quinta-feira, 28 de maio de 2015

Aniversário sem festa???





Quando vamos ter um filho, ficamos imaginando como ele será fisicamente, que qualidades herdará da mãe e do pai e quais os defeitos também. Miguel é uma misturinha boa de duas pessoas muito diferentes, mas posso afirmar que tem muito do meu jeito. É um menino de riso fácil, engraçado, carinhoso e muito, muito festeiro. Como eu. 

Desde muito pequena amo fazer aniversário. E amo reunir amigos, estar com gente querida. Lembro, como se fosse hoje, o dia em que minha mãe resolveu que viajaríamos pra Saquarema em um dos meus aniversários, não sei se de 8 ou 9 anos. Era feriado de Corpus Christi e minha mãe conseguiu emendar com o final de semana. Que tristeza. Fiquei o feriado todo com cara triste, chateada mesmo. Viajar no meu aniversário significava passar a data apenas com alguns familiares e sempre gostei de ter família e amigos. Muitos. Viajei amuada, mesmo minha mãe tendo encomendado um bolo lindo pra mim. Estava tão triste que acho que os céus me entenderam e mandaram uma chuva que durou todo o feriadão, o que combinou perfeitamente com meu estado de espírito. 

Lá em casa sou famosa por minhas festas porque sempre que digo que a festa será pra 50 pessoas, aparecem 100. Todos são bem vindos e não raro minhas festas estavam cheias de amigos, amigos de amigos e todos bem recebidos. Já fiz festa pro Miguel pra 120 pessoas e, no final, tinham 160. Meu casamento foi pra 400 pessoas. Enfim, não sei fazer petit comite. E Miguel vai pelo mesmo caminho. Ele não me pede presente. Não quer ganhar isso ou aquilo. Mas ele pede uma festa. Por isso me esforço pra sempre fazer alguma coisa porque vale a pena ver como meu filho gosta, como vibra com cada convidado que chega, como se entrega aos preparativos. Quer escolher como vai ser o bolo, o tema da festa, as cores. Ele quer ir comigo ao local, quer ajudar a arrumar, dar opinião. É muito participativo. 

A única coisa chata é que não dá mais pra chamar meus amigos e os do Namorado - tantos e tão queridos - e chamar os amigos da escola do Miguel. Não há bolso que resista. Por isso, desde o ano passado, mesmo morrendo de vontade de estar com meus amigos pra comemorar o aniversário do meu filho e sabendo que ficariam felizes em partilhar esse momento feliz comigo, faço a lista de convidados pensando no que é importante pro Miguel. Quer dizer, nesse momento, essencial é a presença de sua família e de seus amigos da escola. 

Eu que sempre levei minhas afilhadas a muitas festinhas quando eram menores e depois de 6 anos frequentando todo tipo de casa de festas infantis, estou mega enjoada dessa barulheira que há em casas desse tipo, bem como o animador chato falando aos berros no microfone. Desculpa, gente, mas cansei. Procurei uma alternativa no ano passado e não me arrependi. Esse ano busquei também outro caminho e encontrei o Quintal Verde. É uma casa de festas do jeito que eu queria, simples, sem brinquedos eletrônicos, com um gramado grande e árvores. Uma parte é coberta (a área onde ficam os convidados) e o serviço maravilhoso. Optei por churrasco, pra combinar com o tom informal, e tudo, das saladas à picanha, foi de muito boa qualidade e muito bem servido. Não quis colocar nem pula-pula, nem DJ, só mesmo uma equipe de recreação pra brincar de brincadeiras tradicionais, muita bola, roda e jogos. Criança não dá a mínima pra música que está tocando e se está tocando alguma. Eles querem saber de brincar e se divertir. E os pais querem conversar sem ter que gritar e sair roucos ao final da festa. 

Resultado: acertei na escolha e foi uma tarde muito agradável e feliz. Miguel estava radiante, aproveitando cada minuto da sua festa, a tão esperada festa de 6 anos. E eu, feliz por vê-lo tão contente. E, também, por que lá no fundinho, eu concordo com o Miguel quando ele fala que aniversário sem festa não tem a mesma graça!! 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Por um triz

"... Que a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade do amor de quem se ama..."

Ontem fui com o Namorado e o Miguel a uma festinha de um de seus amigos da escola. Miguel brincava com as outras crianças e já tinha se divertido em um brinquedo estilo "Kabum", desses que sobem e despencam lá do alto. Enfim, tudo corria muito bem. Eu estava sentada em uma das mesas logo da entrada da casa de festas, conversando com os amigos junto com o Namorado enquanto Miguel se divertia. 

De repente, pouco antes da hora de cantar parabéns, olho pro outro lado da casa de festas. Sem saber porquê, meus olhos vão na direção do Kabum. E, então, vejo, quase em câmera lenta, o brinquedo entrar em ação, subindo mais ou menos uns 4 metros antes de despencar. Só que meus olhos vão direto ao assento onde está meu filho. E a trava de segurança que desce sobre o peito das crianças estava levantada. Resumindo: Miguel subia, subia e subia só que sem cinto de segurança ou trava. Sem conseguir me mexer, sem conseguir tirar os olhos do meu filho enquanto ele subia antes de cair junto com o brinquedo, gritava pro Hugo correr, gritava pro Hugo ir até lá, gritava pro Hugo parar o brinquedo. Hugo não estava entendendo o que eu queria dizer. Eu não estava me fazendo entender, gritando frases sem sentido pra quem não estava vendo o que eu via. Minhas pernas pesavam 2 toneladas cada uma e pareciam pedras cravadas no chão. Eu estava estérica mas não explicava o que estava acontecendo. Graças a Deus, a Luciana - mãe de uma amiguinha da escola - falou:

- Miguel está no Kabum sem trava, Hugo!!!

Hugo, Luciana e Beto (marido da Lu) sairam correndo feito loucos. 

O brinquedo despencou a primeira vez. Minha boca gritava pro Hugo correr e meus olhos não descolavam do meu menino. A sensação que eu tinha era a de que não podia desviar meu olhar, não podia perdê-lo de vista. Miguel estava com cara de quem sabia que faltava alguma coisa. Cara de quem corria perigo. Diferentemente das outras vezes em que andou no brinquedo naquela mesma noite, não sorria, não brincava, não falava, não se mexia.  Meu filho pressionava as costas para trás de forma que ficasse grudado no encosto e segurava as laterais da cadeira com suas mãozinhas pequenas. O brinquedo começou a subir de novo. Estava a caminho de despencar a segunda vez. E despencou. Miguel continuava lá, se segurando. E nesses segundos que pareceram uma eternidade, Hugo chegou e conseguiu fazer a monitora parar o brinquedo antes que ele voltasse a subir mais uma vez.

Um vacilo da monitora do brinquedo. Uma falta de atenção. Um minuto. Miguel poderia ter se desesperado, poderia ter enlouquecido de medo e tentado pular. Poderia ter escorregado. Poderia ter caído da cadeira. Poderia se machucar, se quebrar, ferir. Poderia... Enfim, Miguel poderia ter caído de uma altura de 4 metros. E meu coração parou de bater por um momento. 

Disso tudo, tiro a lição de que não dá pra relaxar nunca, sabe? A menina que tomava conta do brinquedo não estava prestando a devida atenção que esse tipo de brinquedo merece. Ela que é paga apenas pra fazer isso, certificar-se de que todas as crianças estão com a barra de segurança abaixada e travada, errou. E ao mesmo tempo que minha cabeça aceita que todos erram, meu coração diz que a atenção dela tem que ser total, que a responsabilidade é enorme desse tipo de trabalho. A vida é muito preciosa pra se perder assim. 

Abracei meu filho são e salvo com meu coração aos pulos. E me deu uma vontade louca de chorar. 

Já dentro do carro, indo de volta pra casa, perguntei ao Miguel se ele teve medo e ele respondeu:

- Sim, mãe. Mas pedi a papai do céu pra me proteger. E pedi também que se eu "morrisse"  pra você e o papai ficarem bem. 

Ah, filho... Que bom que você conversou com Deus nessa hora. Que bom que estou lhe ensinando a ter fé. Mas, filho, deixa eu te contar uma coisa... Seria muito difícil mamãe e papai "ficarem bem" sem você. Muito difícil mesmo. 


sábado, 9 de maio de 2015

6 anos - 10 de maio de 2015




Miguel, 

você chegou de surpresa em um domingo, dia das mães como hoje. Veio antes do tempo, apressado. Não tinha fraldas, não tinha quarto pronto, não tinha berço montado e acho até que eu não estava pronta pra você, não estava pronta para o jeito como você chegou. Entretanto, pergunto-me se alguma mãe está, de fato, totalmente pronta pra receber seu bebê quando ele nasce ou se é um processo que vai acontecendo aos poucos. 

Você me ganhou completamente durante os 15 dias de UTI. Nunca fui de ninguém como sou sua. E nunca serei de ninguém com tanta entrega, com tanta coragem. Porque por mais que tenha milhões de medos, nenhum deles me faz amá-lo menos ou afastar você de mim. E desde então venho aprendendo a ser mãe com você e, acredite, você é um professor e tanto! 

Eu conheço todas as suas caras, seus risos e sorrisos, seus olhares. Vejo em seus olhos o que você quer me dizer e também o que tenta esconder de mim. A cada dia lhe conheço mais e a cada dia me apaixono mais um pouco. Nem sei explicar como isso pode acontecer, mas, filho, fato é que acontece. Todos os dias você faz alguma coisa que toma mais um pouquinho de mim. Como quando você dança pelado no banho e morremos de rir juntos. Como quando entro no seu quarto e vejo você dormindo com as duas mãozinhas juntas embaixo do rosto. Como quando você me pede um suquinho e diz que "é pra relaxar". Como quando olha bem pra mim e diz que sou a mãe mais linda do mundo e sou sua "gostosinha". Como quando você me fala que Deus lhe deu a melhor mãe do mundo. Como quando rezamos juntos. Como quando todos os dias, sem exceção, a caminho da escola, pergunto a você:

- Filho, hoje é um bom dia pra ser ...? 

E você me responde cheio de animação e alegria:

- FELIZ!!!

Também me apaixono quando você me chama de chata. E quando você diz que me odeia, cheio de raiva porque não permiti que fizesse alguma coisa que queria. Engraçado como "chata" e "te odeio" por mais estranho que possa parecer, soam como elogios pra mim. Sinto-me cumprindo meu papel, estabelecendo limites e passando valores que serão importantes pra sua vida, mesmo que agora você não entenda. 

Depois dessa convivência intensa, frenética, louca, deliciosa e inebriante durante esses 6 anos, entendo perfeitamente porque você chegou antes da hora marcada, entendo porque não aguentou ficar dentro de mim por mais quase 2 meses. Você tem sede de viver, tem sede do mundo, tem sede de conhecer, de visitar, de descobrir. Filho, você tem fome de céu azul, de sol, de mar, de vento no rosto, de riso, de sonho e de chuva. Você é trovão, árvore, frutas, festa, música e dança. Miguel, você tem vontade de liberdade, de beijo, de amor, de doce. E como é doce esse nosso amor. 

Filho, você já sabe porque nunca me canso de lhe dizer, mas vou dizer de novo e de novo, mil vezes, até ficar bem velhinha e, mesmo depois, quando eu não estiver mais aqui fisicamente, você terá minhas palavras sempre tatuadas no seu coração: você é minha vida, meu presente. Te amo. 

Feliz aniversário!!

Mamãe. 


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Dia das Mães na Escola



Eu adoro poder estar presente nas festinhas da escola. Acho super importante e vejo o quanto meu filho curte ensaiar, preparar a festinha com a professora e os amigos pra mostrar no dia marcado. Mas não vou mentir. Pra mim a festinha poderia ser só ver a apresentação do filho. É, chegar na escola e ver as crianças falando alguma coisa bonita, cantando uma música pra mãe e entregando uma lembrancinha feita por eles. Isso já é o suficiente pra eu me derreter e chorar emocionada. 

Só que esse ano - a festinha será amanhã - Miguel está cheio de recomendações:

- Mãe, você não pode ir com roupa de trabalho. Mãe, você tem que ir com roupas confortáveis. Mãe, não vá de salto alto! Use uma roupa fresquinha. Use roupa de ginástica. Mãe, é melhor ir de tênis ou de chinelo.

Quando meu filho falou pra eu ir de chinelo, me perguntei se estava com algum problema auditivo. Chinelo? É isso mesmo? E pensei, comigo mesma, que chinelo só se for em outra vida. E já fiquei imaginando que a professora deve fazer algum tipo de atividade que envolva as mães, obviamente, algum tipo de competição ou interação entre pais e filhos. Eu adoraria que fosse só uma musiquinha. Mas, pelo visto, não será só isso. Tudo bem. Já estou preparada psicologicamente. 

Eu só não estava preparada pro meu filho acabar comigo hoje pela manhã, depois de tantas recomendações a respeito da vestimenta para o momento tão esperado. 

Falei pro Miguel que não se preocupasse porque eu tentaria sair do trabalho e passar em casa antes da escola pra trocar de roupa e que iria com short. Não disse que minha intenção era usar um short jeans e, como havíamos falado em roupa de ginástica, acho que ele deduziu que seria um dos shorts que uso pra ir até a academia. Na mesma hora ele falou:

- Short de ginástica, mãe?? Você está de brincadeira que vai pra minha escola usando um shortinho???

Por um momento pensei que meu filho estivesse com ciúme de mim. Que coisa mais fofa né? Só que não. Sem me dar tempo de falar que nunca iria pra escola usando um shortinho, Miguel virou-se pra mim e falou:

- Poxa, mãe, a Liara (professora) falou que as mães tinham que ir bem bonitas pra escola no dia das mães!!

Tá bom pra você? Arrasada. Meu filho me acha feia usando short. Sem mais. 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Antonio

 Antonio Mariano

 Eu e ele

 Sis e ele

Papai louco e as irmãs

Todas as vezes em que minha família passa por algum momento difícil ou complicado, fico pensando no que meu pai diria ou faria se estivesse aqui com a gente. Tento pensar como ele, pra poder ajudar ou agir com os outros da mesma forma protetora que ele faria por mim ou por minha irmã se ainda estivesse nesse plano. Inevitavelmente, acabo pensando mais nele. Acho que acabamos, eu e minha irmã, chamando nosso pai pra perto de algum jeito. E meu pai sempre acha um modo de mostrar que nunca nos deixou, ele sempre acha um meio de nos dizer que está perto, que sente nosso chamado. 

Hoje estávamos de saída pra almoçar na casa da Berê. Hugo já dentro do carro ligado com o Miguel me esperando. Quando mamãe estava fechando a porta, ouvi a campainha tocar e fui logo atender. Vi o rapaz que sempre pede comida aqui em casa. Ele come aqui com frequência, sempre é muito educado e nunca nos pediu 1 real. Sempre pede comida e nós damos. Engraçado que até já sentimos falta dele quando passa mais de uma semana sem aparecer. Olhei pra ele e pro carro ligado, bolsa no ombro e falei:

- Poxa vida, estamos de saída. Desculpa não poder lhe ajudar hoje.

O rapaz agradeceu como sempre, disse que tudo bem, que ficaria pra outra vez. Desejou um bom feriado e virou as costas subindo a rua. Meu coração apertou. E sempre que meu coração aperta é porque sinto que fiz ou estou prestes a fazer algo errado ou, talvez, que não é o mais correto. Com o coração apertado, abri a porta do carro, expliquei ao Hugo a situação e perguntei se podia esperar um pouco. Na mesma hora, Hugo disse que sim. Desligou o carro e eu saí correndo atrás do rapaz que já come a comida da minha casa há mais de 6 meses mas cujo nome nunca perguntei. Consegui alcançá-lo e pedi que voltasse. Ele sorriu e disse que não queria incomodar. Eu repliquei que não seria incômodo, em apenas alguns minutos lhe entregaria a comida. 

Fomos todos rapidamente pra dentro de casa e preparamos o prato de comida. Miguel perguntou porque o rapaz não come na casa dele e ficou bem tocado quando a realidade de alguém que não tem NADA em casa pra comer o atingiu. Quis ajudar e levou 2 bombons pro rapaz "comer mais tarde". Ao entregar-lhe o prato de comida, um copo de refrigerante, talheres, guardanapo e o chocolate, resolvi, sem saber bem o porquê, perguntar:

- Nossa, nos vemos sempre e nunca perguntei seu nome... Como você se chama? 

Ele respondeu:

- Meu nome é Antônio.

Meus olhos ficaram cheios de água e com um sorriso no rosto disse a ele:

- Não vou esquecer... É o nome do meu pai!

Como agradeço ao meu pai por sempre estar por perto quando estamos precisando dele. Eu e minha irmã estamos sempre sentindo sua presença. Como sou grata, também, por ele nos dar provas de que o amor existe além das barreiras do tempo e da distância. Porque tempo e distância não existem para aqueles que amam. E a gente se ama muito. Pra sempre.