segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Leopoldina

Muitos não sabem, mas não moro desde que nasci na Ilha do Governador. Só me mudei pra cá em 1994 e, portanto, minhas lembranças na infância e da adolescencia não se encontram aqui. Elas estão lá, na Leopoldina, mas precisamente em Olaria, na rua Conselheiro Paulino, exatamente 4 ruas abaixo do pé do complexo do Alemão.

Naquelas ruas do bairro estão muitas das minhas mais gostosas lembranças: caminhadas até o ballet, até a escola, até o CCAA. Brincadeiras no meio da rua mesmo, até tarde durante as férias, festinhas, paqueras, beijos. Meu pai tomando sua cervejinha no botequim com os amigos de sempre, meu pai se preparando pra desfilar pela nossa escola de samba - a Imperatriz, e a quadra... A quadra da Imperatriz! Até hoje, quando ouço a bateria da minha escola do coração, sinto um arrepio, uma onda de nostalgia e emoção que só quem tem saudade e amor sabe o que é. Meus amigos de infância não são os da Ilha: embora já tenha feito muitos amigos por aqui ao longo desses 17 anos, são os que fiz lá.

Enfim, estou dizendo tudo isso porque hoje é com muita alegria que vejo aquele povo de lá ficar livre dos traficantes, ganhando seu direito de ir e vir há muito tolido. Quando olho aquelas ruas todas as vezes que vou até lá pra votar, as lembranças só chegam a minha mente pela sensação de estar ali, mas as ruas, as casas, as pessoas não são as mesmas. O local se deteriorou, ficou cinza, feio. A visão que eu tinha do morro do Alemão quando abria a janela do meu quarto era de uma montanha quase toda verde com algumas casinhas. Hoje, a montanha é tomada de casas e tenho a sensação que ao abrir a janela daquele mesmo quarto onde dormi e sonhei durante tantos anos, eu me sentiria oprimida e com a impressão de que as casas estariam invadindo meu espaço, quase caindo lá dentro do quarto. E o povo de lá não merece isso.

Esse final de semana fiquei feliz por ver a ação da polícia, tão preparada, tão certa, devolver a comunidade a quem pertence de fato. E meu coração se enche de alegria porque parte de mim vai morar ali naquele lugar pra sempre. Serei sempre suburbana, daquelas que cresceram vendo os vizinhos colocarem as cadeiras na calçada pra conversar. Parte de mim pertence àquelas ruas, àquela gente, àquela escola de samba. Por isso, meu coração não pára de cantar "Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós! E que a voz da igualdade, seja sempre a nossa voz!"

http://www.youtube.com/watch?v=pD1MJYC2nsw&feature=related

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guerra

Hoje, em pleno dia de ação de graças, estamos em guerra no Rio de Janeiro. Na verdade, estamos em guerra há muito tempo... Só que agora o governo partiu pra cima e eu sinto que é isso mesmo que devemos fazer.

Não quero mais viver acuada, com medo. E pra paz reinar, talvez seja inevitável esse conflito todo. Não podemos mais viver em uma sociedade que sabe que os banditos existem, mas finge que não nos atingirão nunca. Um lugar onde a gente acredita que só o carro do vizinho será roubado ou só a casa do próximo será assaltada, só o conhecido é morto com uma bala perdida.

Já não aguento mais viver sabendo que as comunidades têm dono e eles são do mal e andam com armas por aí se achando os donos não só de suas localidades como do mundo. É triste ver o que está acontecendo e o quanto os inocentes sofrem com tudo isso. Mas sou favorável a que a polícia não recue, avance mesmo, encurrale e bote pra correr. Não podemos mais assistir às ações da bandidagem quietos, esperando de braços cruzados o próximo helicóptero ser derrubado.

Por mais que doa, e dói, quero ver os mocinhos agirem. Quero ter pra quem torcer. Quero ver os bons praticarem boas ações. Quero ver minha cidade segura e sei que não será de uma hora pra outra. Mas alguma coisa precisava ser feita e a ação tem meu apoio. Que Deus olhe por todos nós.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Thanksgiving

Sempre temos um evento aqui na escola relativo ao "Dia de ação de graças". Engraçado como não ligo a mínima pra Haloween e já curto o Thanksgiving. Talvez seja o teor da festa ou talvez seja apenas um bobeira minha gostar mais de uma coisa que de outra. Não sei. O fato é que esse ano eu estava muito cheia de coisas na minha cabeça e, simplesmente, não me preocupei em fazer nada. Só que aí entra uma linda chamada Viviane, professora na alma, no coração, no sangue que corre em suas veias, professora no maior sentido que essa palavra pode ter: o da doação.

Essa querida tomou a frente da situação e veio até a minha sala e perguntou se poderia organizar um almoço mesmo, e não o tradicional jantar, aqui na escola envolvendo os professores que quisessem participar e todos da administração. Dei o sinal verde e fiquei quieta. Minha única tarefa seria o de receber o dinheiro de cada um que fosse participar para fazermos o almoço.

Três semanas atrás ela trouxe a idéia de fazermos um sorteio em que cada funcionário seria o anjo da pessoa com o nome em seu papelzinho - uma espécie de amigo oculto sem presentes - e esse anjo colocaria bilhetinhos ao longo dessas semanas que antecederiam o almoço para seu protegido e para quem mais quisesse, exaltando suas qualidades e pontos positivos. Olha, foi uma maravilha!!!

Ontem, durante o almoço a emoção estava afloradíssima e todos nós tínhamos muito a agradecer. Cada um de nós por suas conquistas pessoais, mas todos, sem tirar uma única pessoa, eram gratos pelo ambiente de trabalho amistoso que temos aqui. Eu sou muito feliz com o que faço e todos sabem disso. E acredito que a felicidade na vida está mais perto de quem faz todo o dia o que gosta. Eu acordo todos os dias não com a sensação de "caramba, tenho que trabalhar..." É trabalho, eu sei, tem apurrinhação, tem estresse, tem dias de loucura total em que tenho vontade de matar pessoas ou de morrer, mas acordo sabendo que vou passar mais um dia com pessoas das quais gosto verdadeiramente, que são minhas companheiras, em uma parceria muito bonita. Eu amo chegar no meu trabalho e o meu bom dia vem sempre com um sorriso e sou recebida assim também. Amo quando ouço meus funcionários falarem pra mim: "Paula, você não quer ir embora não? Você está insuportável hoje." É sinal que não precisam falar pelas costas o que estão pensando. Adoro quando dizem que estou impossível e não estou deixando tempo nem pra que eles respirem. Quando estou atacada é assim mesmo... Com essa atitude de dizer o que pensam, eles me quebram, me fazem refletir e muitas vezes vejo que estou chata demais da conta e pego mais leve ou pego minha bolsa e vou pra casa porque tem dias em que nem a gente se aguenta.

Essas pessoas lindas que trabalham comigo não são sempre lindas. Às vezes são bruxas. Mas entendo e as amo mesmo assim. E no dia de ação de graças quero muito agradecer por tê-las em minha vida e por Deus ter colocado essa sementinha da idéia do almoço na cabeça da Viviane. Esse anjo que organizou tudo e acabou me dando esse presente quando eu já não estava muito a fim de fazer nada pra comemorar a data. A Vivi, além de tantos outros mil motivos que tenho pra dar graças, entra na minha listinha em um lugar especial...

sábado, 20 de novembro de 2010

DVD

Embalada pela benção em minha vida que foi a aquisição do DVD para carros, resolvi comprar um DVD portátil, desses que parecem uma maletinha, pra quando saísse com o Miguel. Já que meu filho fica hipnotizado com música e deu mega certo dentro do carro, porque não em restaurantes e shoppings?

Comprei o DVD e hoje fui ao shopping com o namorado e minha mãe pra comprar umas coisas e coloquei o aparelhinho na bolsa do Miguel. Depois de ir até às lojas onde precisava ir - pois é, com o Miguel não dá pra ir ao shopping sem destino certo, só pra olhar as vitrines e aí, sim, decidir o que comprar, quando estou com ele tenho tudo planejado, itinerário traçado, não dá pra ficar batendo perna e vendo muitas novidades - a fome bateu e fomos fazer um lanche rápido. Fomos ao Burger King e enquanto Hugo encontrava uma mesa com a mamãe e o Miguel, fui ao caixa pra comprar o lanche. Já estava quase recebendo as bandejas quando escuto uma menina cutucar a outra falando de um menino que estava dançando e batendo palmas. "Olha que graça!!", dizia uma. "Que menino mais fofo", dizia a outra. Totalmente esquecida de que meu bebê já está virando um rapaz, e tão acostumada a admirar o filho dos outros por tantos anos, nem me lembrei que esses comentários poderiam ser sobre o meu bebê. Olhei pra ver quem era esse menino gostoso de quem falavam e, para minha surpresa, a coisa fofa que se balançava ao som da Xuxa assistindo ao dvd era o meu filho!!

Em pouco tempo havia umas 10 pessoas atrás do Miguel, rindo de se acabar da animação dele escutando as músicas e imitando os passos do Tchutchucão. Sentado na cadeirinha, ele mexia os braços, cabeça e tentava cantar. É, tentava porque ainda não fala e fica só no som final das palavras. Dá pra imaginar a cena?

Meu lanche foi divertidíssimo e o de muitas pessoas que estavam no Burger King também. Viva os aparelhos de dvd!!! Outra boa compra que fiz mais tarde do que gostaria. Esse tinha que ter entrado na minha listinha logo. Mas, antes tarde que nunca!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Onde andam as pessoas normais?

Meus amigos fofos, antes que me perguntem o que vem a ser normal pra mim, vou logo dizendo que sei que o que é normal pra mim pode não ser pro outro. Ok. Mas existem códigos para quem vive em sociedade que devem ser seguidos e estou colocando esse assunto porque ontem fiz uma entrevista com um candidato a professor e fiquei um pouco... Deixa eu ver qual é a palavra certa... Surpresa? "Surpresa" eu uso mais com coisas positivas, então acho que decepcionada é a melhor palavra. Tá bom, então, fica decepcionada mesmo.

Quando eu fazia minhas entrevistas me candidatando a um emprego, sempre procurava ir impecável, com uma roupa adequada, maquiagem discreta e cabelo arrumado. Procurava mostrar o melhor de mim, é lógico. É igual a arrumar namorado pela internet. Você olha a foto da pessoa, se já acha uma droga, pode esquecer porque, com certeza, a pessoa escolheu a foto em que estava melhor pra postar alí. Ao cadidatar-se a um emprego a gente também tende a mostrar nossas qualidades, nossa vontade, a gana de crescer e fazer a empresa crescer junto. Se logo de cara a coisa não é assim, pode crer que vai dar bosta.

Voltando a entrevista de ontem, a pessoa já chegou um pouco desgrenhada, o cabelo meio despenteado. Tudo bem, poderia ter sido o vento batendo no rosto dentro do ônibus ou a falta de um creme anti-frizz. Achei melhor deixar pra lá. Na entrevista em inglês, foi tudo ótimo, a pessoa é daquelas meio nerd, estudiosa e tem um inglês redondinho, bonito. Mas eis que é perguntada pela universidade que está trancada. A resposta é: "Tranquei porque estava muito estressada..." Eita! Mas a criatura não trabalha, só estuda e já está estressada? Com o quê, meu bom Jesus? Muito trabalho, provas? Isso não é o natural de quem está frequentando uma universidade? Pula essa parte e vamos seguir adiante. Vamos pra prova escrita.

Primeira parte: listening. Vem a pergunta depois de termos dito que só tocaríamos o CD uma única vez: "Não vai repetir? Em todos os outros lugares o listening é colocado 3 vezes, aqui é só uma?" Sim, conforme explicado anteriormente, aqui só tocamos o listening uma só vez e, vamos combinar, em todos os exames internacionais, também. Poucos são os casos em que se repete o listening, normalmente quando é um texto bastante longo e tal. A cara de indignação já me colocou com o pé atrás. Mimada, acrescentei à minha lista de adjetivos destinados a ela. Ao entregar a prova, dispara o comentário: "Fácil, muitas questões ridículas." Pensei, então, "a nerd vai gabaritar". Ha-ha-ha. Acertou 82% da prova e, pra quem achou tudo muito ridículo, poderia ter sido bem melhor, não?

Pra terminar nosso encontro, falo que avaliarei os resultados das provas, junto com currículo e entrevista e, então, lhe telefonaria para encaminhar ao treinamento de metodologia. O candidato já está informado sobre as datas, mas me pergunta novamente sobre o horário. Eu respondo que será de 8 da manhã às cinco da tarde durante uma semana inteira e a cara de " nossa, quanto tempo..." serviu para me certificar de que não vai dar caldo.

A minha pergunta é: como uma pessoa vem a uma entrevista com tantos entraves? Se já está estressada como simples estudante, imagina no mercado de trabalho e exercendo a profissão mais desgastante do planeta e que exige um grau de doação de tempo e energia enorme - o magistério? Quando desse de cara com a primeira turma lotada com 20 pré-adolescentes, a criatura sairia correndo da sala de aula mais desgrenhada que quando entrou na escola para a entrevista. E vai me deixar na mão, é claro. Ela nem se deu ao trabalho de disfarçar, falou mesmo que largou a faculdade por estresse e deixou claro que ficar durante uma semana inteira de 8 às 5 da tarde fazendo treinamento era punk. Esse cansaço todo com apenas 20 anos.

Quando que eu, com 20 aninhos, diria isso a meu futuro empregador? Primeiro que não teria trancado a matrícula da faculdade mesmo porque minha mãe me faria terminar a universidade nem que fosse debaixo de pancada. Segundo porque se você não está fazendo nada durante o dia inteiro, como assim acha cansativo ficar uma semana em treinamento? Onde estão os normais, minha gente? Onde estão os caras "pau pra toda obra". Será que estão em extinção?

Bem, vou aguardar porque ainda tenho muita gente pra entrevistar e hoje o dia vai ser melhor. Tenho esperança e a esperança é a última que morre. A minha segue aqui comigo, vivinha da silva.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Língua solta

Se tem uma coisa que preciso aprender ainda nessa vida, se Deus quiser e me ajudar, é a ficar mais calada. Eu falo o que eu penso, dou minha opinião e, no fundo, sabe o que acontece? Mesmo que eu esteja expressando o pensamento da maioria, que muitos concordem comigo, no final, eu fico de bruxa má da estória e todo mundo é fadinha.

Sinto que as pessoas não estão preparadas para estarem de frente com a verdade, não querem se confrontar com seus medos, e, sendo assim, só enxergam aquilo que querem enxergar. Tantas vezes já fui alertada por amigos, família, a respeito de alguma situação e me questiono o porquê de, na ocasião, não ter dado ouvidos. Talvez eu também só veja aquilo que quero ver. Só que sofro por falar a verdade e falar o que eu acho. E não quero mais ser assim.

A partir de hoje quero ser blasé, quero ouvir as maiores atrocidades e ficar quieta. Quero ver uma pessoa caminhando em direção ao precipício e deixá-la ir, porque ao tentar evitar eu só me ferro. No final, a pessoa vai dizer que poderia ter sido muito legal o salto e que só não foi bacana porque eu não deixei acontecer. Aff. Estou meio de saco cheio hoje e só quero desabafar.

Não adianta querer ajudar a quem não quer ser ajudado e eu preciso aprender isso, mesmo que a duras penas. Tenho que calar a minha boca, costurar minha lingua lá dentro e ficar muda. É isso: hoje eu quero ficar muda.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Academia

Parece que passou uma eternidade desde o último post, mas é que os meus dias estão tão atropelados, tão intensos e cheios de trabalho que quando pisco os olhos já está na hora de sair pra buscar o Miguel na creche e lá vou eu deixar trabalho pro dia seguinte. Sou cheia de manias e detesto me propor a realizar um número x de tarefas e ter que deixar alguma delas para o dia seguinte. Decididamente sou daquelas que nunca deixa pra amanhã o que pode ser feito hoje e, vou mais longe, ainda adianto para hoje a tarefa de amanhã. O que nem sempre é bom... Sou super adiantadinha, tudo que decido fazer decido pra ontem. Um pouco apressada.

Mas nem sei porque comecei escrevendo isso já que tenho em mente falar de outra coisa, mas por aí da pra notar que minha cabeça anda dando piruetas com as mil coisas que tenho que fazer e, como toda geminiana, meus pensamentos são muitos e acontecem em uma velocidade muito maior que meus dedos conseguem digitar ou minha boca falar. O Hugo fica louco comigo porque não raro estou conversando com ele sobre algo e estou pensando ao mesmo tempo em outra coisa e não é que não esteja concentrada em nossa conversa não... É que simplesmente não consigo controlar a rapidez que meu pensamento voa e, do nada, lanço uma pergunta que nada tem a ver com o assunto em pauta e, depois, torno a tecer comentários sobre o que estávamos falando antes. Normalmente ele tem que parar e me posicionar, tipo: "Essa pergunta é sobre fulano ou sobre a situação que aconteceu ontem, né? Ah, tá... Nossa, estamos falando de outra coisa totalmente diferente!" Depois ele ainda pergunta quando volto ao primeiro assunto: "Agora já voltou pro assunto principal, não é?" Aff... Coitadinho. É duro me acompanhar. No início era difícil, agora ele já tira de letra.

Então, o que quero falar aqui é que, depois de ter tido o Miguel, fiquei totalmente enjoada de fazer musculação. (Lá vou eu saltando de alhos pra bugalhos). Voltei 1 mês após seu nascimento para a academia, malhei durante 4 meses e depois parei sem suportar entrar na academia. Quando o Miguel tinha 9 meses decidi que precisava fazer algo por mim, aquele corpinho não poderia continuar murcho daquele jeito e soube que havia uma aula de localizada todos os dias, às 7h da manhã. Achei o horário compatível com minha rotina, pude combinar com o Hugo sem atrapalhar também o horário dele e comecei.

Pra minha surpresa, revivi os tempos das atividades físicas coletivas, da época do ballet e lembrei de como é maravilhoso fazer atividade física com uma turma. Malhar sozinho é muito triste. Como é bom ter uma turminha!! Minha turma é excelente, não tem nenhuma menina novinha, somos todas coroas...rs... E ainda tem senhoras e senhores cheios de energia, animadíssimos às 7 horas da manhã! Eles não sabem o quanto me ajudam a começar bem o dia, o quanto já chego animada em casa após nossa aula, o quanto nossas risadas e brincadeiras durante aquela horinha de aula me deixam feliz para o dia inteiro!!

Essas pessoas da chamada "terceira idade" implicam comigo porque estou pegando pouco peso nas anilhas e caneleiras e estão sempre me incentivando a aumentar a barra ou pesinhos. É incrível. Malham com a maior vontade, fazem tudo direitinho e não me deixam parar, nem desistir de exercício nenhum, mesmo que minha cara seja a de alguém que está sob tortura severa!! Gritam comigo, não me deixam nem roubar um pouquinho. Enfim, o que eu queria mesmo dizer depois de tanto rodeio é que meus coleguinhas de turma da academia são gente muito boa e que me trouxeram de volta o gosto pela atividade física em grupo. Muitas vezes me pego abrindo os olhos quando o despertador toca e pensando que não vou pra academia, que vou dormir mais um pouquinho, mas só de pensar no que vou escutar dos meus amiguinhos cheios de energia quando voltar na aula seguinte, desisto. Tomo vergonha na minha cara, boto a roupa e lá vou eu pra encarar a aula. Vou por mim sim, mas vou porque adoro encontrá-los!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Miguel


A cada dia Miguel me surpreende com sua esperteza, sua alegria e "sapequice". É um menino muito fofo mesmo esse meu filho e, por mais que tente, não consigo deixar de ficar babando.

Durante esse feriadão fomos comer fora três vezes. Sinceramente não gosto de ficar em casa, nunca gostei, sou de rua mesmo. E continuo achando, ainda depois de ter um bebê, que sair com ele é melhor que ficar em casa atrás dele o tempo todo. Prefiro ir pro shopping, dar uma caminhada, ir pra piscina. Assim, ele se cansa e volta pra casa mais calminho. Então, no restaurante pedimos sempre aquela cadeirinha pra que ele fique pertinho da gente o maior tempo possível, levamos alguns brinquedinhos dos quais ele gosta pra ele brincar à mesa - mesmo que a gente saiba que logo ele vai querer brincar com os talheres, copos e pratos. Levamos seu suquinho e procuramos pedir algo que venha com batata frita porque ele fica horas com uma na mão e dá uma folga pra gente comer em paz.

Mas o Miguel não é uma criança encapetada, dessas que não deixam os pais fazerem nada. É inquieto, às vezes, quer mexer nas coisas, se levantar, enfim é uma criança normal, mas não a ponto de ocorrer a situação que vi hoje na mesa ao lado. Chegamos, um casal estava recebendo os pratos pedidos e estavam com uma menininha um pouco mais velha que o Miguel. Logo, a mãe se levantou deixando o prato de massa esfriando, pegou a filha no colo e se retirou do restaurante pra deixar o marido comer. Ele, coitado, comendo sozinho, comeu rapidamente e eu até duvido que estivesse saboreando sua refeição... Quando ele acabou, a esposa entrou no restaurante e entregou a filha ao marido que também foi dar umas voltas com a criança do lado de fora. Mais uma vez, a esposa comeu só. E rápido. Nem sei como conseguiu matar aquele prato de massa tão rapidamente. Ai, que triste... O casal não come junto, a filha não partilha desse momento, ninguém conversa e fica a impressão pra mim de que tudo está partido, fragmentado.

Enquanto isso, Miguel estava sentado brincando com seus brinquedinhos e segurando um garfo (e eu morrendo de medo do garfo na mão dele), com um pratinho com três batatas fritas e um pedaço de pão que ninguém poderia ousar retirar da frente dele. Interagiu comigo e com o pai, sorriu, brincou, fez malcriação quando tirei o garfo da mão dele e troquei por uma colher. Mas, resumindo, a família comeu junto. Da entrada à sobremesa. E, por falar em sobremesa, quando chegou nosso brownie, tentei dar a ele um pouco do sorvete. Ele olhou pra mim e balançou a cabeça dizendo não. Em seguida, com a colher que tinha na mão foi pegando sorvete e comendo, sozinho!!! Derrubou sorvete na camisa algumas vezes, mas não aceitou minha ajuda. Quis comer sozinho. Meu filho tem 1 ano e 5 meses, não é nenhum superdotado, mas já vem dando mostras de ser muito esperto e independente. Como tenho sempre roupa extra na bolsa, deixo que ele seja ativo. Troco a roupa depois e jogo a suja na máquina e pronto. Está resolvido o problema.

Quando o garçom trouxe a conta, ainda recebi parabéns por termos feito a refeição juntos. Ele disse que é raro ver casais que insistem em manter os filhos à mesa durante as refeições. Convenhamos que é mais fácil dividir mesmo: agora eu como, você segura, agora é minha vez, sua vez de segurar. Mas é tão mais agradável ver seu filho se acostumar a ficar com os pais na hora de comer... Melhor é ver meu filho crescendo tão forte e seguro. Isso, hoje, é felicidade pra mim.