segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eu e minha irmã



A lembrança mais remota que tenho da minha irmã foi de quando minha mãe voltou pra casa com ela nos braços. Eu era apenas uma menina de 1 ano e 8 meses e, acreditem, lembro do aperto no coração que senti ao ver minha mãe segurando outra criança que não eu. Hoje, vejo que aquele bebê que me deixou enciumada foi o melhor presente que meus pais poderiam ter me dado. 

Minha Sis é diferente de mim em muita coisa e, ao mesmo tempo, somos tão parecidas. Ela é minha melhor amiga. Minha parceira. É irritante, é chata, é loucamente vaidosa, é briguenta e esquentada. Ela não pára quieta e não desliga, não consegue deitar na cama e relaxar. Está sempre procurando alguma coisa pra fazer e tem uma mente que trabalha sem parar. Enxerga o que ninguém ainda enxergou, vê sempre o outro lado de qualquer situação e tem malícia pra prever que algo pode dar errado. Eu sou mais de deixar a vida me levar, deixar as coisas acontecerem. Sempre fui mais quieta, mais na minha. E apanhei muito da minha irmã. Sim, eu apanhava da irmã mais nova e nunca batia nela de volta. 

Não que eu fosse boazinha não. Eu fazia terror psicológico, dizia que falaria pra minha mãe a respeito das notas vermelhas que ela tirava, ameaçava. E ela se descontrolava, partia pra briga e ficava de castigo. Eu passava por santinha. Como ela mesmo diz: "santinha do pau oco". Ela era mais compreensiva e carinhosa. Eu arrancava o que queria dos meus pais de tanto falar a mesma coisa e não era muito chegada a carinho. Ela era a frágil e chorava a toa. Eu era a mais forte, mais durona. Hoje somos duas manteigas derretidas, mas eu continuo sendo chata quando quero alguma coisa e ela mais compreensiva com o que a vida não pode lhe dar. 

Minha irmã é minha companheira, minha melhor amiga. Conto com ela pra tudo. Sei que ela vai sempre me dizer a verdade, vai me fazer escutar o que não quero ouvir. Sou madrinha e, muitas vezes, mãe das filhas dela e ela é madrinha e, muitas vezes, mãe do meu filho. Como imaginar minha vida sem ela por perto? Nem sei. A gente se fala mil vezes ao dia, ela é sempre a primeira a saber das minhas mazelas, das minhas neuras. E eu sou sempre o ouvido que escuta as mesmas coisas, sim, porque ela é muito repetitiva. E, devo confessar, acho que é de família, porque eu também sou repetitiva. Coitados dos nossos maridos. 

Tivemos uma infância maravilhosa e lembrar da infância é lembrar da minha irmã sempre correndo de um lado pro outro, arranjando encrenca com todo mundo, querendo jogar ping-pong com os meninos. Minha infância tem gosto de chocolate comido a dois. Minha infância tem cheiro de feijão fresquinho. Minha infância tem eu e minha irmã sempre almoçando juntas. Muito ataque de riso. Uma consolando a outra. Uma brigando com a outra. Minha infãncia e adolescência estão na memória de nós duas dividindo o mesmo quarto até adultas e de nossas conversas até tarde, até dormir. Quando eu tinha pesadelo, nos espremíamos numa cama de solteiro e dormíamos juntas. Quando fazíamos dieta e eu dizia que estava com fome, ela sempre me dizia: "bebe água que passa" e eu dormia com o estômago roncando pra não cair em tentação e estragar nosso pacto de perder 3 quilos em uma semana. 

Então, hoje, quando me deparei com esse video, me emocionei muito porque minha vida é mais colorida porque minha irma está nela. Minha vida é mais gostosa porque tenho uma irmã pra abraçar e chorar quando as coisas apertam. Minha vida é mais bacana porque minha irmã existe, nem que seja pra brigar comigo. Quero agradecer a Deus por ter me dado de presente a melhor irmã que eu poderia ter. Perfeita pra mim. E quero pedir a Deus que dê muita saúde a ela pra que possamos estar juntas por muitos e muitos anos. 

Sis, eu te amo!



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