segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Quem é Bianca???

Nessa última viagem que fizemos, agendamos com antecedência um atendimento na loja da Apple pra usar o Apple Care do telefone da minha afilhada. No dia e horário marcados estávamos lá para sermos atendidos. Prontamente, fomos encaminhados até a mesa onde um outro atendendente falaria conosco e ficamos esperando ali. 

Na nossa frente, havia um casal com um carrinho de bebê. O filho deles devia ter uns 2 anos. O clima não estava bom, dava pra sentir no ar, eles pouco conversavam. Só que a esposa insistiu em fazer algumas perguntas pro marido e numa dessas respostas o cara soltou o nome "Bianca". Logo pudemos entender que não se tratava do nome da esposa já que imediatamente o tom de voz da moça subiu pra questionar repetidamente: "Quem é Bianca????" O cara disse que não tinha falado esse nome - mas tinha, sim! - e a esposa continuava a questionar enquanto o marido nem olhava pra cara dela, ainda mexendo no celular. Aí, a esposa rapidamente tirou o celular da mão do cara e começou a fuxicar. Aí, minha gente, lascou-se. Foi uma coisa feia de se ver. E eu e Hugo não sabíamos mais onde nos enfiar pra dar um pouco de privacidade para os dois, mas a gente não podia sair dali porque era o lugar onde tínhamos que esperar o atendente. Enfim, a mulher achou emails trocados com a tal de Bianca, achou mensagens, conversas no whatsaap, encontros marcados. 

Ela se descabelava, exigia explicações, estava vermelha, nervosa, decepcionada. O filhinho sentindo a vibração pesada que se apossou da família dele, começou a chorar (as crianças sentem essas coisas rapidinho!)... E o marido? Cara, o marido não mexia um músculo se quer da face. No jeito que estava, continuou. Olhando para um ponto fixo em algum lugar que eu não sei qual era, não dava a menor atenção à mulher descompensada. Não falava um "acalme-se, por favor", não falava um "vamos conversar quando chegarmos ao hotel", enfim, nada. Impassível. Não parecia estar preocupado, não parecia sentir pena da situação em que havia se colocado. O filho puxava a barra de sua camiseta e ele não dava a menor bola. A esposa, naquele momento não conseguia ouvir os apelos da criança, muito concentrada em sua própria indignação e incredulidade. 

Aí ela fez o que foi o pior. Pior pra ela mesma. De  cabeça quente, largou o celular do cara na mesa depois de ter dito que havia enviado tudo pro celular dela, pegou sua bolsa, disse que não queria mais saber dele e disse que ia embora. Pegou o filho no colo e foi. 

Pensei cá com meus botões, como ela vai embora? Esse cara deve estar com a chave do carro. E mesmo que não esteja com a chave do carro, ela vai pra onde? Vai ter que ir para o mesmo lugar onde estão dormindo o marido e o filho, eles pareciam estar em uma viagem de férias. Esse rompante dela não vai dar certo, pensei.

E não deu. Quando nosso atendimento estava terminando, ela entra na loja. Caminha em nossa direção. Cabeça baixa, costas curvadas. Deixou o filho no carrinho deitadinho e quase adormecendo, sentou-se ao lado do marido e nada falou. Ele, por sua vez, não tomou conhecimento de sua presença a seu lado, nem olhou pra cara dela como se já soubesse que a volta dela fosse acontecer. E eu fiquei muito angustiada. 

Fiquei triste por ver o desprezo que aquele homem sentia por sua esposa. Ele não se abalou com a dor estampada na cara dela. Ele não se comoveu com os pedidos do filho para que o acarinhasse. Ele não tentou ir atrás dela, fazê-la ficar para que, pelo menos, conversassem depois. A postura dele dizia que se ela quisesse ir, que fosse. Ele não se importava. E fiquei mais triste ainda quando a esposa voltou depois de ter dito que estava tudo acabado e que ia embora. Naquele momento eu senti muita pena. Porque é muito ruim tomar atitudes em um rompante e depois se arrepender e, pior que se arrepender, se arrepender e ter que engolir o orgulho que ainda resta. Ela se humilhou ainda mais. Ela voltou pra "pedir penico" pro cara, porque não se sentiu preparada pra dizer adeus àquele homem, não teve coragem pra se mandar seja lá pra onde fosse. 

Será que o amava demais, mais que a ela mesma? Será que ficou pensando no conforto do filho? Será que ainda tinha esperança de que ele fosse lhe contar alguma história ridícula ou qualquer coisa na qual ela fosse acreditar? Voltou pra implorar que ele olhasse pra ela? Que lhe dirigisse alguma palavra? 

Olha, me senti mal por ela. Por aquela família. E me perguntava como aquele homem, companheiro daquela mulher, poderia não se importar com o desespero dela. Eu sei que pode ser que a vida deles fosse um inferno e que a tal da "Bianca" tenha entrado na vida dele porque o relacionamento não estava legal e tal, mas foi feio não tentar amenizar a dor da esposa. Acho que era hora de jogar pro alto o atendimento da loja e sair com ela dali imediatamente para tentar conversar e contar tudo o que estava acontecendo de verdade. Não estou condenando o cara, não. A gente não sabe tudo dessa história louca, sabemos apenas o que eu presenciei, mas eu queria muito que ele tivesse agido diferente, que fosse mais cuidadoso com aquela mulher, que não a tratasse como fez, como algo descartável, feito lixo. Ele devia uma explicação a ela, afinal a existência da Bianca foi indiscutível. E, além de tudo, ela é mãe do filho dele. A ligação entre eles será pra toda vida. 

Saí daquela loja com o coração apertado, pedindo a Deus que se um dia uma "Bianca" dessas entrar na vida do Namorado, que ele converse comigo, que me conte antes de trocar meu nome. Que a conversa aconteça antes de ele me olhar com desprezo, que ele se importe comigo como se deve se importar com alguém com quem dividiu a vida por tantos anos e que, além disso, é a mãe do filho dele, nosso maior presente. Que ele tenha por mim consideração. Ninguém está livre de se apaixonar por Biancas, Marias e Renatas, mas que haja dignidade, é o que peço. Pra mim e pra todas as mulheres. 


2 comentários:

  1. Você sempre com muita sensibilidade. Concordo com você. Odeio shows na rua mad posso compreender a dor e decepção desta mulher porque passei por isso após 32 anos de casada, e até o meu divórcio foi muita dor e entendo porque certas mulheres fazem escândalos, dá realmente vontade. Tive vontade de jogar as roupas dele toda pela janela kkkkkk

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    1. kkkkkkk Muito doído isso tudo né? Eu fiquei muito angustiada pela mulher....

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