segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Avô




Quase todos os dias, quando estou estacionando meu carro ao chegar no trabalho vejo passar um senhorzinho com sua netinha que deve ter uns 2 anos, se tanto. Um senhor curvado, bem idoso, com passos incertos, mas com a mão firme que segura a mão da sua neta em seu passeio matinal. Acho muito bonitinho, muito fofo mesmo e fico olhando aquela cena que se repete na mesma hora com um pouco de inveja daquela menininha. 

Eu nunca tive avô. Quer dizer, ter tenho, é claro, mas eles já eram falecidos quando nasci, o que quer dizer que nunca vivi esse relacionamento que só os avôs têm com suas netinhas. E eu queria muito ter tido um avô presente na minha vida, não só in memorian. E o engraçado é que, não sei se é assim na família de todo mundo, mas as estórias vão se repetindo na minha família. Meu filho não tem avô vivo. Meu sogro - que seria um ótimo avô pro Miguel, tenho certeza - faleceu bem antes de eu engravidar. E ele manifestou várias vezes sua vontade de ser avô novamente. Dizia até que me daria um elefantinho de ouro - sou louca por elefantes! - a cada neto que eu lhe desse... Imagina... 

Fico um pouquinho melancólica quando penso que meu filho não tem seus avôs vivos pra pegar em sua mãozinha e levá-lo pra passear, pra fazer suas vontades. Não sei, mas deve ser diferente avó de avô. Fico melancólica um tanto porque eu gostaria que ele vivesse essa relação de avô-neto e outro tanto, talvez o maior deles, porque não tenho meu pai aqui pra ver o Miguel. Eu adoraria ver o Seu Mariano se relacionando com seus netos, não só o Miguel mas com as meninas da minha irmã também. Imagino aquele coração que muitas vezes não se derreteu nem por nós, suas filhas, se desmanchando todo com as gracinhas dos netos, principalmente as do meu filho já que ter uma criança do sexo masculino seria novidade na vida do meu pai, tanto quanto foi na minha. Imagino meu pai levando meu filho pro botequim com ele, pra jogar conversa fora junto com os amigos loucos do avô, mesmo contra minha vontade. Imagino os dois assistindo aos jogos do Vasco, imagino meu pai rindo todas as vezes que meu filho fala um palavrão ou xinga alguém mesmo se eu estivesse repreendendo o Miguel. Imagino meu pai cortando as frutinhas que o Miguel tanto gosta de comer, assim como o avô, sentados na cozinha juntos. Consigo enxergar o Miguel falando pro meu pai: "Vovô, posso ir a feira com você comprar frutinha?" 

Enfim, eu sempre quis muito ter um avô. E não tive. Quando conheci o Hugo, pensei que ainda bem que o pai dele era vivo pra eu poder dar um avô pro meu filho, caso decidisse tê-lo. Ledo engano, ele se foi também. E o que dói mais, é essa falta danada que o meu pai me faz, é essa vontade de ter visto meu pai no papel de avô. E hoje, por causa dessa falta e por poder imaginar todas as cenas que se formam em minha mente quando penso no Seu Mariano junto com o sacana do Miguel é que vejo que é realmente possível, como já dizia Renato Russo, ter saudade do que eu ainda não vi. Ah, Pai... Como eu gostaria de ter você aqui comigo... Como eu gostaria que você conhecesse meu marido, conhecesse seu neto. Como eu gostaria de ver você sendo avô. Fica pra próxima. Por hora, só pra você não esquecer do meu amor, receba, onde quer que você esteja  -e não sei explicar, mas sinto que você está aqui agora, bem perto de mim - meu beijo e ouça sua filha dizer: eu te amo! E pros sortudos que ainda tem por perto seus avós, seus pais e aquelas pessoas que amam, fica a dica: aproveitem cada momento, porque a vida é linda mas é breve. 

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