segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um filho lindo








Não sou fã de Claudia Leitte. Aliás, nem gosto muito dela. Não sei, acho que ela é forçada demais, não é sexy naturalmente, mas tenta ao máximo ser. Quer ser muito engraçada e, por tentar tanto, acaba não sendo. E, como se precisasse, já que é linda, quer ser linda. E tudo muito é excesso. Aí, dia desses estava ouvindo rádio e tocou uma música dela - quer dizer, não sei se é dela mesmo ou se ela somente interpreta a música - e eu amei.


A música parece feita pro marido dela e é fofa demais, me identifiquei mesmo, principalmente quando escutei a última frase da música: "Você me deu um filho lindo." Fiquei pensando o quanto me liguei ainda mais ao namorado depois que o Miguel nasceu. Ao mesmo tempo em que é difícil estar junto, beijar, passar a noite inteira abraçados, o companheirismo, essa cumplicidade, essa alegria de estarmos formando uma família, fortaleceu nossa ligação, criou novos objetivos, estabeleceu outros vínculos.


Ter filhos é uma barra pesada pra caramba, é como ser envolvida por um tsunami. Mas passar por esses anos iniciais juntos, dá uma dimensão totalmente diferente da vida pro casal . Apesar de eu e o namorado não ficarmos juntos com a frequência que a gente gostaria e até que precisa, sinto-me unida a ele como nunca. Temos um filho. Fizemos um filho. Ele me deu esse filho lindo... E olhar pro Miguel é lembrar de nós. Olhar pro Miguel é ver nosso amor em forma de menino.


Pode o mundo girar um milhão de vezes, pode o tempo passar, pode nossa vida mudar, não importa, serei sempre muito grata ao namorado por ter me dado o Miguel. E mesmo que a gente não seja destinado a ficar juntos pro resto de nossas vidas, sempre ficaremos unidos pelo amor que temos por esse menino. Sempre seremos ligados pela vontade de que ele seja feliz. E essa ligação é indestrutível.


Obrigada, namorado! Obrigada por termos embarcado juntos nessa aventura. Obrigada por esse filho lindo. Só poderia ser com você.

sábado, 23 de junho de 2012

Velhice

Domingo passado fomos à festa de aniversário de uma amiguinha do Miguel da escola. Estava tudo ótimo, Miguel se divertindo muito, aliás, está cada vez melhor ir à festinhas porque o menino mal entra na casa de festas e some, não quer saber de mim ou do pai, brinca o tempo todo e isso dá um tempinho pra mim e pro namorado. Namorar em casa de festa infantil não é o sonho de nenhum casal, mas é o que temos e está super valendo!

Então, de repente decido pegar minha bolsa pra retocar o batom. Pego meu espelhinho também. Abro o espelhinho pra poder passar o batom e ... Meu Deus,  quem é essa velha do outro lado do espelho????

Juro, minha vontade foi de gritar alí mesmo e dizer bem alto que alguém estava roubando minha juventude, minha beleza, minha pele lisa!! Em questão de segundos, vi tanta ruga no meu rosto que não gosto nem de lembrar. Estava feito pateta segurando o batom com a mão direita e o espelho da realidade com a mão esquerda, sem conseguir me mexer, sem conseguir passar o batom e nem fechar o espelho.

Com algum esforço, me lembrei das pessoas que estavam a minha volta e me obriguei a disfarçar meu choque e passar o batom. Mas minha cabeça só pensava: "Como foi que acordei assim hoje? O que aconteceu de um dia pro outro? Será que envelhecer é assim mesmo, a gente só se dá conta de supetão, sem mais nem menos?

Descobrir, na semana na qual completou 41 anos de idade, que você está envelhecendo, sim e apesar de se sentir como uma menina de 25, é cruel. E fato é que é muito bacana eu me sentir bem, disposta, cheia de energia e de achar, sem falsa modéstia, que meu corpo ainda está melhor que quando eu mesma era mais nova e que ainda está melhor que muita mulher mais jovem, eu ainda estou envelhecendo, eu passei dos 40. Cheguei a pensar, totalmente enlouquecida pelo choque, que o namorado deve ser muito tarado por me achar bonita, ainda. Chegou a passar pela minha cabeça confusa que entenderia perfeitamente se naquele dia recebesse a notícia de que o namorado estaria me trocando por uma mulher de 25. 

Depois de chegar em casa me sentindo uma velha e me olhar criteriosamente no espelho, vi que tenho duas soluções: achar que a luz da casa de festas não estava me favorecendo em nada ou parar de me olhar tanto no espelho. Beleza, acho que a segunda opção é a mais cabível. Como já diz minha irmã: "Quanto mais velha fico, menos quero me olhar no espelho!" Pra quê ficar procurando defeito? Melhor nem pensar nisso. 

Entretanto, como sempre se pode piorar, na manhã de segunda-feira, acredito que devido ao choque de me descobrir velha, além de ter uma pele cheia de rugas, amanheci com a danadinha coberta de espinhas. Na boa, devia ter umas 9 espinhas na minha cara!! Três delas só no nariz! Alguém merece isso? Eu não saio da puberdade! Velha e na puberdade! Como pode, gente? Pior que cheia de rugas, é tê-las e ainda ter espinhas. Passei a semana inteira parecendo a bruxa Meméia.

A única coisa boa dessa estória é que depois de tanta espinha na minha cara, eu nem conseguia mais pensar nas rugas. Há mal que vem pra bem mesmo. Agora que só restam umas marquinhas das espinhas, estou me achando até melhor... Estou achando até que as rugas estão mais suaves... Ou será apenas o efeito do novo creme anti-rugas que comecei a usar? 

Tem coisas que é melhor deixar pra lá.


domingo, 17 de junho de 2012

Montreal









Aos poucos, bem devagar mesmo visto que já tem quase 2 meses que voltei da minha viagem de férias, vou chegando aos 2 últimos lugares que visitei em abril. O penúltimo, ainda no Canada, foi Montreal. 

Montreal é uma cidade bem grande, principalmente comparada às demais cidade do país. Em compensação, se compararmos ao que estamos acostumados a chamar de cidade grande aqui no Brasil, a estória muda. Bom, como em Quebec, a maior parte das pessoas fala francês, mas não são tão chatos quanto a falar inglês. A galera de Montreal já não se incomoda tanto em falar inglês, o que achei ótimo. Comparado às outras cidades que visitamos, talvez Montreal tenha perdido um pouco da graça por ter sido a última e não ter tantos encantos. A cidade é bem plana, sem muitas belezas naturais. Imperdível mesmo é andar pela cidade subterrânea que tem 52 quilometros! 

Na cidade subterrânea há de tudo: restaurantes, teatros, cinemas, lojas de todo tipo, bares, escritórios, galerias de arte e as grandes empresas tem passagens subterrâneas. Tudo é ligado pelas estações de metrô de forma a facilitar ao máximo a vida de quem sofre com as temperaturas tão baixas durante boa parte do ano. 







Um fato que me chamou atenção é que em Montreal há uma grande preocupação em pintar as paredes de dentro e de fora dos prédios com cores bem fortes e vivas. Isso acontece, nos explicou nosso guia maravilhoso Alfredo, porque em todo o país há um índice enorme de casos de depressão e suicídio gerado pela quantidade de branco e cinza que se instala na maior parte do ano. As temperaturas baixas fazem com que tudo tenha a mesma cor, sem nuances, sem amarelo, sem vermelho, sem azul e isso entristece muito as pessoas. E o governo investe muito em saúde pra ter prejuízos com internações para tratamento de depressão. Tudo isso é muito distante da nossa realidade, já que vivemos em um país tão cheio de calor e de vida. Eu não sou muito chegada a calor, não... Mais confesso que gosto do frio desde que seja o nosso frio, o frio do Brasil, esse frio gostoso. Agora esse frio de 40 graus negativos é de amargar e não gosto nem de pensar nisso. 

Surpresa mesmo foi quando nosso guia nos levou pra conhecer o circuito de fórmula 1, Gilles Villeneuve. O namorado ficou muito feliz porque havia comentado com o Alfredo o quanto gostava de corridas de fórmula 1 e nosso guia deu um jeitinho de acrescentar essa visita ao nosso roteiro. Foi bem legal. 

Enfim, a viagem ao Canada foi maravilhosa e adorei ter visitado esse país. Ficou um gostinho de quero mais porque ainda precisamos conhecer o outro lado do Canadá e pretendemos fazer isso em breve. Mas a impressão geral foi a de um país organizado, limpo, onde o novo convive o tempo todo com o velho e, de certa forma, um país divido também entre duas colonizações bem fortes: francesa e inglesa. Isso é um pouco estranho porque as influências dessas duas colonizações podem ser notadas a todo momento e, querendo ou não, acaba causando uma certa rixa dentro do mesmo país que é muito lindo, mesmo com tanto frio. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

O amor




Eu adoro ter namorado no dia dos namorados. Valorizo muito o fato de ter um amor. Nem sempre foi assim...

Sempre dei sorte com namorados. Desde adolescente sempre terminava um namoro e engatava outro. Nunca fiquei sozinha e, afortunadamente, sempre tive namorados muito legais. Poderia ter valorizado mais o que tive com alguns. Poderia ter sido uma namorada mais bacana, menos egoísta, mas atenta aos desejos do outro. E, então, Deus resolveu me dar a chance de aprender uma lição pela qual serei grata por toda minha vida.

Um belo dia o amor chegou pra mim, de novo, fantasiado de namorado bacana, mas, na verdade, era alguém que não sabia dividir, não sabia compartilhar, não sabia escutar e entender nada que fosse além da sua própria vida e além da importância que ele dava a si próprio. E o amor é dois, nunca um. E quando alguém dentro de um relacionamento se coloca sempre na frente e nunca ao lado de seu par, não dá certo. O amor anda lado a lado, nunca na frente do outro. O amor não faz esperar, avisa que vai demorar. O amor não some,  avisa que vai estar ausente. O amor cumpre o que promete e, se não pode cumprir, não faz promessas. O amor erra e pede perdão. O amor não prende, confia. O amor não se incomoda com o brilho do outro, ao contrário, gosta que o outro brilhe. O amor aprende também, não apenas ensina. Eu vivi um relacionamento com uma pessoa egocêntrica e eu merecia.

A vida me mostrou que tudo o que eu tinha era nada e que eu precisava mudar. E eu fiquei sozinha.

Conheci mil pessoas, nenhuma servia. Quando eu achava que servia, a pessoa achava que eu não servia. E fiquei sem namorado pela primeira vez na vida. E não foi fácil. Foi um processo de auto-conhecimento absurdo. E foi um processo muito doloroso também. Eu queria ter alguém. Eu queria ter namorado. Mas não queria mais o que eu tinha vivido. Entre estar com alguém que não lhe merece e estar só, escolhi estar só. Fiz amigos, fui pra terapia, aprendi muito com meu sofrimento. Cansada de tantas saídas noturnas, tantas nights que não me agregavam nada, me senti perdida no meio de tanta mulher de vestido curto e decotado e caras fazendo cara de mau. Achava difícil encontrar o amor, mas o amor pode estar em qualquer lugar, não é mesmo? É só ter olhos pra ver.

Em uma dessas noitadas da vida, fui apresentada ao namorado por uma amiga da amiga. E o destino quis que o namorado, apesar de eu não estar querendo enxergar que era ele "o cara", visse em mim algo que nem eu mesma conseguia ver. Ele, simplesmente, soube que era eu. E, por saber que era eu a pessoa que ele estava procurando, insistiu em me fazer entender isso.

O amor chegou de novo, finalmente. Chegou pra mim meio enviesado, por caminhos meio tortos, sem coração acelerado e sem cena de filme. Chegou de mansinho, quase sem ser notado. E ficou. Eu escolhi deixar esse amor entrar na minha vida e ele me tomou. Esse amor que cresce com a convivência, que me faz achá-lo mais bonito quanto mais o conheço. Um amor sem atropelos e sem sobressaltos. Um amor que valorizo como se fosse um milagre: amar e ser amado. E será que isso não é mesmo um milagre? 

Em uma sociedade que valoriza a dor, valoriza o que é difícil, vivo uma estória de amor simples, tranquila. E adoro isso. Gosto da minha vida de companheirismo, de parceria, de chamego, de muito carinho.

Nesse dia dos namorados, queria que todo mundo tivesse um amor. Porque a vida fica mais colorida quando temos um amor, o céu fica mais azul, a rotina fica mais fácil, os problemas ficam menos pesados. Agora, se é pra ter um namorado, que seja assim, gostoso de viver, calmo, sem complicações. Que seja um amor que sabe o que o outro está pensando, que entende um olhar, um meio sorriso. Se é pra ter um namorado, que seja só seu. Inteiro. Porque ter um namorado e se sentir sozinho é a pior coisa do mundo.

Que o amor chegue pra todos! Feliz dia dos namorados!!!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Disney on Ice






Não sei quem estava mais ansioso para assistir a patinação no gelo: Miguel ou eu. Eu sempre gostei quando era menina e minha mãe sempre levou minha irmã e eu para assistirmos as apresentações que eram chamadas de "Holiday on ice". Só que dessa vez seria diferente porque o Miguel iria ver, pela primeira vez, todos os personagens que ama tanto, alí bem de pertinho. 

Já tinha duas semanas que ele não falava em outra coisa e sempre me pedia a revista em que viu a divulgação do show pra ficar olhando quem estaria por lá. Ele queria muito ver a galera de Toy Story, do Rei Leão e, pasmem, Alladin. É incrível como quando a coisa é boa, atravessa gerações, e Miguel gosta muito da estória do Alladin e estava doido pra vê-lo. Falava o tempo todo: "Cadê o Aladinho?"  

Quando o show começou, Miguel ficou empolgadíssimo, nem piscava. Na hora em que Buzz, Woody e Jessy apareceram ele ficou muito excitado, cantando a música e apontando "seus amigos". Mas na hora do rei Leão, do "Hakuna Matata", o menino enlouqueceu. Batia palmas, pulava no meu colo, dançava, ficou eufórico. 

Naquele momento me peguei com a maior cara de pastel, olhando feito idiota pro meu filho. O namorado ficou tirando as fotos, ainda bem. Eu não queria perder um segundo das expressões do Miguel, das suas reaçoes, as suas carinhas. Não conseguiria tirar fotos e ficar babando pelo Miguel ao mesmo tempo. E lembrei de quando eu pegava minha mãe olhando pra mim fixamente, com cara de boba, muitos anos atrás. Normalmente eu perguntava: "Ai, mãe, o que foi? Fica aí paradona olhando pra minha cara..." Pois é, ela devia estar admirando as filhas lindas que fez, ou tentando absorver tudo daquele momento único. Como eu, ontem. Olhando pro Miguel, o tempo poderia parar. Olhando pra carinha linda do meu filho, com o coração tão cheio de amor, me sentindo a mulher mais feliz do mundo, tudo a minha volta poderia congelar. Olhando pro meu filho, entendi a cara de idiota da minha mãe olhando pra mim. Olhando pro meu filho, imaginei a minha cara de boba olhando pra ele e soube, naquela hora, que não vai demorar muito tempo pro Miguel me perguntar "Porque você está aí paradona olhando pra minha cara sem dizer nada?" E talvez eu só consiga dizer pra ele, sorrindo: "Um dia você vai entender, filho. Um dia..."

sábado, 9 de junho de 2012

Nunca diga nunca

Entre as muitas coisas que um filho ensina pra gente, uma delas é que tudo o que a gente achava que faria  a gente acaba não fazendo e o que você dizia que não faria acaba acontecendo, na maior parte das vezes. Eu dizia que meu filho nunca dormiria no meu quarto comigo e, de fato, Miguel nunca dormiu no meu quarto. Em compensação, desde aquele verão fatídico em que eu resolvi economizar energia e passamos a dormir no quarto do menino, nunca mais saimos de lá. Aguentei o primeiro ano inteiro de vida do Miguel sem trazê-lo pro meu quarto, mesmo quando tinha que acordar milhões de vezes durante a noite, levantar da cama, andar o corredor até o quarto dele e voltar pra minha cama e coloquei tudo a perder depois. Agora, entre desacostumá-lo e a preguiça só de pensar no trabalho que vai dar, vamos dormindo por lá mesmo. É uma bosta porque dormir no chão tendo uma cama gostosa é o fim da picada e, além disso, eu e o namorado acabamos não ficando tão perto quanto gostaríamos. Enfim, isso precisa acabar.

Hugo também vivia dizendo que minha mãe mimava muito minhas afilhadas, cobrindo-as de presentes e tal, e que ele não faria isso com o filho. Meu Deus, ele é o primeiro a querer comprar tudo o que o Miguel pede, mima o filho muito, mais muito mesmo, mais que eu. 

Eu dizia que não gastaria dinheiro com festinha de aniversário nos primeiros dois anos de vida. Só faria festa a partir do terceiro ano. Não aguentei. Fiz festa no primeiro, no segundo aniversário e no terceiro. Sei que farei festinha pro Miguel até ele me dizer que não quer mais ou caso eu não tenha dinheiro pra isso. E o engraçado é que o Hugo sempre foi contra fazer festa e ele tem razão em muitos aspectos, só que agora o que está acontecendo é que como ele vê o quanto o Miguel se diverte e aproveita, curte mesmo cada momento, ele não fala mais nada, deixa apenas que eu resolva tudo e eu sei que ele fica feliz por ver o quanto nosso filho fica feliz por podermos comemorar seus aniversários.

Fato é que quando se trata de filhos, "nunca diga nunca" é a coisa mais certa a se ter em mente. Tantas teorias na cabeça e na hora da prática vai tudo pro espaço. A gente sempre tem uma solução pra vida alheia, já reparou? Mas resolver a nossa é outro departamento! Olha o que está acontecendo ultimamente: todo mundo tem uma solução pro fato do Miguel ainda não fazer coco no vaso sanitário. Escuto toda hora: "Já conversou com ele? Você já fez coco na frente dele? O Hugo já fez coco na frente dele? Já tentou um penico? Quando você nota que ele está fazendo coco, você já tentou levá-lo correndo pro banheiro e o colocou no vaso?" SIM, é a resposta pra todas essas perguntas. Só que na prática não está funcionando e as pessoas olham pra você como se dissessem: "Meu Deus, você não vai fazer nada a respeito? Vai continuar permitindo que seu filho faça coco em pé em qualquer cômodo da casa que não seja o banheiro?" Quer saber? Vou. Isso não significa que estou desistindo de conversar com ele encorajando-o a tentar, dizendo a ele que sei que ele consegue. Mas não vou ficar me descabelando porque, na teoria, ele já deveria estar fazendo coco sentado no vaso.

As pessoas precisam entender, e me incluo aí também porque muitas vezes eu me sinto frustrada como mãe, é que cada um é cada um e na prática a coisa é diferente. Como diria minha amiga Vanessa se referindo ao filho dela que ficou até os quatro anos pedindo pra colocar fralda todas as vezes que sabia que iria fazer coco: "Nunca vi adulto cagando na fralda." Também nunca vi adulto cagando em pé. Quer dizer, um dia eles aprendem. É só ter paciência pra esperar.

sábado, 2 de junho de 2012

Miguel da mamãe



Miguel ultimamente anda mais tagarela que nunca. O menino fala tanto que tenho vontade de mandá-lo fechar a boca, de vez em quando. Tenho vontade, mas, na maior parte das vezes, não faço. Mesmo que eu esteja tentando pagar uma conta no computador, resolver alguma coisa ao telefone ou arrumar um armário prefiro ouvir a voz desse doidinho falando sem parar e repetindo mil vezes a mesma coisa que pedir que ele se cale. A não ser que eu esteja conversando com alguém e ele não esteja respeitando o fato de que cada um tem a sua vez de falar. 

A verdade é que ainda me surpreendo ao vê-lo, assim, tão "conversado". Não tem muito tempo era só um bebê gorducho que me dava um trabalho enorme e agora está aí, pedindo coisas, mostrando suas preferências e contando suas histórias. Ele me pergunta se vou trabalhar, me conta o que aconteceu na escola, canta as musiquinhas que aprende por lá e, é claro, a velocidade de seu pensamento é muito maior que a capacidade de desenvolver todos os sons e fonemas necessários pra falar todas as palavras que precisa pra me contar as coisas. 

É aí que a gente morre de rir. Toda criança passa por essa fase de trocar as palavras, de não conseguir articular todas as palavras corretamente, mas o engraçado é o jeito que elas falam. Miguel fala tudo muito senhor de si, crente que está abafando, falando tudo certo. Faz um carão de quem está acertando e manda ver mesmo. A coca-cola virou "cacacola", assim como o guaraná, virou "maramá". Ele adora comer biscoito salgado ou pão com Nutella. Só que "pão com nutela" virou "pão com aquela". A primeira vez que ele falou isso fiquei quase doida tentando descobrir o que ele queria. Perguntava pra ele "aquela o quê, meu filho?" Até eu entender que "aquela" queria dizer "nutela" foi um parto. Suco de "goiaba" é suco de "gaiaba". 

Qualquer peixe, de qualquer espécie ou cor, é chamada de Nemo. Então, não estranhamos mais quando Miguel encontra um aquário e nos diz que está cheio de "nemos". De tanto ouvir o namorado chamar os tubarões de "baturas", ele diz, toda vez que vai levar algum de seus milhões de tubarões pra escola: "Mamãe, vou levar o "batura" pra fazer medo na Cristiane!" Pobre professora... Miguel é louco por vida marinha, adora peixes, baleias e tem verdadeira fascinação pelos tubarões! A últimapalavra trocada, tadinho do meu filho, foi quando tentou, abusadamente, falar "helicóptero". Ele disse que estava levando o "pitocopitu" pra escola e eu e o padrinho dele que estávamos perto nessa hora, rimos muito. Mas o Miguel nem se importa, repete a palavra, do jeito dele, e, muito cheio de si, quase me convence que a errada sou eu... 

Quando o Hugo me deu de presente o Iphone, assim que entramos no carro, Miguel me pediu o telefone pra olhar. Entreguei o antigo pra ele ficar mexendo e ele virou-se pra mim e falou: "Esse não é bom, quero o outro." Meu Deus, ele queria meu Iphone novo. Disse que iria deixar ele pegar, mais só um pouquinho e com todo cuidado. Miguel pegou o telefone e repetiu: "Com tooooodooooo cuidado, mamãe." E ainda disse: "Esse aqui é muito mais melhor!!!" Orgulho do papai, esse menino. Com aquele dedinho curtinho, o garoto ligou o celular, encontrou o que queria, normalmente ele quer o ícone dos "angry birds" e, pra minha surpresa, jogou e comemorou quando explodia os danadinhos. 

Eu não permito que ele brinque com meu Ipad porque tudo do trabalho está alí e tenho medo de ele sumir com alguma coisa. Enfim, de vez em quando, ele pega o aparelho e eu fico de olho. Outro dia ele me perguntou: "Não posso brincar com seu Ipad, né, mãe? É do trabalho, né?" E eu respondi: "É do trabalho, sim, não é brincadeira." Aí, Miguel me sai com essa: "Mamãe, eu também quero trabalhar! E quero um Ipad!" Quer dizer, na cabeça de um menino de três anos, se pra ter um Ipad é preciso trabalhar, ele também quer ir pro trabalho... 

Sempre pergunto pro Miguel se ele é o bebê da mamãe e ele diz que sim. Sempre pergunto também:  "Quem é o bebê gostoso da mamãe?" E ele, normalmente, respondia todo feliz: "Eu!" Essa semana, fui perguntar de novo e tive uma surpresa... "Filho, você é o bebê gostoso da mamãe?" Miguel respondeu: "Eu não sou bebê, eu sou Miguel! Sou o Miguel da mamãe!" Tá bom, tá bom.... Já entendi. Não é mais bebê. Ainda me dou por satisfeita porque continua sendo meu... Ainda é o "Miguel da mamãe". Vamos ver até quando!