terça-feira, 31 de agosto de 2010

A cinta


Fui ao banco e, pra variar, havia uma filinha básica. Na minha frente uma moça grávida, novinha, devia ter, no máximo, uns 22 anos. Como diz o Hugo, eu falo até com a minha sombra, lá fui eu puxar assunto porque quando a gente está conversando o tempo passa mais rápido, não é mesmo? Perguntei quanto tempo tinha a gravidez e tal e iniciamos um papo sobre esse período marcante na vida de qualquer mulher.


A moça estava cheia de dúvidas e com medo, principalmente, do que aconteceria com o corpitcho depois que o bebê saisse da barriga... É, dá medo mesmo. Durante 9 meses você assiste de camarote seu corpo mudar drasticamente, a barriga ficando enorme, os peitos a ponto de explodir, e a bunda? Gente, a bunda parece que cresce pra equilibrar o peso da barriga, acho que, do contrário, a gente cairia pra frente. Enfim, falei pra ela que tudo, ou quase tudo, volta mesmo ao normal, pelo menos essa é a minha experiência.


Minha irmã ficou grávida duas vezes e voltou ao corpo das duas vezes. Eu tinha mais medo de não conseguir essa proeza porque todos falam que quando se é mais velha a dificuldade para emagrecer aumenta. Eu voltei ao corpo também, estou mais magra que antes, mas também não me entreguei aos prazeres da culinária só porque estava grávida. Também não sentia tão mais fome assim como relatam várias mulheres. E, como Miguel nasceu prematuro - ainda faltavam 5 semanas para que ele nascesse no tempo normal - eu , com certeza, teria engordado mais que os 11 quilos que engordei até a 33ª semana.


Mas, vou lhe contar, quando você volta pra casa e se olha no espelho, é de amargar. Os peitos enormes, cheios de leite. A barriga flácida, tão durinha que estava e de repente ... pluft! Fica sem enchimento. Dos 11 quilos, depois que o Miguel nasceu, ainda ficaram 5 pra contar a estória e esses foram indo aos poucos. E aí é que entra a tal da cinta. Todos diziam que era muito importante usar a cinta para que a barriga voltasse ao normal e para que eu me sentisse melhor uma vez que a barriga fica, assim, meio mole... Então, minha irmã já tinha uma cinta tamanho P, mas me aconselhou a comprar uma M porque achou que eu não caberia direto numa cinta P. Beleza, comprei a cinta M. Quando voltei do hospital - e voltei sem a cinta porque como fui para o hospital de surpresa não deu tempo de levar nada, quanto mais a cinta - estava toda enfaixada e falei pra minha mãe que queria colocar a cinta.


Tolinha que sou, tentei colocar a cinta sozinha. Ha, ha, ha. Impossível, logo vi que precisaria de ajuda. Chamei minha mãe porque chamar o marido para uma missão dessas, ninguém merece. Já estava eu deitada na cama, com minha mãe tentando fechar os ganchinhos daquele instrumento de tortura quando ela me diz que sozinha não iria conseguir. Quem ela chama? O Hugo! Ok. Fazer o quê?


Cena mais patética, minha mãe e meu marido praticamente em cima de mim pra tentar fechar a cinta idiota e eu me sentindo como se fosse uma porca deitada na cama. Tenta daqui e tenta de lá, encolhe aqui, puxa mais um pouco ali, vira-se o Hugo e me pergunta: " Mas você também... Quer entrar logo de cara na cinta tamanho P. Por que não pegou a M?" Meu Deus, pensei, eu mato esse homem agora ou daqui a 5 minutos quando estiver com a cinta? Quase aos prantos falei, dilacerada: "Mas essa É a cinta M!!!!!" Ele vira-se pra mim, sem saber o que dizer diante daquela mulher à beira de um ataque de nervos e fala: "Ah... Tá." Ele não tinha mesmo mais nada pra dizer. E eu também não queria ouvir. O silêncio foi mesmo o melhor caminho...


Depois disso, fiquei usando por 1 mês a cinta. De dia e a noite. Não tirava a danada nem para dormir. Após uma semana usando a cinta tamanho M, notei que ela já estava larga e comecei a usar a P que tinha sido da minha irmã. E, depois de uns 10 dias, já podia ter passado para uma PP, mas me recusei a gastar mais dinheiro com uma coisa que só incomoda a gente. Depois de 1 mês me libertei porque detestei usar cinta, usei somente em nome da vaidade.


Pois é. É sofrido esse processo de encontrar o corpo antigo e algumas coisas se modificam pra sempre mesmo. Não tem jeito. Mas, entre mortos e feridos, estou aqui e me sinto bem, bacana, uma mãe inteirona. Sobrevivi. Inclusive à cinta.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Festa




Sábado foi a festa de aniversário da Lucia, pessoa muito fofa que conheço há anos. E foi ótimo ter sido convidada para estar com pessoas das quais gosto tanto e também por poder ter a oportunidade de rever outras que fazem parte da minha vida, que foram tão importantes na minha trajetória profissional. A festa foi um presente pra mim.

Convoquei minha babá favorita, minha irmã, e lá fomos eu e Hugo festejar com a Lucia e o Levi. Estar lá me fez voltar ao passado, quando estava apenas começando a trabalhar aqui no CCAA e era uma menina cheia de energia e com muita vontade de aprender e de acertar. Não sou mais a mesma menina, ainda bem, mas tenho ainda a mesma energia e vontade de acertar. Letícia e Lobato, pessoas que me avaliaram na prova de didática estavam lá. Meu carinho por elas é imenso, quantos treinamentos, quantos conselhos, quantas idéias trocadas...

Tenho um amor imenso pela empresa na qual trabalho, mesmo com tantas modificações e alterações que ela já sofreu, mesmo com as dificuldades do mercado, ao CCAA eu devo muito. Meu amadurecimento profissional, coisas materiais que conquistei, amigos que fiz. Sou grata e sei que retribuo à altura. Sou dedicada, nunca faço corpo mole e sei que de mim depende todo um grupo de pessoas. Sou muito satisfeita com o que faço e isso faz a diferença na minha vida.

Ver a Lucia feliz, animada, bonita, me fez muito bem. Ver o Levi, seu marido, feliz por ela, orgulhoso, me deixa contente demais. São pessoas com quem tive a sorte de conviver, quando éramos professores da mesma unidade, quando eu ocupava o cargo de direção e eles eram professores e, depois, quando eles estavam no departamento de ensino e vinham me visitar de vez em quando na unidade. Concordamos em muita coisa, já discordamos de outras, mas sempre com respeito. E os anos não afastam os corações que estão unidos por sentimentos de amizade verdadeiros. Sinto a falta de um convívio maior, mas sempre que nos encontramos a festa e a alegria é a mesma.

Lá na festa, a Letícia me apresentou ao seu maior tesouro: a Isabella. Eu já conhecia essa menina linda quando devia ter, sei lá, uns 6 aninhos. Sempre foi muito cheia de vida, muito espoleta. Não é pra menos, a Lê também é assim: viva. E eu adoro gente viva, cheia de energia, de disposição. Conheci uma Isabella moça, linda demais, dessas pessoas que tem um brilho no olhar, aliás os olhos dela devem ser o que há de mais marcante em seu aspecto físico porque são olhos grandes, expressivos, eles falam por ela! Quando ela se afastou o Hugo virou pra mim e falou: "Que menina educada! A Letícia fez um bom trabalho. É mesmo um tesouro." E é a mais pura verdade! A Isabella é linda, encantadora, amiga da mãe, simpática, doce. Enfim, que presente na vida da Lê... Espero ser bem sucedida na tarefa de educar o Miguel da mesma forma que a Lê conseguiu fazer com a Isabella.

A Lúcia fez aniversário, mas eu também ganhei presente! Que bom!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Balança

Ontem o Miguel dormiu cedo. Normalmente ele dorme às 10:30 e ontem eram 9 e meia quando ele caiu no sono. Ótimo. Eu e Hugo tomamos nosso banho e fomos ver televisão deitados no quarto. Ganhei até massagem, o que não acontecia há algum tempo. Hugo é muito carinhoso e sempre gostou de me lambuzar com meus cremes. Meus pés agradecem.

Eu não sou uma pessoa muito carinhosa. Quer dizer, sou atenta, presto atenção ao que as pessoas a meu redor gostam, procuro escutar, estar ao lado, mas o carinho de ficar acariciando, fazendo cafuné, enfim, essas coisas gostosas, não faço mesmo não... Sou até meio bruta, sei lá. O Hugo diz que meu carinho vem em forma de apertão. Eu chego perto e aperto o braço dele, a perna. Assim, meio de repente. E até sem perceber. Chega a ser engraçado eu ter um marido tão carinhoso. Quando estamos parados, em pé, esperando alguma coisa, ou na fila do cinema, por exemplo, ele está sempre passando a mão nos meus cabelos, coisa que adoro que ele faça. Ele gosta que eu coçe suas costas, coisa pra qual não tenho a menor paciência.

Aí, então, no meio da massagem o Hugo diz que quer emagrecer pra ficar mais bonito pra mim. Diz que estou mais linda que nunca, que a maternidade só me fez bem e que os quilos que perdi depois que o Miguel nasceu, ele encontrou. Nossa, fui pega de surpresa. Porque é lógico que meu amor por ele não está ligado aos ponteiros da balança. Se ele quer emagrecer, dou a maior força e falei pra ele isso. Posso ajudar, tentar lembrá-lo que não coma a sobremesa ou que não falte a academia, mas o que quero mesmo é vê-lo bem. Com 70, 80 ou 90 quilos, meu amor é o mesmo. Disse a ele que se isso está incomodando, é melhor partir pro ataque e fechar a boca, mas não por mim. Por ele.

Vou ajudá-lo não porque quero ter um cara sarado ao meu lado, mas porque quero vê-lo feliz. Isso é o que importa pra mim. Aí entra o meu jeito de fazer carinho: já corri atrás do professor de tênis, marquei as aulas, acertei o personal. Esse é o meu jeito de ser carinhosa com ele, tornando a vida dele mais simples, mais fácil. Não sou mesmo de ficar passando a mão nele o tempo todo, sou muito prática. Mas sou uma esposa muito atenciosa. E acho que ele gosta.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Contradição


Sinto que vivo uma contradição desde que me tornei mãe. É uma experiência que chega a ser engraçada... Não sei se vou conseguir me explicar, mas, muitas vezes, acho que enlouqueci ou estou em vias de.


Quando o Miguel cai no sono, por exemplo, fico felicíssima porque penso nas muitas coisas que poderei fazer com treanquilidade enquanto ele está dormindo. Beleza. Aí, quando ele dorme direto, durante muitas horas, começo a ficar preocupada. Levanto e vou lá, no seu quarto, dar uma olhadinha pra saber se está tudo bem e, não raro, olho bem pra barriguinha dele pra ver se ela está subindo e descendo em sinal da sua respiração. Constatado que sim, ele está vivo, graças ao bom Deus, fico aliviada. Aí, quando ele acorda, depois de 20 minutos já estou pensando que queria que ele dormisse mais um pouco. Vai entender...rs...


Outra coisa muito intrigante é a velocidade que se vai do ódio ao amor. Em um momento estou de saco cheio, querendo me jogar na cama, fechar a porta do quarto e deixar o Miguel quebrando a casa toda desde que esteja do lado de fora do quarto. No momento seguinte, essa criaturinha gorda sai correndo pra perto de mim, me abraça com tanto carinho que penso como é que vivi até hoje sem essas mãozinhas gorduchas me apertando.


Muitas vezes, tarde da noite, depois de um dia inteiro de trabalho, quando ele está quase dormindo no seu bercinho, abraçado com o travesseiro que mais gosta, olho pra ele e o amor que sinto é tão grande que tenho vontade de chorar. É um amor que enche meu peito, aperta por dentro e só desaperta quando eu choro. Um choro de felicidade. Um choro de emoção por pensar como Deus pôde ser tão maravilhoso comigo e deixar aos meus cuidados um menino tão esperto e carinhoso. Um filho de Paula e Hugo. Nossa... Acho que não sei explicar mesmo esses extremos que a gente vive quando uma criança entra em nossa vida.


Sempre me disseram que casar diminui a frequência sexual do casal. Eu não acho mesmo. O que diminui é ter filhos. E aí vem mais uma contradição do Miguel: ele que toma todo o meu tempo e quase toda a minha energia e a do Hugo, não se cansa de abrir o armário onde guardamos as camisinhas e simplesmente adora pegá-las e entregá-las pra mim com aquela carinha sapeca como quem diz: "Você não está precisando delas?" E eu penso: "Sim, filho, estou precisando usá-las. Mas pra fazer isso, você precisa me dar uma trégua, ok?" Acho que ele entende e rapidinho volta pro armário, coloca as camisinhas lá dentro, fecha a porta e dá o caso como encerrado. E ainda olha pra mim e ri. Ele me prefere mesmo toda pra ele.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Babá

Esse final de semana vai ser interessante... O namorado arrancou hoje os dois dentes siso do lado direito e está de molho, só tomando coisinhas geladas líquidas ou pastosas. Isso quer dizer que vai me ajudar menos e, além disso, minha irmã vai deixar as meninas dela comigo para ir ao cinema com meu cunhado.

As meninas, fora bagunça e barulho típicos de quando se tem crianças em casa, não dão mais trabalho - já tem 10 e 6 anos - e, no final das contas, até me ajudam com o Miguel, já que ele adora brincar com elas e me dá um pouquinho de paz. Gosto de ficar com as meninas, sempre gostei. Sempre fui de levar ao cinema, pra festinha, pro shopping. Sou uma boa madrinha e acho muito justo que eu ajude minha irmã porque ela sempre está disposta a me ajudar. Se não fosse ela, não poderia viajar de férias tranquila. Sei que ela vai cuidar do Miguel com todo o carinho do mundo.

É, ter irmão é muito bom! Tadinho do Miguel que não poderá viver essa experiência...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Merecer

Dias atrás, quando postei sobre o dia dos pais, recebi um comentário de uma pessoa pela qual tenho muito carinho mesmo, uma pessoa do bem, da paz. É dessas pesssoas das quais gostamos de estar perto, dela só emanam coisas boas. Ela escreveu que eu mereço ter encontrado o Hugo. Não sei porquê, fiquei com isso na minha cabeça.

Quando estava solteira, depois de ter terminado um longo namoro muito desgastante, saía muito, dançava muito, conhecia muitas pessoas e nada parecia me fazer feliz. Nada, ninguém. Eu, muitas vezes, voltava das noites dirigindo o meu carro pensando que não era possível que em algum lugar desse mundo imenso não existisse alguém feito pra mim. Feito pra mim no sentido de amar e ser amada. De ter um relacionamento com respeito, companheirismo. Um relacionamento que me deixasse alegre, não eufórica. Não queria a paixão, não quero, não gosto do que me tira do rumo. Paixão pra mim é isso: dor. Eu queria mais, queria amor.

Então, de repente, o Hugo apareceu. E nossa estória está aí, no nosso dia-a-dia, nas nossas brigas, no nosso contentamento em estarmos juntos, na saudade quando estamos separados. Mas, voltando ao assunto, será que eu merecia mesmo? Sim, acho que sim. Mas olho pro lado e vejo tantas pessoas bacanas que estão sozinhas, querem o milagre de amar e ser amado, mas não conseguem, ou não é chegado o momento. E que momento é esse, gente? Só Deus, só Ele sabe. E a gente, pequeno, sem a sabedoria para alcançar suas obras, padecemos com a espera.

Fui procurar ajuda no livro "Tuas Mãos" psicografado por João Nunes Maia pelo espírito Carlos. E achei esse texto:

"Merecimento é justiça se tornando amor. Tudo que favorecemos para os outros, cria, por lei, um favorecimento para nós. Tudo que dermos, sobre as vistas do bom senso, propicia o que mãos generosas preparem dádivas para nós. O que fazemos de bom para a coletividade, ela, mesmo inconsciente, nos devolve, sob a vigilância do Criador. Não obstante, se a usura se apoderar de nossos corações, estipulando preços pela fraternidade mudamos de endereço antes que a justiça nos alcance, e o pagamento fica sendo feito pelo outro.
Na Terra, certamente, os justos sofrem não porque sejam justos.
É porque seu quilate de justiça precisa aumentar, na seqüência do seu aprumo espiritual, e os métodos mais seguros são ainda, as dores e os problemas. As aparentes injustiças são canais benfeitores.
Quem tem olhos para ver, que veja o quanto Deus é, verdadeiramente, amor.
... O justo diante dos sofrimentos não sofre como os demais. Está acostumado a tirar, das experiências dolorosas, todos os tipos de glórias da vida.
Responde a todos os ataques com um sorriso, envolvido em profundo amor..."

Merecer, não merecer. Sei que só depende de nós, das nossas atitudes. Só a gente sabe o que se passa dentro do nosso coração, da nossa cabeça. Olho e vejo pessoas lindas sozinhas, mas não sei o todo, não sei o que falta, não sei responder. Não sei. E a única saída é procurarmos melhorar com o que está ao nosso alcance, com as pessoas que nos cercam, sem deixar passar as oportunidades que a vida/Deus coloca no nosso caminho para fazer o bem.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sociedade

Muitas vezes me pergunto porque tenho sempre que me justificar perante a sociedade por causa das minhas opções. Seria tão mais fácil se eu achasse o que todo mundo, normalmente, considera como certo...

Antes de decidir ser mãe, cansei de escutar essa balela de que a mulher só é feliz totalmente quando é mãe. Lá ia eu tentando explicar pras pessoas que não achava isso e que um casal pode ser perfeitamente feliz sem filhos. Me diziam que eu era egoísta por não querer abrir mão da minha vida calma, do meu direito de decidir minha vida sem ter que pensar muito em terceiros. Engraçado é que essas pessoas que usam esse argumento geralmente falam que quem não tem filhos não terá companhia no futuro e nem quem cuide deles na velhice. E eu é que sou egoísta... Onde já se viu pensar em ter filhos com medo de solidão?

Agora que tenho o Miguel, continuo tendo que me justificar por achar que tenho que continuar levando uma vida a dois com meu marido. Muita gente não entende. Muitas pessoas acham que depois que a gente tem filho, todos os momentos do seu dia tem que ser dedicados a ele. Eu, simplesmente, não consigo pensar assim. Meu filho está em meus pensamentos o tempo todo, é minha prioridade sim, mas não acho que andar colada com ele o tempo todo pra cima e pra baixo me faz uma mãe melhor. Sou participativa, preocupada, envolvida totalmente em seu dia-a-dia, mas como não me sinto mais completa depois que fui mãe até porque acho que sou completa, sempre fui, independente da maternidade, continuo planejando jantares só com o namorado e um cineminha abraçadinho porque ninguém é de ferro.

Ultimamente, ainda tenho que justificar o porque de não querer mais de um filho. E, quando perguntada, já ouço a máxima "quem tem um não tem nenhum". Quer dizer que a pessoa que tem dois filhos e perde um deles fica bem porque tem outro? Pra mim a dor é a mesma. Talvez o que as pessoas queiram dizer com isso é que mãe que perde um filho e tem outro encontra um motivo a mais pra seguir em frente. E aí a gente esbarra mais uma vez na situação complexa da mãe que coloca nos filhos todo o sentido da sua existência.

De tudo que a sociedade me obriga a pensar e repensar, a melhor coisa foi ter optado por ser mãe. Não porque seja mais feliz hoje, volto a repetir, mas porque é uma experiência incrível de crescimento pessoal e espiritual. É um aprendizado diário, é um acontecimento que pôe a prova suas emoções diariamente. É uma oportunidade e tanto para questionar sua vida, seus valores. E sou muito grata a Deus por ter permitido que eu pudesse ser mãe. Estou fazendo o meu melhor.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Viajar: com ou sem bebê?

Recebi um e-mail de uma pessoa muito fofa que trabalhou comigo durante uns 8 anos e, agora, devido a distância, só nos falamos por e-mail. Ela tem um filhinho de 2 anos e meio e, para minha surpresa, me mandou umas fotos dela com o seu bebê em Buenos Aires. Não vou mentir, a primeira coisa que veio a minha cabeça foi: que corajosa!!! Viajar de avião com uma criança... Conseguiu descansar? E ela me responde que essa já foi a segunda viagem a três e que foi mamão com açúcar porque a viagem de avião até Buenos Aires dura só 3 horas. Disse que no ano passado foi a Paris com o bebê que, na época, tinha 1 ano e 10 meses... Ai, fiquei de boca aberta. Uma viagem enorme, gente do céu.

Não consigo pensar em fazer uma viagem tão longa de férias tendo que pensar em alterar toda a rotina do meu bebê, em tudo que terei de levar para o conforto dele, em toda a logística que terei que preparar antes da viagem. Eita que só de pensar já me canso e desisto de viajar. Se é pra ser assim, por enquanto, fico em casa mesmo...rs...

Como as pessoas são diferentes, como não existe mesmo certo e errado quando se trata da individualidade e de características pessoais. Eu não me imagino DE JEITO NENHUM dentro de um avião, com o Miguel, preocupada se coloquei tudo o que ele precisa na mala, se o leite dele, as coisinhas das quais ele pode precisar estão na minha bagagem de mão e rezando, ao mesmo tempo, pra ele não ser o que ele é: criança. Sim, porque meu filho não é hiper ativo mas como toda criança, não fica sentado muito tempo, quer se mexer, quer andar. Eu sempre detestei crianças chorando no meu ouvido, seja em restaurante ou avião e, talvez, por isso, eu tenha tanta preocupação de não chatear as pessoas que estão por perto. E não estou dizendo aqui que não acho natural que crianças se aborreçam ou fiquem entediadas e chorem. É perfeitamente natural, mas é por isso que prefiro esperar o Miguel ter um pouco mais de entendimento pra viajar com ele. Acho que vou esperar até os 3 anos, pelo menos.

Também não estou dizendo aqui que eu esteja certa. Acho apenas que é meu modo de lidar com minhas neuras. Minha amiga falou também que nem pode pensar em ficar longe do bebê dela, que não há a menor possibilidade de viajar sem ele, só com o marido. Ela disse que nem se divertiria... Fiquei chocada. Como somos diferentes. Eu nem penso em levar o Miguel. E não é por falta de amor não porque sei que será difícil pra mim, que sentirei muita saudade da minha delicinha, mas também sinto saudade da Paula que anda de mãos dadas com o Hugo sem carregar uma bolsa cheia de fraldas, mamadeiras. Essa Paula continua aqui, eu sou a namorada do Hugo e quero, por alguns dias, pensar que o Miguel está bem com a minha irmã, na creche e com minha mãe. E quero me divertir sim. Muito.

As pessoas têm seus atalhos pra felicidade. Cada um é de um jeito. Eu me conheço e tenho certeza de que vou aproveitar muito esses dias a dois. Não me acho egoísta, escolhi ter filhos mas não ser a madre Tereza. Escolhi dar o que tenho de melhor ao meu bebê e só poderei fazer isso se tiver a oportunidade de ser a Paula que sempre fui. Sou muitas. Sou filha, sou esposa, namorada, irmã, chefe, funcionária. Também sou mãe. Mas não sou só mãe. Nunca serei só mãe.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fotos do Miguel

Vou colocar o link aqui para que possam ver o resultado das fotos que foram tiradas no final do mês passado. Ficaram lindas!!

O que eu mais gosto no videobook relacionado ao link abaixo é que dá pra ver o quanto eu e o namorado estamos felizes. Sabe, a vida muda muito depois que um bebê entra pela porta da casa da gente. Mas, agora que a tempestade do primeiro ano passou, a felicidade é tão maior que o cansaço... As carinhas do meu filho são as melhores carinhas do mundo... E os sons? Ele ainda não fala muito, só algumas palavrinhas, mas se comunica com os olhos. O Miguel fala com os olhinhos puxados que tem...

Ontem, quando fui buscá-lo na creche mais cedo para levá-lo ao pediatra, a surpresa dele foi tanta - e o contentamento em me ver também - que ele começou a dar voltinhas em torno de si mesmo batendo palminhas e rindo... Não tem como ficar séria perto de uma cena dessas.

Miguel dá um trabalhão, educar dá um trabalhão. Ele mexe em tudo, abre e fecha portas de armários com a sutileza de um lutador de sumô, espalha minhas revistas e livros, não pode ver um computador ligado que quer mexer no mouse, enfim, é uma revolução. Mas eu AMO esse bebê como nunca amei nada na minha vida!!!

Deem uma olhada e liberem o coração pra sentir a felicidade dele... E a nossa!!

http://vimeo.com/13740684

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Fútil

Sempre gostei de roupa, sapato. Adoro um shopping, adoro comprar. Sou consumista e carrego uma inquietação com relação a isso.

Tenho um armário repleto de roupas, sapatos e bolsas que não acabam mais. Maquiagem de todo tipo, perfumes. E, ainda assim, não consigo ver uma liquidação e quando a coleção nova está entrando, me seguro pra não comprar as peças da nova estação porque estou longe de ser rica e porque ainda me resta um pingo de dignidade.

Sei que trabalho pra caramba, que gasto o que é meu, mas tem dias em que fico culpada e acho, mesmo, que preciso ter mais controle. O mundo tem tanta gente passando necessidade, vivendo uma vida tão difícil... Isso só me faz lembrar que tenho muito mais que preciso. É possível viver com muito menos. Adoraria pôr isso em prática, ser mais econômica, mais cautelosa com relação aos meus gastos. Difícil é sair da minha cabeça e mudar pra vida real.

Pra culminar, agora há pouco fui ler o blog de uma amiga que está em Honduras, trabalhando. Gente, é um povo tão sofrido, com tanta dificuldade pra enfrentar que fiquei ainda mais inquieta com relação ao meu posicionamento diante desse mundo consumista que me envolve. Vou tentar gastar menos. Será que consigo?

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos pais

Nunca pensei que pudesse escolher tão certo com relação ao pai do meu filho. Todos sabem que eu nem mesmo tinha a certeza de que seria mãe, por isso, talvez, nunca tenha sido grande preocupação a questão de estar com alguém que fosse dar um bom pai. Tinha no pensamento que o cara tinha que ser meu amigo, meu companheiro, um bom namorado e, depois, um bom marido.

Hoje, quando volto no tempo, vejo que passaram pela minha vida muitos caras legais, muitos caras idiotas e alguns raros acima da média. Agradeço a Deus pelos caras acima da média, mas não consigo me imaginar tendo um filho com nenhum deles.

O Hugo é um excelente pai! Sei que os casais de hoje são outra geração, diferente de antigamente quando os filhos eram uma tarefa deixada para as mães e só para elas. Na vida atual, não há mais espaço pra isso. Os filhos são preocupação para a mãe e para o pai. E não posso me queixar: o namorado ajuda em tudo, o trabalho dele com o Miguel é tão duro e delicioso quanto o meu. Não há diferença.

É ele que acorda no meio da noite quando o Miguel perde a chupeta ou quer mamar. Muitas vezes, quando chego do trabalho, ele já fez a mamadeira de cremogema. Quando é a vez dele ir buscar na creche, quando chego em casa ele já separou a roupa suja do Miguel e já deu remédio. Dá banho. Veste, passa pomada. Sabe colocar pra dormir. Sabe arrumar a bolsa quando vamos a algum lugar. Lembra da chupeta, de colocar toalhinha pra eventuais sujeiras e brinquedos. E, pra finalizar: sim, ele limpa cocô. Por essas e outras é que sei que meu filho tem o melhor pai que poderia ter. E não posso pensar em como seria se eu não tivesse dado um pai tão bacana pro meu filho. Feliz dias dos pais pro namorado e pra todos os pais participativos da face da terra!!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Educação

Sempre fui muito preocupada com a questão da educação. E não poderia ser diferente quando se trabalha em uma escola. Mas quando a gente tem filhos a preocupação aumenta. Depois dos filhos o pensamento começa a ir longe e começamos a pensar desde a creche na qual o filhote vai ficar, com o ambiente que frequentará chegando a ir até a preparação para fazer um itnercâmbio ou entrar em uma boa universidade.

Fico muito concentrada em que tipo de valores passar para meu filho, sei que isso é uma responsabilidade minha e do Hugo, em primeiro lugar. Essa tarefa é nossa. Depois da escola. A família é fator primordial em transformar essas criaturinhas em seres humanos dignos e corretos. Fico prestando a maior atenção a tudo que está ao meu redor, muito mais agora, depois do Miguel, que antes. E, antenada como sempre, ouço que não sei quem, depois de fazer uma mega cirurgia plástica disse que agora pode reduzir o ritmo de trabalho porque já conseguiu atingir seu objetivo. Caramba. Vejo minha irmã trabalhando que nem louca, assumindo uma porção de turmas, se privando até de ficar mais tempo com suas filhas pra poder pagar um colégio excelente pra elas, pra ter o dinheiro pra vê-las no melhor colégio que seu salário permitir. Total divergência de objetivos. Minha irmã almeja ver as filhas bem posicionadas, quer encaminhá-las da melhor forma possível. A outra quer reduzir o ritmo porque já está recauchutada.

Aí é que reside o maior problema, acho. Mesmo que a mãe cheia de plásticas pague um bom colégio para seu filho, o valor que ela está deixando pra ele é outro. E esse dano acho difícil de reparar. Aprendi que educação é um trio composto por amor, disciplina e exemplo. Não adianta mandar fazer, não adianta aconselhar se o que seu filho vivencia em casa é totalmente divergente do que você diz ou aconselha. Não dizem que atitude vale mais que mil palavras? Concordo.

Estou lendo um livro que uma grande amiga me deu de aniversário. Chama-se "As crianças aprendem o que vivenciam", de Dorothy Law Nolte, e logo ao abrir um livro leio:

"Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar. Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar. Se vivem com medo, aprendem a ser medrosas. Se convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas. Se vivem ridicularizadas, aprendem a ser tímidas. Se convivem com a inveja, aprendem a invejar. Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa. Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas. Se vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes. Se vivenciam elogios, aprendem a apreciar. Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar. Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas. Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo. Se vivem partilhando, aprendem o que é generosidade. Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade. Se convivem com a eqüidade, aprendem o que é justiça. Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito. Se vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam. Se recebem afabilidade e amizade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver."

Que Deus me ajude e me dê sabedoria para tornar meu menino um homem capaz de fazer boas escolhas. Que os guias espirituais me ajudem a guiá-lo pelo caminho da luz. E que todos os que dele se aproximarem sintam que seu caráter é firme, que seus valores são os valores do bem e da fraternidade e que sintam a presença de Deus.