carinho, pediu que eu colocasse um filme pra ele e pediu pra comer pizza. Expliquei que poderíamos comer pizza mais tarde, depois de irmos ao cinema assistir "Procurando Nemo" - filme que ele ama e que foi lançado em 3D. Com cara de curiosidade, ele vira-se pra mim e pergunta: "Você não vai trabalhar de novo, mãe? Vamos ficar o dia todo juntos, minha gostosinha?" Quando respondi que sim, iríamos ficar o dia todo juntos, a cara de alegria do Miguel foi tão linda que me me encheu de emoção. 

Nesse feriadão, nem eu nem o namorado vamos trabalhar os 4 dias e poderemos ficar com ele em tempo integral. Não faremos nenhum programa só nosso. Dessa vez, os programas serão somente os dele e vê-lo feliz mesmo que não fizéssemos nada, só pelo simples fato de me ter ao seu lado, faz todo o cansaço valer a pena. Esse meu gostosinho me dá tanto amor que chega a entornar do meu peito. Acho que é esse amor que entorna, que transborda, que me faz chorar só por olhar Miguel dormindo, só por sentir seu abraço apertado, só por ouví-lo me chamando de "sua gostosinha". Existem muitas coisas maravilhosas nessa vida, nesse mundo lindo criado por Deus, mas nada, nada supera o carinho tão sincero que uma mãe recebe de seu filho. Nada mesmo.