sexta-feira, 1 de maio de 2015

Antonio

 Antonio Mariano

 Eu e ele

 Sis e ele

Papai louco e as irmãs

Todas as vezes em que minha família passa por algum momento difícil ou complicado, fico pensando no que meu pai diria ou faria se estivesse aqui com a gente. Tento pensar como ele, pra poder ajudar ou agir com os outros da mesma forma protetora que ele faria por mim ou por minha irmã se ainda estivesse nesse plano. Inevitavelmente, acabo pensando mais nele. Acho que acabamos, eu e minha irmã, chamando nosso pai pra perto de algum jeito. E meu pai sempre acha um modo de mostrar que nunca nos deixou, ele sempre acha um meio de nos dizer que está perto, que sente nosso chamado. 

Hoje estávamos de saída pra almoçar na casa da Berê. Hugo já dentro do carro ligado com o Miguel me esperando. Quando mamãe estava fechando a porta, ouvi a campainha tocar e fui logo atender. Vi o rapaz que sempre pede comida aqui em casa. Ele come aqui com frequência, sempre é muito educado e nunca nos pediu 1 real. Sempre pede comida e nós damos. Engraçado que até já sentimos falta dele quando passa mais de uma semana sem aparecer. Olhei pra ele e pro carro ligado, bolsa no ombro e falei:

- Poxa vida, estamos de saída. Desculpa não poder lhe ajudar hoje.

O rapaz agradeceu como sempre, disse que tudo bem, que ficaria pra outra vez. Desejou um bom feriado e virou as costas subindo a rua. Meu coração apertou. E sempre que meu coração aperta é porque sinto que fiz ou estou prestes a fazer algo errado ou, talvez, que não é o mais correto. Com o coração apertado, abri a porta do carro, expliquei ao Hugo a situação e perguntei se podia esperar um pouco. Na mesma hora, Hugo disse que sim. Desligou o carro e eu saí correndo atrás do rapaz que já come a comida da minha casa há mais de 6 meses mas cujo nome nunca perguntei. Consegui alcançá-lo e pedi que voltasse. Ele sorriu e disse que não queria incomodar. Eu repliquei que não seria incômodo, em apenas alguns minutos lhe entregaria a comida. 

Fomos todos rapidamente pra dentro de casa e preparamos o prato de comida. Miguel perguntou porque o rapaz não come na casa dele e ficou bem tocado quando a realidade de alguém que não tem NADA em casa pra comer o atingiu. Quis ajudar e levou 2 bombons pro rapaz "comer mais tarde". Ao entregar-lhe o prato de comida, um copo de refrigerante, talheres, guardanapo e o chocolate, resolvi, sem saber bem o porquê, perguntar:

- Nossa, nos vemos sempre e nunca perguntei seu nome... Como você se chama? 

Ele respondeu:

- Meu nome é Antônio.

Meus olhos ficaram cheios de água e com um sorriso no rosto disse a ele:

- Não vou esquecer... É o nome do meu pai!

Como agradeço ao meu pai por sempre estar por perto quando estamos precisando dele. Eu e minha irmã estamos sempre sentindo sua presença. Como sou grata, também, por ele nos dar provas de que o amor existe além das barreiras do tempo e da distância. Porque tempo e distância não existem para aqueles que amam. E a gente se ama muito. Pra sempre. 






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