sábado, 11 de fevereiro de 2012

Adaptação

Miguel com seu uniforme

Animado pra ir pra escola da Rafa

Gostoso da mãe indo pra primeira escola


Terça - feira Miguel começou na escola. Estava animadíssimo. Fui almoçar em casa e quando cheguei ele já havia almoçado e estava usando seu uniforme feliz da vida. Fomos pra escola e chegando lá, tudo muito novo pra ele, vi que seus olhinhos estavam um pouco assustados com tanta novidade. Meu coração também estava inquieto, esperando como seria a reação dele e já antecipando o que viria. 

Miguel não é criança de se entregar facilmente. É gaiato, falastrão, agitado - com quem ele já conhece e tem intimidade. É uma criança que não se mostra assim, de graça. Pra ver o Miguel em seu estado bruto, o Miguel real que tenho em casa, é preciso haver um pouquinho de intimidade, é preciso que ele se sinta seguro. Por isso, eu sabia e coração de mãe não se engana fácil, que a adaptação não viria de cara. Ele se interessou por tudo, pelos espaços da escola, pelos vários ambientes que visitou, pelos brinquedos, pelas atividades, mas ficou perto de mim  o tempo todo e quando eu conseguia sair de perto dele um pouquinho que fosse, seus olhinhos me buscavam logo. O horário de adaptação é reduzido no princípio, ficamos lá apenas de 12:30 até às 15h. A idéia era que aos poucos ele iria aumentando o horário até chegar ao horário cheio, de 12:30 às 17:20. 

Na quarta - feira fiquei curiosa pra ver se a empolgação dele em ir pra escola diminuiria. Graças a Deus, ele continuava muito animado e ansioso pra ir logo pra escola. Chegamos a escola, entramos na sala dele com muita alegria, mas ele continuava colado em mim, com dificuldade pra interagir com os novos colegas e com a professora e estagiárias. Tive vontade de chorar várias vezes durante o período em que estive lá. Ficava me perguntando como podia um menino criado em creche não querer dividir os brinquedos com os colegas, não querer brincar com as outras crianças, não permitir que as outras crianças pegassem o brinquedo que havia escolhido... Pra ter uma idéia, na hora do lanche, uma das menininhas fofas e desinibidas da turminha dele (como pode as meninas serem tão mais sociáveis que os meninos?), ofereceu biscoito de chocolate ao Miguel. Miguel aceitou prontamente, disse "obrigado" e tudo. Só que a menina queria o biscoito salgadinho do Miguel e cadê que meu filho queria dar? Era como se ele pensasse "ela ofereceu por que quis, não pedi nada, agora não venha pegar o meu biscoito!" Que situação... Não se brinca com comida em se tratando de Miguel. Sabe aquele episódio de Friends em que o Joey diz "Joey don´t share food"? Eu me sentia dentro desse episódio. Por fim, com muito jogo de cintura, consegui que Miguel doasse vários biscoitinhos dele pra menina e em troca ela entregou TODOS os seus biscoitos recheados pro Miguel. Que vergonha ... Miguel parecia um ser selvagem, que precisa ser domesticado.

Enfim, fui ficando muito angustiada, já pensando que teria que passar um mês dentro da escola até que ele se adaptasse e soltasse a barra da minha saia. Saí de lá, deixei o Miguel em casa e caí em prantos. Na minha cabeça eu já imaginava meu filho com dificuldades de socialização, um menino esquisito que não queria trocar experiências com os outros e, consequentemente, um menino que não aprende. Enfim, minha cabeça neurótica só pensava besteiras e perguntei a Deus porque meu filho era mais parecido com o Hugo que comigo nesse sentido. O Hugo é um cara assim, que não se mostra logo. É preciso um pouco de tempo pra que ele brinque, fale besteiras, pra que mostre o cara engraçado e espirituoso que é. Eu sou muito mais facilmente decifrável e sou amigável com todo mundo e tenho uma tendência a ter milhares de amigos de infância... Eu, definitivamente, não estava sabendo lidar com o fato de ter que passar por isso simplesmente porque não vivi isso quando ele entrou na creche. Miguel tinha 4 meses e foi crescendo lá dentro. Não teve que se adaptar. A creche era a continuação da sua casa, era o seu quintal.

Hugo foi muito paciente comigo, explicou pela milionésima vez que cada criança tem seu tempo, que eu não devia ficar fazendo comparações e que nosso filho não tinha problema algum, que era muito parecido com o pai e pronto. Tudo isso eu estou cansada de saber, né? Sou professora, trabalho com isso o tempo todo, mas na hora do filho da gente... Meu Deus, surtei. Mais uns 10 anos de terapia pra mim. 

Ontem, terceiro dia do Miguel, resolvi fazer a Shakira e dei uma de "loca, loca, loca". Pensei, "como é que pode essa criança que não me dava nem tchau quando entrava na creche, nem beijo de despedida, nem olhava pra trás quando eu ia pro trabalho, ficar nesse grude comigo como se fosse a criança mais apegada a mãe da face da terra?" Falei com a Cristiane (professora do Miguel) que sairia apenas por uns 5 minutinhos pra tirar meu carro que estava estacionado no sol e colocá-lo em frente a escola, na sombra. Ela disse que seria ótima idéia e que tiraríamos a prova se todo o grude era manha ou se ele estava de fato sofrendo com toda a novidade. Recomendou que quando eu voltasse não subisse pra sala de aula, que ficasse próxima da secretaria. Ela me chamaria caso Miguel ficasse incontrolável. Na minha presença, Miguel não teria a necessidade de criar vínculos com a Cristiane e com os novos colegas. O vínculo comigo bastava. Com isso em mente, me enchi de coragem e disse ao Miguel, de modo firme, que sairia mas que voltaria logo. 

Assim que me sentei no banco ao lado da secretaria da escola, uma das estagiárias me chamou: "Vim lhe chamar pra que fique tranquila. Venha escondidinha observar seu filho." Quando cheguei na janelinha de vidro, Miguel estava entre as outras crianças, sentando no chão no colo na professora, ouvindo estorinha. Calmo, calmo. Agora você vê? Depois de meia hora, subi novamente para observá-lo e ele estava, pasmem, dançando!!! Voltei na hora do lanche para buscá-lo e já achei que ele estava mais solto, menos grudado em mim. 

Ontem, nem entrei na sala. Me despedi na porta mesmo e ele ameaçou chorar. Novamente falei que voltaria e fui decidida. Hoje nem fiquei na escola, a professora disse que eu poderia ir e que se precisasse de mim, me telefonaria. Não telefonou. Quando voltei, ela disse pra eu não entrar na sala. Miguel estava muito bem, lanchando sozinho, ele só me veria na hora de ir embora mesmo. Miguel ficou feliz da vida em me ver e já animado pra retornar. Cristiane recomendou que na segunda-feira fizéssemos o mesmo de hoje e que a partir de terça ele já ficará o horário completo visto que ficou muito bem sem mim. 

Acho que eu é que preciso mesmo de adaptação e não ele. Fiz tanta tempestade em copo d´água... Estava tão preocupada achando que meu filho tinha problemas de relacionamento, que fiquei cega. Não conseguia pensar em mais nada. Não quero criar um filho que fique grudado em mim. E estava muito difícil lidar com o fato de que ele não estava conseguindo interagir com os demais, ao contrário, se retraia ainda mais quando outras crianças tentavam se aproximar dele ou até mesmo as professoras. A verdade é que na minha ausência, meu filho que não é bobo nem nada, foi obrigado a se virar e a começar a estabelecer um relacionamento de confiança com outras pessoas além de mim. E Miguel é esperto, sabe que não tinha outro jeito. Na minha falta, viu que ou interagia ou ficaria à parte de toda a brincadeira. Graças a Deus, está tudo indo muito bem agora. E parece que uns 100 quilos saíram das minhas costas. 





6 comentários:

  1. Ai Paulinha, coração de mãe é testado o tempo todo!!!!!
    Começa quando se descobre que está grávida, acredito que cada ultra o coração sofre de ansiedade para ver se está tudo bem com o bebê.
    Com o tempo aprendi que eles dão sinal quando algo não está bem, se ele não gostar de alguma coisa vc vai notar logo, ainda mais Miguel, que é alegre e sorridente!
    Meus vizinhos estudam na escola dele, e a mãe é daquelas chatíssimas, como a maioria, e ela adora!
    A verdade é que é um amor tão grande, vontade de proteger, que queremos ter o controle de tudo. Faz parte, o que não entendo é como exitem mães que não estão nem aí... , mas não nos cabe julgar, o que importa é a felicidade de nossos filhos!
    BEIJOS!!!

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  2. Paula,
    Que bom que o Miguel está se adaptando bem na escola. No começo é sempre complicado, mas depois eles se ajustam.
    Passei por isto há poucas semanas quando o Joaquim trocou Infant Room pelo Toddler Room. Foram duas semanas de choradeira. Era terrível. Mas um dia, do nada, dei tchau para ele, que me olhou e sorriu. E pronto. Graças a Deus, passou. Agora vamos aguardar a próxima mudança no fim do ano!Bjs

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  3. Dani, pois é. Espero ter mais serenidade da próxima vez... Beijos pra você e pro lindo do Joaquim!

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  4. Flavinha, eu também estou gostando bastante da escola, mas eu também já tinha referências. Minhas duas afilhadas já estudaram lá, aliás, a mais nova ainda estuda. Beijos!

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  5. Adorei esse post ! por isso que adoro a shakira, era inspira muito depois de "Loca loca loca". A gente tem que fazer a shakira mesmo, as vezes. É um impulso de coragem que faz a gente tirar a prova real das coisas. Miguel é lindo e morro de vontade de rir só de olhar as fotos dele, que gaiato! imagina, ele nao tem problema algum! e estava dançando quando vc voltou ! Hello! ( aproveito pra fazer a Val Marchiori ) . Voce tem mesmo que relaxar e fazer a kelly clarkson ( breakaway ) e deixar miguelito spread his wings and learn how to fly na escolinha. tenho certesza que ele vai daqueles que só tira 9,0 ( igual a mim hahahah porque tirar só 10 NINGUEM MERECE! vai sofrer bullying assim hahahahah ) beijos mil! te amo. Lu.

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  6. Lu, se Miguelito for que nem você, será uma benção!!!! Não é todo mundo que é inteligente, bacana, desencanado e cheio de saúde pra tocar os mil projetos de vida!!!!
    Miguel é muito gaiato mesmo e eu estou cada vez mais louca!!! Te gosto demais e obrigada pela força. Estou confiando em Kelly Clarkson pra não endoidar de vez!!!!! BEijos!

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