segunda-feira, 7 de março de 2016

O que tem valor pra você?




Dia desses eu estava nas redes sociais e me deparei com essa frase aí de cima. Nada poderia ser mais distante de mim. Não porque não dê valor a tudo que é difícil de conseguir ou conquistar, mas porque não consigo compreender achar que SÓ o que é difícil vale a pena ou tem valor. Na minha vida muitas coisas muito valiosas vieram com facilidade.

Vamos pensar. Será que aquela viagem que você planejou por um ano inteiro ou mais, pra qual você economizou cada centavo e fez várias horas extras no trabalho se privando, muitas vezes, de saídas e mais horas de sono vai ser mais legal que aquela de última hora, pra qual você é convidada assim, sem esperar, e mete as caras e vai? 

Será que aquela pessoa que você considera maravilhosa e que amaria que fosse seu companheiro, por quem você fica nutrindo uma paixão platônica por meses e que, finalmente, resolve lhe chamar pra sair ou aceitar um convite seu vai ser um parceiro melhor que aquela pessoa que surgiu do nada, quase sem querer, sem sentir, fácil, fácil? 

Será que aquela oportunidade na empresa, a promoção com a qual você tanto sonha e pra qual você vem se preparando há tempos, será mais gratificante que aquela promoção que chega pra você de surpresa?

Eu acho que não, sinceramente. Não estou dizendo aqui que não devemos sonhar, nos preparar pra uma oportunidade, buscar caminhos, estudar. Acho que precisamos estar prontos pra entrar quando a porta que queremos que se abra pra nós finalmente se abrir. Mas valorizar só o que é difícil, só o que chega após um longo caminho percorrido, após uma estrada cheia de obstáculos, depois de muito esforço, é deixar de lado tantas coisas maravilhosas que se apresentam na vida da gente e que muitas vezes não vemos porque estamos preocupados demais olhando o que está ou o que parece estar tão longe. 

O dar ou não dar valor a alguma coisa ou alguém está muito mais em nós que no objeto de desejo. Nós é que atribuímos valor a tudo que nos cerca. E esse valor é relativo. Difere de pessoa pra pessoa. Mas quando aprendemos a dar valor ao que está perto de nós, ao possível, ganhamos a consciência de que sonhar é muito bacana mas que a realização de um sonho não terá mais valor que aquele presente que recebi sem pedir ou lutar por ele. Eu agarrei todas as oportunidades que apareceram pra mim e muitas delas cairam no meu colo, sem muito esforço da minha parte. 

Veja bem, para ocupar o cargo de direção que tenho hoje, fui praticamente inscrita por uma terceira pessoa que disse que eu TINHA que participar porque eu tinha todo perfil de administradora quando nem pensava nisso, estava muito feliz com minha vida dentro da sala de aula, obrigada. Participei do processo seletivo sem tanta gana, porque dava muito valor ao que tinha já e... Pronto. Fui selecionada. O cargo caiu no meu colo e eu não poderia dar mais valor a ele. Sou extremamente feliz e não fico querendo pular de galho em galho porque me sinto satisfeita aqui. Não acho que se eu tivesse participado de 5 processos seletivos, na ânsia de um cargo administrativo e depois de tempos, finalmente, ter conseguido eu daria mais valor que dou ao papel que ocupo dentro da empresa. Uns me chamam de acomodada, eu me chamo de satisfeita. 

Enquanto eu insistia em procurar o cara que eu achava que tinha o perfil pra ser meu companheiro, meu amigo, meu namorado, em caras que claramente não tinham nada a ver comigo, enquanto buscava alguém que quisesse dividir a vida comigo em pessoas distantes, inalcansáveis pra mim naquele momento de vida, continuava sozinha. Um belo dia resolvi olhar pra quem estava ali pertinho, ao alcance da minha mão, querendo estar comigo e... PUM! Era o cara certo! Enquanto eu olhava para o que parecia tão difícil e que supostamente teria um gosto todo especial de conquistar, perdia a beleza do viver um "amor tranquilo, com sabor de fruta mordida". 

Hoje valorizo muito tudo o que tenho. Minha vida, minha casa, meus amigos, minha família, meu amor. Valorizo o vestido que pude comprar e nem ligo se achei um vestido lindo totalmente fora do meu bolso. Esse eu deixo pra lá. Não me interessa. Querer ler um livro que não tenho, me arrumar,  pegar o carro e ir ao shopping pra comprá-lo não faz o livro ser mais bacana que ganhá-lo, do nada, de presente de um amigo. Você pode não acreditar em mim, mas esse é o valor que dou às minhas conquistas e aos presentes que recebo da vida.

Já reparou quando você pergunta pra alguém onde vai passar as férias e a pessoa vai pra algum lugar próximo, ela fala: "Vou ali pra Cabo Frio mesmo..." Quase se desculpando por não falar um "lugar melhor" ou mais excitante, sei lá. E daí como muitas pessoas conhecem Cabo Frio, raras as pessoas falam: "Nossa, mas as praias de lá são maravilhosas, areia fininha e branca... Aproveite ao máximo aquelas belezas!!" Entretanto, quando a pessoa vai pra um lugar distante, badalado, considerado bacana, tipo Ibiza, por exemplo, logo se seguem os comentários: "Uau! Arrasou! Tá rica! Chiquérrima! Aproveite muito. Divirta-se!"

Se não posso viajar pro Caribe, de verdade, serei feliz em Maceió. Porque todos esses lugares tem valor se você os valorizar. O dia em que eu visitar Paris não será mais feliz que o dia em que visitei Gramado. Eu sou feliz quando estou em Arraial do Cabo e valorizo muito estar deitada na minha cama, dentro do meu quarto. Não acho que viajar pra Europa tenha mais valor que conhecer Machu Pichu. E não acho que comprar uma bolsa Chanel me dê mais prazer que comprar uma Arezzo. E se não posso comprar nada, aquela bolsa que está distante de mim, na vitrine, não faz as bolsas que tenho em casa valerem menos. Eu luto pelo que quero mas não acho que só o que chega pra mim com esforço vale a pena. 

Pode ser que você ache muito simplórias essas minhas comparações, mas pra mim viver é simples. A gente é que complica querendo que "as melhores coisas sejam as mais difíceis". Acho que não é isso, não. Vai por mim. 

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