sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Tema de Amor



A memória da gente é um presente divino e pode ser uma maldição também. Um cheiro, um toque, uma música ou um simples som podem trazer de volta uma sensação, boa ou ruim, uma cena, uma história. Liguei o rádio do carro hoje e estava tocando Tema de Amor, da Marisa Monte. E eu viajei no tempo, direto pra 2004, quase 10 anos atrás. 

Era uma das minhas primeiras saídas com o Namorado. O cd da Marisa estava cansado de tanto tocar no meu carro e, coincidência ou não, também estava no carro dele. E ele o colocou pra tocar. 

Namorado me perguntou:
- Paulinha (ainda não éramos Namorado e Namorada...), qual a sua música preferida do CD? 

Eu respondi:
- Deixa eu colocar pra você escutar...

E falando isso, fui esticando o braço pra chegar ao CD player e passar as faixas pra mostrar pra ele. Antes que eu pudesse alcançar o CD, Hugo segurou minha mão e falou:

- Não, deixa que eu vou adivinhar qual a sua música preferida. Acho que a sua música favorita é a mesma que a minha...

E ele foi passando as faixas e colocou pra tocar justamente minha música predileta do CD:  Tema de Amor. 

Lembrança gostosa de um tempo bom... Melhor ainda é saber que estamos juntos e que temos, agora, muitas outras músicas favoritas. Coisas do amor...


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Melhor hora




Acordei cedo, fui pra academia. Fui pro trabalho, voltei pra casa pra levar o filho a escola. Retornei pro trabalho. Depois, busquei filho na escola e levei ao judô. Voltamos do judô. Hora de jantar. Já estou no bagaço. 

Miguel pediu "pra gente ficar agarradinhos". Pedi pra ele esperar um pouco, queria tomar banho, pelo amor de Deus. Fatura do cartão de crédito me olhando na cômoda, esperando pra eu conferir. Roupa do Miguel passada pra guardar. Minha roupa pra guardar. Deixei tudo pra lá e fui tomar banho.

Miguel pediu, de novo, pra ficar ao lado dele, "pertinho". Nessa hora, pensei em tudo que tinha pra fazer e, mentalmente, mandei tudo pro espaço. Tomei a sábia decisão de não fazer o que a razão mandava. Afinal, o que poderia ser mais importante que o amor, ora bolas? Miguel não vai ter 4 anos pra sempre. Ele não vai querer ficar deitado segurando minha mão por muito mais tempo. Decidi mandar o mundo se ferrar e me deitei com ele e nos abraçamos e rimos falando várias bobagens e palavras de carinho. Rindo feito bobos. Um pouco loucos também. Fiz cosquinhas nele. Ele tentou fazer em mim. Miguel me abraçou. Abraçou mais forte e me encheu de beijos molhados. 

Eu disse a ele:
- "Guel, essa é a melhor hora do dia!" 
Miguel respondeu:
- "Mamãe, a melhor hora do dia é você!" 

Eu chorei. Na grandeza desse momento, me senti pequena por pensar em tanta coisa sem importância e que pode esperar, antes de me deitar com meu filho. E me senti amada. Imensamente amada. Mais uma lágrima, que me apressei a secar rápido com as costas das mãos, rolou pelo meu rosto. Nunca vivi um amor assim. Nunca. Miguel tem o dom de me mostrar o que é importante. E eu o amo ainda mais por me ensinar tanto. E, então, fiquei ali não sei por quanto tempo... E só me levantei da cama quando percebi que meu filho havia adormecido. 


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Gente

Todos os dias quando entro na academia cedinho pela manhã fico me perguntando porque insisto em continuar fazendo ginástica alí. Acho que deve ser a pior academia do bairro. Se não for, está entre as piores. A musculação - que aboli da minha existência desde que Miguel nasceu - é um aglomerado de aparelhos antigos, em cima de um chão engruvinhado, em uma sala esquisita e pequena. Mas, como lá não dou às caras mesmo, nem me importo com tanta decadência. Mas a sala de ginástica também é um problema sério.
 
Voltei às origens quando decidi não fazer mais musculação. Risquei essa atividade chata da minha vida. E retornei para as aulas coletivas: localizada e box training. Mas a sala onde meus amigos e eu praticamos essas atividades é de amargar. O piso é cheio de buracos formados por pedaços do revestimento que já se soltaram. As paredes precisam de pintura. Há espelhos quebrados que ainda não foram repostos ou trocados e acho que nem tão cedo isso acontecerá. Os colchonetes começam a ficar rasgados. As barras e anilhas não se encaixam. Além disso, a sala parece ser usada como depósito porque nela residem instrumentos musicais e brinquedos infantis. Não me perguntem de quem porque não saberei responder. Quando temos água no bebedouro, não temos copo. Quando temos copo, não temos água. Dia feliz é quando temos os dois! Enfim, é um arremedo de academia. Por isso tudo é que me pergunto porque ainda estou lá. E, com certeza, o que me prende não é preço porque, embora minha academia seja bem em conta, é verdade, pagaria o dobro para eles investirem nas instalações.
 
A verdade é que não me prendo à objetos, coisas. Se meu carro está ruim, conserto ou troco. Não tenho apego a nada de material. Gosto de coisas boas, sim. Mas meu vestido preferido rasgou? Vou ficar tristinha e lamentar nos primeiros 5 minutos e depois vou colocá-lo na lata do lixo ou dar pra alguém que ache que pode remendá-lo e usar. Meu jeans maravilhoso está apertado ou largo? Não espero uma vida até emagrecer ou voltar ao antigo corpo pra caber nele. Passo pra outra pessoa. Minha vida é hoje. Eu me apego à pessoas. À pessoas me prendo, tenho dificuldade de dar adeus, tenho medo de ficar sem. E a minha academia é um lixão, tenho que admitir, mas é rica no que há de mais precioso na vida: gente da paz.  
 
Meus companheiros de aula são os mais divertidos. Cada um a seu modo. Tem a mais preguiçosa, tem mais jovem, tem mais velha, tem a que segue seu próprio ritmo, tem a que não fala muito e a que fala o tempo todo, tem a que malha pesado e quer sempre mais, tem a que não alonga. Tem a mais bunduda, a mais peituda, mais alta e mais baixinha. Tem a que nunca perde a conta de quantos exercícios já fizemos. Tem a que rouba na contagem. Tem quem chegue cedo, tem quem sempre se atrase. Tem quem faz cara de dor e reclama. Tem quem acha que é pouco. É uma diversidade linda. E como nos damos bem! Essa aula logo cedinho, é quase uma terapia, quase um ritual pra começar o dia com alto astral, quase uma garantia de que depois de tanta risada, tudo só pode correr muito bem. Os professores são maravilhosos. Não importa o que aconteça durante a aula, eles estão sempre encarando tudo com bom humor. Rodrigo grita, se enerva quando estamos muito atacadas, mas estimula e incentiva. Carlos morre de rir das nossas besteiras, mas é um cara aberto a ouvir nossas sugestões e a nos entender. E olha que ele ouve coisas que até Deus duvidaria...
 
O segredo dessa academia que é, aparentemente, uma porcaria se julgarmos apenas seu equipamento e instalações, são as pessoas que estão lá dentro. Gente boa, da melhor qualidade. Gente do bem, gente feliz e que quer continuar feliz. Gente que ri de si mesmo, gente que incentiva o outro, divide, partilha experiências. Gente que ensina e aprende. E é por isso que continuo por lá. É por gostar de gente, dessa gente com cara de sono. Dessa gente que faz meu dia começar lindo.
 
Taí. Eu gosto de gente. E é por isso que acho que ali é o meu lugar.









sábado, 24 de agosto de 2013

Judô




Como fiz atividade física a vida toda e vi o quanto foi importante pra mim, tanto pra minha saúde quanto pra socialização, sempre tive a preocupação de que o Miguel fizesse alguma atividade esportiva. Acredito que esporte e educação devem andar juntos porque no esporte a gente aprende na prática muitas questões discutidas em sala de aula. Fora que a questão do limite, do respeito ao outro, principalmente nos esportes coletivos, além de propriciar que a gente lide com nossas limitações o tempo todo e que aprenda a tentar superá-las e dar o melhor.

Logo que Miguel saiu da creche tentei a natação. Ele tinha 3 anos quando o levei pra fazer aula e não dei sorte. A professora não era das melhores e o Miguel não é das crianças mais atiradas. Meu filho pode ser a criança mais desinibida e falante, desde que ele se sinta à vontade. Ele se ambienta aos poucos, sente o terreno, não se joga, precisa ter confiança e a professora não estava muito a fim de ganhar a confiança dele. Tentei por 2 semanas e desisti. 

Quando ele estava com 3 anos e meio o "dido" do Miguel, meu cunhado, decidiu que tentaria natação de novo e que ele mesmo o levaria pras aulas. Tanto o Itallo quanto o Namorado fizeram natação (Hugo inclusive chegou a ser campeão de nado costas) e querem que ele saiba nadar. Acho que o Namorado tem pavor de o Miguel ficar como eu: adulta e sem saber nadar... Então, vira e mexe fazem o discurso de que "natação é o esporte mais completo" e tal. Novamente, tentativa sem sucesso. Miguel já entrou na piscina com menos má vontade nessa segunda tentativa, mas ainda não estava na hora. Acho que preciso esperar mais uns anos pra ele aprender a nadar. Por enquanto, não dá.

Logo depois, tentei capoeira. E creio ter sido infeliz na escolha do local porque fomos pra aula experimental na maior academia da Ilha do Governador e o professor nem olhou pra cara do Miguel nessa primeira aula. Não sei o que acontece na cabeça de alguns professores... Um aluno novo precisa de carinho, de atenção, ainda mais criança. Vai enteder! E talvez, por eu ser professora, tenha esse olhar mais crítico e coisas que pareceriam normais pra outros, não o são pra mim. O caso é que ficamos em um canto da sala assistindo ao professor falar o nome dos movimentos que deveriam ser executados por seus alunos e em nenhum momento chamou o Miguel pra participar de alguma coisa ou pra ensinar um movimento simples. Não tinha nem uma musiquinha tipo "dim-dim-dim-dom-dom-dom" e Miguel, depois de 20 minutos como mero expectador, disse que "isso aqui está muito chato, mamãe, vamos pra casa. Quero fazer futebol, tá?". Meu filho é esperto, já saiu sugerindo outra atividade porque já deixei claro que alguma coisa ele terá que fazer, não vai ficar só em casa olhando pro seu Ipad ou pra TV ou jogando videogame. Então, ele meio que barganha comigo. Ele quer dizer assim: " não gostei de capoeira, mas posso tentar futebol, ok?" 

Como ano que vem vai ter futebol na escola, com seus amigos, não quis experimentar o futebol agora. Vou deixar para 2014. E pensei que como Miguel adora lutas, talvez eu fosse bem sucedida se pensasse em uma pra ele praticar. Procurei locais que o aceitassem devido a idade - a maioria pede 5 anos completos ou mais - e acabei encontrando no clube do qual  sou sócia aulas de judô pra crianças de 4 anos. Lá fui eu.

Miguel estava animado e assistiu sentado a primeira aula, sem participar. Mas o professor é excelente! Já conversou com meu filho, já o pegou pela mão e o levou para o local onde deveria ficar. Ele é um cara bem rigoroso com a questão de bagunça e disciplina. Não pensa 2 vezes antes de dar uma bronca em alguma criança. Sempre tem aquele que chora porque perdeu, faz manha porque teve que ser posto pra fora da atividade porque não estava se comportando adequadamente, mas ele não dá mole mesmo. Só que apesar de extremamente duro quando a ocasião pede, ele é muito dedicado e solícito. Tem a maior paciência com Miguel, procura sempre ganhar a confiança dele. 

Resultado: Miguel já está há 2 semanas fazendo suas aulinhas de judô e continua muito animado. Acho que agora encontrei uma atividade que se encaixa no perfil agitado do meu filho e com um professor que soube cativá-lo. Como um bom profissional é importante, seja em que área for, como é bom ver alguém fazendo o que gosta. O Rubens - professor do Miguel de judô - tem todo o mérito por meu filho estar tão bem durante as aulas. Miguel, claramente, se sente à vontade com ele e com os movimentos que precisa aprender. Está encarando tudo como uma brincadeira, mas está precebendo que deve respeitar o mestre e seus comandos. E eu estou bem mais tranquila por ver meu filho praticando um esporte. 


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Namorando ou Ficando?

Eles

A vida passa e as coisas mudam de geração pra geração, isto está claro. Quando eu era adolescente, já era um avanço e tanto ficar a cada festa com um cara diferente sem compromisso. Adulta, apareceram as tais "micaretas" onde o legal era beijar o maior número possível de pessoas. Beijar em uma mesma noite (ou dia) 20 caras passou a ser bacana. Até aí, apesar de ser demais pra mim, eu entendo. Não há compromisso, as duas partes envolvidas estão cientes de que estão beijando uma boca que vai beijar mais sei lá quantas e que já beijou outro sem número de pessoas. Estão de acordo com esse pacto volúvel e, se está funcionando pra todos, vamos lá ser feliz se é o que há e o que se quer no momento.

Na minha adolescência a gente chegava da escola e se pendurava no telefone pra ficar falando com as amigas por horas, amigas que tinham passado a manhã inteira com a gente na escola. Hoje isso continua acontecendo através do Whatsapp, Messenger, enfim... A garotada continua se falando o tempo todo, só que não tem mais o olho no olho e nem o som da voz - a não ser que se faça um "facetime": o lance é ficar pendurado no celular 24 horas por dia. Tudo bem. A mudança vai acontecendo no nosso nariz, a tecnologia vai entrando na vida de todo mundo e não tem como não ver que é impossível as coisas permanecerem as mesmas. Precisamos ir acompanhando e tirando proveito do que for melhor. 

Mas há coisas que eu não consigo entender mesmo, por mais que eu tente. E esse meu post é totalmente inspirado na minha afilhada Duda. Estou quebrando minha cabeça pra entender a situação que ela defende como natural e estou tendo dificuldade. Não sou apegada a costumes antigos nem ligada no passado. Vivo meu presente e olho pro futuro sem perder a mão dos dias de hoje. Acontece que a Duda está ficando com o João já tem um tempão, ele fofo, ela fofa. Lindos juntos. Casalzinho desses  que dá gosto de ver. Não é porque é minha afilhada não, mas a Duda é linda demais, além de doce e carinhosa. E o João é um menino surpreendente pela postura que tem com pouca idade. E já me amarrei nele porque tem bom gosto musical, gosta de rock e curte Beatles e, vamos combinar, um garoto de 13 anos que sabe chegar em um lugar, conversar com adultos e gostar de boa música é, no mínimo, sinal de que está sendo bem educado. Eles estão sempre juntos mas não são namorados. Opa. Complicou. Aí é que não entendo a situação: qual a diferença, hoje, de ficar e namorar? 

Se eu me remeter ao tempo em que tinha 13 anos, vou responder fácil a questão. Quando a gente ficava, podíamos até ficar com o mesmo garoto várias vezes, mas não havia nenhum compromisso de fidelidade, podia ficar com o Guilherme hoje, com o Marcio amanhã, com o Vitor depois e, se encontrasse com o Guilherme de novo, podia ficar com ele novamente sem neura, sem ciúme, porque estávamos apenas "ficando". Namoro, no meu entender, pressupõe fidelidade. Essa é a diferença. Ou era.

Só que não é assim que a banda toca hoje. Duda só fica com João. João só fica com Duda. Eles se falam todos os dias. Se vêem na escola. Marcam de se ver de vez em quando no final de semana. Existe um acordo de fidelidade entre eles. Isso é namoro, né? Não, não é. Segundo a Duda, ainda não é namoro. Eles só estão ficando. Mas se o João ficar com outra, a Duda não vai mais querer ficar com o João e vice-versa. Existe briguinha por ciúme e tudo. Pombas, tá complicado de entender porque pra mim o "ficar" é ou era algo totalmente descompromissado. E agora enfiaram fidelidade no ficar. Voltou a ser namoro só que com outro nome. Namoro então é quando? Quando se conhece as famílias? Ou seria apenas um questão de nomenclatura? 

Bom, isso está bem difícil de entender. Mas quando e se o "relacionamento de ficadas" de Duda e João evoluir pra um "namoro", vou tentar saber com eles o que modifica. De repente, alguém por aí, mais privilegiado intelectualmente, já descobriu o que vai mudar e, então, faça o favor de me esclarecer. Na minha humilde cabeça não vai mudar nada. Mas na cabeça de Duda e João vai mudar alguma coisa que eu não saquei o que é. E eu vou querer saber direitinho. Claro que vou! E quando eu souber, podem ter certeza que conto. No fim das contas, namorando ou ficando, espero que eles estejam aproveitando muito esse  tempo pra ser feliz!

domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos pais

No colinho do "seu" Mariano - meu pai


Ai, pai... Quanta saudade. Nesse dia dos pais tudo o que eu queria era lhe abraçar. Dizer a você que embora eu saiba que Deus sempre sabe o que faz e ele, sim, sabe o tempo certo da vida da gente, tenho sempre essa impressão chata de que você foi cedo demais. Tenho sempre o sentimento de que você poderia ainda estar aqui. 

Já era mulher feita quando chegou sua hora, tinha 28 anos. Mas você teria muito mais orgulho ainda de mim hoje. Estou feliz construindo minha família, amo meu trabalho, sou uma mulher guerreira e batalhadora, destemida. Amiga dos meus amigos, continuo sorrindo pra estranhos na rua e dando bom dia mesmo pra quem não tem o costume de me responder. 

Você tinha um jeito difícil pra caramba de entender. Você já deve ter consciência disso. Muito calado, muito travado, pouco carinhoso comigo e com minha irmã se por carinho for compreendido só beijos e abraços. Se carinho, como eu aprendi que deve ser, puder ser entendido também como uma atitude, um estar junto na hora do aperto, aí posso dizer que você era carinhoso, sim, pai. Por mais difícil que fosse pra você, todas as vezes em que me viu triste, me procurou pra conversar vencendo todas as suas dificuldades de aproximação. Teve sempre uma palavra propícia de quem fala pouco e observa muito. Guardo suas poucas e sábias palavras, de quem não gosta de jogar conversa fora, no meu coração. 

Hoje sou mãe, lhe dei um neto muito gaiato e esperto. Vejo muito de você nele: o formato das mãos, os olhos, o gosto por frutas, o tipo de humor. E imagino o quanto você se divertiria com esse seu único descendente varão que é sacana como você.

Quando a saudade aperta desse jeito, justamente hoje, seu dia, gosto de lembrar de você com aquele seu sorrisão, sua pulseira de ouro balançando no pulso perto da mão segurando a tulipa de cerveja, falando besteiras. Gosto de lembrar de você comemorando a vitória do Vasco, enrolado na bandeira do gigante da colina. Contando umas piadas das quais você mesmo ria até perder o ar. Gosto de lembrar de você aos sábados junto aos seus tantos amigos, na "esquina" em Olaria, celebrando a amizade. Gosto até de lembrar das brigas com a mamãe, quando só ela se descabelava e gritava enquanto você ficava quieto, deixando-a ainda mais enervada. Gosto de lembrar da sua gargalhada e também do seu jeito calado pelas manhãs, lendo seu jornal na sala de jantar. Gosto de lembrar do seu cheiro. 

E nesse momento sinto você aqui comigo e digo baixinho: "Pai, te amo demais." E sopro essas palavras para que o encontrem onde quer que esteja e, quem sabe, com sorte, minhas palavras o encontrem aqui, bem ao meu lado. 

sábado, 10 de agosto de 2013

Revenge



Não sou uma pessoa de seriados. Eles acabam me cansando, me deixando enfadada com suas histórias sem fim, se alongando através de situações sem pé nem cabeça. Foi assim com Lost, que me irritou antes do fim da primeira temporada. Acho que o que sinto tem muito a ver com o fato de detestar me sentir presa e também com o fato de detestar começar algo e não terminar. 

Tirando Sex and the City e Friends, dificilmente me prendo a uma série. Essas duas talvez eu tenha assistido em outra época da minha vida, em que tinha mais tempo disponível. Mas acho que me prenderam porque são o tipo de série que podemos ver qualquer episódio de qualquer temporada sem seguir uma ordem cronológica e entenderemos perfeitamente porque cada episódio tem início, meio e fim. 

Bom, de tanta gente falar de Revenge, lá fui começar a assistir. Realmente, a coisa te prende, mas como eu já previa, estou no fim da segunda temporada e antes de chegar a metade já estava ficando meio sem ânimo. Primeiro porque fico imaginando quantas temporadas mais terei que assistir pra que a tal da vingança se faça. Segundo porque já estou cansada de ver tanta gente aparecer na série do nada pra enrolar ainda mais uma situação que já é complicada o bastante. Terceiro porque não aguento ver uma mulher se recusando a ser feliz porque está embebedada por vingança. 

Assistir alguém que vive presa ao passado, deixando escapar situações bacanas em seu presente, até mesmo o amor, me deixa com o estômago embrulhado. A mulher é uma infeliz que não fala a verdade a respeito de quem é, o que sente, o que pensa e vive assim, em meio a muitas mentiras e situações mirabolantes que só trazem mais infelicidade e dor. 

Não sei, não... Mas acho que Revenge está ficando com os dias contados pra mim. Já começo a pensar que o tempo que estou em frente a televisão não está sendo bem aproveitado e que o enredo do livro que está na metade, ao lado da minha cama, é melhor companhia. Será que vou aguentar uma terceira temporada? 

domingo, 4 de agosto de 2013

Simples assim


Caio e Miguel


Miguel brincou hoje na pracinha com seu amigão Caio. É muito bonitinho ver como afinidade é uma coisa que acontece desde que somos pequenos. Miguel e Caio são uma dupla e tanto! Mesmo estudando agora em turmas diferentes (as professoras agradecem!) o carinho que um tem com o outro continua. Difícil crianças nessa idade se entenderem tão bem, sem brigas. Miguel e Caio são assim: eles acabam resolvendo suas pendengas e se protegem, se gostam mesmo e, por isso, um chama o outro de "amigão".

É claro que no final do dia eles não se conformam de que é chegada a hora de ir pra casa, é hora de se separarem. Então eles começam sempre a combinar que um vai pra casa do outro. E dessa vez o Miguel veio no carro dizendo que "amanhã" - qualquer dia no futuro é amanhã pro Miguel - ele irá dormir na casa do Caio. Ok. 

Durante a conversa dentro do carro no caminho de casa, falei pro meu filho que ele, quando for dormir com o Caio, deverá se lembrar de fazer xixi antes de se deitar pra não correr o risco de fazê-lo na cama do amigo. Continuei falando com o Miguel pra enfatizar:

-"Já pensou, filho, que vergonha, fazer xixi na cama do amigo?"

Miguel, que não se faz de rogado nunca, logo teve a resposta:

-"Mãe, eu iria falar assim pro Caio: 
- Amigão, aconteceu uma coisa! 
E aí, mamãe, o Caio vai falar pra mim: 
- O que foi, Miguel?
E eu ia falar pra ele:
- Sua cama está toda mijada!! Hahahahaaaaa
Pronto, mamãe. "

Resumindo, Miguel não ficaria nenhum pouco envergonhado, tudo seria resolvido de forma prática, sem dramas. Na cabeça do meu filho, o Caio é que levaria a pior ficando com a cama molhada de xixi, mas como são amigos, ririam da situação e tudo bem. Com essa, meu filho acabou de me lembrar que quando a gente gosta muito de uma pessoa, confia nela e se sente bem ao lado, tem intimidade pra falar qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo e não se sente envergonhado. Que a amizade deles dure uma vida inteira!!